sexta-feira, 28 de julho de 2017

Eclesiastes

Eclesiastes





Eclesiastes 1

TUDO É VAIDADE

1 Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém. 2 Vaidade de vaidades, diz o pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade. 3 Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol? 4 Uma geração vai-se, e outra geração vem, mas a terra permanece para sempre. 5 O sol nasce, e o sol se põe, e corre de volta ao seu lugar donde nasce. 6 O vento vai para o sul, e faz o seu giro vai para o norte; volve-se e revolve-se na sua carreira, e retoma os seus circuitos. 7 Todos os ribeiros vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde os rios correm, para ali continuam a correr. 8 Todas as coisas estão cheias de cansaço; ninguém o pode exprimir: os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir. 9 O que tem sido, isso é o que há de ser; e o que se tem feito, isso se tornará a fazer; nada há que seja novo debaixo do sol. 10 Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Ela já existiu nos séculos que foram antes de nós. 11 Já não há lembrança das gerações passadas; nem das gerações futuras haverá lembrança entre os que virão depois delas. 12 Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém. 13 E apliquei o meu coração a inquirir e a investigar com sabedoria a respeito de tudo quanto se faz debaixo do céu; essa enfadonha ocupação deu Deus aos filhos dos homens para nela se exercitarem. 14 Atentei para todas as obras que se e fazem debaixo do sol; e eis que tudo era vaidade e desejo vão. 15 O que é torto não se pode endireitar; o que falta não se pode enumerar. 16 Falei comigo mesmo, dizendo: Eis que eu me engrandeci, e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de mim em Jerusalém; na verdade, tenho tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento. 17 E apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a conhecer os desvarios e as loucuras; e vim a saber que também isso era desejo vão. 18 Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta o conhecimento aumenta a tristeza.

Eclesiastes 2

DEUS AGRADA A QUEM LHE AGRADA

1 Disse eu a mim mesmo: Ora vem, eu te provarei com a alegria; portanto goza o prazer; mas eis que também isso era vaidade. 2 Do riso disse: Está doido; e da alegria: De que serve esta? 3 Busquei no meu coração como estimular com vinho a minha carne, sem deixar de me guiar pela sabedoria, e como me apoderar da estultícia, até ver o que era bom que os filhos dos homens fizessem debaixo do céu, durante o número dos dias de sua vida. 4 Fiz para mim obras magníficas: Edifiquei casas, plantei vinhas; 5 fiz hortas e jardins, e plantei neles árvores frutíferas de todas as espécies. 6 Fiz tanques de águas, para deles regar o bosque em que reverdeciam as árvores. 7 Comprei servos e servas, e tive servos nascidos em casa; também tive grandes possessões de gados e de rebanhos, mais do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém. 8 Ajuntei também para mim prata e ouro, e tesouros dos reis e das províncias; provi-me de cantores e cantoras, e das delícias dos filhos dos homens, concubinas em grande número. 9 Assim me engrandeci, e me tornei mais rico do que todos os que houve antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria. 10 E tudo quanto desejaram os meus olhos não lho neguei, nem privei o meu coração de alegria alguma; pois o meu coração se alegrou por todo o meu trabalho, e isso foi o meu proveito de todo o meu trabalho. 11 Então olhei eu para todas as obras que as minhas mãos haviam feito, como também para o trabalho que eu aplicara em fazê-las; e eis que tudo era vaidade e desejo vão, e proveito nenhum havia debaixo do sol. 12 Virei-me para contemplar a sabedoria, e a loucura, e a estultícia; pois que fará o homem que seguir ao rei? O mesmo que já se fez! 13 Então vi eu que a sabedoria é mais excelente do que a estultícia, quanto a luz é mais excelente do que as trevas. 14 Os olhos do sábio estão na sua cabeça, mas o louco anda em trevas; contudo percebi que a mesma coisa lhes sucede a ambos. 15 Pelo que eu disse no meu coração: Como acontece ao estulto, assim me sucederá a mim; por que então busquei eu mais a sabedoria; Então respondi a mim mesmo que também isso era vaidade. 16 Pois do sábio, bem como do estulto, a memória não durará para sempre; porquanto de tudo, nos dias futuros, total esquecimento haverá. E como morre o sábio, assim morre o estulto! 17 Pelo que aborreci a vida, porque a obra que se faz debaixo do sol me era penosa; sim, tudo é vaidade e desejo vão. 18 Também eu aborreci todo o meu trabalho em que me afadigara debaixo do sol, visto que tenho de deixá-lo ao homem que virá depois de mim. 19 E quem sabe se será sábio ou estulto? Contudo, ele se assenhoreará de todo o meu trabalho em que me afadiguei, e em que me houve sabiamente debaixo do sol; também isso é vaidade. 20 Pelo que eu me volvi e entreguei o meu coração ao desespero no tocante a todo o trabalho em que me afadigara debaixo do sol. 21 Porque há homem cujo trabalho é feito com sabedoria, e ciência, e destreza; contudo, deixará o fruto do seu labor para ser porção de quem não trabalhou nele; também isso é vaidade e um grande mal. 22 Pois, que alcança o homem com todo o seu trabalho e com a fadiga em que ele anda trabalhando debaixo do sol? 23 Porque todos os seus dias são dores, e o seu trabalho é vexação; nem de noite o seu coração descansa. Também isso é vaidade. 24 Não há nada melhor para o homem do que comer e beber, e fazer que a sua alma goze do bem do seu trabalho. Vi que também isso vem da mão de Deus. 25 Pois quem pode comer, ou quem pode gozar melhor do que eu? 26 Porque ao homem que lhe agrada, Deus dá sabedoria, e conhecimento, e alegria; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte e amontoe, a fim de dá-lo àquele que agrada a Deus. Também isso é vaidade e desejo vão.

Eclesiastes 3

HÁ TEMPO PARA TUDO

1 Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para todo propósito debaixo do céu. 2 Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou; 3 tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derribar, e tempo de edificar; 4 tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar; 5 tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de abster-se de abraçar; 6 tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de deitar fora; 7 tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar; 8 tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz. 9 Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha? 10 Tenho visto o trabalho penoso que Deus deu aos filhos dos homens para nele se exercitarem. 11 Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs na mente do homem a idéia da eternidade, se bem que este não possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até o fim. 12 Sei que não há coisa melhor para eles do que se regozijarem e fazerem o bem enquanto viverem; 13 e também que todo homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho é dom de Deus. 14 Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar, e nada se lhe pode tirar; e isso Deus faz para que os homens temam diante dele: 15 O que é, já existiu; e o que há de ser, também já existiu; e Deus procura de novo o que já se passou. 16 Vi ainda debaixo do sol que no lugar da retidão estava a impiedade; e que no lugar da justiça estava a impiedade ainda. 17 Eu disse no meu coração: Deus julgará o justo e o ímpio; porque há um tempo para todo propósito e para toda obra.

O HOMEM E SUAS OBRAS

18 Disse eu no meu coração: Isso é por causa dos filhos dos homens, para que Deus possa prová-los, e eles possam ver que são em si mesmos como os animais. 19 Pois o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais; uma e a mesma coisa lhes sucede; como morre um, assim morre o outro; todos têm o mesmo fôlego; e o homem não tem vantagem sobre os animais; porque tudo é vaidade. 20 Todos vão para um lugar; todos são pó, e todos ao pó tornarão. 21 Quem sabe se o espírito dos filhos dos homens vai para cima, e se o espírito dos animais desce para a terra? 22 Pelo que tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras; porque esse é o seu quinhão; pois quem o fará voltar para ver o que será depois dele?

Eclesiastes 4

OPRIMIDOS E OPRESSORES

1 Depois volvi-me, e atentei para todas as opressões que se fazem debaixo do sol; e eis as lágrimas dos oprimidos, e eles não tinham consolador; do lado dos seus opressores havia poder; mas eles não tinham consolador. 2 Pelo que julguei mais felizes os que já morreram, do que os que vivem ainda. 3 E melhor do que uns e outros é aquele que ainda não é, e que não viu as más obras que se fazem debaixo do sol.

A INVEJA

4 Também vi eu que todo trabalho e toda destreza em obras traz ao homem a inveja do seu próximo. Também isso é vaidade e desejo vão.

O TOLO

5 O tolo cruza as mãos, e come a sua própria carne.

A TRANQUILIDADE

6 Melhor é um punhado com tranquilidade do que ambas as mãos cheias com trabalho e aflição.

O TRABALHO INÚTIL

7 Outra vez me volvi, e vi vaidade debaixo do sol. 8 Há um que é só, não tendo parente; não tem filho nem irmão e, contudo, de todo o seu trabalho não há fim, nem os seus olhos se fartam de riquezas. E ele não pergunta: Para quem estou trabalhando e privando do bem a minha alma? Também isso é vaidade a e enfadonha ocupação.

A UNIÃO

9 Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. 10 Pois se um cair, o outro levantará o seu companheiro; mas ai do que estiver só, pois, caindo, não haverá outro que o levante. 11 Também, se dois dormirem juntos, eles se aquentarão; mas um só como se aquentará? 12 E, se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.


MELHOR É SER JOVEM POBRE E SÁBIO

13 Melhor é o mancebo pobre e sábio do que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar, 14 embora tenha saído do cárcere para reinar, ou tenha nascido pobre no seu próprio reino. 15 Vi a todos os viventes que andavam debaixo do sol, e eles estavam com o mancebo, o sucessor, que havia de ficar no lugar do rei. 16 Todo o povo, à testa do qual se achava, era inumerável; contudo os que lhe sucederam não se regozijarão a respeito dele. Na verdade também isso é vaidade e desejo vão.


Eclesiastes 5

ACERCA DO VOTO

1 Guarda o teu pé, quando fores à casa de Deus; porque chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos; pois não sabem que fazem mal. 2 Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma na presença de Deus; porque Deus está no céu, e tu estás sobre a terra; portanto sejam poucas as tuas palavras. 3 Porque, da multidão de trabalhos vêm os sonhos, e da multidão de palavras, a voz do tolo. 4 Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. O que votares, paga-o. 5 Melhor é que não votes do que votares e não pagares. 6 Não consintas que a tua boca faça pecar a tua carne, nem digas na presença do anjo que foi erro; por que razão se iraria Deus contra a tua voz, e destruiria a obra das tuas mãos? 7 Porque na multidão dos sonhos há vaidades e muitas palavras; mas tu teme a Deus.

VIVER BEM É DOM DE DEUS

8 Se vires em alguma província opressão de pobres, e a perversão violenta do direito e da justiça, não te maravilhes de semelhante caso. Pois quem está altamente colocado tem superior que o vigia; e há mais altos ainda sobre eles. 9 O proveito da terra é para todos; até o rei se serve do campo. 10 Quem ama o dinheiro não se fartará de dinheiro; nem o que ama a riqueza se fartará do ganho; também isso é vaidade. 11 Quando se multiplicam os bens, multiplicam-se também os que comem; e que proveito tem o seu dono senão o de vê-los com os seus olhos? 12 Doce é o sono do trabalhador, quer coma pouco quer muito; mas a saciedade do rico não o deixa dormir. 13 Há um grave mal que vi debaixo do sol: riquezas foram guardadas por seu dono para o seu próprio dano; 14 e as mesmas riquezas se perderam por qualquer má aventura; e havendo algum filho nada fica na sua mão. 15 Como saiu do ventre de sua mãe, assim também se irá, nu como veio; e nada tomará do seu trabalho, que possa levar na mão. 16 Ora isso é um grave mal; porque justamente como veio, assim há de ir; e que proveito lhe vem de ter trabalhado para o vento, 17 e de haver passado todos os seus dias nas trevas, e de haver padecido muito enfado, enfermidades e aborrecimento? 18 Eis aqui o que eu vi, uma boa e bela coisa: alguém comer e beber, e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol, todos os dias da vida que Deus lhe deu; pois esse é o seu quinhão. 19 E quanto ao homem a quem Deus deu riquezas e bens, e poder para desfrutá-los, receber o seu quinhão, e se regozijar no seu trabalho, isso é dom de Deus. 20 Pois não se lembrará muito dos dias da sua vida; porque Deus lhe enche de alegria o coração.

Eclesiastes 6

A COBIÇA É VAIDADE

1 Há um mal que tenho visto debaixo do sol, e que pesa muito sobre o homem: 2 Um homem a quem Deus deu riquezas, bens e honra, de maneira que nada lhe falta de tudo quanto ele deseja, contudo Deus não lhe dá poder para daí comer, antes o estranho lho come; também isso é vaidade e grande mal. 3 Se o homem gerar cem filhos, e viver muitos anos, de modo que os dias da sua vida sejam muitos, porém se a sua alma não se fartar do bem, e além disso não tiver sepultura, digo que um aborto é melhor do que ele; 4 porquanto debalde veio, e em trevas se vai, e de trevas se cobre o seu nome; 5 e ainda que nunca viu o sol, nem o conheceu, mais descanso tem do que o tal; 6 e embora vivesse duas vezes mil anos, mas não gozasse o bem. Não vão todos para um mesmo lugar? 7 Todo o trabalho do homem é para a sua boca, e contudo não se satisfaz o seu apetite. 8 Pois, que vantagem tem o sábio sobre o tolo? E que tem o pobre que sabe andar perante os vivos? 9 Melhor é a vista dos olhos do que o vaguear da cobiça; também isso é vaidade, e desejo vão. 10 Seja qualquer o que for, já há muito foi chamado pelo seu nome; e sabe-se que é homem; e ele não pode contender com o que é mais forte do que ele. 11 Visto que as muitas palavras aumentam a vaidade, que vantagem tira delas o homem? 12 Porque, quem sabe o que é bom nesta vida para o homem, durante os poucos dias da sua vida vã, os quais gasta como sombra? Pois quem declarará ao homem o que será depois dele debaixo do sol?

Eclesiastes 7

A TRISTEZA TORNA MELHOR O CORAÇÃO

1 Melhor é o bom nome do que o melhor unguento, e o dia da morte do que o dia do nascimento. 2 Melhor é ir à casa onde há luto do que ir a casa onde há banquete; porque naquela se vê o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração. 3 Melhor é a mágoa do que o riso, porque a tristeza do rosto torna melhor o coração. 4 O coração dos sábios está na casa do luto, mas o coração dos tolos na casa da alegria.

MELHOR É A REPREENSÃO

5 Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir alguém a canção dos tolos. 6 Pois qual o crepitar dos espinhos debaixo da panela, tal é o riso do tolo; também isso é vaidade.
A PEITA CORROMPE

7 Verdadeiramente a opressão faz endoidecer até o sábio, e a peita(1) corrompe o coração.

A IRA ABRIGA-SE NO SEIO DOS TOLOS

8 Melhor é o fim duma coisa do que o princípio; melhor é o paciente do que o arrogante. 9 Não te apresses no teu espírito a irar-te, porque a ira abriga-se no seio dos tolos.

UMA PERGUNTA SEM SABEDORIA

10 Não digas: “Por que razão foram os dias passados melhores do que estes?” Porque não provém da sabedoria esta pergunta.

A SABEDORIA PRESERVA A VIDA

11 Tão boa é a sabedoria como a herança, e mesmo de mais proveito para os que veem o sol. 12 Porque a sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas a excelência da sabedoria é que ela preserva a vida de quem a possui.

O JUSTO E O ÍMPIO

13 Considera as obras de Deus; porque quem poderá endireitar o que ele fez torto? 14 No dia da prosperidade regozija-te, mas no dia da adversidade considera; porque Deus fez tanto este como aquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele. 15 Tudo isto vi nos dias da minha vaidade: há justo que perece na sua justiça, e há ímpio que prolonga os seus dias na sua maldade.

A TEMPERANÇA É SÁBIA

16 Não sejas demasiadamente justo, nem demasiadamente sábio; por que te destruirias a ti mesmo? 17 Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas tolo; por que morrerias antes do teu tempo? 18 Bom é que retenhas isso, e que também daquilo não retires a tua mão; porque quem teme a Deus escapa de tudo isso. 19 A sabedoria fortalece ao sábio mais do que dez governadores que haja na cidade. 20 Pois não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque.

NÃO OUÇA O HOMEM

21 Não escutes a todas as palavras que se disserem, para que não venhas a ouvir o teu servo amaldiçoar-te; 22 pois tu sabes também que muitas vezes tu amaldiçoaste a outros.

A IMPIEDADE É INSENSATEZ E A ESTULTÍCIA É LOUCURA

23 Tudo isto provei-o pela sabedoria; e disse: Far-me-ei sábio; porém a sabedoria ainda ficou longe de mim. 24 Longe está o que já se foi, e profundíssimo; quem o poderá achar? 25 Eu me volvi, e apliquei o meu coração para saber, e inquirir, e buscar a sabedoria e a razão de tudo, e para conhecer que a impiedade é insensatez e que a estultícia é loucura.

A MULHER PERIGOSA

26 E eu achei uma coisa mais amarga do que a morte, a mulher cujo coração são laços e redes, e cujas mãos são grilhões; quem agradar a Deus escapará dela; mas o pecador virá a ser preso por ela.

OS HOMENS BUSCARAM MUITOS ARTIFÍCIOS

27 Vedes aqui, isto achei, diz o pregador, conferindo uma coisa com a outra para achar a causa; 28 causa que ainda busco, mas não a achei; um homem entre mil achei eu, mas uma mulher entre todas, essa não achei. 29 Eis que isto tão-somente achei: que Deus fez o homem reto, mas os homens buscaram muitos artifícios.

(1) Peita: Propina.

Eclesiastes 8

NÃO TE APRESSES A SAIR
DA PRESENÇA DE DEUS

1 Quem é como o sábio? E quem sabe a interpretação das coisas? A sabedoria do homem faz brilhar o seu rosto, e com ela a dureza do seu rosto se transforma. 2 Eu digo: Observa o mandamento do rei, e isso por causa do juramento a Deus. 3 Não te apresses a sair da presença dele; nem persistas em alguma coisa má; porque ele faz tudo o que lhe agrada. 4 Porque a palavra do rei é suprema; e quem lhe dirá: Que fazes? 5 Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; e o coração do sábio discernirá o tempo e o juízo. 6 Porque para todo propósito há tempo e juízo; porquanto a miséria do homem pesa sobre ele. 7 Porque não sabe o que há de suceder; pois quem lho dará a entender como há de ser?

O HOMEM NÃO TEM
DOMÍNIO SOBRE O ESPÍRITO

8 Nenhum homem há que tenha domínio sobre o espírito, para o reter; nem que tenha poder sobre o dia da morte; nem há licença em tempo de guerra; nem tampouco a impiedade livrará aquele que a ela está entregue.

O HOMEM DOMINA PARA SEU PRÓPRIO MAL

9 Tudo isto tenho observado enquanto aplicava o meu coração a toda obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro homem para o seu próprio dano. 10 Vi também os ímpios sepultados, os que antes entravam e saíam do lugar santo; e foram esquecidos na cidade onde haviam assim procedido; também isso é vaidade.

O MELHOR É: COMER, BEBER E ALEGRAR-SE

11 Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para praticar o mal. 12 Ainda que o pecador faça o mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, contudo eu sei, com certeza, que bem sucede aos que temem a Deus, porque temem diante dele; 13 ao ímpio, porém, não irá bem, e ele não prolongará os seus dias, que são como a sombra; porque ele não teme diante de Deus. 14 Ainda há outra vaidade que se faz sobre a terra: há justos a quem sucede segundo as obras dos ímpios, e há ímpios a quem sucede segundo as obras dos justos. Eu disse que também isso é vaidade. 15 Exalto, pois, a alegria, porquanto o homem nenhuma coisa melhor tem debaixo do sol do que comer, beber e alegrar-se; porque isso o acompanhará no seu trabalho nos dias da sua vida que Deus lhe dá debaixo do sol. 16 Quando apliquei o meu coração a conhecer a sabedoria, e a ver o trabalho que se faz sobre a terra (pois homens há que nem de dia nem de noite conseguem dar sono aos seus olhos), 17 então contemplei toda obra de Deus, e vi que o homem não pode compreender a obra que se faz debaixo do sol; pois por mais que o homem trabalhe para a descobrir, não a achará; embora o sábio queira conhecê-la, nem por isso a poderá compreender.

Eclesiastes 9

A TODOS SUCEDE O MESMO

1 Deveras a tudo isto apliquei o meu coração, para claramente entender tudo isto: Que os justos, e os sábios, e as suas obras, estão nas mãos de Deus; se é amor ou se é ódio, não o sabe o homem; tudo passa perante a sua face. 2 Tudo sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao mau, ao puro e ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento. 3 Este é o mal que há em tudo quanto se faz debaixo do sol: que a todos sucede o mesmo. Também o coração dos filhos dos homens está cheio de maldade; há desvarios no seu coração durante a sua vida, e depois se vão aos mortos. 4 Ora, para aquele que está na companhia dos vivos há esperança; porque melhor é o cão vivo do que o leão morto. 5 Pois os vivos sabem que morrerão, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco têm eles daí em diante recompensa; porque a sua memória ficou entregue ao esquecimento. 6 Tanto o seu amor como o seu ódio e a sua inveja já pereceram; nem têm eles daí em diante parte para sempre em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.

SEJAM SEMPRE ALVAS AS TUAS VESTES

7 Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe o teu vinho com coração contente; pois há muito que Deus se agrada das tuas obras. 8 Sejam sempre alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tua cabeça. 9 Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias da tua vida vã, os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vida vã; porque este é o teu quinhão nesta vida, e do teu trabalho, que tu fazes debaixo do sol. 10 Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças; porque no Seol, para onde tu vais, não há obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.

A OCASIÃO E A SORTE OCORREM A TODOS

11 Observei ainda e vi que debaixo do sol não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a peleja, nem tampouco dos sábios o pão, nem ainda dos prudentes a riqueza, nem dos entendidos o favor; mas que a ocasião e a sorte ocorrem a todos. 12 Pois o homem não conhece a sua hora. Como os peixes que se apanham com a rede maligna, e como os passarinhos que se prendem com o laço, assim se enlaçam também os filhos dos homens no mau tempo, quando este lhes sobrevém de repente.

MELHOR É A SABEDORIA

13 Também vi este exemplo de sabedoria debaixo do sol, que me pareceu grande: 14 Houve uma pequena cidade em que havia poucos homens; e veio contra ela um grande rei, e a cercou e levantou contra ela grandes tranqueiras. 15 Ora, achou-se nela um sábio pobre, que livrou a cidade pela sua sabedoria; contudo ninguém se lembrou mais daquele homem pobre. 16 Então disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força; todavia a sabedoria do pobre é desprezada, e as suas palavras não são ouvidas. 17 As palavras dos sábios ouvidas em silêncio valem mais do que o clamor de quem governa entre os tolos. 18 Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra; mas um só pecador faz grande dano ao bem.

Eclesiastes 10

O TOLO

1 As moscas mortas fazem com que o unguento do perfumista emita mau cheiro; assim um pouco de estultícia pesa mais do que a sabedoria e a honra. 2 O coração do sábio o inclina para a direita, mas o coração do tolo o inclina para a esquerda. 3 E, até quando o tolo vai pelo caminho, falta-lhe o entendimento, e ele diz a todos que é tolo.

FIQUE NO TEU LUGAR

4 Se levantar contra ti o espírito do governador, não deixes o teu lugar; porque a deferência desfaz grandes ofensas. 5 Há um mal que vi debaixo do sol, semelhante a um erro que procede do governador: 6 A estultícia está posta em grande dignidade, e os ricos estão assentados em lugar humilde. 7 Tenho visto servos montados a cavalo, e príncipes andando a pé como servos.

A SABEDORIA DÁ PROSPERIDADE

8 Aquele que abrir uma cova, nela cairá; e quem romper um muro, uma cobra o morderá. 9 Aquele que tira pedras é maltratado por elas, e o que racha lenha corre perigo nisso. 10 Se estiver embotado o ferro, e não se afiar o corte, então se deve pôr mais força; mas a sabedoria é proveitosa para dar prosperidade. 11 Se a cobra morder antes de estar encantada, não há vantagem no encantador. 12 As palavras da boca do sábio são cheias de graça, mas os lábios do tolo o devoram. 13 O princípio das palavras da sua boca é estultícia, e o fim do seu discurso é loucura perversa. 14 O tolo multiplica as palavras, todavia nenhum homem sabe o que há de ser; e quem lhe poderá declarar o que será depois dele? 15 O trabalho do tolo o fatiga, de sorte que não sabe ir à cidade.

NÃO AMALDIÇOE O RICO

16 Ai de ti, ó terra, quando o teu rei é criança, e quando os teus príncipes banqueteiam de manhã! 17 Bem-aventurada tu, ó terra, quando o teu rei é filho de nobres, e quando os teus príncipes comem a tempo, para refazerem as forças, e não para bebedice! 18 Pela preguiça se enfraquece o teto, e pela frouxidão das mãos a casa tem goteiras. 19 Para rir é que se dá banquete, e o vinho alegra a vida; e por tudo o dinheiro responde. 20 Nem ainda no teu pensamento amaldiçoes o rei; nem tampouco na tua recâmara amaldiçoes o rico; porque as aves dos céus levarão a voz, e uma criatura alada dará notícia da palavra.

Eclesiastes 11

REPARTA

1 Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. 2 Reparte com sete, e ainda até com oito; porque não sabes que mal haverá sobre a terra.

A NATUREZA SEGUE O SEU CURSO

3 Estando as nuvens cheias de chuva, derramam-na sobre a terra. Caindo a árvore para o sul, ou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ali ficará.

NÃO DEIXE DE SEMEAR

4 Quem observa o vento, não semeará, e o que atenta para as nuvens não segará. 5 Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da que está grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas. 6 Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retenhas a tua mão; pois tu não sabes qual das duas prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas serão, igualmente boas.

JUVENTUDE É VAIDADE

7 Doce é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol. 8 Se, pois, o homem viver muitos anos, regozije-se em todos eles; contudo lembre-se dos dias das trevas, porque hão de ser muitos. Tudo quanto sucede é vaidade. 9 Alegra-te, mancebo, na tua mocidade, e anime-te o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas Deus te trará a juízo. 10 Afasta, pois, do teu coração o desgosto, remove da tua carne o mal; porque a mocidade e a aurora da vida são vaidade.

Eclesiastes 12

LEMBRA-TE DO CRIADOR
NA TUA MOCIDADE

1 Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos em que dirás: Não tenho prazer neles; 2 antes que se escureçam o sol e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva; 3 no dia em que tremerem os guardas da casa, e se curvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas, 4 e as portas da rua se fecharem; quando for baixo o ruído da moedura, e nos levantarmos à voz das aves, e todas as filhas da música ficarem abatidas; 5 como também quando temerem o que é alto, e houver espantos no caminho; e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e falhar o desejo; porque o homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão rodeando pela praça; 6 antes que se rompa a cadeia de prata, ou se quebre o copo de ouro, ou se despedace o cântaro junto à fonte, ou se desfaça a roda junto à cisterna, 7 e o pó volte para a terra como o era, e o espírito volte a Deus que o deu.

NÃO HÁ LIMITE PARA FAZER LIVROS

8 Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade. 9 Além de ser sábio, o pregador também ensinou ao povo o conhecimento, meditando, e estudando, e pondo em ordem muitos provérbios. 10 Procurou o pregador achar palavras agradáveis, e escreveu com acerto discursos plenos de verdade. 11 As palavras dos sábios são como aguilhões; e como pregos bem fixados são as palavras coligidas dos mestres, as quais foram dadas pelo único pastor. 12 Além disso, filho meu, sê avisado: não há limite para fazer livros; e o muito estudar é enfado da carne.

TEME A DEUS

13 Este é o fim do discurso; tudo já foi ouvido: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é todo o dever do homem. 14 Porque Deus há de trazer a juízo toda obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau.


Bíblia Sem Fronteiras PT-BR











Provérbios

Provérbios




Provérbios 1

OBJETIVO DO LIVRO

1 Provérbios de Salomão, filho de Davi, rei de Israel. 2 Para se conhecer a sabedoria e a instrução; para se entenderem as palavras de inteligência; 3 para se instruir em sábio procedimento, em retidão, justiça e equidade; 4 para se dar aos simples prudência, e aos jovens conhecimento e bom siso. 5 Ouça também, o sábio e cresça em ciência, e o entendido adquira habilidade, 6 para entender provérbios e parábolas, as palavras dos sábios, e seus enigmas. 7 O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; mas os insensatos desprezam a sabedoria e a instrução.

AFASTE-SE DOS ÍMPIOS

8 Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensino de tua mãe. 9 Porque eles serão uma grinalda de graça para a tua cabeça, e colares para o teu pescoço. 10 Filho meu, se os pecadores te quiserem seduzir, não consintas. 11 Se disserem: Vem conosco; embosquemo-nos para derramar sangue; espreitemos sem razão o inocente; 12 traguemo-los vivos, como o Seol, e inteiros como os que descem à cova; 13 acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos as nossas casas de despojos; 14 lançarás a tua sorte entre nós; teremos todos uma só bolsa; 15 filho meu, não andes no caminho com eles; guarda da sua vereda o teu pé, 16 porque os seus pés correm para o mal, e eles se apressam a derramar sangue. 17 Pois debalde se estende a rede à vista de qualquer ave. 18 Mas estes se põem em emboscadas contra o seu próprio sangue, e as suas próprias vidas espreitam. 19 Tais são as veredas de todo aquele que se entrega à cobiça; ela tira a vida dos que a possuem.

A SABEDORIA CLAMA NAS RUAS

20 A suprema sabedoria altissonantemente clama nas ruas; nas praças levanta a sua voz. 21 Do alto dos muros clama; às entradas das portas e na cidade profere as suas palavras: 22 Até quando, ó estúpidos, amareis a estupidez? E até quando se deleitarão no escárnio os escarnecedores, e odiarão os insensatos o conhecimento? 23 Convertei-vos pela minha repreensão; eis que derramarei sobre vós o meu espírito e vos farei saber as minhas palavras. 24 Mas, porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a minha mão, e não houve quem desse atenção; 25 antes desprezastes todo o meu conselho, e não fizestes caso da minha repreensão; 26 também eu me rirei no dia da vossa calamidade; zombarei, quando sobrevier o vosso terror, 27 quando o terror vos sobrevier como tempestade, e a vossa calamidade passar como redemoinho, e quando vos sobrevierem aperto e angústia. 28 Então a mim clamarão, mas eu não responderei; diligentemente me buscarão, mas não me acharão. 29 Porquanto aborreceram o conhecimento, e não preferiram o temor do Senhor; 30 não quiseram o meu conselho e desprezaram toda a minha repreensão; 31 portanto comerão do fruto do seu caminho e se fartarão dos seus próprios conselhos. 32 Porque o desvio dos néscios os matará, e a prosperidade dos loucos os destruirá. 33 Mas o que me der ouvidos habitará em segurança, e estará tranquilo, sem receio do mal.


Provérbios 2

A EXCELÊNCIA DA SABEDORIA

1 Filho meu, se aceitares as minhas palavras, e entesourares contigo os meus mandamentos, 2 para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido, e para inclinares o teu coração ao entendimento; 3 sim, se clamares por discernimento, e por entendimento alçares a tua voz; 4 se o buscares como a prata e o procurares como a tesouros escondidos; 5 então entenderás o temor do Senhor, e acharás o conhecimento de Deus. 6 Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca procedem o conhecimento e o entendimento; 7 ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos; e escudo para os que caminham em integridade, 8 guardando-lhes as veredas da justiça, e preservando o caminho dos seus santos. 9 Então entenderás a retidão, a justiça, a equidade, e todas as boas veredas. 10 Pois a sabedoria entrará no teu coração, e o conhecimento será aprazível à tua alma; 11 o bom siso te protegerá, e o discernimento e guardará; 12 para te livrar do mau caminho, e do homem que diz coisas perversas; 13 dos que deixam as veredas da retidão, para andarem pelos caminhos das trevas; 14 que se alegram de fazer o mal, e se deleitam nas perversidades dos maus; 15 dos que são tortuosos nas suas veredas; e iníquos nas suas carreiras; 16 e para te livrar da mulher estranha, da estrangeira que lisonjeia com suas palavras; 17 a qual abandona o companheiro da sua mocidade e se esquece do concerto do seu Deus; 18 pois a sua casa se inclina para a morte, e as suas veredas para as sombras. 19 Nenhum dos que se dirigirem a ela, tornara a sair, nem retomará as veredas da vida. 20 Assim andarás pelo caminho dos bons, e guardarás as veredas dos justos. 21 Porque os retos habitarão a terra, e os íntegros permanecerão nela. 22 Mas os ímpios serão exterminados da terra, e dela os aleivosos serão desarraigados.

Provérbios 3

GUARDA A VERDADEIRA SABEDORIA

1 Filho meu, não te esqueças da minha instrução, e o teu coração guarde os meus mandamentos; 2 porque eles te darão longura de dias, e anos de vida e paz. 3 Não se afastem de ti a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço, escreve-as na tábua do teu coração; 4 assim acharás favor e bom entendimento à vista de Deus e dos homens. 5 Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. 6 Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. 7 Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. 8 Isso será saúde para a tua carne; e refrigério para os teus ossos. 9 Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda; 10 assim se encherão de fartura os teus celeiros, e trasbordarão de mosto os teus lagares. 11 Filho meu, não rejeites a disciplina do Senhor, nem te enojes da sua repreensão; 12 porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem. 13 Feliz é o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire entendimento; 14 pois melhor é o lucro que ela dá do que o lucro da prata, e a sua renda do que o ouro. 15 Mais preciosa é do que as joias, e nada do que possas desejar é comparável a ela. 16 Longura de dias há na sua mão direita; na sua esquerda riquezas e honra. 17 Os seus caminhos são caminhos de delícias, e todas as suas veredas são paz. 18 É árvore da vida para os que dela lançam mão, e bem-aventurado é todo aquele que a retém. 19 O Senhor pela sabedoria fundou a terra; pelo entendimento estabeleceu o céu. 20 Pelo seu conhecimento se fendem os abismos, e as nuvens destilam o orvalho. 21 Filho meu, não se apartem estas coisas dos teus olhos: guarda a verdadeira sabedoria e o bom siso; 22 assim serão elas vida para a tua alma, e adorno para o teu pescoço. 23 Então andarás seguro pelo teu caminho, e não tropeçará o teu pé. 24 Quando te deitares, não temerás; sim, tu te deitarás e o teu sono será suave. 25 Não temas o pavor repentino, nem a assolação dos ímpios quando vier. 26 Porque o Senhor será a tua confiança, e guardará os teus pés de serem presos. 27 Não negues o bem a quem de direito, estando no teu poder fazê-lo. 28 Não digas ao teu próximo: Vai, e volta, amanhã to darei; tendo-o tu contigo. 29 Não maquines o mal contra o teu próximo, que habita contigo confiadamente. 30 Não contendas com um homem, sem motivo, não te havendo ele feito o mal. 31 Não tenhas inveja do homem violento, nem escolhas nenhum de seus caminhos. 32 Porque o perverso é abominação para o Senhor, mas com os retos está o seu segredo. 33 A maldição do Senhor habita na casa do ímpio, mas ele abençoa a habitação dos justos. 34 Ele escarnece dos escarnecedores, mas dá graça aos humildes. 35 Os sábios herdarão honra, mas a exaltação dos loucos se converte em ignomínia.

Provérbios 4

EXORTAÇÃO PATERNAL


1 Ouvi, filhos, a instrução do pai, e estai atentos para conhecerdes o entendimento. 2 Pois eu vos dou boa doutrina; não abandoneis o meu ensino. 3 Quando eu era filho aos pés de meu, pai, tenro e único em estima diante de minha mãe, 4 ele me ensinava, e me dizia: Retenha o teu coração as minhas palavras; guarda os meus mandamentos, e vive. 5 Adquire a sabedoria, adquire o entendimento; não te esqueças nem te desvies das palavras da minha boca. 6 Não a abandones, e ela te guardará; ama-a, e ela te preservará. 7 A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo o que possuis adquire o entendimento. 8 Estima-a, e ela te exaltará; se a abraçares, ela te honrará. 9 Ela dará à tua cabeça uma grinalda de graça; e uma coroa de glória te entregará. 10 Ouve, filho meu, e aceita as minhas palavras, para que se multipliquem os anos da tua vida. 11 Eu te ensinei o caminho da sabedoria; guiei-te pelas veredas da retidão. 12 Quando andares, não se embaraçarão os teus passos; e se correres, não tropeçarás. 13 Apega-te à instrução e não a largues; guarda-a, porque ela é a tua vida. 14 Não entres na vereda dos ímpios, nem andes pelo caminho dos maus. 15 Evita-o, não passes por ele; desvia-te dele e passa de largo. 16 Pois não dormem, se não fizerem o mal, e foge deles o sono se não fizerem tropeçar alguém. 17 Porque comem o pão da impiedade, e bebem o vinho da violência. 18 Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. 19 O caminho dos ímpios é como a escuridão: não sabem eles em que tropeçam. 20 Filho meu, atenta para as minhas palavras; inclina o teu ouvido às minhas instruções. 21 Não se apartem elas de diante dos teus olhos; guarda-as dentro do teu coração. 22 Porque são vida para os que as encontram, e saúde para todo o seu corpo. 23 Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida. 24 Desvia de ti a malignidade da boca, e alonga de ti a perversidade dos lábios. 25 Dirijam-se os teus olhos para a frente, e olhem as tuas pálpebras diretamente diante de ti. 26 Pondera a vereda de teus pés, e serão seguros todos os teus caminhos. 27 Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal.

Provérbios 5

A MULHER PERIGOSA

1 Filho meu, atende à minha sabedoria; inclinam teu ouvido à minha prudência; 2 para que observes a discrição, e os teus lábios guardem o conhecimento. 3 Porque os lábios da mulher licenciosa destilam mel, e a sua boca é mais macia do que o azeite; 4 mas o seu fim é amargoso como o absinto, agudo como a espada de dois gumes. 5 Os seus pés descem à morte; os seus passos seguem no caminho do Seol. 6 Ela não pondera a vereda da vida; incertos são os seus caminhos, e ela o ignora. 7 Agora, pois, filhos, dai-me ouvidos, e não vos desvieis das palavras da minha boca. 8 Afasta para longe dela o teu caminho, e não te aproximes da porta da sua casa; 9 para que não dês a outros a tua honra, nem os teus anos a cruéis; 10 para que não se fartem os estranhos dos teus bens, e não entrem os teus trabalhos na casa do estrangeiro, 11 e gemas no teu fim, quando se consumirem a tua carne e o teu corpo, 12 e digas: Como detestei a disciplina! E desprezou o meu coração a repreensão! 13 E não escutei a voz dos que me ensinavam, nem aos que me instruíam inclinei o meu ouvido! 14 Quase cheguei à ruína completa, no meio da congregação e da assembleia. 15 Bebe a água da tua própria cisterna, e das correntes do teu poço. 16 Derramar-se-iam as tuas fontes para fora, e pelas ruas os ribeiros de águas? 17 Sejam para ti só, e não para os estranhos juntamente contigo. 18 Seja bendito o teu manancial; e regozija-te na mulher da tua mocidade. 19 Como corça amorosa, e graciosa cabra montesa saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor sê encantado perpetuamente. 20 E por que, filho meu, andarias atraído pela mulher licenciosa, e abraçarias o seio da adúltera? 21 Porque os caminhos do homem estão diante dos olhos do Senhor, o qual observa todas as suas veredas. 22 Quanto ao ímpio, as suas próprias iniquidades o prenderão, e pelas cordas do seu pecado será detido. 23 Ele morre pela falta de disciplina; e pelo excesso da sua loucura anda errado.

Provérbios 6

NÃO TE FIES EM NINGUÉM

1 Filho meu, se ficaste por fiador do teu próximo, se te empenhaste por um estranho, 2 estás enredado pelos teus lábios; estás preso pelas palavras da tua boca. 3 Faze pois isto agora, filho meu, e livra-te, pois já caíste nas mãos do teu próximo; vai, humilha-te, e importuna o teu próximo; 4 não dês sono aos teus olhos, nem adormecimento às tuas pálpebras; 5 livra-te como a gazela da mão do caçador, e como a ave da mão do passarinheiro.

A PREGUIÇA

6 Vai ter com a formiga, ó preguiçoso, considera os seus caminhos, e sê sábio; 7 a qual, não tendo chefe, nem superintendente, nem governador, 8 no verão faz a provisão do seu mantimento, e ajunta o seu alimento no tempo da ceifa. 9 Ó preguiçoso, até quando ficarás deitador? Quando te levantarás do teu sono? 10 Um pouco para dormir, um pouco para toscanejar, um pouco para cruzar as mãos em repouso; 11 assim te sobrevirá a tua pobreza como um ladrão, e a tua necessidade como um homem armado.

O PERVERSO

12 O homem vil, o homem iníquo, anda com a perversidade na boca, 13 pisca os olhos, faz sinais com os pés, e acena com os dedos; 14 perversidade há no seu coração; todo o tempo maquina o mal; anda semeando contendas. 15 Pelo que a sua destruição virá repentinamente; subitamente será quebrantado, sem que haja cura. 16 Há seis coisas que o Senhor detesta; sim, há sete que ele abomina: 17 Olhos altivos, língua mentirosa, e mãos que derramam sangue inocente; 18 coração que maquina projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal; 19 testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.

O ADULTÉRIO

20 Filho meu, guarda o mandamento de, teu pai, e não abandones a instrução de tua mãe; 21 ata-os perpetuamente ao teu coração, e pendura-os ao teu pescoço. 22 Quando caminhares, isso te guiará; quando te deitares, te guardará; quando acordares, falará contigo. 23 Porque o mandamento é uma lâmpada, e a instrução uma luz; e as repreensões da disciplina são o caminho da vida, 24 para te guardarem da mulher má, e das lisonjas da língua da adúltera. 25 Não cobices no teu coração a sua formosura, nem te deixes prender pelos seus olhares. 26 Porque o preço da prostituta é apenas um bocado de pão, mas a adúltera anda à caça da própria vida do homem. 27 Pode alguém tomar fogo no seu seio, sem que os seus vestidos se queimem? 28 Ou andará sobre as brasas sem que se queimem os seus pés? 29 Assim será o que entrar à mulher do seu próximo; não ficará inocente quem a tocar. 30 Não é desprezado o ladrão, mesmo quando furta para saciar a fome? 31 E, se for apanhado, pagará sete vezes tanto, dando até todos os bens de sua casa. 32 O que adultera com uma mulher é falto de entendimento; destrói-se a si mesmo, quem assim procede. 33 Receberá feridas e ignomínia, e o seu opróbrio nunca se apagará; 34 porque o ciúme enfurece ao marido, que de maneira nenhuma poupará no dia da vingança. 35 Não aceitará resgate algum, nem se aplacará, ainda que multipliques os presentes.

Provérbios 7

A MULHER ADÚLTERA

1 Filho meu, guarda as minhas palavras, e entesoura contigo os meus mandamentos. 2 Observa os meus mandamentos e vive; guarda a minha lei, como a menina dos teus olhos. 3 Ata-os aos teus dedos, escreve-os na tábua do teu coração. 4 Dize à sabedoria: Tu és minha irmã; e chama ao entendimento teu amigo íntimo, 5 para te guardarem da mulher alheia, da adúltera, que lisonjeia com as suas palavras. 6 Porque da janela da minha casa, por minhas grades olhando eu, 7 vi entre os simples, divisei entre os jovens, um mancebo falto de juízo, 8 que passava pela rua junto à esquina da mulher adúltera e que seguia o caminho da sua casa, 9 no crepúsculo, à tarde do dia, à noite fechada e na escuridão; 10 e eis que uma mulher lhe saiu ao encontro, ornada à moda das prostitutas, e astuta de coração. 11 Ela é turbulenta e obstinada; não param em casa os seus pés; 12 ora está ela pelas ruas, ora pelas praças, espreitando por todos os cantos. 13 Pegou dele, pois, e o beijou; e com semblante impudico lhe disse: 14 Sacrifícios pacíficos tenho comigo; hoje paguei os meus votos. 15 Por isso saí ao teu encontro a buscar-te diligentemente, e te achei. 16 Já cobri a minha cama de cobertas, de colchas de linho do Egito. 17 Já perfumei o meu leito com mirra, aloés e cinamomo. 18 Vem, saciemo-nos de amores até pela manhã; alegremo-nos com amores. 19 Porque meu marido não está em casa; foi fazer uma jornada ao longe; 20 um saquitel de dinheiro levou na mão; só lá para o dia da lua cheia voltará para casa. 21 Ela o faz ceder com a multidão das suas palavras sedutoras, com as lisonjas dos seus lábios o arrasta. 22 Ele a segue logo, como boi que vai ao matadouro, e como o louco ao castigo das prisões; 23 até que uma flecha lhe atravesse o fígado, como a ave que se apressa para o laço, sem saber que está armado contra a sua vida. 24 Agora, pois, filhos, ouvi-me, e estai atentos às palavras da minha boca. 25 Não se desvie para os seus caminhos o teu coração, e não andes perdido nas suas veredas. 26 Porque ela a muitos tem feito cair feridos; e são muitíssimos os que por ela foram mortos. 27 Caminho de Seol(1) é a sua casa, o qual desce às câmaras da morte.

(1) Seol: Inferno

Provérbios 8

A SABEDORIA CLAMA

1 Não clama porventura a sabedoria, e não faz o entendimento soar a sua voz? 2 No cume das alturas, junto ao caminho, nas encruzilhadas das veredas ela se coloca. 3 Junto às portas, à entrada da cidade, e à entrada das portas está clamando: 4 A vós, ó homens, clamo; e a minha voz se dirige aos filhos dos homens. 5 Aprendei, ó simples, a prudência; entendei, ó loucos, a sabedoria. 6 Ouvi vós, porque profiro coisas excelentes; os meus lábios se abrem para a equidade. 7 Porque a minha boca profere a verdade, os meus lábios abominam a impiedade. 8 Justas são todas as palavras da minha boca; não há nelas nenhuma coisa tortuosa nem perversa. 9 Todas elas são retas para o que bem as entende, e justas para os que acham o conhecimento. 10 Aceitai antes a minha correção, e não a prata; e o conhecimento, antes do que o ouro escolhido. 11 Porque melhor é a sabedoria do que as joias; e de tudo o que se deseja nada se pode comparar com ela. 12 Eu, a sabedoria, habito com a prudência, e possuo o conhecimento e a discrição. 13 O temor do Senhor é odiar o mal; a soberba, e a arrogância, e o mau caminho, e a boca perversa, eu os odeio. 14 Meu é o conselho, e a verdadeira sabedoria; eu sou o entendimento; minha é a fortaleza. 15 Por mim reinam os reis, e os príncipes decretam o que justo. 16 Por mim governam os príncipes e os nobres, sim, todos os juízes da terra. 17 Eu amo aos que me amam, e os que diligentemente me buscam me acharão. 18 Riquezas e honra estão comigo; sim, riquezas duráveis e justiça. 19 Melhor é o meu fruto do que o ouro, sim, do que o ouro refinado; e a minha renda melhor do que a prata escolhida. 20 Ando pelo caminho da retidão, no meio das veredas da justiça, 21 dotando de bens permanentes os que me amam, e enchendo os seus tesouros. 22 O Senhor me criou como a primeira das suas obras, o princípio dos seus feitos mais antigos. 23 Desde a eternidade fui constituída, desde o princípio, antes de existir a terra. 24 Antes de haver abismos, fui gerada, e antes ainda de haver fontes cheias d'água. 25 Antes que os montes fossem firmados, antes dos outeiros eu nasci, 26 quando ele ainda não tinha feito a terra com seus campos, nem sequer o princípio do pó do mundo. 27 Quando ele preparava os céus, aí estava eu; quando traçava um círculo sobre a face do abismo, 28 quando estabelecia o firmamento em cima, quando se firmavam as fontes do abismo, 29 quando ele fixava ao mar o seu termo, para que as águas não traspassassem o seu mando, quando traçava os fundamentos da terra, 30 então eu estava ao seu lado como arquiteto; e era cada dia as suas delícias, alegrando-me perante ele em todo o tempo; 31 folgando no seu mundo habitável, e achando as minhas delícias com os filhos dos homens. 32 Agora, pois, filhos, ouvi-me; porque felizes são os que guardam os meus caminhos. 33 Ouvi a correção, e sede sábios; e não a rejeiteis. 34 Feliz é o homem que me dá ouvidos, velando cada dia às minhas entradas, esperando junto às ombreiras da minha porta. 35 Porque o que me achar achará a vida, e alcançará o favor do Senhor. 36 Mas o que pecar contra mim fará mal à sua própria alma; todos os que me odeiam amam a morte.

Provérbios 9

O TEMOR DO SENHOR É O PRINCÍPIO DA SABEDORIA

1 A sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou as suas sete colunas; 2 já imolou as suas vítimas, misturou o seu vinho, e preparou a sua mesa. 3 Já enviou as suas criadas a clamar sobre as alturas da cidade, dizendo: 4 Quem é simples, volte-se para cá. Aos faltos de entendimento diz: 5 Vinde, comei do meu pão, e bebei do vinho que tenho misturado. 6 Deixai a insensatez, e vivei; e andai pelo caminho do entendimento. 7 O que repreende ao escarnecedor, traz afronta sobre si; e o que censura ao ímpio, recebe a sua mancha. 8 Não repreendas ao escarnecedor, para que não te odeie; repreende ao sábio, e amar-te-á. 9 Instrui ao sábio, e ele se fará mais, sábio; ensina ao justo, e ele crescerá em entendimento. 10 O temor do Senhor é o princípio sabedoria; e o conhecimento do Santo é o entendimento. 11 Porque por mim se multiplicam os teus dias, e anos de vida se te acrescentarão. 12 Se fores sábio, para ti mesmo o serás; e, se fores escarnecedor, tu só o suportarás. 13 A mulher tola é alvoroçadora; é insensata, e não conhece o pudor. 14 Senta-se à porta da sua casa ou numa cadeira, nas alturas da cidade, 15 chamando aos que passam e seguem direitos o seu caminho: 16 Quem é simples, volte-se para cá! E aos faltos de entendimento diz: 17 As águas roubadas são doces, e o pão comido às ocultas é agradável. 18 Mas ele não sabe que ali estão os mortos; que os seus convidados estão nas profundezas do Seol.

Provérbios 10

O JUSTO E O ÍMPIO

1 Provérbios de Salomão. Um filho sábio alegra a seu pai; mas um filho insensato é a tristeza de sua mãe. 2 Os tesouros da impiedade de nada aproveitam; mas a justiça livra da morte. 3 O Senhor não deixa o justo passar fome; mas o desejo dos ímpios ele rechaça. 4 O que trabalha com mão remissa empobrece; mas a mão do diligente enriquece. 5 O que ajunta no verão é filho prudente; mas o que dorme na sega é filho que envergonha. 6 Bênçãos caem sobre a cabeça do justo; porém a boca dos ímpios esconde a violência. 7 A memória do justo é abençoada; mas o nome dos ímpios apodrecerá. 8 O sábio de coração aceita os mandamentos; mas o insensato palra dor cairá. 9 Quem anda em integridade anda seguro; mas o que perverte os seus caminhos será conhecido. 10 O que acena com os olhos dá dores; e o insensato palrador cairá. 11 A boca do justo é manancial de vida, porém a boca dos ímpios esconde a violência. 12 O ódio excita contendas; mas o amor cobre todas as transgressões. 13 Nos lábios do entendido se acha a sabedoria; mas a vara é para as costas do que é falto de entendimento. 14 Os sábios entesouram o conhecimento; porém a boca do insensato é uma destruição iminente. 15 Os bens do rico são a sua cidade forte; a ruína dos pobres é a sua pobreza. 16 O trabalho do justo conduz à vida; a renda do ímpio, para o pecado. 17 O que atende à instrução está na vereda da vida; mas o que rejeita a repreensão anda errado. 18 O que encobre o ódio tem lábios falsos; e o que espalha a calúnia é um insensato. 19 Na multidão de palavras não falta transgressão; mas o que refreia os seus lábios é prudente. 20 A língua do justo é prata escolhida; o coração dos ímpios é de pouco valor. 21 Os lábios do justo apascentam a muitos; mas os insensatos, por falta de entendimento, morrem. 22 A bênção do Senhor é que enriquece; e ele não a faz seguir de dor alguma. 23 E um divertimento para o insensato o praticar a iniquidade; mas a conduta sábia é o prazer do homem entendido. 24 O que o ímpio teme, isso virá sobre ele; mas aos justos se lhes concederá o seu desejo. 25 Como passa a tempestade, assim desaparece o ímpio; mas o justo tem fundamentos eternos. 26 Como vinagre para os dentes, como fumaça para os olhos, assim é o preguiçoso para aqueles que o mandam. 27 O temor do Senhor aumenta os dias; mas os anos os ímpios serão abreviados. 28 A esperança dos justos é alegria; mas a expectação dos ímpios perecerá. 29 O caminho do Senhor é fortaleza para os retos; mas é destruição para os que praticam a iniquidade. 30 O justo nunca será abalado; mas os ímpios não habitarão a terra. 31 A boca do justo produz sabedoria; porém a língua perversa será desarraigada. 32 Os lábios do justo sabem o que agrada; porém a boca dos ímpios fala perversidades.

Provérbios 11

O JUSTO E O PECADOR

1 A balança enganosa é abominação para o Senhor; mas o peso justo é o seu prazer. 2 Quando vem a soberba, então vem a desonra; mas com os humildes está a sabedoria. 3 A integridade dos retos os guia; porém a perversidade dos desleais os destrói. 4 De nada aproveitam as riquezas no dia da ira; porém a justiça livra da morte. 5 A justiça dos perfeitos endireita o seu caminho; mas o ímpio cai pela sua impiedade. 6 A justiça dos retos os livra; mas os traiçoeiros são apanhados nas, suas próprias cobiças. 7 Morrendo o ímpio, perece a sua esperança; e a expectativa da iniquidade. 8 O justo é libertado da angústia; e o ímpio fica em seu lugar. 9 O hipócrita com a boca arruína o seu próximo; mas os justos são libertados pelo conhecimento. 10 Quando os justos prosperam, exulta a cidade; e quando perecem os ímpios, há júbilo. 11 Pela bênção dos retos se exalta a cidade; mas pela boca dos ímpios é derrubada. 12 Quem despreza o seu próximo é falto de senso; mas o homem de entendimento se cala. 13 O que anda mexericando revela segredos; mas o fiel de espírito encobre o negócio. 14 Quando não há sábia direção, o povo cai; mas na multidão de conselheiros há segurança. 15 Decerto sofrerá prejuízo aquele que fica por fiador do estranho; mas o que aborrece a fiança estará seguro. 16 A mulher aprazível obtém honra, e os homens violentos obtêm riquezas. 17 O homem bondoso faz bem à sua, própria alma; mas o cruel faz mal a si mesmo. 18 O ímpio recebe um salário ilusório; mas o que semeia justiça recebe galardão seguro. 19 Quem é fiel na retidão encaminha, para a vida, e aquele que segue o mal encontra a morte. 20 Abominação para o Senhor são os perversos de coração; mas os que são perfeitos em seu caminho são o seu deleite. 21 Decerto o homem mau não ficará sem castigo; porém a descendência dos justos será livre. 22 Como joia de ouro em focinho de porca, assim é a mulher formosa que se aparta da discrição. 23 O desejo dos justos é somente o bem; porém a expectativa dos ímpios é a ira. 24 Um dá liberalmente, e se torna mais rico; outro retém mais do que é justo, e se empobrece. 25 A alma generosa prosperará, e o que regar também será regado. 26 Ao que retém o trigo o povo o amaldiçoa; mas bênção haverá sobre a cabeça do que o vende. 27 O que busca diligentemente o bem, busca favor; mas ao que procura o mal, este lhe sobrevirá. 28 Aquele que confia nas suas riquezas, cairá; mas os justos reverdecerão como a folhagem. 29 O que perturba a sua casa herdará o vento; e o insensato será servo do entendido de coração. 30 O fruto do justo é árvore de vida; e o que ganha almas sábio é. 31 Eis que o justo é castigado na terra; quanto mais o ímpio e o pecador!

Provérbios 12

O JUSTO AMA A CORREÇÃO

1 O que ama a correção ama o conhecimento; mas o que aborrece a repreensão é insensato. 2 O homem de bem alcançará o favor do Senhor; mas ao homem de perversos desígnios ele condenará. 3 O homem não se estabelece pela impiedade; a raiz dos justos, porém, nunca será, removida. 4 A mulher virtuosa é a coroa do seu marido; porém a que procede vergonhosamente é como apodrecimento nos seus ossos. 5 Os pensamentos do justo são retos; mas os conselhos do ímpio são falsos. 6 As palavras dos ímpios são emboscadas para derramarem sangue; a boca dos retos, porém, os livrará. 7 Transtornados serão os ímpios, e não serão mais; porém a casa dos justos permanecerá. 8 Segundo o seu entendimento é louvado o homem; mas o perverso de coração é desprezado. 9 Melhor é o que é estimado em pouco e tem servo, do que quem se honra a si mesmo e tem falta de pão. 10 O justo olha pela vida dos seus animais; porém as entranhas dos ímpios são cruéis. 11 O que lavra a sua terra se fartará de pão; mas o que segue os ociosos é falto de entendimento. 12 Deseja o ímpio o despojo dos maus; porém a raiz dos justos produz o seu próprio fruto. 13 Pela transgressão dos lábios se enlaça o mau; mas o justo escapa da angústia. 14 Do fruto das suas palavras o homem se farta de bem; e das obras das suas mãos se lhe retribui. 15 O caminho do insensato é reto aos seus olhos; mas o que dá ouvidos ao conselho é sábio. 16 A ira do insensato logo se revela; mas o prudente encobre a afronta. 17 Quem fala a verdade manifesta a justiça; porém a testemunha falsa produz a fraude. 18 Há palrador cujas palavras ferem como espada; porém a língua dos sábios traz saúde. 19 O lábio veraz permanece para sempre; mas a língua mentirosa dura só um momento. 20 Engano há no coração dos que maquinam o mal; mas há gozo para os que aconselham a paz. 21 Nenhuma desgraça sobrevém ao justo; mas os ímpios ficam cheios de males. 22 Os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor; mas os que praticam a verdade são o seu deleite. 23 O homem prudente encobre o conhecimento; mas o coração dos tolos proclama a estultícia. 24 A mão dos diligentes dominará; mas o indolente será tributário servil. 25 A ansiedade no coração do homem o abate; mas uma boa palavra o alegra. 26 O justo é um guia para o seu próximo; mas o caminho dos ímpios os faz errar. 27 O preguiçoso não apanha a sua caça; mas o bem precioso do homem é para o diligente. 28 Na vereda da justiça está a vida; e no seu caminho não há morte.

Provérbios 13

QUEM ANDA COM OS SÁBIOS SERÁ SÁBIO

1 O filho sábio ouve a instrução do pai; mas o escarnecedor não escuta a repreensão. 2 Do fruto da boca o homem come o bem; mas o apetite dos prevaricadores alimenta-se da violência. 3 O que guarda a sua boca preserva a sua vida; mas o que muito abre os seus lábios traz sobre si a ruína. 4 O preguiçoso deseja, e coisa nenhuma alcança; mas o desejo do diligente será satisfeito. 5 O justo odeia a palavra mentirosa, mas o ímpio se faz odioso e se cobre de vergonha. 6 A justiça guarda ao que é reto no seu caminho; mas a perversidade transtorna o pecador. 7 Há quem se faça rico, não tendo coisa alguma; e quem se faça pobre, tendo grande riqueza. 8 O resgate da vida do homem são as suas riquezas; mas o pobre não tem meio de se resgatar. 9 A luz dos justos alegra; porem a lâmpada dos ímpios se apagará. 10 Da soberba só provém a contenda; mas com os que se aconselham se acha a sabedoria. 11 A riqueza adquirida às pressas diminuíra; mas quem a ajunta pouco a pouco terá aumento. 12 A esperança adiada entristece o coração; mas o desejo cumprido é árvore de vida. 13 O que despreza a palavra traz sobre si a destruição; mas o que teme o mandamento será galardoado. 14 O ensino do sábio é uma fonte devida para desviar dos laços da morte. 15 O bom senso alcança favor; mas o caminho dos prevaricadores é áspero: 16 Em tudo o homem prudente procede com conhecimento; mas o tolo espraia a sua insensatez. 17 O mensageiro perverso faz cair no mal; mas o embaixador fiel traz saúde. 18 Pobreza e afronta virão ao que rejeita a correção; mas o que guarda a repreensão será honrado. 19 O desejo que se cumpre deleita a alma; mas apartar-se do mal é abominação para os tolos. 20 Quem anda com os sábios será sábio; mas o companheiro dos tolos sofre aflição. 21 O mal persegue os pecadores; mas os justos são galardoados com o bem. 22 O homem de bem deixa uma herança aos filhos de seus filhos; a riqueza do pecador, porém, é reservada para o justo. 23 Abundância de mantimento há, na lavoura do pobre; mas se perde por falta de juízo. 24 Aquele que poupa a vara aborrece a seu filho; mas quem o ama, a seu tempo o castiga. 25 O justo come e fica satisfeito; mas o apetite dos ímpios nunca se satisfaz.

Provérbios 14

O TEMOR DO SENHOR É FONTE DE VIDA

1 Toda mulher sábia edifica a sua casa; a insensata, porém, derruba-a com as suas mãos. 2 Quem anda na sua retidão teme ao Senhor; mas aquele que é perverso nos seus caminhos despreza-o. 3 Na boca do tolo está a vara da soberba, mas os lábios do sábio preservá-lo-ão. 4 Onde não há bois, a manjedoura está vazia; mas pela força do boi há abundância de colheitas. 5 A testemunha verdadeira não mentirá; a testemunha falsa, porém, se desboca em mentiras. 6 O escarnecedor busca sabedoria, e não a encontra; mas para o prudente o conhecimento é fácil. 7 Vai-te da presença do homem insensato, pois nele não acharás palavras de ciência. 8 A sabedoria do prudente é entender o seu caminho; porém a estultícia dos tolos é enganar. 9 A culpa zomba dos insensatos; mas os retos têm o favor de Deus. 10 O coração conhece a sua própria amargura; e o estranho não participa da sua alegria. 11 A casa dos ímpios se desfará; porém a tenda dos retos florescerá. 12 Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele conduz à morte. 13 Até no riso terá dor o coração; e o fim da alegria é tristeza. 14 Dos seus próprios caminhos se fartará o infiel de coração, como também o homem bom se contentará dos seus. 15 O simples dá crédito a tudo; mas o prudente atenta para os seus passos. 16 O sábio teme e desvia-se do mal, mas o tolo é arrogante e dá-se por seguro. 17 Quem facilmente se ira fará doidices; mas o homem discreto é paciente; 18 Os simples herdam a estultícia; mas os prudentes se coroam de conhecimento. 19 Os maus inclinam-se perante os bons; e os ímpios diante das portas dos justos. 20 O pobre é odiado até pelo seu vizinho; mas os amigos dos ricos são muitos. 21 O que despreza ao seu vizinho peca; mas feliz é aquele que se compadece dos pobres. 22 Porventura não erram os que maquinam o mal? Mas há beneficência e fidelidade para os que planejam o bem. 23 Em todo trabalho há proveito; meras palavras, porém, só encaminham para a penúria. 24 A coroa dos sábios é a sua riqueza; porém a estultícia dos tolos não passa de estultícia. 25 A testemunha verdadeira livra as almas; mas o que fala mentiras é traidor. 26 No temor do Senhor há firme confiança; e os seus filhos terão um lugar de refúgio. 27 O temor do Senhor é uma fonte de vida, para o homem se desviar dos laços da morte. 28 Na multidão do povo está a glória do rei; mas na falta de povo está a ruína do príncipe. 29 Quem é tardio em irar-se é grande em entendimento; mas o que é de ânimo precipitado exalta a loucura. 30 O coração tranquilo é a vida da carne; a inveja, porém, é a podridão dos ossos. 31 O que oprime ao pobre insulta ao seu Criador; mas honra-o aquele que se compadece do necessitado. 32 O ímpio é derrubado pela sua malícia; mas o justo até na sua morte acha refúgio. 33 No coração do prudente repousa a sabedoria; mas no coração dos tolos não é conhecida. 34 A justiça exalta as nações; mas o pecado é o opróbrio dos povos. 35 O favor do rei é concedido ao servo que procede sabiamente; mas sobre o que procede indignamente cairá o seu furor.

Provérbios 15

O TEMOR DO SENHOR É A
INSTRUÇÃO DA SABEDORIA

1 A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. 2 A língua dos sábios destila o conhecimento; porém a boca dos tolos derrama a estultícia. 3 Os olhos do Senhor estão em todo lugar, vigiando os maus e os bons. 4 Uma língua suave é árvore de vida; mas a língua perversa quebranta o espírito. 5 O insensato despreza a correção e seu pai; mas o que atende à admoestação prudentemente se haverá. 6 Na casa do justo há um grande tesouro; mas nos lucros do ímpio há perturbação. 7 Os lábios dos sábios difundem conhecimento; mas não o faz o coração dos tolos. 8 O sacrifício dos ímpios é abominável ao Senhor; mas a oração dos retos lhe é agradável. 9 O caminho do ímpio é abominável ao Senhor; mas ele ama ao que segue a justiça. 10 Há disciplina severa para o que abandona a vereda; e o que aborrece a repreensão morrerá. 11 O Seol e o Abadom estão abertos perante o Senhor; quanto mais o coração dos filhos dos homens! 12 O escarnecedor não gosta daquele que o repreende; não irá ter com os sábios. 13 O coração alegre aformoseia o rosto; mas pela dor do coração o espírito se abate. 14 O coração do inteligente busca o conhecimento; mas a boca dos tolos se apascenta de estultícia. 15 Todos os dias do aflito são maus; mas o coração contente tem um banquete contínuo. 16 Melhor é o pouco com o temor do Senhor, do que um grande tesouro, e com ele a inquietação. 17 Melhor é um prato de hortaliça, onde há amor, do que o boi gordo, e com ele o ódio. 18 O homem iracundo suscita contendas; mas o longânimo apazígua a luta. 19 O caminho do preguiçoso é como a sebe de espinhos; porém a vereda dos justos é uma estrada real. 20 O filho sábio alegra a seu pai; mas o homem insensato despreza a sua mãe. 21 A estultícia é alegria para o insensato; mas o homem de entendimento anda retamente. 22 Onde não há conselho, frustram-se os projetos; mas com a multidão de conselheiros se estabelecem. 23 O homem alegra-se em dar uma resposta adequada; e a palavra a seu tempo quão boa é! 24 Para o sábio o caminho da vida é para cima, a fim de que ele se desvie do Seol que é em baixo. 25 O Senhor desarraiga a casa dos soberbos, mas estabelece a herança da viúva. 26 Os desígnios dos maus são abominação para o Senhor; mas as palavras dos limpos lhe são aprazíveis. 27 O que se dá à cobiça perturba a sua própria casa; mas o que aborrece a peita viverá. 28 O coração do justo medita no que há de responder; mas a boca dos ímpios derrama coisas más. 29 Longe está o Senhor dos ímpios, mas ouve a oração dos justos. 30 A luz dos olhos alegra o coração, e boas-novas engordam os ossos. 31 O ouvido que escuta a advertência da vida terá a sua morada entre os sábios. 32 Quem rejeita a correção menospreza a sua alma; mas aquele que escuta a advertência adquire entendimento. 33 O temor do Senhor é a instrução da sabedoria; e adiante da honra vai a humildade.

Provérbios 16

FELIZ É AQUELE QUE CONFIA NO SENHOR

1 Ao homem pertencem os planos do coração; mas a resposta da língua é do Senhor. 2 Todos os caminhos do homem são limpos aos seus olhos; mas o Senhor pesa os espíritos. 3 Entrega ao Senhor as tuas obras, e teus desígnios serão estabelecidos. 4 O Senhor fez tudo para um fim; sim, até o ímpio para o dia do mal. 5 Todo homem arrogante é abominação ao Senhor; certamente não ficará impune. 6 Pela misericórdia e pela verdade expia-se a iniquidade; e pelo temor do Senhor os homens se desviam do mal. 7 Quando os caminhos do homem agradam ao Senhor, faz que até os seus inimigos tenham paz com ele. 8 Melhor é o pouco com justiça, do que grandes rendas com injustiça. 9 O coração do homem propõe o seu caminho; mas o Senhor lhe dirige os passos. 10 Nos lábios do rei acham-se oráculos; em juízo a sua boca não prevarica. 11 O peso e a balança justos são do Senhor; obra sua são todos os pesos da bolsa. 12 Abominação é para os reis o praticarem a impiedade; porque com justiça se estabelece o trono. 13 Lábios justos são o prazer dos reis; e eles amam aquele que fala coisas retas. 14 O furor do rei é mensageiro da morte; mas o homem sábio o aplacará. 15 Na luz do semblante do rei está a vida; e o seu favor é como a nuvem de chuva serôdia. 16 Quanto melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! E quanto mais excelente é escolher o entendimento do que a prata! 17 A estrada dos retos desvia-se do mal; o que guarda o seu caminho preserva a sua vida. 18 A soberba precede a destruição, e a altivez do espírito precede a queda. 19 Melhor é ser humilde de espírito com os mansos, do que repartir o despojo com os soberbos. 20 O que atenta prudentemente para a palavra prosperará; e feliz é aquele que confia no Senhor. 21 O sábio de coração será chamado prudente; e a doçura dos lábios aumenta o saber. 22 O entendimento, para aquele que o possui, é uma fonte de vida, porém a estultícia é o castigo dos insensatos. 23 O coração do sábio instrui a sua boca, e aumenta o saber nos seus lábios. 24 Palavras suaves são como favos de mel, doçura para a alma e saúde para o corpo. 25 Há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele conduz à morte. 26 O apetite do trabalhador trabalha por ele, porque a sua fome o incita a isso. 27 O homem vil suscita o mal; e nos seus lábios há como que um fogo ardente. 28 O homem perverso espalha contendas; e o difamador separa amigos íntimos. 29 O homem violento alicia o seu vizinho, e guia-o por um caminho que não é bom. 30 Quando fecha os olhos fá-lo para maquinar perversidades; quando morde os lábios, efetua o mal. 31 Coroa de honra são as cãs, a qual se obtém no caminho da justiça. 32 Melhor é o longânimo do que o valente; e o que domina o seu espírito do que o que toma uma cidade. 33 A sorte se lança no regaço; mas do Senhor procede toda a disposição dela.

Provérbios 17

O SENHOR PROVA OS CORAÇÕES

1 Melhor é um bocado seco, e com ele a tranquilidade, do que a casa cheia de festins, com rixas. 2 O servo prudente dominará sobre o filho que procede indignamente; e entre os irmãos receberá da herança. 3 O crisol é para a prata, e o forno para o ouro; mas o Senhor é que prova os corações. 4 O malfazejo atenta para o lábio iníquo; o mentiroso inclina os ouvidos para a língua maligna. 5 O que escarnece do pobre insulta ao seu Criador; o que se alegra da calamidade não ficará impune. 6 Coroa dos velhos são os filhos dos filhos; e a glória dos filhos são seus pais. 7 Não convém ao tolo a fala excelente; quanto menos ao príncipe o lábio mentiroso! 8 Pedra preciosa é a peita aos olhos de quem a oferece; para onde quer que ele se volte, serve-lhe de proveito. 9 O que perdoa a transgressão busca a amizade; mas o que renova a questão, afasta amigos íntimos. 10 Mais profundamente entra a repreensão no prudente, do que cem açoites no insensato. 11 O rebelde não busca senão o mal; portanto um mensageiro cruel será enviado contra ele. 12 Encontre-se o homem com a ursa roubada dos filhotes, mas não com o insensato na sua estultícia. 13 Quanto àquele que torna mal por bem, não se apartará o mal da sua casa. 14 O princípio da contenda é como o soltar de águas represadas; deixa por isso a porfia, antes que haja rixas. 15 O que justifica o ímpio, e o que condena o justo, são abomináveis ao Senhor, tanto um como o outro. 16 De que serve o preço na mão do tolo para comprar a sabedoria, visto que ele não tem entendimento? 17 O amigo ama em todo o tempo; e para a angústia nasce o irmão. 18 O homem falto de entendimento compromete-se, tornando-se fiador na presença do seu vizinho. 19 O que ama a contenda ama a transgressão; o que faz alta a sua porta busca a ruína. 20 O perverso de coração nunca achará o bem; e o que tem a língua dobre virá a cair no mal. 21 O que gera um tolo, para sua tristeza o faz; e o pai do insensato não se alegrará. 22 O coração alegre serve de bom remédio; mas o espírito abatido seca os ossos. 23 O ímpio recebe do regaço a peita, para perverter as veredas da justiça. 24 O alvo do inteligente é a sabedoria; mas os olhos do insensato estão nas extremidades da terra. 25 O filho insensato é tristeza para seu, pai, e amargura para quem o deu à luz. 26 Não é bom punir ao justo, nem ferir aos nobres por causa da sua retidão. 27 Refreia as suas palavras aquele que possui o conhecimento; e o homem de entendimento é de espírito sereno. 28 Até o tolo, estando calado, é tido por sábio; e o que cerra os seus lábios, por entendido.

Provérbios 18

A MORTE E A VIDA ESTÃO NO PODER DA LÍNGUA

1 Aquele que vive isolado busca seu próprio desejo; insurge-se contra a verdadeira sabedoria. 2 O tolo não toma prazer no entendimento, mas tão somente em revelar a sua opinião. 3 Quando vem o ímpio, vem também o desprezo; e com a desonra vem o opróbrio. 4 Águas profundas são as palavras da boca do homem; e a fonte da sabedoria é um ribeiro que corre. 5 Não é bom ter respeito à pessoa do ímpio, nem privar o justo do seu direito. 6 Os lábios do tolo entram em contendas, e a sua boca clama por açoites. 7 A boca do tolo é a sua própria destruição, e os seus lábios um laço para a sua alma. 8 As palavras do difamador são como bocados doces, que penetram até o íntimo das entranhas. 9 Aquele que é remisso na sua obra é irmão do que é destruidor. 10 Torre forte é o nome do Senhor; para ela corre o justo, e está seguro. 11 Os bens do rico são a sua cidade forte, e como um muro alto na sua imaginação. 12 Antes da ruína eleva-se o coração do homem; e adiante da honra vai a humildade. 13 Responder antes de ouvir, é estultícia e vergonha. 14 O espírito do homem o sustentará na sua enfermidade; mas ao espírito abatido quem o levantará? 15 O coração do entendido adquire conhecimento; e o ouvido dos sábios busca conhecimento; 16 O presente do homem alarga-lhe o caminho, e leva-o à presença dos grandes. 17 O que primeiro começa o seu pleito parece justo; até que vem o outro e o examina. 18 A sorte faz cessar os pleitos, e decide entre os poderosos. 19 Um irmão ajudado pelo irmão é como uma cidade fortificada; é forte como os ferrolhos dum castelo. 20 O homem se fartará do fruto da sua boca; dos renovos dos seus lábios se fartará. 21 A morte e a vida estão no poder da língua; e aquele que a ama comerá do seu fruto. 22 Quem encontra uma esposa acha uma coisa boa; e alcança o favor do Senhor. 23 O pobre fala com rogos; mas o rico responde com durezas. 24 O homem que tem muitos amigos, tem-nos para a sua ruína; mas há um amigo que é mais chegado do que um irmão.

Provérbios 19

QUEM GUARDA O MANDAMENTO GUARDA A SUA ALMA

1 Melhor é o pobre que anda na sua integridade, do que aquele que é perverso de lábios e tolo. 2 Não é bom agir sem refletir; e o que se apressa com seus pés erra o caminho. 3 A estultícia do homem perverte o seu caminho, e o seu coração se irrita contra o Senhor. 4 As riquezas granjeiam muitos amigos; mas do pobre o seu próprio amigo se separa. 5 A testemunha falsa não ficará impune; e o que profere mentiras não escapará. 6 Muitos procurarão o favor do liberal; e cada um é amigo daquele que dá presentes. 7 Todos os irmãos do pobre o aborrecem; quanto mais se afastam dele os seus amigos! Persegue-os com súplicas, mas eles já se foram. 8 O que adquire a sabedoria é amigo de si mesmo; o que guarda o entendimento prosperará. 9 A testemunha falsa não ficará impune, e o que profere mentiras perecerá. 10 Ao tolo não convém o luxo; quanto menos ao servo dominar os príncipes! 11 A discrição do homem fá-lo tardio em irar-se; e sua glória está em esquecer ofensas. 12 A ira do rei é como o bramido o leão; mas o seu favor é como o orvalho sobre a erva. 13 O filho insensato é a calamidade do pai; e as rixas da mulher são uma goteira contínua. 14 Casa e riquezas são herdadas dos pais; mas a mulher prudente vem do Senhor. 15 A preguiça faz cair em profundo sono; e o ocioso padecerá fome. 16 Quem guarda o mandamento guarda a sua alma; mas aquele que não faz caso dos seus caminhos morrerá. 17 O que se compadece do pobre empresta ao Senhor, que lhe retribuirá o seu benefício. 18 Corrige a teu filho enquanto há esperança; mas não te incites a destruí-lo. 19 Homem de grande ira tem de sofrer o castigo; porque se o livrares, terás de o fazer de novo. 20 Ouve o conselho, e recebe a correção, para que sejas sábio nos teus últimos dias. 21 Muitos são os planos no coração do homem; mas o desígnio do Senhor, esse prevalecerá. 22 O que faz um homem desejável é a sua benignidade; e o pobre é melhor do que o mentiroso. 23 O temor do Senhor encaminha para a vida; aquele que o tem ficará satisfeito, e mal nenhum o visitará. 24 O preguiçoso esconde a sua mão no prato, e nem ao menos quer levá-la de novo à boca. 25 Fere ao escarnecedor, e o simples aprenderá a prudência; repreende ao que tem entendimento, e ele crescerá na ciência. 26 O que aflige a seu pai, e faz fugir a sua mãe, é filho que envergonha e desonra. 27 Cessa, filho meu, de ouvir a instrução, e logo te desviarás das palavras do conhecimento. 28 A testemunha vil escarnece da justiça; e a boca dos ímpios engole a iniquidade. 29 A condenação está preparada para os escarnecedores, e os açoites para as costas dos tolos.

Provérbios 20

ESPERA PELO SENHOR E ELE TE LIVRARÁ

1 O vinho é escarnecedor, e a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles errar não é sábio. 2 Como o bramido do leão é o terror do rei; quem o provoca a ira peca contra a sua própria vida. 3 Honroso é para o homem o desviar-se de questões; mas todo insensato se entremete nelas. 4 O preguiçoso não lavra no outono; pelo que mendigará na sega, e nada receberá. 5 Como águas profundas é o propósito no coração do homem; mas o homem inteligente o descobrirá. 6 Muitos há que proclamam a sua própria bondade; mas o homem fiel, quem o achará? 7 O justo anda na sua integridade; bem-aventurados serão os seus filhos depois dele. 8 Assentando-se o rei no trono do juízo, com os seus olhos joeira a todo malfeitor. 9 Quem pode dizer: Purifiquei o meu coração, limpo estou de meu pecado? 10 O peso fraudulento e a medida falsa são abominação ao Senhor, tanto uma como outra coisa. 11 Até a criança se dá a conhecer pelas suas ações, se a sua conduta é pura e reta. 12 O ouvido que ouve, e o olho que vê, o Senhor os fez a ambos. 13 Não ames o sono, para que não empobreças; abre os teus olhos, e te fartarás de pão. 14 Nada vale, nada vale, diz o comprador; mas, depois de retirar-se, então se gaba. 15 Há ouro e abundância de pedras preciosas; mas os lábios do conhecimento são joia de grande valor. 16 Tira a roupa àquele que fica por fiador do estranho; e toma penhor daquele que se obriga por estrangeiros. 17 Suave é ao homem o pão da mentira; mas depois a sua boca se enche de pedrinhas. 18 Os projetos se confirmam pelos conselhos; assim, pois, com prudência faz-se a guerra. 19 O que anda mexericando revela segredos; pelo que não te metas com quem muito abre os seus lábios. 20 O que amaldiçoa a seu pai ou a sua mãe, apagar-se-lhe-á a sua lâmpada nas, mais densas trevas. 21 A herança que no princípio é adquirida às pressas, não será abençoada no seu fim. 22 Não digas: vingar-me-ei do mal; espera pelo Senhor e ele te livrará. 23 Pesos fraudulentos são abomináveis ao Senhor; e balanças enganosas não são boas. 24 Os passos do homem são dirigidos pelo Senhor; como, pois, poderá o homem entender o seu caminho? 25 Laço é para o homem dizer precipitadamente: É santo; e, feitos os votos, então refletir. 26 O rei sábio joeira os ímpios e faz girar sobre eles a roda. 27 O espírito do homem é a lâmpada do Senhor, a qual esquadrinha todo o mais íntimo do coração. 28 A benignidade e a verdade guardam o rei; e com a benignidade sustém ele o seu trono. 29 A glória dos jovens é a sua força; e a beleza dos velhos são as cãs. 30 Os açoites que ferem purificam do mal; e as feridas penetram até o mais íntimo do corpo.

Provérbios 21

O SENHOR PESA OS CORAÇÕES

1 Como corrente de águas é o coração do rei na mão do Senhor; ele o inclina para onde quer. 2 Todo caminho do homem é reto aos seus olhos; mas o Senhor pesa os corações. 3 Fazer justiça e julgar com retidão é mais aceitável ao Senhor do que oferecer-lhe sacrifício. 4 Olhar altivo e coração orgulhoso, tal lâmpada dos ímpios é pecado. 5 Os planos do diligente conduzem à abundância; mas todo precipitado apressa-se para a penúria. 6 Ajuntar tesouros com língua falsa é uma vaidade fugitiva; aqueles que os buscam, buscam a morte. 7 A violência dos ímpios arrebata-los-á, porquanto recusam praticar a justiça. 8 O caminho do homem perverso é tortuoso; mas o proceder do puro é reto. 9 Melhor é morar num canto do eirado, do que com a mulher rixosa numa casa ampla. 10 A alma do ímpio deseja o mal; o seu próximo não agrada aos seus olhos. 11 Quando o escarnecedor é castigado, o simples torna-se sábio; e, quando o sábio é instruído, recebe o conhecimento. 12 O justo observa a casa do ímpio; precipitam-se os ímpios na ruína. 13 Quem tapa o seu ouvido ao clamor do pobre, também clamará e não será ouvido. 14 O presente que se dá em segredo aplaca a ira; e a dádiva às escondidas, a forte indignação. 15 A execução da justiça é motivo de alegria para o justo; mas é espanto para os que praticam a iniquidade. 16 O homem que anda desviado do caminho do entendimento repousará na congregação dos mortos. 17 Quem ama os prazeres empobrecerá; quem ama o vinho e o azeite nunca enriquecera. 18 Resgate para o justo é o ímpio; e em lugar do reto ficará o prevaricador. 19 Melhor é morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e iracunda. 20 Há tesouro precioso e azeite na casa do sábio; mas o homem insensato os devora. 21 Aquele que segue a justiça e a bondade achará a vida, a justiça e a honra. 22 O sábio escala a cidade dos valentes, e derriba a fortaleza em que ela confia. 23 O que guarda a sua boca e a sua língua, guarda das angústias a sua alma. 24 Quanto ao soberbo e presumido, zombador é seu nome; ele procede com insolente orgulho. 25 O desejo do preguiçoso o mata; porque as suas mãos recusam-se a trabalhar. 26 Todo o dia o ímpio cobiça; mas o justo dá, e não retém. 27 O sacrifício dos ímpios é abominação; quanto mais oferecendo-o com intenção maligna! 28 A testemunha mentirosa perecerá; mas o homem que ouve falará sem ser contestado. 29 O homem ímpio endurece o seu rosto; mas o reto considera os seus caminhos. 30 Não há sabedoria, nem entendimento, nem conselho contra o Senhor. 31 O cavalo prepara-se para o dia da batalha; mas do Senhor vem a vitória.

Provérbios 22

SER ESTIMADO É MELHOR QUE O OURO

1 Mais digno de ser escolhido é o bom nome do que as muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro. 2 O rico e o pobre se encontram; quem os faz a ambos é o Senhor. 3 O prudente vê o perigo e esconde-se; mas os simples passam adiante e sofrem a pena. 4 O galardão da humildade e do temor do Senhor é riquezas, e honra e vida. 5 Espinhos e laços há no caminho do perverso; o que guarda a sua alma retira-se para longe deles. 6 Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele. 7 O rico domina sobre os pobres; e o que toma emprestado é servo do que empresta. 8 O que semear a perversidade segará males; e a vara da sua indignação falhará. 9 Quem vê com olhos bondosos será abençoado; porque dá do seu pão ao pobre. 10 Lança fora ao escarnecedor, e a contenda se irá; cessarão a rixa e a injúria. 11 O que ama a pureza do coração, e que tem graça nos seus lábios, terá por seu amigo o rei. 12 Os olhos do Senhor preservam o que tem conhecimento; mas ele transtorna as palavras do prevaricador. 13 Diz o preguiçoso: um leão está lá fora; serei morto no meio das ruas. 14 Cova profunda é a boca da adúltera; aquele contra quem o Senhor está irado cairá nela. 15 A estultícia está ligada ao coração do menino; mas a vara da correção a afugentará dele. 16 O que para aumentar o seu lucro oprime o pobre, e dá ao rico, certamente chegará à penúria. 17 Inclina o teu ouvido e ouve as palavras dos sábios, e aplica o teu coração ao meu conhecimento. 18 Porque será coisa suave, se os guardares no teu peito, se estiverem todos eles prontos nos teus lábios. 19 Para que a tua confiança esteja no Senhor, a ti tos fiz saber hoje, sim, a ti mesmo. 20 Porventura não te escrevi excelentes coisas acerca dos conselhos e do conhecimento, 21 para te fazer saber a certeza das palavras de verdade, para que possas responder com palavras de verdade aos que te enviarem? 22 Não roubes ao pobre, porque é pobre; nem oprimas ao aflito na porta; 23 porque o Senhor defenderá a sua causa em juízo, e aos que os roubam lhes tirará a vida. 24 Não faças amizade com o iracundo; nem andes com o homem colérico; 25 para que não aprendas as suas veredas, e tomes um laço para a tua alma. 26 Não estejas entre os que se comprometem, que ficam por fiadores de dívidas. 27 Se não tens com que pagar, por que tirariam a tua cama de debaixo de ti? 28 Não removas os limites antigos que teus pais fixaram. 29 Vês um homem hábil na sua obra? Esse perante reis assistirá; e não assistirá perante homens obscuros.

Provérbios 23

PÕE UMA FACA À TUA GARGANTA

1 Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para aquele que está diante de ti; 2 e põe uma faca à tua garganta, se fores homem de grande apetite. 3 Não cobices os seus manjares gostosos, porque é comida enganadora. 4 Não te fatigues para seres rico; dá de mão à tua própria sabedoria: 5 Fitando tu os olhos nas riquezas, elas se vão; pois fazem para si asas, como a águia, voam para o céu. 6 Não comas o pão do avarento, nem cobices os seus manjares gostosos. 7 Porque, como ele pensa consigo mesmo, assim é; ele te diz: Come e bebe; mas o seu coração não está contigo. 8 Vomitarás o bocado que comeste, e perderás as tuas suaves palavras.

APLICA O TEU CORAÇÃO À INSTRUÇÃO

9 Não fales aos ouvidos do tolo; porque desprezará a sabedoria das tuas palavras. 10 Não removas os limites antigos; nem entres nos campos dos órfãos, 11 porque o seu redentor é forte; ele lhes pleiteará a causa contra ti. 12 Aplica o teu coração à instrução, e os teus ouvidos às palavras do conhecimento. 13 Não retires da criança a disciplina; porque, fustigando-a tu com a vara, nem por isso morrerá. 14 Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do Seol. 15 Filho meu, se o teu coração for sábio, alegrar-se-á o meu coração, sim, o meu próprio; 16 e exultará o meu coração, quando os teus lábios falarem coisas retas. 17 Não tenhas inveja dos pecadores; antes conserva-te no temor do Senhor todo o dia. 18 Porque deveras terás uma recompensa; não será malograda a tua esperança. 19 Ouve tu, filho meu, e sê sábio; e dirige no caminho o teu coração. 20 Não estejas entre os beberrões de vinho, nem entre os comilões de carne. 21 Porque o beberrão e o comilão caem em pobreza; e a sonolência cobrirá de trapos o homem. 22 Ouve a teu pai, que te gerou; e não desprezes a tua mãe, quando ela envelhecer. 23 Compra a verdade, e não a vendas; sim, a sabedoria, a disciplina, e o entendimento. 24 Grandemente se regozijará o pai do justo; e quem gerar um filho sábio, nele se alegrará. 25 Alegrem-se teu pai e tua mãe, e regozije-se aquela que te deu à luz. 26 Filho meu, dá-me o teu coração; e deleitem-se os teus olhos nos meus caminhos. 27 Porque cova profunda é a prostituta; e poço estreito é a aventureira. 28 Também ela, como o salteador, se põe a espreitar; e multiplica entre os homens os prevaricadores.

ACERCA DA BEBIDA

29 Para quem são os ais? Para quem os pesares? Para quem as pelejas, para quem as queixas? Para quem as feridas sem causa? E para quem os olhos vermelhos? 30 Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando bebida misturada. 31 Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. 32 No seu fim morderá como a cobra, e como o basilisco picará. 33 Os teus olhos verão coisas estranhas, e tu falarás perversidades. 34 Serás como o que se deita no meio do mar, e como o que dorme no topo do mastro. 35 E dirás: Espancaram-me, e não me doeu; bateram-me, e não o senti; quando virei a despertar? Ainda tornarei a buscá-lo outra vez.

Provérbios 24

O SÁBIO É MAIS PODEROSO DO QUE O FORTE

1 Não tenhas inveja dos homens malignos; nem desejes estar com eles; 2 porque o seu coração medita a violência; e os seus lábios falam maliciosamente. 3 Com a sabedoria se edifica a casa, e com o entendimento ela se estabelece; 4 e pelo conhecimento se encherão as câmaras de todas as riquezas preciosas e deleitáveis. 5 O sábio é mais poderoso do que o forte; e o inteligente do que o que possui a força. 6 Porque com conselhos prudentes tu podes fazer a guerra; e há vitória na multidão dos conselheiros. 7 A sabedoria é alta demais para o insensato; ele não abre a sua boca na porta. 8 Aquele que cuida em fazer o mal, mestre de maus intentos o chamarão. 9 O desígnio do insensato é pecado; e abominável aos homens é o escarnecedor. 10 Se enfraqueces no dia da angústia, a tua força é pequena.

NÃO FECHE OS OLHOS AOS CONDENADOS

11 Livra os que estão sendo levados à morte, detém os que vão tropeçando para a matança. 12 Se disseres: Eis que não o sabemos; porventura aquele que pesa os corações não o percebe? E aquele que guarda a tua vida não o sabe? E não retribuirá a cada um conforme a sua obra?



COME MEL

13 Come mel, filho meu, porque é bom, e do favo de mel, que é doce ao teu paladar. 14 Sabe que é assim a sabedoria para a tua alma: se a achares, haverá para ti recompensa, e não será malograda a tua esperança.

SETE VEZES CAI O JUSTO E SE LEVANTA

15 Não te ponhas de emboscada, ó ímpio, contra a habitação do justo; nem assoles a sua pousada. 16 Porque sete vezes cai o justo, e se levanta; mas os ímpios são derrubados pela calamidade.

NÃO TE ALEGRES COM A QUEDA DO TEU INIMIGO

17 Quando cair o teu inimigo, não te alegres, e quando tropeçar, não se regozije o teu coração; 18 para que o Senhor não o veja, e isso seja mau aos seus olhos, e desvie dele, a sua ira.

O MALIGNO NÃO TEM FUTURO

19 Não te aflijas por causa dos malfeitores; nem tenhas inveja dos ímpios; 20 porque o maligno não tem futuro; e a lâmpada dos ímpios se apagará. 21 Filho meu, teme ao Senhor, e ao rei; e não te entremetas com os que gostam de mudanças. 22 Porque de repente se levantará a sua calamidade; e a ruína deles, quem a conhecerá? 23 Também estes são provérbios dos sábios: Fazer acepção de pessoas no juízo não é bom. 24 Aquele que disser ao ímpio: Justo és; os povos o amaldiçoarão, as nações o detestarão; 25 mas para os que julgam retamente haverá delícias, e sobre eles virá copiosa bênção. 26 O que responde com palavras retas beija os lábios. 27 Prepara os teus trabalhos de fora, apronta bem o teu campo; e depois edifica a tua casa. 28 Não sejas testemunha sem causa contra o teu próximo; e não enganes com os teus lábios. 29 Não digas: Como ele me fez a mim, assim lhe farei a ele; pagarei a cada um segundo a sua obra.

O PREGUIÇOSO

30 Passei junto ao campo do preguiçoso, e junto à vinha do homem falto de entendimento; 31 e eis que tudo estava cheio de cardos, e a sua superfície coberta de urtigas, e o seu muro de pedra estava derrubado. 32 O que tendo eu visto, o considerei; e, vendo-o, recebi instrução. 33 Um pouco para dormir, um pouco para toscanejar, um pouco para cruzar os braços em repouso; 34 assim sobrevirá a tua pobreza como um salteador, e a tua necessidade como um homem armado.

Provérbios 25

SE TEU INIMIGO TIVER FOME DÁ-LHE PÃO

1 Também estes são provérbios de Salomão, os quais transcreveram os homens de Ezequias, rei de Judá. 2 A glória de Deus é encobrir as coisas; mas a glória dos reis é esquadrinhá-las. 3 Como o céu na sua altura, e como a terra na sua profundidade, assim o coração dos reis é inescrutável. 4 Tira da prata a escória, e sairá um vaso para o fundidor. 5 Tira o ímpio da presença do rei, e o seu trono se firmará na justiça. 6 Não reclames para ti honra na presença do rei, nem te ponhas no lugar dos grandes; 7 porque melhor é que te digam: Sobe, para aqui; do que seres humilhado perante o príncipe. 8 O que os teus olhos viram, não te apresses a revelar, para depois, ao fim, não saberes o que hás de fazer, podendo-te confundir o teu próximo. 9 Pleiteia a tua causa com o teu próximo mesmo; e não reveles o segredo de outrem; 10 para que não te desonre aquele que o ouvir, não se apartando de ti a infâmia. 11 Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo. 12 Como pendentes de ouro e gargantilhas de ouro puro, assim é o sábio repreensor para o ouvido obediente. 13 Como o frescor de neve no tempo da sega, assim é o mensageiro fiel para com os que o enviam, porque refrigera o espírito dos seus senhores. 14 Como nuvens e ventos que não trazem chuva, assim é o homem que se gaba de dádivas que não fez. 15 Pela longanimidade se persuade o príncipe, e a língua branda quebranta os ossos. 16 Se achaste mel, come somente o que te basta, para que porventura não te fartes dele, e o venhas a vomitar. 17 Põe raramente o teu pé na casa do teu próximo, para que não se enfade de ti, e te aborreça. 18 Malho, e espada, e flecha aguda é o homem que levanta falso testemunho contra o seu próximo. 19 Como dente quebrado, e pé deslocado, é a confiança no homem desleal, no dia da angústia. 20 O que entoa canções ao coração aflito é como aquele que despe uma peça de roupa num dia de frio, e como vinagre sobre a chaga. 21 Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe pão para comer, e se tiver sede, dá-lhe água para beber; 22 porque assim lhe amontoarás brasas sobre a cabeça, e o Senhor te recompensará. 23 O vento norte traz chuva, e a língua caluniadora, o rosto irado. 24 Melhor é morar num canto do eirado, do que com a mulher rixosa numa casa ampla. 25 Como água fresca para o homem sedento, tais são as boas-novas de terra remota. 26 Como fonte turva, e manancial poluído, assim é o justo que cede lugar diante do ímpio. 27 Comer muito mel não é bom; não multipliques, pois, as palavras de lisonja. 28 Como a cidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não pode conter o seu espírito.

Provérbios 26

O TOLO

1 Como a neve no verão, e como a chuva no tempo da ceifa, assim não convém ao tolo a honra. 2 Como o pássaro no seu vaguear, como a andorinha no seu voar, assim a maldição sem causa não encontra pouso. 3 O açoite é para o cavalo, o freio para o jumento, e a vara para as costas dos tolos. 4 Não respondas ao tolo segundo a sua estultícia, para que também não te faças semelhante a ele. 5 Responde ao tolo segundo a sua estultícia, para que ele não seja sábio aos seus próprios olhos. 6 Os pés decepa, e o dano bebe, quem manda mensagens pela mão dum tolo. 7 As pernas do coxo pendem frouxas; assim é o provérbio na boca dos tolos. 8 Como o que ata a pedra na funda, assim é aquele que dá honra ao tolo. 9 Como o espinho que entra na mão do ébrio, assim é o provérbio na mão dos tolos. 10 Como o flecheiro que fere a todos, assim é aquele que assalaria ao transeunte tolo, ou ao ébrio. 11 Como o cão que torna ao seu vômito, assim é o tolo que reitera a sua estultícia. 12 Vês um homem que é sábio a seus próprios olhos? Maior esperança há para o tolo do que para ele.

O PREGUIÇOSO

13 Diz o preguiçoso: Um leão está no caminho; um leão está nas ruas. 14 Como a porta se revolve nos seus gonzos, assim o faz o preguiçoso na sua cama. 15 O preguiçoso esconde a sua mão no prato, e nem ao menos quer levá-la de novo à boca. 16 Mais sábio é o preguiçoso a seus olhos do que sete homens que sabem responder bem.


O QUE FAZ UMA COVA CAIRÁ NELA

17 O que, passando, se mete em questão alheia é como aquele que toma um cão pelas orelhas. 18 Como o louco que atira tições, flechas, e morte, 19 assim é o homem que engana o seu próximo, e diz: Fiz isso por brincadeira. 20 Faltando lenha, apaga-se o fogo; e não havendo difamador, cessa a contenda. 21 Como o carvão para as brasas, e a lenha para o fogo, assim é o homem contencioso para acender rixas. 22 As palavras do difamador são como bocados deliciosos, que descem ao íntimo do ventre. 23 Como o vaso de barro coberto de escória de prata, assim são os lábios ardentes e o coração maligno. 24 Aquele que odeia dissimula com os seus lábios; mas no seu interior entesoura o engano. 25 Quando te suplicar com voz suave, não o creias; porque sete abominações há no teu coração. 26 Ainda que o seu ódio se encubra com dissimulação, na congregação será revelada a sua malícia. 27 O que faz uma cova cairá nela; e a pedra voltará sobre aquele que a revolve. 28 A língua falsa odeia aqueles a quem ela tenha ferido; e a boca lisonjeira opera a ruína.

Provérbios 27

O HOMEM É PROVADO PELOS LOUVORES

1 Não te glories do dia de amanhã; porque não sabes o que produzirá o dia. 2 Seja outro o que te louve, e não a tua boca; o estranho, e não os teus lábios. 3 Pesada é a pedra, e a areia também; mas a ira do insensato é mais pesada do que elas ambas. 4 Cruel é o furor, e impetuosa é a ira; mas quem pode resistir à inveja? 5 Melhor é a repreensão aberta do que o amor encoberto. 6 Fiéis são as feridas dum amigo; mas os beijos dum inimigo são enganosos. 7 O que está farto, despreza o favo de mel; mas para o faminto todo amargo é doce. 8 Qual a ave que vagueia longe do seu ninho, tal é o homem que anda vagueando longe do seu lugar. 9 O óleo e o perfume alegram o coração; assim é o doce conselho do homem para o seu amigo. 10 Não abandones o teu amigo, nem o amigo de teu pai; nem entres na casa de teu irmão no dia de tua adversidade. Mais vale um vizinho que está perto do que um irmão que está longe. 11 Sê sábio, filho meu, e alegra o meu coração, para que eu tenha o que responder àquele que me vituperar. 12 O prudente vê o mal e se esconde; mas os insensatos passam adiante e sofrem a pena. 13 Tira a roupa àquele que fica por fiador do estranho, e toma penhor daquele que se obriga por uma estrangeira. 14 O que bendiz ao seu amigo em alta voz, levantando-se de madrugada, isso lhe será contado como maldição. 15 A goteira contínua num dia chuvoso e a mulher rixosa são semelhantes; 16 retê-la é reter o vento, ou segurar o óleo com a destra. 17 Afia-se o ferro com o ferro; assim o homem afia o rosto do seu amigo. 18 O que cuida da figueira comerá do fruto dela; e o que vela pelo seu senhor será honrado. 19 Como na água o rosto corresponde ao rosto, assim o coração do homem ao homem. 20 O Seol e o Abadom nunca se fartam, e os olhos do homem nunca se satisfazem. 21 O crisol é para a prata, e o forno para o ouro, e o homem é provado pelos louvores que recebe. 22 Ainda que pisasses o insensato no gral entre grãos pilados, contudo não se apartaria dele a sua estultícia.

CUIDA BEM DOS TEUS REBANHOS

23 Procura conhecer o estado das tuas ovelhas; cuida bem dos teus rebanhos; 24 porque as riquezas não duram para sempre; e duraria a coroa de geração em geração? 25 Quando o feno é removido, e aparece a erva verde, e recolhem-se as ervas dos montes, 26 os cordeiros te proverão de vestes, e os bodes, do preço do campo. 27 E haverá bastante leite de cabras para o teu sustento, para o sustento da tua casa e das tuas criadas.

Provérbios 28

FELIZ É O HOMEM QUE TEME AO SENHOR

1 Fogem os ímpios, sem que ninguém os persiga; mas os justos são ousados como o leão. 2 Por causa da transgressão duma terra são muitos os seus príncipes; mas por virtude de homens prudentes e entendidos, ela subsistirá por longo tempo. 3 O homem pobre que oprime os pobres, é como chuva impetuosa, que não deixa trigo nenhum. 4 Os que abandonam a lei louvam os ímpios; mas os que guardam a lei pelejam contra eles. 5 Os homens maus não entendem a justiça; mas os que buscam ao Senhor a entendem plenamente. 6 Melhor é o pobre que anda na sua integridade, do que o rico perverso nos seus caminhos. 7 O que guarda a lei é filho sábio; mas o companheiro dos comilões envergonha a seu pai. 8 O que aumenta a sua riqueza com juros e usura, ajunta-a para o que se compadece do pobre. 9 O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração é abominável. 10 O que faz com que os retos se desviem para um mau caminho, ele mesmo cairá na cova que abriu; mas os inocentes herdarão o bem. 11 O homem rico é sábio aos seus próprios olhos; mas o pobre que tem entendimento o esquadrinha. 12 Quando os justos triunfam há grande glória; mas quando os ímpios sobem, escondem-se os homens. 13 O que encobre as suas transgressões nunca prosperará; mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia. 14 Feliz é o homem que teme ao Senhor continuamente; mas o que endurece o seu coração virá a cair no mal. 15 Como leão bramidor, e urso faminto, assim é o ímpio que domina sobre um povo pobre. 16 O príncipe falto de entendimento é também opressor cruel; mas o que aborrece a avareza prolongará os seus dias. 17 O homem culpado do sangue de qualquer pessoa será fugitivo até a morte; ninguém o ajude. 18 O que anda retamente salvar-se-á; mas o perverso em seus caminhos cairá de repente. 19 O que lavra a sua terra se fartará de pão; mas o que segue os ociosos se encherá de pobreza. 20 O homem fiel gozará de abundantes bênçãos; mas o que se apressa a enriquecer não ficará impune. 21 Fazer acepção de pessoas não é bom; mas até por um bocado de pão prevaricará o homem. 22 Aquele que é cobiçoso corre atrás das riquezas; e não sabe que há de vir sobre ele a penúria. 23 O que repreende a um homem achará depois mais favor do que aquele que lisonjeia com a língua. 24 O que rouba a seu pai, ou a sua mãe, e diz: Isso não é transgressão; esse é companheiro do destruidor. 25 O cobiçoso levanta contendas; mas o que confia no senhor prosperará. 26 O que confia no seu próprio coração é insensato; mas o que anda sabiamente será livre. 27 O que dá ao pobre não terá falta; mas o que esconde os seus olhos terá muitas maldições. 28 Quando os ímpios sobem, escondem-se os homens; mas quando eles perecem, multiplicam-se os justos.

Provérbios 29

O QUE CONFIA NO SENHOR ESTÁ SEGURO

1 Aquele que, sendo muitas vezes repreendido, endurece a cerviz, será quebrantado de repente sem que haja cura. 2 Quando os justos governam, alegra-se o povo; mas quando o ímpio domina, o povo geme. 3 O que ama a sabedoria alegra a seu pai; mas o companheiro de prostitutas desperdiça a sua riqueza. 4 O rei pela justiça estabelece a terra; mas o que exige presentes a transtorna. 5 O homem que lisonjeia a seu próximo arma-lhe uma rede aos passos. 6 Na transgressão do homem mau há laço; mas o justo canta e se regozija. 7 O justo toma conhecimento da causa dos pobres; mas o ímpio não tem entendimento para a conhecer. 8 Os escarnecedores abrasam a cidade; mas os sábios desviam a ira. 9 O sábio que pleiteia com o insensato, quer este se agaste quer se ria, não terá descanso. 10 Os homens sanguinários odeiam o íntegro; mas os retos procuram o seu bem. 11 O tolo derrama toda a sua ira; mas o sábio a reprime e aplaca. 12 O governador que dá atenção às palavras mentirosas achará que todos os seus servos são ímpios. 13 O pobre e o opressor se encontram; o Senhor alumia os olhos de ambos. 14 Se o rei julgar os pobres com equidade, o seu trono será estabelecido para sempre. 15 A vara e a repreensão dão sabedoria; mas a criança entregue a si mesma envergonha a sua mãe. 16 Quando os ímpios se multiplicam, multiplicam-se as transgressões; mas os justos verão a queda deles. 17 Corrige a teu filho, e ele te dará descanso; sim, deleitará o teu coração. 18 Onde não há profecia, o povo perece; mas o que guarda a lei esse é bem-aventurado. 19 O servo não se emendará com palavras; porque, ainda que entenda, não atenderá. 20 Vês um homem precipitado nas suas palavras? Maior esperança há para o tolo do que para ele. 21 Aquele que cria delicadamente o seu servo desde a meninice, no fim tê-lo-á por herdeiro. 22 O homem iracundo levanta contendas, e o furioso multiplica as transgressões. 23 A soberba do homem o abaterá; mas o humilde de espírito obterá honra. 24 O que é sócio do ladrão odeia a sua própria alma; sendo ajuramentado, nada denuncia. 25 O receio do homem lhe arma laços; mas o que confia no Senhor está seguro. 26 Muitos buscam o favor do príncipe; mas é do Senhor que o homem recebe a justiça. 27 O ímpio é abominação para os justos; e o que é reto no seu caminho é abominação para o ímpio.

Provérbios 30

QUEM SUBIU AO CÉU E DESCEU?

1 Palavras de Agur, filho de Jaqué de Massá. Diz o homem a Itiel, e a Ucal: 2 Na verdade que eu sou mais estúpido do que ninguém; não tenho o entendimento do homem; 3 não aprendi a sabedoria, nem tenho o conhecimento do Santo. 4 Quem subiu ao céu e desceu? Quem encerrou os ventos nos seus punhos? Mas amarrou as águas no seu manto? Quem estabeleceu todas as extremidades da terra? Qual é o seu nome, e qual é o nome de seu filho? Certamente o sabes!

MANTENHA A PALAVRA DE DEUS ÍNTEGRA

5 Toda palavra de Deus é pura; ele é um escudo para os que nele confiam. 6 Nada acrescentes às suas palavras, para que ele não te repreenda e tu sejas achado mentiroso.

PEDIDO CAUTELOSO

7 Duas coisas te peço; não mas negues, antes que morra: 8 Alonga de mim a falsidade e a mentira; não me dês nem a pobreza nem a riqueza: dá-me só o pão que me é necessário; 9 para que eu de farto não te negue, e diga: Quem é o Senhor? Ou, empobrecendo, não venha a furtar, e profane o nome de Deus.

PALAVRAS DE AGUR

10 Não acuses o servo diante de seu senhor, para que ele não te amaldiçoe e fiques tu culpado. 11 Há gente que amaldiçoa a seu pai, e que não bendiz a sua mãe. 12 Há gente que é pura aos seus olhos, e contudo nunca foi lavada da sua imundícia. 13 Há gente cujos olhos são altivos, e cujas pálpebras são levantadas para cima. 14 Há gente cujos dentes são como espadas; e cujos queixais são como facas, para devorarem da terra os aflitos, e os necessitados dentre os homens. 15 A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá. Há três coisas que nunca se fartam; sim, quatro que nunca dizem: Basta; 16 o Seol, a madre estéril, a terra que não se farta d'água, e o fogo que nunca diz: Basta. 17 Os olhos que zombam do pai, ou desprezam a obediência à mãe, serão arrancados pelos corvos do vale e devorados pelos filhos da águia. 18 Há três coisas que são maravilhosas demais para mim, sim, há quatro que não conheço: 19 O caminho da águia no ar, o caminho da cobra na penha, o caminho do navio no meio do mar, e o caminho do homem com uma virgem. 20 Tal é o caminho da mulher adúltera: Ela come, e limpa a sua boca, e diz: Não pratiquei iniquidade. 21 Por três coisas estremece a terra, sim, há quatro que não pode suportar: 22 o escravo quando reina; o tolo quando se farta de comer; 23 a mulher desdenhada quando se casa; e a serva quando fica herdeira da sua senhora. 24 Quatro coisas há na terra que são pequenas, entretanto são extremamente sábias; 25 as formigas são um povo sem força, todavia no verão preparam a sua comida; 26 os querogrilos são um povo débil, contudo fazem a sua casa nas rochas; 27 os gafanhotos não têm rei, contudo marcham todos enfileirados; 28 a lagartixa apanha-se com as mãos, contudo anda nos palácios dos reis. 29 Há três que andam com elegância, sim, quatro que se movem airosamente: 30 o leão, que é o mais forte entre os animais, e que não se desvia diante de ninguém; 31 o galo emproado, o bode, e o rei à frente do seu povo. 32 Se procedeste loucamente em te elevares, ou se maquinaste o mal, põe a mão sobre a boca. 33 Como o espremer do leite produz queijo verde, e o espremer do nariz produz sangue, assim o espremer da ira produz contenda.

Provérbios 31

CONSELHOS AO REI LEMUEL

1 As palavras do rei Lemuel, rei de Massá, que lhe ensinou sua mãe. 2 Que te direi, filho meu? E que te direi, ó filho do meu ventre? E que te direi, ó filho dos meus votos? 3 Não dês às mulheres a tua força, nem os teus caminhos às que destroem os reis. 4 Não é dos reis, ó Lemuel, não é dos reis beber vinho, nem dos príncipes desejar bebida forte; 5 para que não bebam, e se esqueçam da lei, e pervertam o direito de quem anda aflito. 6 Dai bebida forte ao que está para perecer, e o vinho ao que está em amargura de espírito. 7 Bebam e se esqueçam da sua pobreza, e da sua miséria não se lembrem mais. 8 Abre a tua boca a favor do mudo, a favor do direito de todos os desamparados. 9 Abre a tua boca; julga retamente, e faze justiça aos pobres e aos necessitados.

A MULHER VIRTUOSA

10 Álefe. Mulher virtuosa, quem a pode achar? Pois o seu valor muito excede ao de joias preciosas. 11 Bete. O coração do seu marido confia nela, e não lhe haverá falta de lucro. 12 Guímel. Ela lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida. 13 Dálete. Ela busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com as mãos. 14 . É como os navios do negociante; de longe traz o seu pão. 15 Vave. E quando ainda está escuro, ela se levanta, e dá mantimento à sua casa, e a tarefa às suas servas. 16 Zaine. Considera um campo, e compra-o; planta uma vinha com o fruto de suas mãos. 17 Hete. Cinge os seus lombos de força, e fortalece os seus braços. 18 Tete. Prova e vê que é boa a sua mercadoria; e a sua lâmpada não se apaga de noite. 19 Iode. Estende as mãos ao fuso, e as suas mãos pegam na roca. 20 Cafe. Abre a mão para o pobre; sim, ao necessitado estende as suas mãos. 21 Lâmede. Não tem medo da neve pela sua família; pois todos os da sua casa estão vestidos de escarlate. 22 Meme. Faz para si cobertas; de linho fino e de púrpura é o seu vestido. 23 Nune. Conhece-se o seu marido nas portas, quando se assenta entre os anciãos da terra. 24 Sâmerue. Faz vestidos de linho, e vende-os, e entrega cintas aos mercadores. 25 Aine. A força e a dignidade são os seus vestidos; e ri-se do tempo vindouro. 26 . Abre a sua boca com sabedoria, e o ensino da benevolência está na sua língua. 27 Tsadê. Olha pelo governo de sua casa, e não come o pão da preguiça. 28 Côfe. Levantam-se seus filhos, e lhe chamam bem-aventurada, como também seu marido, que a louva, dizendo: 29 Reche. Muitas mulheres têm procedido virtuosamente, mas tu a todas sobrepujas. 30 Chine. Enganosa é a graça, e vã é a formosura; mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada. 31 Tau. Dai-lhe do fruto das suas mãos, e louvem-na nas portas as suas obras.


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