Números 14
ISRAEL
É CONDENADO A FICAR NO
DESERTO
POR QUARENTA ANOS
1
Então toda a congregação levantou a voz e gritou; e o povo chorou
naquela noite. 2 E todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés
e Arão; e toda a congregação lhes disse: Antes
tivéssemos morrido na terra do Egito, ou tivéssemos morrido neste
deserto! 3 Por que nos traz o Senhor a esta terra para cairmos à
espada? Nossas mulheres e nossos pequeninos serão por presa. Não
nos seria melhor voltarmos para o Egito? 4 E diziam uns aos
outros: Constituamos um por chefe o voltemos
para o Egito. 5 Então Moisés e Arão caíram com os rostos
por terra perante toda a assembleia da congregação dos filhos de
Israel. 6 E Josué, filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, que
eram dos que espiaram a terra, rasgaram as suas vestes; 7 e falaram a
toda a congregação dos filhos de Israel, dizendo: A
terra, pela qual passamos para a espiar, é terra muitíssimo boa.
8 Se o Senhor se agradar de nós, então nos introduzirá nesta terra
e no-la dará; terra que mana leite e mel. 9 Tão somente não sejais
rebeldes contra o Senhor, e não temais o povo desta terra, porquanto
são eles nosso pão. Retirou-se deles a sua defesa, e o Senhor está
conosco; não os temais. 10 Mas toda a congregação disse que
fossem apedrejados. Nisso a glória do Senhor apareceu na tenda da
revelação a todos os filhos de Israel. 11 Disse então o Senhor a
Moisés: Até quando me desprezará este povo e
até quando não crerá em mim, apesar de todos os sinais que tenho
feito no meio dele? 12 Com pestilência o ferirei, e o rejeitarei; e
farei de ti uma nação maior e mais forte do que ele. 13
Respondeu Moisés ao Senhor: Assim os egípcios
o ouvirão, eles, do meio dos quais, com a tua força, fizeste subir
este povo, 14 e o dirão aos habitantes desta terra. Eles ouviram que
tu, ó Senhor, estás no meio deste povo; pois tu, ó Senhor, és
visto face a face, e a tua nuvem permanece sobre eles, e tu vais
adiante deles numa coluna de nuvem de dia, e numa coluna de fogo de
noite. 15 E se matares este povo como a um só homem, então as
nações que têm ouvido da tua fama, dirão: 16 Porquanto o Senhor
não podia introduzir este povo na terra que com juramento lhe
prometera, por isso os matou no deserto. 17 Agora, pois, rogo-te que
o poder do meu Senhor se engrandeça, segundo tens dito: 18
O Senhor é tardio em irar-se, e grande em misericórdia; perdoa a
iniquidade e a transgressão; ao culpado não tem por inocente, mas
visita a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e a quarta
geração. 19 Perdoa, rogo-te, a
iniquidade deste povo, segundo a tua grande misericórdia, como o
tens perdoado desde o Egito até, aqui. 20 Disse-lhe o Senhor:
Conforme a tua palavra lhe perdoei; 21 tão
certo, porém, como eu vivo, e como a glória do Senhor encherá toda
a terra, 22 nenhum de todos os homens que viram a minha glória e os
sinais que fiz no Egito e no deserto, e todavia me tentaram estas dez
vezes, não obedecendo à minha voz, 23 nenhum deles verá a terra
que com juramento prometi aos
seus pais; nenhum daqueles que me desprezaram a verá. 24 Mas o meu
servo Calebe, porque nele houve outro espírito, e porque perseverou
em seguir-me, eu o introduzirei na terra em que entrou, e a sua
posteridade a possuirá. 25 Ora,
os amalequitas e os cananeus habitam no vale; tornai-vos amanhã, e
caminhai para o deserto em direção ao Mar Vermelho. 26 Depois disse
o Senhor a Moisés e Arão: 27 Até quando
sofrerei esta má congregação, que murmura contra mim? Tenho ouvido
as murmurações dos filhos de Israel, que eles fazem contra mim. 28
Dize-lhes: Pela minha vida, diz o Senhor, certamente conforme o que
vos ouvi falar, assim vos hei de fazer: 29 neste deserto cairão os
vossos cadáveres; nenhum de todos vós que fostes contados, segundo
toda a vossa conta, de vinte anos para cima, que contra mim
murmurastes, 30 certamente nenhum de vós entrará na terra a
respeito da qual jurei que vos faria habitar nela, salvo Calebe,
filho de Jefoné, e Josué, filho de Num. 31 Mas aos vossos
pequeninos, dos quais dissestes que seriam por presa, a estes
introduzirei na terra, e eles conhecerão
a terra que vós rejeitastes. 32 Quanto a vós, porém, os vossos
cadáveres cairão neste deserto; 33 e vossos filhos serão pastores
no deserto quarenta anos, e levarão sobre si as vossas
infidelidades, até que os vossos cadáveres se consumam neste
deserto. 34 Segundo o número dos dias em que espiastes a terra, a
saber, quarenta dias, levareis sobre vós as vossas iniquidades por
quarenta anos, um ano por um dia, e conhecereis a minha oposição.
35 Eu, o Senhor, tenho falado; certamente assim o farei a toda esta
má congregação, aos que se sublevaram contra mim; neste deserto se
consumirão, e aqui morrerão. 36
Ora, quanto aos homens que Moisés mandara a espiar a terra e que,
voltando, fizeram murmurar toda a congregação contra ele, infamando
a terra, 37 aqueles mesmos homens que infamaram
a terra morreram de praga perante o Senhor. 38 Mas Josué,
filho de Num, e Calebe, filho de Jefoné, que eram dos homens que
foram espiar a terra, ficaram com vida. 39 Então Moisés falou estas
palavras a todos os filhos de Israel, pelo que o povo se entristeceu
muito. 40 Eles, pois, levantando-se de manhã cedo, subiram ao cume
do monte, e disseram: Eis-nos aqui; subiremos
ao lugar que o Senhor tem dito; porquanto havemos pecado. 41
Respondeu Moisés: Ora, por que transgredis o
mandado do Senhor, visto que isso não prosperará? 42 Não subais,
pois o Senhor não está no meio de vós; para que não sejais
feridos diante dos vossos inimigos. 43 Porque os amalequitas e os
cananeus estão ali diante da vossa face, e caireis à espada; pois,
porquanto vos desviastes do Senhor, o Senhor não estará convosco.
44 Contudo, temerariamente subiram eles ao cume do monte; mas
a arca do pacto do Senhor, e Moisés, não se apartaram do arraial.
45 Então desceram os amalequitas e os cananeus, que habitavam na
montanha, e os feriram, derrotando-os até Hormá.
Texto
extraído da Bíblia Sem Fronteiras PT-BR