1 Samuel
1 Samuel 1
ANA
1
Houve um homem de Ramataim-Zofim, da região montanhosa de Efraim,
cujo nome era Elcana, filho de Jeroão, filho de Eliú, filho de Toú,
filho de Zufe, efraimita. 2 Tinha ele duas mulheres, uma se chamava
Ana, e a outra Penina. Penina tinha filhos, porém Ana não os tinha.
3 De ano em ano este homem subia da sua cidade para adorar e
sacrificar ao Senhor dos exércitos em Siló. Assistiam ali os
sacerdotes do Senhor, Hofni e Finéias, os dois filhos de Eli. 4 No
dia em que Elcana sacrificava, costumava dar quinhões a Penina, sua
mulher, e a todos os seus filhos e filhas; 5 porém a Ana, embora a
amasse, dava um só quinhão, porquanto o Senhor lhe havia cerrado a
madre. 6 Ora, a sua rival muito a provocava para irritá-la, porque o
Senhor lhe havia cerrado a madre. 7 E assim sucedia de ano em ano
que, ao subirem à casa do Senhor, Penina provocava a Ana; pelo que
esta chorava e não comia. 8 Então Elcana, seu marido, lhe
perguntou: Ana, por que choras? E
porque não comes? E por
que está triste o teu coração? Não te sou eu melhor de que dez
filhos? 9 Então Ana se levantou, depois que comeram e beberam
em Siló; e Eli, sacerdote, estava sentado, numa cadeira, junto a um
pilar do templo do Senhor. 10 Ela, pois, com amargura de alma, orou
ao Senhor, e chorou muito, 11 e fez um voto, dizendo: Ó
Senhor dos exércitos! Se
deveras atentares para a aflição da tua serva, e de mim te
lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas lhe deres um filho
varão, ao Senhor o darei por todos os dias da sua vida, e pela sua
cabeça não passará navalha. 12 Continuando ela a orar
perante e Senhor, Eli observou a sua boca; 13 porquanto Ana falava no
seu coração; só se moviam os seus lábios, e não se ouvia a sua
voz; pelo que Eli a teve por embriagada, 14 e lhe disse: Até
quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o teu vinho. 15
Mas Ana respondeu: Não, Senhor meu, eu sou uma
mulher atribulada de espírito; não bebi vinho nem bebida forte,
porém derramei a minha alma perante o Senhor. 16 Não tenhas, pois,
a tua serva por filha de Belial; porque da multidão dos meus
cuidados e do meu desgosto tenho falado até agora. 17 Então
lhe respondeu Eli: Vai-te em paz; e o Deus de
Israel te conceda a petição que lhe fizeste. 18 Ao que disse
ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos.
Assim a mulher se foi o seu caminho, e comeu, e já não era triste o
seu semblante. 19 Depois, levantando-se de madrugada, adoraram
perante o Senhor e, voltando, foram à sua casa em Ramá. Elcana
conheceu a Ana, sua mulher, e o Senhor se lembrou dela. 20 De modo
que Ana concebeu e, no tempo devido, teve um filho, ao qual chamou
Samuel; porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor. 21 Subiu, pois
aquele homem, Elcana, com toda a sua casa, para oferecer ao Senhor o
sacrifício anual e cumprir o seu voto. 22 Ana, porém, não subiu,
pois disse a seu marido: Quando o menino for
desmamado, então e levarei, para que apareça perante o Senhor, e lá
fique para sempre. 23 E Elcana, seu marido, lhe disse:
Faze o que
bem te parecer; fica até que o desmames; tão-somente confirme o
Senhor a sua palavra. Assim ficou a mulher, e amamentou seu
filho, até que o desmamou. 24 Depois de o ter desmamado, ela o tomou
consigo, com um touro de três anos, uma efa de farinha e um odre de
vinho, e o levou à casa do Senhor, em Siló; e era o menino ainda
muito criança. 25 Então degolaram o touro, e trouxeram o menino a
Eli; 26 e disse ela: Ah, meu Senhor! Tão
certamente como vive a tua alma, meu Senhor, eu sou aquela mulher que
aqui esteve contigo, orando ao Senhor. 27 Por este menino orava eu, e
o Senhor atendeu a petição que eu lhe fiz. 28 Por isso eu também o
entreguei ao Senhor; por todos os dias que viver, ao Senhor está
entregue. E adoraram ali ao Senhor.
1 Samuel 2
O
CÂNTICO DE ANA
1
Então Ana orou, dizendo: O meu coração
exulta no Senhor; o meu poder está exaltado no Senhor; a minha boca
dilata-se contra os meus inimigos, porquanto me regozijo na tua
salvação. 2 Ninguém há santo como o Senhor; não há outro fora
de ti; não há rocha como o
nosso Deus. 3 Não faleis mais palavras tão altivas, nem saia da
vossa boca a arrogância; porque o Senhor é o Deus da sabedoria, e
por ele são pesadas as ações. 4 Os arcos dos fortes estão
quebrados, e os fracos são cingidos de força. 5 Os que eram fartos
se alugam por pão, e deixam de ter fome os que eram famintos; até a
estéril teve sete filhos, e a que tinha muitos filhos enfraquece. 6
O Senhor é o que tira a vida e a dá; faz descer ao Seol e faz subir
dali. 7 O Senhor empobrece e enriquece; abate e também exalta. 8
Levanta do pó o pobre, do monturo eleva o necessitado, para os fazer
sentar entre os príncipes, para os fazer herdar um trono de glória;
porque do Senhor são as colunas da terra, sobre elas pôs ele o
mundo. 9 Ele guardará os pés dos seus santos, porém os ímpios
ficarão mudos nas trevas, porque o homem não prevalecerá pela
força. 10 Os que contendem com o Senhor serão quebrantados; desde
os céus trovejará contra eles. O Senhor julgará as extremidades da
terra; dará força ao seu rei, e exaltará o poder do seu ungido.
11 Então Elcana se retirou a Ramá, à sua casa. O menino, porém,
ficou servindo ao Senhor perante o sacerdote Eli.
OS
PECADOS DOS FILHOS DE ELI
12
Ora, os filhos de Eli eram homens ímpios; não conheciam ao Senhor.
13 Porquanto o costume desses sacerdotes para com o povo era que,
oferecendo alguém um sacrifício, e estando-se a cozer a carne,
vinha o servo do sacerdote, tendo na mão um garfo de três dentes,
14 e o metia na panela, ou no tacho, ou no caldeirão, ou na marmita;
e tudo quanto a garfo tirava, o sacerdote tomava para si. Assim
faziam a todos os de Israel que chegavam ali em Siló. 15 Também,
antes de queimarem a gordura, vinha o servo do sacerdote e dizia ao
homem que sacrificava: Dá carne de assar para
o sacerdote; porque não receberá de ti carne cozida, mas crua.
16 Se lhe respondia o homem: Sem dúvida,
logo há de ser queimada a gordura e depois toma quanto desejar a tua
alma; então ele lhe dizia: Não,
hás de dá-la agora; se não, à força a tomarei. 17
Era, pois, muito grande o pecado destes mancebos perante o Senhor,
porquanto os homens vieram a desprezar a oferta do Senhor. 18 Samuel,
porém, ministrava perante o Senhor, sendo ainda menino, vestido de
um éfode de linho. 19 E sua mãe lhe fazia de ano em ano uma túnica
pequena, e lha trazia quando com seu marido subia para oferecer o
sacrifício anual. 20 Então Eli abençoava a Elcana e a sua mulher,
e dizia: O Senhor te dê desta mulher
descendência, pelo empréstimo que fez ao Senhor. E voltavam
para o seu lugar. 21 Visitou, pois, o Senhor a Ana, que concebeu, e
teve três filhos e duas filhas. Entrementes, o menino Samuel crescia
diante do Senhor. 22 Eli era já muito velho; e ouvia tudo quanto
seus filhos faziam a todo o Israel, e como se deitavam com as
mulheres que ministravam à porta da tenda da revelação. 23 E
disse-lhes: Por que fazeis tais coisas? Pois
ouço de todo este povo os vossos malefícios. 24 Não, filhos meus,
não é boa fama esta que ouço. Fazeis transgredir o povo do Senhor.
25 Se um homem pecar contra outro, Deus o julgará; mas se um homem
pecar contra o Senhor, quem intercederá por ele? Todavia eles
não ouviram a voz de seu pai, porque o Senhor os queria destruir. 26
E o menino Samuel ia crescendo em estatura e em graça diante do
Senhor, como também diante dos homens. 27 Veio um homem de Deus a
Eli, e lhe disse: Assim diz o Senhor:
Não me revelei, na verdade, à casa de teu
pai, estando eles ainda no Egito, sujeitos à casa de Faraó? 28 E eu
o escolhi dentre todas as tribos de Israel para ser o meu sacerdote,
para subir ao meu altar, para queimar o incenso, e para trazer o
éfode perante mim; e dei à casa de teu pai todas as ofertas
queimadas dos filhos de Israel. 29 Por que desprezais o meu
sacrifício e a minha oferta, que ordenei se fizessem na minha
morada, e por que honras a teus filhos mais de que a mim, de modo a
vos engordardes do principal de todas as ofertas do meu povo Israel?
30 Portanto, diz o Senhor
Deus de Israel: Na verdade eu tinha dito
que a tua casa e a casa de teu pai andariam diante de mim
perpetuamente. Mas agora o Senhor diz:
Longe de mim tal coisa, porque honrarei aos que
me honram, mas os que me desprezam serão desprezados. 31 Eis que vêm
dias em que cortarei o teu braço e o braço da casa de teu pai, para
que não haja mais ancião algum em tua casa. 32 E
tu, na angústia, olharás com inveja toda a prosperidade que hei de
trazer sobre Israel; e não
haverá, por todos os dias, ancião algum em tua casa. 33 O homem da
tua linhagem a quem eu não desarraigar do meu altar será para
consumir-te os olhos e para entristecer-te a alma; e todos es
descendentes da tua casa morrerão pela espada dos homens. 34 E te
será por sinal o que sobrevirá a teus dois filhos, a Hofni e a
Finéias; ambos morrerão no mesmo dia. 35 E eu suscitarei para mim
um sacerdote fiel, que fará segundo o que está no meu coração e
na minha mente. Edificar-lhe-ei uma casa duradoura, e ele andará
sempre diante de meu ungido. 36 Também
todo aquele que ficar de resto da tua casa virá a inclinar-se diante
dele por uma moeda de prata e por um pedaço de pão, e dirá:
Rogo-te que me admitas a algum cargo
sacerdotal, para que possa comer um bocado de pão.
1 Samuel 3
O
SENHOR COMEÇA A FALAR COM SAMUEL
1
Entretanto, o menino Samuel servia ao Senhor perante Eli. E a palavra
de Senhor era muito rara naqueles dias; as visões não eram
frequentes. 2 Sucedeu naquele tempo que, estando Eli deitado no seu
lugar (ora, os seus olhos começavam já a escurecer, de modo que não
podia ver), 3 e ainda não se havendo apagado a lâmpada de Deus, e
estando Samuel também deitado no templo do Senhor, onde estava a
arca de Deus, 4 o Senhor chamou: Samuel!
Samuel! Ele respondeu: Eis-me aqui. 5 E correndo a Eli,
disse-lhe: Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Mas ele disse: Eu não
te chamei; torna a deitar-te. E ele foi e se deitou. 6 Tornou o
Senhor a chamar: Samuel! E Samuel se
levantou, foi a Eli e disse: Eis-me aqui,
porque tu me chamaste. Mas ele disse: Eu
não te chamei, filho meu; torna a deitar-te. 7 Ora, Samuel
ainda não conhecia ao Senhor, e a palavra do Senhor ainda não lhe
tinha sido revelada. 8 O Senhor, pois, tornou a chamar a Samuel pela
terceira vez. E ele, levantando-se, foi a Eli e disse:
Eis-me aqui, porque tu me chamaste. Então entendeu Eli que o
Senhor chamava o menino. 9 Pelo que Eli disse a Samuel: Vai
deitar-te, e há de ser que, se te chamar, dirás: Fala,
Senhor, porque o teu servo ouve. Foi, pois, Samuel e
deitou-se no seu lugar. 10 Depois veio o Senhor, parou e chamou como
das outras vezes: Samuel! Samuel! Ao que
respondeu Samuel: Fala, porque o teu servo ouve. 11 Então disse o
Senhor a Samuel: Eis que vou fazer uma coisa em
Israel, a qual fará tinir ambos os ouvidos a todo o que a ouvir. 12
Naquele mesmo dia cumprirei contra Eli, de princípio a fim, tudo
quanto tenho falado a respeito da sua casa. 13 Porque já lhe fiz
saber que hei de julgar a sua casa para sempre, por causa da
iniquidade
de que ele bem sabia, pois os seus filhos blasfemavam a Deus, e ele
não os repreendeu. 14 Portanto, jurei à casa de Eli que nunca
jamais será expiada a sua iniquidade,
nem com sacrifícios, nem com ofertas. 15 Samuel ficou deitado
até pela manhã, e então abriu as portas da casa do Senhor; Samuel,
porém, temia relatar essa visão a Eli. 16 Mas chamou Eli a Samuel,
e disse: Samuel, meu filho! Ao que este
respondeu: Eis-me aqui. 17 Eli
perguntou-lhe: Que te falou o Senhor? Peço-te
que não mo encubras; assim Deus te faça, e outro tanto, se me
encobrires alguma coisa de tudo o que te falou. 18 Samuel,
pois, relatou-lhe tudo, e nada lhe encobriu. Então disse Eli: Ele
é o Senhor, faça o que bem parecer aos seus olhos. 19 Samuel
crescia, e o Senhor era com ele e não deixou nenhuma de todas as
suas palavras cair em terra. 20 E todo o Israel, desde Dã até
Berseba, conheceu que Samuel estava confirmado como profeta do
Senhor. 21 E voltou o Senhor a aparecer em Siló; porquanto o Senhor
se manifestava a Samuel em Siló pela sua palavra. E chegava a
palavra de Samuel a todo o Israel.
1 Samuel 4
OS
FILISTEUS VENCEM OS ISRAELITAS
1
Ora, saiu Israel à batalha contra os filisteus, e acampou-se perto
de Ebenézer; e os filisteus se acamparam junto a Afeque. 2 E os
filisteus se dispuseram em ordem de batalha contra Israel; e, travada
a peleja, Israel foi ferido diante dos filisteus, que mataram no
campo cerca de quatro mil homens do exército. 3 Quando o povo voltou
ao arraial, disseram os anciãos de Israel: Por
que nos feriu o Senhor hoje diante dos filisteus? Tragamos para nós
de Siló a arca do pacto do Senhor, para que ela venha para o meio de
nós, e nos livre da mão de nossos inimigos. 4 Enviou, pois,
o povo a Siló, e trouxeram de lá a arca do pacto do Senhor dos
exércitos, que se assenta sobre os querubins; e os dois filhos de
Eli, Hofni e Finéias, estavam ali com a arca do pacto de Deus. 5
Quando a arca do pacto do Senhor chegou ao arraial, prorrompeu todo o
Israel em grandes gritos, de modo que a terra vibrou. 6 E os
filisteus, ouvindo o som da gritaria, disseram: Que
quer dizer esta grande vozearia no arraial dos hebreus? Quando
souberam que a arca do Senhor havia chegado ao arraial, 7 os
filisteus se atemorizaram; e diziam: Os deuses
vieram ao arraial. Diziam mais: Ai de
nós! Porque
nunca antes sucedeu tal coisa. 8 Ai de nós! Quem
nos livrará da mão destes deuses possantes? Estes são os deuses
que feriram aos egípcios com toda sorte de pragas no deserto. 9
Esforçai-vos, e portai-vos varonilmente, ó filisteus, para que
porventura não venhais a ser escravos dos hebreus, como eles o foram
vossos; portai-vos varonilmente e pelejai. 10 Então pelejaram
os filisteus, e Israel foi derrotado, fugindo cada um para a sua
tenda; e houve mui grande matança, pois caíram de Israel trinta mil
homens de infantaria. 11 Também foi tomada a arca de Deus, e os dois
filhos de Eli, Hofni e Finéias, foram mortos.
A
MORTE DE ELI
12
Então um homem de Benjamim, correndo do campo de batalha chegou no
mesmo dia a Siló, com as vestes rasgadas e terra sobre a cabeça. 13
Ao chegar ele, estava Eli sentado numa cadeira ao pé do caminho
vigiando, porquanto o seu coração estava tremendo pela arca de
Deus. E quando aquele homem chegou e anunciou isto na cidade, a
cidade toda prorrompeu em lamentações. 14 E Eli, ouvindo a voz do
lamento, perguntou: Que quer dizer este
alvoroço? Então o homem, apressando-se, chegou e o anunciou
a Eli. 15 Ora, Eli tinha noventa e oito anos; e os seus olhos haviam
cegado, de modo que já não podia ver. 16 E disse aquele homem a
Eli: Estou vindo do campo de batalha, donde
fugi hoje mesmo. Perguntou Eli: Que foi
que sucedeu, meu filho? 17 Então respondeu o que trazia as
novas, e disse: Israel fugiu de diante dos
filisteus, e houve grande matança entre o povo; além disto, também
teus dois filhos, Hofni e Finéias, são mortos, e a arca de Deus é
tomada. 18 Quando ele fez menção da arca de Deus, Eli caiu
da cadeira para trás, junto à porta, e quebrou-se-lhe o pescoço, e
morreu, porquanto era homem velho e pesado. Ele tinha julgado a
Israel quarenta anos. 19 E estando sua nora, a mulher de Finéias,
grávida e próxima ao parto, e ouvindo estas novas, de que a arca de
Deus era tomada, e de que seu sogro e seu marido eram mortos,
encurvou-se e deu à luz, porquanto as dores lhe sobrevieram. 20 E,
na hora em que ia morrendo, disseram as mulheres que estavam com ela:
Não temas, pois tiveste um filho. Ela,
porém, não respondeu, nem deu atenção a isto. 21 E chamou ao
menino de Icabode, dizendo: De Israel se foi a
glória! Porque fora tomada a arca de Deus, e por causa de seu
sogro e de seu marido. 22 E disse: De Israel se
foi a glória, pois é tomada a arca de Deus.
1 Samuel 5
A
ARCA NA CASA DE DAGOM
1
Os filisteus, pois, tomaram a arca de Deus, e a levaram de Ebenézer
a Asdode. 2 Então os filisteus tomaram a arca de Deus e a
introduziram na casa de Dagom, e a puseram junto a Dagom.
3 Levantando-se, porém, de madrugada no
dia seguinte os de Asdode, eis que Dagom estava caído com o rosto em
terra diante da arca do Senhor; e tomaram a Dagom, e tornaram
a pô-lo no seu lugar. 4 E, levantando-se eles de madrugada no dia
seguinte, eis que
Dagom estava caído com o rosto em terra diante da arca do Senhor; e
a cabeça de Dagom e ambas as suas mãos estavam cortadas sobre o
limiar; somente o tronco ficou a Dagom. 5 Pelo que nem os
sacerdotes de Dagom, nem nenhum de todos os que entram na casa de
Dagom, pisam o limiar de Dagom em Asdode, até o dia de hoje.
6 Entretanto a mão do Senhor se agravou sobre os de Asdode, e os
assolou, e os feriu com tumores, a Asdode e aos seus termos. 7
O que tendo visto os homens de Asdode, disseram: Não fique conosco a
arca do Deus de Israel, pois a sua mão é dura sobre nós, e sobre
Dagom, nosso deus. 8 Pelo que enviaram mensageiros e congregaram a si
todos os chefes dos filisteus, e disseram: Que
faremos nós da arca do Deus de Israel? Responderam: Seja
levada para Gate. Assim levaram para lá a arca do Deus de
Israel. 9 E desde que a levaram para lá, a mão
do Senhor veio contra aquela cidade, causando grande pânico; pois
feriu aos homens daquela cidade, desde o pequeno até o grande, e
nasceram-lhes tumores. 10 Então enviaram a arca de Deus a
Ecrom. Sucedeu porém que, vindo a arca de Deus a Ecrom, os de Ecrom
exclamaram, dizendo: Transportaram para nós a
arca de Deus de Israel, para nos matar a nós e ao nosso povo.
11 Enviaram, pois, mensageiros, e congregaram a todos os chefes dos
filisteus, e disseram: Enviai daqui a arca do
Deus de Israel, e volte ela para o seu lugar, para que não nos mate
a nós e ao nosso povo. Porque havia pânico mortal em toda a
cidade, e a mão de Deus muito se agravara sobre ela. 12 Pois os
homens que não morriam eram feridos com tumores; de modo que o
clamor da cidade subia até o céu.
1 Samuel 6
OS
FILISTEUS RETIRAM A ARCA DE SUAS TERRAS
1
A arca do Senhor ficou na terra dos filisteus sete meses. 2 Então os
filisteus chamaram os sacerdotes e os adivinhadores para dizer-lhes:
Que faremos nós da arca do Senhor? Fazei-nos
saber como havemos de enviá-la para o seu lugar. 3
Responderam eles: Se enviardes a arca do Deus
de Israel, não a envieis vazia, porém sem falta enviareis a ele uma
oferta pela culpa; então sereis curados, e se vos fará saber por
que a sua mão não se retira de vós. 4 Então perguntaram:
Qual é a oferta pela culpa que lhe havemos de
enviar? Eles responderam: Segundo o
número dos chefes dos filisteus, cinco tumores de ouro e cinco ratos
de ouro, porque a praga é uma e a mesma sobre todos os vossos
príncipes. 5 Fazei, pois, imagens, dos vossos tumores, e dos ratos
que andam destruindo a terra, e dai glória ao Deus de Israel;
porventura aliviará o peso da sua mão de sobre vós, e de sobre
vosso deus, e de sobre vossa terra. 6 Por que, pois, endureceríeis
os vossos corações, como os egípcios e Faraó endureceram os seus
corações? Porventura depois de os haver Deus castigado, não
deixaram ir o povo, e este não se foi? 7 Agora, pois, fazei um carro
novo, tomai duas vacas que estejam criando, sobre as quais não tenha
vindo o jugo, atai-as ao carro e levai os seus bezerros de após elas
para casa. 8 Tomai a arca de Senhor, e ponde-a sobre o carro; também
metei num cofre, ao seu lado, as joias
de ouro que haveis de oferecer ao Senhor como ofertas pela
culpa; e assim a enviareis, para que se vá. 9
Reparai então: se ela subir pelo caminho do seu termo a Bete-Semes,
foi ele quem nos fez este grande mal; mas, se não, saberemos que não
foi a sua mão que nos feriu, e que isto nos sucedeu por acaso.
10 Assim, pois, fizeram aqueles homens: tomaram duas vacas que
criavam, ataram-nas ao carro, e encerraram os bezerros em casa; 11
também puseram a arca do Senhor sobre o carro, bem como e cofre com
os ratos de ouro e com as imagens dos seus tumores. 12 Então as
vacas foram caminhando diretamente pelo caminho de Bete-Semes,
seguindo a estrada, andando e berrando, sem se desviarem nem para a
direita nem para a esquerda; e os chefes dos filisteus foram
seguindo-as até o termo de Bete-Semes. 13 Ora, andavam os de
Bete-Semes fazendo a sega do trigo no vale; e, levantando os olhos,
viram a arca e, vendo-a, se alegraram. 14 Tendo chegado o carro ao
campo de Josué, o bete semita, parou ali, onde havia uma grande
pedra. Fenderam a madeira do carro, e ofereceram as vacas ao Senhor
em holocausto. 15 Nisso os levitas desceram a arca do Senhor, como
também o cofre que estava junto a ela, em que se achavam as joias de
ouro, e puseram-nos sobre aquela grande pedra; e no mesmo dia os
homens de Bete-Semes ofereceram holocaustos e sacrifícios ao Senhor.
16 E os cinco chefes dos filisteus, tendo visto aquilo, voltaram para
Ecrom no mesmo dia. 17 Estes, pois, são os tumores de ouro que os
filisteus enviaram ao Senhor como oferta pela culpa: por Asdode um,
por Gaza outro, por Asquelom outro, por Gate outro, por Ecrom outro.
18 Como também os ratos de ouro, segundo o número de todas as
cidades dos filisteus, pertencentes aos cinco chefes, desde as
cidades fortificadas até as aldeias campestres. Disso é testemunha
a grande pedra sobre a qual puseram a arca do Senhor, pedra que ainda
está até o dia de hoje no campo de Josué, o bete semita. 19 Ora, o
Senhor feriu os homens de Bete-Semes, porquanto olharam para dentro
da arca do Senhor; feriu do povo cinquenta mil e setenta homens;
então o povo se entristeceu, porque o Senhor o ferira com tão
grande morticínio. 20 Disseram os homens de Bete-Semes:
Quem poderia subsistir perante o Senhor, este Deus santo? E
para quem subirá de nós? 21 Enviaram, pois, mensageiros aos
habitantes de Quiriate-Jearim, para lhes dizerem:
Os filisteus remeteram a arca do Senhor; descei, e fazei-a subir para
vós.
1 Samuel 7
OS
FILISTEUS SÃO VENCIDOS
1
Vieram, pois, os homens de Quiriate-Jearim, tomaram a arca do Senhor
e a levaram à casa de Abinadabe, no outeiro; e consagraram a
Eleazar, filho dele, para que guardasse a arca da Senhor. 2 E desde e
dia em que a arca ficou em Quiriate-Jearim passou-se muito tempo,
chegando até vinte anos; então toda a casa de Israel suspirou pelo
Senhor. 3 Samuel, pois, falou a toda a casa de Israel, dizendo: Se
de todo o vosso coração voltais para o Senhor, lançai do meio de
vós os deuses estranhos e as astarotes, preparai o vosso coração
para com o Senhor, e servi a ele só; e ele vos livrará da mão dos
filisteus. 4 Os filhos de Israel, pois, lançaram do meio
deles os baalins e as astarotes, e serviram ao Senhor. 5 Disse mais
Samuel: Congregai a todo o Israel em Mispá, e
orarei por vós ao Senhor. 6 Congregaram-se, pois, em Mispá,
tiraram água e a derramaram perante o Senhor; jejuaram aquele dia, e
ali disseram: Pecamos contra o Senhor. E
Samuel julgava os filhos de Israel em Mispá. 7 Quando os filisteus
ouviram que os filhos de Israel estavam congregados em Mispá,
subiram os chefes dos filisteus contra Israel. Ao saberem disto os
filhos de Israel, temeram por causa dos filisteus. 8 Pelo que
disseram a Samuel: Não cesses de clamar ao
Senhor nosso Deus por nós, para que nos livre da mão dos filisteus.
9 Então tomou Samuel um cordeiro de mama, e o ofereceu inteiro em
holocausto ao Senhor; e Samuel clamou ao Senhor por Israel, e o
Senhor o atendeu. 10 Enquanto Samuel oferecia o holocausto, os
filisteus chegaram para pelejar contra Israel; mas o Senhor trovejou
naquele dia com grande estrondo sobre os filisteus, e os aterrou; de
modo que foram derrotados diante dos filhos de Israel. 11 Os homens
de Israel, saindo de Mispá, perseguiram os filisteus e os feriram
até abaixo de Betecar. 12 Então Samuel tomou uma pedra, e a pôs
entre Mispá e Sem, e lhe chamou Ebenézer; e disse: Até
aqui nos ajudou o Senhor. 13 Assim os
filisteus foram subjugados, e não mais vieram aos termos de Israel,
porquanto a mão do Senhor foi contra os filisteus todos os dias de
Samuel. 14 E as cidades que os filisteus tinham tomado a
Israel lhe foram restituídas, desde Ecrom até Gate, cujos termos
também Israel arrebatou da mão dos filisteus. E havia paz entre
Israel e os amorreus. 15 Samuel julgou a Israel todos os dias da sua
vida. 16 De ano em ano rodeava por Betel, Gilgal e Mispá, julgando a
Israel em todos esses lugares. 17 Depois voltava a Ramá, onde estava
a sua casa, e ali julgava a Israel; e edificou ali um altar ao
Senhor.
1 Samuel 8
OS
ISRAELITAS PEDEM UM REI
1
Ora, havendo Samuel envelhecido, constituiu a seus filhos por juízes
sobre Israel. 2 O seu filho primogênito chamava-se Joel, e o segundo
Abias; e julgavam em Berseba. 3 Seus filhos, porém, não andaram nos
caminhos dele, mas desviaram-se após o lucro e, recebendo peitas,
perverteram a justiça. 4 Então todos os anciãos de Israel se
congregaram, e vieram ter com Samuel, a Ramá, 5 e lhe disseram: Eis
que já estás velho, e teus filhos não andam nos teus caminhos.
Constitui-nos, pois, agora um rei para nos julgar, como o têm todas
as nações. 6 Mas pareceu mal aos olhos de Samuel, quando
disseram: Dá-nos um rei para nos julgar.
Então Samuel orou ao Senhor. 7 Disse o Senhor a Samuel:
Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não é a ti que têm
rejeitado, porém a mim, para que eu não reine sobre eles. 8
Conforme todas as obras que fizeram desde o dia em que os tirei do
Egito até o dia de hoje, deixando-me a mim e servindo a outros
deuses, assim também fazem a ti. 9 Agora, pois, ouve a sua voz,
contudo lhes protestarás solenemente, e lhes declararás qual será
o modo de agir do rei que houver de reinar
sobre eles. 10 Referiu, pois, Samuel todas as palavras do
Senhor ao povo, que lhe havia pedido um rei, 11 e disse:
Este será o modo de agir do rei que houver de reinar sobre vós:
tomará os vossos filhos, e os porá sobre os seus carros, e para
serem seus cavaleiros, e para correrem adiante dos seus carros; 12 e
os porá por chefes de mil e chefes de cinquenta, para lavrarem os
seus campos, fazerem as suas colheitas e fabricarem as suas armas de
guerra e os apetrechos
de seus carros. 13 Tomará as vossas filhas para perfumistas,
cozinheiras e padeiras. 14 Tomará o melhor das vossas terras, das
vossas vinhas e dos vossos olivais,
e o dará aos seus servos. 15 Tomará o
dízimo das vossas sementes e das vossas vinhas, para dar aos seus
oficiais e aos seus servos. 16 Também os vossos servos e as vossas
servas, e os vossos melhores mancebos, e os vossos jumentos tomará,
e os empregará no seu trabalho. 17 Tomará o dízimo do vosso
rebanho; e vós lhe servireis de escravos. 18 Então naquele dia
clamareis por causa de vosso rei, que vós mesmos houverdes
escolhido; mas o Senhor não vos ouvirá.
19 O povo, porém, não quis ouvir a voz de Samuel; e
disseram: Não, mas haverá sobre nós um rei,
20 para que nós também sejamos como todas as outras nações, e
para que o nosso rei nos julgue, e saia adiante de nós, e peleje as
nossas batalhas. 21 Ouviu, pois, Samuel todas as palavras do
povo, e as repetiu aos ouvidos do Senhor. 22 Disse o Senhor a Samuel:
Dá ouvidos à sua voz, e constitui-lhes rei.
Então Samuel disse aos homens de Israel: Volte
cada um para a sua cidade.
1 Samuel 9
SAMUEL
ENCONTRA-SE COM SAUL
1
Ora, havia um homem de Benjamim, cujo nome era Quis, filho de Abiel,
filho de Zeror, filho de Becorate, filho de Afias, filho dum
benjamita; era varão forte e valoroso. 2 Tinha este um filho,
chamado Saul, jovem e tão belo que entre os filhos de Israel não
havia outro homem mais belo de que ele; desde os ombros para cima
sobressaía em altura a todo o povo. 3 Tinham-se perdido as jumentas
de Quis, pai de Saul; pelo que disse Quis a Saul, seu filho:
Toma agora contigo um dos moços, levanta-te e vai procurar as
jumentas. 4 Passaram, pois, pela região montanhosa de Efraim,
como também pela terra e Salisa, mas não as acharam; depois
passaram pela terra de Saalim,
porém tampouco estavam ali; passando ainda pela terra de Benjamim,
não as acharam. 5 Vindo eles, então, à terra de Zufe, Saul disse
para o moço que ia com ele: Vem! Voltemos,
para que não suceda que meu pai deixe de inquietar-se pelas jumentas
e se aflija por causa de nós. 6 Mas ele lhe disse: Eis
que há nesta cidade um homem de Deus, e ele é muito considerado;
tudo quanto diz, sucede infalivelmente. Vamos, pois, até lá;
porventura nos mostrará o caminho que devemos seguir. 7 Então
Saul disse ao seu moço: Porém se lá formos,
que levaremos ao homem? Pois o pão de nossos alforjes se acabou, e
presente nenhum temos para levar ao homem de Deus; que temos? 8
O moço tornou a responder a Saul, e disse: Eis
que ainda tenho em mão um quarto dum siclo de prata, o qual darei ao
homem de Deus, para que nos mostre o caminho. 9 (Antigamente
em Israel, indo alguém consultar a Deus, dizia assim: Vinde, vamos
ao vidente; porque ao profeta de hoje, outrora se chamava vidente.)
10 Então disse Saul ao moço: Dizes bem; vem,
pois, vamos! E foram-se à cidade onde estava e homem de Deus.
11 Quando eles iam subindo à cidade, encontraram umas moças que
saíam para tirar água; e perguntaram-lhes: Está
aqui o vidente? 12 Ao que elas lhes responderam:
Sim, eis aí o tens diante de ti; apressa-te, porque hoje veio à
cidade, porquanto o povo tem hoje sacrifício no alto. 13 Entrando
vós na cidade, logo o achareis, antes que ele suba ao alto para
comer; pois o povo não comerá até que ele venha, porque ele é o
que abençoa o
sacrifício, e depois os convidados comem. Subi agora, porque a esta
hora o achareis. 14 Subiram, pois, à cidade; e, ao entrarem,
eis que Samuel os encontrou, quando saía para subir ao alto. 15 Ora,
o Senhor revelara isto aos ouvidos de Samuel, um dia antes de Saul
chegar, dizendo: 16 Amanhã a estas horas te
enviarei um homem da terra de Benjamim, o qual ungirás por príncipe
sobre o meu povo de Israel; e ele livrará o meu povo da mão dos
filisteus; pois olhei para o meu povo, porque o seu clamor chegou a
mim. 17 E quando Samuel viu a Saul, o Senhor o disse: Eis
aqui o homem de quem eu te falei. Este dominará sobre o meu povo.
18 Então Saul se chegou a Samuel na porta, e disse: Mostra-me,
peço-te, onde é a casa do vidente. 19 Respondeu Samuel a
Saul: Eu sou o vidente; sobe diante de mim ao
alto, porque comereis hoje comigo; pela manhã te despedirei, e tudo
quanto está no teu coração to declararei. 20 Também quanto às
jumentas que há três dias se te perderam, não te preocupes com
elas, porque já foram achadas. Mas para quem é tudo o que é
desejável em Israel? Porventura
não é para ti, e para toda a casa de teu pai? 21 Então
respondeu Saul: Acaso não sou eu benjamita, da
menor das tribos de Israel? E não é a minha família a menor de
todas as famílias da tribo de Benjamim? Por que, pois, me falas
desta maneira? 22 Samuel, porém, tomando a Saul e ao seu
moço, levou-os à câmara, e deu-lhes o primeiro lugar entre os
convidados, que eram cerca de trinta homens. 23 Depois disse Samuel
ao cozinheiro: Traze a porção que te dei, da
qual te disse: põe-na à parte contigo. 24 Levantou, pois, o
cozinheiro a espádua, com o que havia nela, e pô-la diante de Saul.
E disse Samuel: Eis que o que foi reservado
está diante de ti. Come; porque te foi guardado para esta ocasião,
para que o comesses com os convidados. Assim comeu Saul
naquele dia com Samuel. 25 Então desceram do alto para a cidade, e
falou Samuel com Saul, no eirado. 26 E se levantaram de madrugada,
quase ao subir da alva, pois Samuel chamou a Saul, que estava no
eirado, dizendo: Levanta-te para eu te
despedir. Levantou-se, pois, Saul, e saíram ambos, ele e
Samuel. 27 Quando desciam para a extremidade da cidade, Samuel disse
a Saul: Dize ao moço que passe adiante de nós
(e ele passou); tu, porém, espera aqui, e te
farei ouvir a palavra de Deus.
1 Samuel 10
SAMUEL
UNGE SAUL REI DE ISRAEL
1
Então Samuel tomou um vaso de azeite, e o derramou sobre a cabeça
de Saul, e o beijou, e disse: Porventura não
te ungiu o Senhor para ser príncipe sobre a sua herança? 2 Quando
te apartares hoje de mim, encontrarás dois homens junto ao sepulcro
de Raquel, no termo de Benjamim, em Zelza, os quais te dirão:
Acharam-se as jumentas que foste
buscar, e eis que já o teu pai deixou de pensar nas jumentas, e anda
aflito por causa de ti, dizendo: Que farei eu por meu filho?
3 Então dali passarás mais adiante, e chegarás ao carvalho de
Tabor; ali te encontrarão três homens, que vão subindo a Deus, a
Betel, levando um três cabritos, outro três formas de pão, e o
outro um odre de vinho. 4 Eles te saudarão, e te darão dois pães,
que receberás das mãos deles. 5 Depois chegarás ao outeiro de
Deus, onde está a guarnição dos filisteus; ao entrares ali na
cidade, encontrarás um grupo de profetas descendo do alto, precedido
de saltérios, tambores, flautas e harpas, e eles profetizando. 6 E o
Espírito do Senhor se apoderará de ti, e profetizarás com eles, e
serás transformado em outro homem. 7 Quando estes sinais te vierem,
faze o que achar a tua mão para fazer, pois Deus é contigo. 8 Tu,
porém, descerás adiante de mim a Gilgal, e eis que eu descerei a
ter contigo, para oferecer holocaustos e sacrifícios de ofertas
pacíficas. Esperarás sete dias, até que eu vá ter contigo e te
declare o que hás de fazer. 9 Ao virar Saul as costas para se
apartar de Samuel, Deus lhe mudou o coração em outro; e todos esses
sinais aconteceram naquele mesmo dia. 10 Quando eles iam chegando ao
outeiro, eis que um grupo de profetas lhes saiu ao encontro; e o
Espírito de Deus se apoderou de Saul, e ele profetizou no meio
deles. 11 Todos os que o tinham conhecido antes, ao verem que ele
profetizava com os profetas, diziam uns aos outros:
Que é que sucedeu ao filho de Quis? Está também Saul entre os
profetas? 12 Então um homem dali respondeu, e disse:
Pois quem é o pai deles? Pelo que se tornou em provérbio:
Está também Saul entre os profetas?
13 Tendo ele acabado de profetizar, foi ao alto. 14 Depois o tio de
Saul perguntou-lhe, a ele e ao seu moço: Aonde
fostes? Respondeu ele: Procurar as
jumentas; e, não as tendo encontrado, fomos ter com Samuel. 15
Disse mais o tio de Saul: Declara-me, peço-te,
o que vos disse Samuel. 16 Ao que respondeu Saul a seu tio:
Declarou-nos, seguramente, que as jumentas tinham sido encontradas.
Mas quanto ao assunto do reino, de que Samuel falara, nada lhe
declarou. 17 Então Samuel convocou o povo ao Senhor em Mispá; 18 e
disse aos filhos de Israel: Assim diz o Senhor
Deus de Israel: Eu fiz subir a Israel do
Egito, e vos livrei da mão dos egípcios e da mão de todos os
reinos que vos oprimiam. 19 Mas vós
hoje rejeitastes a vosso Deus, àquele que vos livrou de todos os
vossos males e angústias, e lhe dissestes: Põe um rei sobre nós.
Agora, pois, ponde-vos perante o Senhor, segundo as vossas tribos e
segundo os vossos milhares. 20 Tendo, pois, Samuel feito
chegar todas as tribos de Israel, foi tomada por sorte a tribo de
Benjamim. 21 E, quando fez chegar a tribo de Benjamim segundo as suas
famílias, foi tomada a família de Matri, e dela foi tomado Saul,
filho de Quis; e o procuraram, mas não foi encontrado. 22 Pelo que
tornaram a perguntar ao Senhor: Não veio o
homem ainda para cá? E respondeu o Senhor:
Eis que se escondeu por entre a bagagem. 23 Correram, pois, e
o trouxeram dali; e estando ele no meio do povo, sobressaía em
altura a todo o povo desde os ombros para cima. 24 Então disse
Samuel a todo o povo: Vedes já a quem o Senhor
escolheu: Não há entre o povo nenhum semelhante a ele. Então
todo o povo o aclamou, dizendo: Viva o rei;
25 Também declarou Samuel ao povo a lei do reino, e a escreveu num
livro, e pô-lo perante o Senhor. Então Samuel despediu todo o povo,
cada um para sua casa. 26 E foi também Saul para sua casa em Gibeá;
e foram com ele homens de valor, aqueles cujo coração Deus tocara.
27 Mas alguns homens ímpios disseram: Como
pode este homem nos livrar? E o desprezaram, e não lhe
trouxeram presentes; porém ele se fez como surdo.
1 Samuel 11
SAUL
VENCE OS AMONITAS
1
Então subiu Naás, o amonita, e sitiou a Jabes-Gileade. E disseram
todos os homens de Jabes a Naás: Faze aliança
conosco, e te serviremos. 2 Respondeu-lhes, porém, Naás, o
amonita: Com esta condição farei aliança
convosco: Que
a todos vos arranque o olho direito; assim porei opróbrio sobre todo
o Israel. 3 Ao que os anciãos de Jabes lhe disseram:
Concede-nos sete dias, para que enviemos
mensageiros por todo o território de Israel; e, não havendo ninguém
que nos livre, nos entregaremos a ti. 4 Então, vindo os
mensageiros a Gibeá de Saul, falaram estas palavras aos ouvidos do
povo. Pelo que todo o povo levantou a voz e chorou. 5 E eis que Saul
vinha do campo, atrás dos bois; e disse Saul:
Que tem o povo, que chega? E contaram-lhe as palavras dos
homens de Jabes. 6 Então o Espírito de Deus se apoderou de Saul, ao
ouvir ele estas palavras; e acendeu-se sobremaneira a sua ira. 7
Tomou ele uma junta de bois, cortou-os em pedaços, e os enviou por
todo o território de Israel por mãos de mensageiros, dizendo:
Qualquer que não sair após Saul e após
Samuel, assim se fará aos seus bois. Então caiu o temor do
Senhor sobre o povo, e acudiram como um só homem. 8 Saul passou-lhes
revista em Bezeque; e havia dos homens de Israel trezentos mil, e dos
homens de Judá trinta mil. 9 Então disseram aos mensageiros que
tinham vindo: Assim direis aos homens de
Jabes-Gileade: Amanhã, em aquentando
o sol, vos virá livramento. Vindo, pois, os mensageiros,
anunciaram-no aos homens de Jabes, os quais se alegraram. 10 E os
homens de Jabes disseram aos amonitas: Amanhã
nos entregaremos a vós; então nos fareis conforme tudo o que bem
vos parecer. 11 Ao outro dia Saul dividiu o povo em três
companhias; e pela vigília da manhã vieram ao meio do arraial, e
feriram aos amonitas até que o dia aquentou; e sucedeu que os
restantes se espalharam de modo a não ficarem dois juntos. 12 Então
disse o povo a Samuel: Quais são os que
diziam: Reinará porventura Saul sobre nós? Dai cá esses homens,
para que os matemos. 13 Saul, porém, disse:
Hoje não se há de matar ninguém, porque neste dia o Senhor
operou um livramento em Israel. 14 Depois disse Samuel ao
povo: Vinde, vamos a Gilgal, e renovemos ali o
reino. 15 Foram, pois, para Gilgal, onde constituíram rei a
Saul perante o Senhor, e imolaram sacrifícios de ofertas pacíficas
perante o Senhor; e ali Saul se alegrou muito com todos os homens de
Israel.
1 Samuel 12
SAMUEL
ENTREGA O CARGO
1
Então disse Samuel a todo o Israel: Eis que
vos dei ouvidos em tudo quanto me dissestes, e constituí sobre vós
um rei. 2 Agora, eis que o rei vai adiante de vós; quanto a mim, já
sou velho e encanecido, e meus filhos estão convosco, eu tenho
andado adiante de vós desde a minha mocidade até o dia de hoje. 3
Eis-me aqui! Testificai
contra mim perante o Senhor, e perante o seu ungido. De quem tomei o
boi? Ou de
quem tomei o jumento? Ou
a quem defraudei? Ou
a quem tenho oprimido? Ou
da mão de quem tenho recebido peita
para encobrir com ela os meus olhos? E eu vo-lo restituirei. 4
Responderam eles: Em nada nos defraudaste, nem
nos oprimiste, nem tomaste coisa alguma da mão de ninguém. 5
Ele lhes disse: O Senhor é testemunha contra
vós, e o seu ungido é hoje testemunha de que nada tendes achado na
minha mão. Ao que respondeu o povo: Ele
é testemunha. 6 Então disse Samuel ao povo:
O Senhor é o que escolheu a Moisés e a Arão, e tirou a vossos pais
da terra do Egito. 7 Agora ponde-vos aqui, para que eu pleiteie
convosco perante o Senhor, no tocante a todos os atos de justiça do
Senhor, que ele fez a vós e a vossos pais. 8 Quando Jacó entrou no
Egito, e vossos pais clamaram ao Senhor, então o Senhor enviou
Moisés e Arão, que tiraram vossos pais do Egito, e os fizeram
habitar neste lugar. 9 Esqueceram-se, porém, do Senhor seu Deus; e
ele os entregou na mão de Sísera, chefe do
exército de Hazor, e na mão dos filisteus, e na mão do rei de
Moabe, os quais pelejaram contra eles. 10 Clamaram, pois, ao Senhor,
e disseram: Pecamos, porque deixamos ao Senhor, e servimos aos
baalins e astarotes; agora, porém, livra-nos da mão de nossos
inimigos, e te serviremos: 11 Então o Senhor enviou Jerubaal, e
Baraque, e Jefté, e Samuel; e vos livrou da mão de vossos inimigos
em redor, e habitastes em segurança. 12 Quando vistes que Naás, rei
dos filhos de Amom, vinha contra vós, dissestes-me: Não, mas
reinará sobre nós um rei; entretanto, o Senhor vosso Deus era o
vosso Rei. 13 Agora, eis o rei que escolhestes e que pedistes; eis
que o Senhor tem posto sobre vós um rei. 14 Se temerdes ao Senhor, e
o servirdes, e derdes ouvidos à sua voz, e não fordes rebeldes às
suas ordens, e se tanto vós como o rei que reina sobre vós
seguirdes o Senhor vosso Deus, bem está; 15 mas se não derdes
ouvidos à voz do Senhor, e fordes rebeldes às suas ordens, a mão
do Senhor será contra vós, como foi contra vossos pais: 16 Portanto
ficai agora aqui, e vede esta grande coisa que o Senhor vai fazer
diante dos vossos olhos. 17 Não é hoje a sega do trigo? Clamarei,
pois, ao Senhor, para que ele envie trovões e chuva; e sabereis e
vereis que é grande a vossa maldade, que fizestes perante o Senhor,
pedindo para vós um rei. 18 Então invocou Samuel ao Senhor, e o
Senhor enviou naquele dia trovões e chuva; pelo que todo o povo
temeu sobremaneira ao Senhor e a Samuel. 19 Disse todo o povo a
Samuel: Roga pelos teus servos ao Senhor teu Deus, para que não
morramos; porque a todos os nossos pecados temos acrescentado este
mal, de pedirmos para nós um rei. 20 Então disse Samuel ao povo:
Não temais; vós fizestes todo este mal; porém não vos desvieis de
seguir ao Senhor, mas servi-o de todo o vosso coração. 21 Não vos
desvieis; porquanto seguiríeis coisas vãs, que nada aproveitam, e
tampouco vos livrarão, porque são vãs. 22 Pois o Senhor, por causa
do seu grande nome, não desamparará o seu povo; porque aprouve ao
Senhor fazer de vós o seu povo. 23 E quanto a mim, longe de mim
esteja o pecar contra o Senhor, deixando de orar por vós;
eu vos ensinarei o caminho bom e direito. 24 Tão-somente temei ao
Senhor, e servi-o fielmente de todo o vosso coração; pois vede quão
grandiosas coisas vos fez. 25 Se, porém, perseverardes em fazer o
mal, perecereis, assim vós como o vosso rei.
1 Samuel 13
GUERRA
COM OS FILISTEUS
1
Um ano reinara Saul em Israel. No segundo ano de seu reinado sobre
seu povo, 2 escolheu para si três mil homens de Israel; dois mil
estavam com Saul em Micmás e no monte de Betel, e mil estavam com
Jônatas em Gibeá de Benjamim. Quanto ao resto do povo, mandou-o
cada um para sua tenda. 3 Ora, Jônatas feriu a guarnição dos
filisteus que estava em Geba, o que os filisteus ouviram; pelo que
Saul tocou a trombeta por toda a terra, dizendo:
Ouçam os hebreus. 4 Então todo o Israel ouviu dizer que Saul
ferira a guarnição dos filisteus, e que Israel se fizera abominável
aos filisteus. E o povo foi convocado após Saul em Gilgal. 5 E os
filisteus se ajuntaram para pelejar contra Israel, com trinta mil
carros, seis mil cavaleiros, e povo em multidão como a areia que
está à beira do mar subiram e se acamparam em Micmás, ao oriente
de Bete-Áven. 6 Vendo, pois, os homens de Israel que estavam em
aperto (porque o povo se achava angustiado), esconderam-se nas
cavernas, nos espinhais, nos penhascos, nos esconderijos subterrâneos
e nas cisternas. 7 Ora, alguns dos hebreus passaram o Jordão para a
terra de Gade e Gileade; mas Saul ficou ainda em Gilgal, e todo o
povo o seguia tremendo. 8 Esperou, pois, sete dias, até o tempo que
Samuel determinara; não vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo,
deixando a Saul, se dispersava. 9 Então disse Saul: Trazei-me
aqui um holocausto, e ofertas pacíficas. E ofereceu o
holocausto. 10 Mal tinha ele acabado de oferecer e holocausto, eis
que Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar. 11
Então perguntou Samuel: Que fizeste?
Respondeu Saul: Porquanto via que o povo,
deixando-me, se dispersava, e que tu não vinhas no tempo
determinado, e que os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás, 12
eu disse: Agora descerão os filisteus sobre mim a Gilgal, e ainda
não aplaquei o Senhor. Assim me constrangi e ofereci o holocausto.
13 Então disse Samuel a Saul: Procedeste
nesciamente; não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te
ordenou. O Senhor teria confirmado o teu reino sobre Israel para
sempre; 14 agora, porém, não subsistirá o teu reino; já tem o
Senhor buscado para si um homem segundo o seu coração, e já o tem
destinado para ser príncipe sobre o seu povo, porquanto não
guardaste o que o Senhor te ordenou. 15 Então Samuel se
levantou, e subiu de Gilgal a Gibeá de Benjamim. Saul contou o povo
que se achava com ele, cerca de seiscentos homens. 16 E Saul, seu
filho Jônatas e o povo que se achava com eles, ficaram em Gibeá de
Benjamim, mas os filisteus se tinham acampado em Micmás. 17 Nisso os
saqueadores saíram do arraial dos filisteus em três companhias: Uma
das companhias tomou o caminho de Ofra para a terra de Sual, 18 outra
tomou o caminho de Bete-Horom, e a outra tomou o caminho do termo que
dá para o vale de Zebuim, na direção do deserto.
19 Ora, em toda a terra de Israel não se achava um só ferreiro;
porque os filisteus tinham dito: Não
façam os hebreus para si nem espada nem lança. 20 Pelo
que todos os israelitas tinham que descer aos filisteus para afiar
cada um a sua relha, a sua enxada, o seu machado e o seu sacho. 21
Tinham porém limas para os sachos, para as enxadas, para as
forquilhas e para os machados, e para consertar as aguilhadas. 22
Assim, no dia da peleja, não se achou nem espada nem lança na mão
de todo o povo que estava com Saul e com Jônatas; acharam-se, porém,
com Saul e com Jônatas seu filho. 23 E saiu a guarnição dos
filisteus para o desfiladeiro de Micmás.
1 Samuel 14
JÔNATAS
VENCE OS FILISTEUS
1
Sucedeu, pois, um dia, que Jônatas, filho de Saul, disse ao seu
escudeiro: Vem, passemos à guarnição dos filisteus, que está do
outro lado. Mas não o fez saber a seu pai. 2 Ora Saul estava na
extremidade de Gibeá, debaixo da romeira que havia em Migrom; e o
povo que estava com ele era cerca de seiscentos homens; 3 e Aías,
filho de Aitube, irmão de Icabode, filho de Finéias, filho de Eli,
sacerdote do Senhor em Siló, trazia o éfode. E o povo não sabia
que Jônatas tinha ido. 4 Ora, entre os desfiladeiros pelos quais
Jônatas procurava chegar à guarnição dos filisteus, havia um
penhasco de um e de outro lado; o nome de um era Bozez, e o nome do
outro Sené. 5 Um deles estava para o norte defronte de Micmás, e o
outro para o sul defronte de Gibeá. 6 Disse, pois, Jônatas ao seu
escudeiro: Vem, passemos à guarnição destes
incircuncisos; porventura operará o Senhor por nós, porque para o
Senhor nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com poucos.
7 Ao que o seu escudeiro lhe respondeu: Faze
tudo o que te aprouver; segue, eis-me aqui, a tua disposição será
a minha. 8 Disse Jônatas: Eis que
passaremos àqueles homens, e nos descobriremos a eles. 9 Se nos
disserem: Parai até que cheguemos a vós; então ficaremos no nosso
lugar, e não subiremos a eles. 10 Se, porém, disserem: Subi a nós;
então subiremos, pois o Senhor os entregou em nossas mãos; isso nos
será por sinal. 11 Então ambos se descobriram à guarnição
dos filisteus, e os filisteus disseram: Eis que já os hebreus estão
saindo das cavernas em que se tinham escondido. 12 E os homens da
guarnição disseram a Jônatas e ao seu escudeiro:
Subi a nós, e vos ensinaremos uma coisa. Disse, pois, Jônatas
ao seu escudeiro: Sobe atrás de mim, porque o
Senhor os entregou na mão de Israel. 13 Então trepou Jônatas
de gatinhas, e o seu escudeiro atrás dele; e os filisteus caíam
diante de Jônatas, e o seu escudeiro os matava atrás dele. 14 Esta
primeira derrota, em que Jônatas e o seu escudeiro mataram uns vinte
homens, deu-se dentro de meia jeira de terra. 15 Pelo que houve
tremor no arraial, no campo e em todo o povo; também a própria
guarnição e os saqueadores tremeram; e até a terra estremeceu; de
modo que houve grande pânico. 16 Olharam, pois, as sentinelas de
Saul e Gibeá de Benjamim, e eis que a multidão se derretia, fugindo
para cá e para lá. 17 Disse então Saul ao povo que estava com ele:
Ora, contai e vede quem é que saiu dentre nós.
E contaram, e eis que nem Jônatas nem o seu escudeiro estava ali. 18
Então Saul disse a Aíja: Traze aqui a arca de Deus. Pois naquele
dia estava a arca de Deus com os filhos de Israel. 19 E sucedeu que,
estando Saul ainda falando com o sacerdote, o alvoroço que havia no
arraial dos filisteus ia crescendo muito; pelo que disse Saul ao
sacerdote: Retira a tua mão. 20 Então
Saul e todo o povo que estava com ele se reuniram e foram à peleja;
e eis que dentre os filisteus a espada de um era contra o outro, e
houve mui grande derrota. 21 Os hebreus que estavam dantes com os
filisteus, e tinham subido com eles ao arraial, também se ajuntaram
aos israelitas que estavam com Saul e Jônatas. 22 E todos os homens
de Israel que se haviam escondido na região montanhosa de Efraim,
ouvindo que os filisteus fugiam, também os perseguiram de perto na
peleja. 23 Assim o Senhor livrou a Israel naquele dia, e a batalha
passou além de Bete-Áven.
O
VOTO DE SAUL
24
Ora, os homens de Israel estavam já exaustos naquele dia, porquanto
Saul conjurara o povo, dizendo: Maldito o homem
que comer pão antes da tarde, antes que eu me vingue de meus
inimigos. Pelo que todo o povo se absteve de comer. 25 Mas
todo o povo chegou a um bosque, onde havia mel à flor da terra. 26
Chegando, pois, o povo ao bosque, viu correr o mel; todavia ninguém
chegou a mão à boca, porque o povo temia a conjuração. 27
Jônatas, porém, não tinha ouvido quando seu pai conjurara o povo;
pelo que estendeu a ponta da vara que tinha na mão, e a molhou no
favo de mel; e, ao chegar a mão à boca, aclararam-se-lhe os olhos.
28 Então disse um do povo: Teu pai solenemente
conjurou o povo, dizendo: Maldito o homem que comer pão hoje.
E o povo ainda desfalecia. 29 Pelo que disse Jônatas: Meu
pai tem turbado a terra; ora vede como se me aclararam os olhos por
ter provado um pouco deste mel. 30 Quanto maior não teria sido a
derrota dos filisteus se o povo hoje tivesse comido livremente do
despojo, que achou de seus inimigos? 31 Feriram, contudo,
naquele dia aos filisteus, desde Micmás até Aijalom. E o povo
desfaleceu em extremo; 32 então o povo se lançou ao despojo, e
tomou ovelhas, bois e bezerros e, degolando-os no chão, comeu-os com
o sangue. 33 E o anunciaram a Saul, dizendo: Eis
que o povo está pecando contra o Senhor, comendo carne com o sangue.
Respondeu Saul: Procedestes deslealmente.
Trazei-me aqui já uma grande pedra. 34 Disse mais Saul:
Dispersai-vos entre e povo, e dizei-lhes: Trazei-me aqui cada um o
seu boi, e cada um a sua ovelha e degolai-os aqui, e comei; e não
pequeis contra e Senhor, comendo com sangue. Então todo o
povo trouxe de noite, cada um o seu boi, e os degolaram ali. 35 Então
edificou Saul um altar ao Senhor; este foi o primeiro altar que ele
edificou ao Senhor. 36 Depois disse Saul: Desçamos
de noite atrás dos filisteus, e despojemo-los, até e amanhecer, e
não deixemos deles um só homem. E o povo disse: Faze tudo o
que parecer bem aos teus olhos. Disse, porém, o sacerdote:
Cheguemo-nos aqui a Deus. 37 Então
consultou Saul a Deus, dizendo: Descerei atrás
dos filisteus? Entregá-los-ás
na mão de Israel? Deus, porém, não lhe respondeu naquele
dia. 38 Disse, pois, Saul: Chegai-vos para cá,
todos os chefes do povo; informai-vos, e vede em que se cometeu hoje
este pecado; 39 porque, como vive o Senhor que salva a Israel, ainda
que seja em meu filho
Jônatas, ele será morto. Mas de todo o povo ninguém lhe
respondeu. 40 Disse mais a todo o Israel: Vós
estareis dum lado, e eu e meu filho Jônatas estaremos do outro.
Então disse o povo a Saul: Faze o que parecer
bem aos teus olhos. 41 Falou, pois, Saul ao Senhor Deus de
Israel: Mostra o que é justo. E Jônatas
e Saul foram tomados por sorte, e o povo saiu livre. 42 Então disse
Saul: Lançai a sorte entre mim e Jônatas, meu
filho. E foi tomado Jônatas. 43 Disse então Saul a Jônatas:
Declara-me o que fizeste. E Jônatas lho
declarou, dizendo: Provei, na verdade, um pouco
de mel com a ponta da vara que tinha na mão; eis-me pronto a morrer.
44 Ao que disse Saul: Assim me faça Deus, e
outro tanto, se tu, certamente, não morreres, Jônatas. 45
Mas o povo disse a Saul: Morrerá, porventura,
Jônatas, que operou esta grande salvação em Israel? Tal não
suceda! Como
vive o Senhor, não lhe há de cair no chão um só cabelo da sua
cabeça! Pois
com Deus fez isso hoje. Assim o povo livrou Jônatas, para que
não morresse. 46 Então Saul deixou de perseguir os filisteus, e
estes foram para o seu lugar. 47 Tendo Saul tomado o reino sobre
Israel, pelejou contra todos os seus inimigos em redor: contra Moabe,
contra os filhos de Amom, contra Edom, contra os reis de Zobá e
contra os filisteus; e, para onde quer que se voltava, saía
vitorioso. 48 Houve-se valorosamente, derrotando os amalequitas, e
libertando Israel da mão dos que o saqueavam. 49 Ora, os filhos de
Saul eram Jônatas, Isvi e Malquisua; os nomes de suas duas filhas
eram estes: o da mais velha Merabe, e o da mais nova Mical. 50 O nome
da mulher de Saul era Ainoã, filha de Aimaás; e o nome do chefe do
seu exército, Abner, filho de Ner, tio de Saul. 51 Quis, pai de
Saul, e Ner, pai de Abner, eram filhos de Abiel. 52 E houve forte
guerra contra os filisteus, por todos os dias de Saul; e sempre que
Saul via algum homem poderoso e valente, o agregava a si.
1 Samuel 15
SAUL
É REJEITADO POR DEUS
1
Disse Samuel a Saul: Enviou-me o Senhor a
ungir-te rei sobre o seu povo, sobre Israel; ouve, pois, agora as
palavras do Senhor. 2 Assim diz o Senhor dos exércitos:
Castigarei a Amaleque por aquilo que fez a
Israel quando se lhe opôs no caminho, ao subir ele do Egito. 3 Vai,
pois, agora e fere a Amaleque, e o destrói totalmente com tudo o que
tiver; não o poupes, porém matarás homens e mulheres, meninos e
crianças de peito, bois e ovelhas, camelos e jumentos. 4
Então Saul convocou o povo, e os contou em Telaim, duzentos mil
homens de infantaria, e mais dez mil dos de Judá. 5 Chegando, pois,
Saul à cidade de Amaleque, pôs uma emboscada no vale. 6 E disse
Saul aos queneus: Ide, retirai-vos, saí do
meio dos amalequitas, para que eu não vos destrua juntamente com
eles; porque vós usastes de misericórdia com todos os filhos de
Israel, quando subiram do Egito. Retiraram-se, pois, os
queneus do meio dos amalequitas. 7 Depois Saul feriu os amalequitas
desde Havilá até chegar a Sur, que está defronte do Egito. 8 E
tomou vivo a Agague, rei dos amalequitas, porém a todo o povo
destruiu ao fio da espada. 9 Mas Saul e o povo pouparam a Agague,
como também ao melhor das ovelhas, dos bois, e dos animais
engordados, e aos cordeiros, e a tudo o que era bom, e não os
quiseram destruir totalmente; porém a tudo o que era vil e
desprezível destruíram totalmente. 10 Então veio a palavra do
Senhor a Samuel, dizendo: 11 Arrependo-me de
haver posto a Saul como rei; porquanto deixou de me seguir, e não
cumpriu as minhas palavras. Então Samuel se contristou, e
clamou ao Senhor a noite toda. 12 E Samuel madrugou para encontrar-se
com Saul pela manhã; e foi dito a Samuel: Já
chegou Saul ao Carmelo, e eis que levantou para si numa coluna e,
voltando, passou e desceu a Gilgal. 13 Veio, pois, Samuel ter
com Saul, e Saul lhe disse: Bendito sejas do
Senhor; já cumpri a palavra do Senhor. 14 Então perguntou
Samuel: Que quer dizer, pois, este balido de
ovelhas que chega aos meus ouvidos, e o mugido de bois que ouço?
15 Ao que respondeu Saul: De Amaleque os
trouxeram, porque o povo guardou o melhor das ovelhas e dos bois,
para os oferecer ao Senhor teu Deus; o resto, porém, destruímo-lo
totalmente. 16 Então disse Samuel a Saul: Espera,
e te declararei o que o Senhor me disse esta noite.
Respondeu-lhe Saul: Fala. 17 Prosseguiu,
pois, Samuel: Embora pequeno aos teus próprios
olhos, porventura não foste feito o cabeça das tribos de Israel? O
Senhor te ungiu rei sobre Israel; 18 e bem assim te enviou o Senhor a
este caminho, e disse: Vai, e destrói
totalmente a estes pecadores, os amalequitas, e peleja contra eles,
até que sejam aniquilados. 19 Por
que, pois, não deste ouvidos à voz do Senhor, antes te lançaste ao
despojo, e fizeste o que era mau aos olhos do Senhor? 20 Então
respondeu Saul a Samuel: Pelo contrário, dei
ouvidos à voz do Senhor, e caminhei no
caminho pelo qual o Senhor me enviou, e trouxe a Agague, rei de
Amaleque, e aos amalequitas destruí totalmente; 21 mas o povo tomou
do despojo ovelhas e bois, o melhor do anátema, para o sacrificar ao
Senhor teu Deus em Gilgal. 22 Samuel, porém, disse: Tem,
porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como
em que se obedeça à voz do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do
que o sacrificar, e o atender, do que a gordura de carneiros. 23
Porque a rebelião é como o pecado de adivinhação, e a obstinação
é como a iniquidade
de idolatria. Porquanto rejeitaste a palavra do Senhor, ele também
te rejeitou, a ti, para que não sejas rei. 24 Então
disse Saul a Samuel: Pequei, porquanto
transgredi a ordem do Senhor e as tuas palavras; porque temi ao povo,
e dei ouvidos a sua voz. 25 Agora, pois, perdoa o meu pecado, e volta
comigo, para que eu adore ao Senhor. 26 Samuel porém disse a
Saul: Não voltarei contigo; porquanto
rejeitaste a palavra do Senhor, e o Senhor te rejeitou a ti, para que
não sejas rei sobre Israel. 27 E, virando-se Samuel para se
ir, Saul pegou-lhe pela orla da capa, a qual se rasgou. 28 Então
Samuel lhe disse: O Senhor rasgou de ti hoje o
reino de Israel, e o deu a um teu próximo, que é melhor do que tu.
29 Também aquele que é a Força de Israel não mente nem se
arrepende, por quanto não é homem para que se arrependa. 30
Ao que disse Saul: Pequei; honra-me, porém,
agora diante dos anciãos do meu povo, e diante de Israel, e volta
comigo, para que eu adore ao Senhor teu Deus. 31 Então,
voltando Samuel, seguiu a Saul, e Saul adorou ao Senhor. 32 Então
disse Samuel: Trazei-me aqui a Agague, rei dos
amalequitas. E Agague veio a ele animosamente; e disse:
Certamente já passou a amargura da morte. 33 Disse, porém,
Samuel: Assim como a tua espada desfilhou a
mulheres, assim ficará desfilhada tua mãe entre as mulheres.
E Samuel despedaçou a Agague perante o Senhor em Gilgal. 34 Então
Samuel se foi a Ramá; e Saul subiu a sua casa, a Gibeá de Saul. 35
Ora, Samuel nunca mais viu a Saul até o dia da sua morte, mas
Samuel teve dó de Saul. E o Senhor se arrependeu de haver posto a
Saul rei sobre Israel.
1 Samuel 16
SAMUEL
UNGE DAVI
1
Então disse o Senhor a Samuel: Até quando
terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre
Israel? Enche o teu vaso de azeite, e vem; enviar-te-ei a Jessé o
belemita, porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei.
2 Disse, porém, Samuel: Como irei eu? Pois
Saul o ouvirá e me matará. Então disse o Senhor: Leva
contigo uma bezerra, e dize: Vim para oferecer sacrifício ao Senhor:
3 E convidarás a Jessé para o sacrifício, e eu te farei saber o
que hás de fazer; e ungir-me-ás a quem eu te designar. 4
Fez, pois, Samuel o que dissera o Senhor, e veio a Belém; então os
anciãos da cidade lhe saíram ao encontro, tremendo, e perguntaram:
É de paz a tua vinda? 5 Respondeu ele:
É de paz; vim oferecer sacrifício ao Senhor.
Santificai-vos, e vinde comigo ao sacrifício. E santificou
ele a Jessé e a seus filhos, e os convidou para o sacrifício. 6 E
sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe, e disse:
Certamente está perante o Senhor o seu ungido. 7 Mas o Senhor
disse a Samuel: Não atentes para a sua
aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque eu o
rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem, pois o homem
olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o
coração. 8 Depois chamou Jessé a Abinadabe, e o fez passar
diante de Samuel, o qual disse: Nem a este
escolheu o Senhor. 9 Então Jessé fez passar a Samá; Samuel,
porém, disse: Tampouco a este escolheu o
Senhor. 10 Assim fez passar Jessé a sete de seus filhos
diante de Samuel; porém Samuel disse a Jessé: O
Senhor não escolheu a nenhum destes. 11 Disse mais Samuel a
Jessé: São estes todos os teus filhos?
Respondeu Jessé: Ainda falta o menor,
que está apascentando as ovelhas. Disse, pois, Samuel a
Jessé: Manda trazê-lo, porquanto não nos
sentaremos até que ele venha aqui. 12 Jessé mandou buscá-lo
e o fez entrar. Ora, ele era ruivo, de belos olhos e de gentil
aspecto. Então disse o Senhor: Levanta-te, e
unge-o, porque é este mesmo. 13 Então Samuel tomou o vaso de
azeite, e o ungiu no meio de seus irmãos; e daquele dia em diante o
Espírito do Senhor se apoderou de Davi. Depois Samuel se levantou, e
foi para Ramá. 14
Ora, o Espírito do Senhor retirou-se de Saul, e o atormentava um
espírito maligno da parte do Senhor. 15 Então os criados de
Saul lhe disseram: Eis que agora um espírito
maligno da parte de Deus te atormenta; 16 dize, pois, senhor
nosso, a teus servos que estão na tua presença, que busquem um
homem que saiba tocar harpa; e quando o espírito maligno da parte do
Senhor vier sobre ti, ele tocará
com a sua mão, e te sentirás melhor. 17 Então disse Saul
aos seus servos: Buscai-me, pois, um homem que
toque bem, e trazei-mo. 18 Respondeu um dos mancebos:
Eis que tenho visto um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar
bem, e é forte e destemido, homem de guerra, sisudo em palavras, e
de gentil aspecto; e o Senhor é com ele. 19 Pelo que Saul
enviou mensageiros a Jessé, dizendo: Envia-me
Davi, teu filho, o que está com as ovelhas. 20 Jessé, pois,
tomou um jumento carregado de pão, e um odre de vinho, e um cabrito,
e os enviou a Saul pela mão de Davi, seu filho. 21 Assim Davi veio e
se apresentou a Saul, que se agradou muito dele e o fez seu
escudeiro. 22 Então Saul mandou dizer a Jessé: Deixa
ficar Davi ao meu serviço, pois achou graça aos meus olhos.
23 E quando o espírito maligno da parte de Deus vinha sobre Saul,
Davi tomava a harpa, e a tocava com a sua mão; então Saul sentia
alívio, e se achava melhor, e o espírito maligno se retirava dele.
1 Samuel 17
O
DESAFIO DE GOLIAS
1
Ora, os filisteus ajuntaram as suas forças para a guerra e
congregaram-se em Socó, que pertence a Judá, e acamparam entre Socó
e Azeca, em Efes-Damim. 2 Saul, porém, e os homens de Israel se
ajuntaram e acamparam no vale de Elá, e ordenaram a batalha contra
os filisteus. 3 Os filisteus estavam num monte de um lado, e os
israelitas estavam num monte do outro lado; e entre eles o vale. 4
Então saiu do arraial dos filisteus um campeão, cujo nome era
Golias, de Gate, que tinha de altura seis côvados e um palmo. 5
Trazia na cabeça um capacete de bronze, e vestia uma couraça
escameada, cujo peso era de cinco mil siclos de bronze. 6 Também
trazia grevas de bronze nas pernas, e um dardo de bronze entre os
ombros. 7 A haste da sua lança era como o órgão de um tear, e a
ponta da sua lança pesava seiscentos siclos de ferro; adiante dele
ia o seu escudeiro. 8 Ele, pois, de pé, clamava às fileiras de
Israel e dizia-lhes: Por que saístes a ordenar
a batalha? Não sou eu filisteu, e vós servos de Saul? Escolhei
dentre vós um homem que desça a mim. 9 Se ele puder pelejar comigo
e matar-me, seremos vossos servos; porém,
se eu prevalecer contra ele e o matar, então sereis nossos servos, e
nos servireis. 10 Disse mais o filisteu: Desafio
hoje as fileiras de Israel; dai-me um homem, para que nós dois
pelejemos. 11 Ouvindo, então, Saul e todo o Israel estas
palavras do filisteu, desalentaram-se, e temeram muito. 12 Ora, Davi
era filho de um homem efrateu, de Belém de Judá, cujo nome era
Jessé, que tinha oito filhos; e nos dias de Saul este homem era já
velho e avançado em idade entre os homens. 13 Os três filhos mais
velhos de Jessé tinham seguido a Saul à guerra; eram os nomes de
seus três filhos que foram à guerra: Eliabe, o primogênito, o
segundo Abinadabe, e o terceiro Samá. 14 Davi era o mais moço; os
três maiores seguiram a Saul, 15 mas Davi ia e voltava de Saul, para
apascentar as ovelhas de seu pai em Belém. 16 Chegava-se, pois, o
filisteu pela manhã e à tarde; e apresentou-se por quarenta dias.
17 Disse então Jessé a Davi, seu filho: Toma
agora para teus irmãos um efa
deste grão tostado e estes dez pães, e corre a levá-los ao
arraial, a teus irmãos. 18 Leva, também, estes dez queijos ao seu
comandante de mil; e verás como passam teus irmãos, e trarás
notícias deles. 19 Ora, estavam Saul, e eles, e todos os
homens de Israel no vale de Elá, pelejando contra os filisteus. 20
Davi então se levantou de madrugada e, deixando as ovelhas com um
guarda, carregou-se e partiu, como Jessé lhe ordenara; e chegou ao
arraial quando o exército estava saindo em ordem de batalha e dava
gritos de guerra. 21 Os israelitas e os filisteus se punham em ordem
de batalha, fileira contra fileira. 22 E Davi, deixando na mão do
guarda da bagagem a carga que trouxera, correu às fileiras; e,
chegando, perguntou a seus irmãos se estavam bem. 23 Enquanto ainda
falava com eles, eis que veio subindo do exército dos filisteus o
campeão, cujo nome era Golias, o filisteu de Gate, e falou conforme
aquelas palavras; e Davi as ouviu. 24 E todos os homens de Israel,
vendo aquele homem, fugiam, de diante dele, tomados de pavor. 25
Diziam os homens de Israel: Vistes aquele homem
que subiu? Pois
subiu para desafiar a Israel. Ao homem, pois, que o matar, o rei
cumulará de grandes riquezas, e lhe dará a sua filha, e fará livre
a casa de seu pai em Israel. 26 Então falou Davi aos homens
que se achavam perto dele, dizendo: Que se fará
ao homem que matar a esse filisteu, e tirar a afronta de sobre
Israel? Pois
quem é esse incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do
Deus vivo? 27 E o povo lhe repetiu aquela palavra, dizendo:
Assim se fará ao homem que o matar.
28 Eliabe, seu irmão mais velho, ouviu-o quando falava àqueles
homens; pelo que se acendeu a sua ira contra Davi, e disse:
Por que desceste aqui, e a quem deixaste aquelas poucas ovelhas no
deserto? Eu conheço a tua presunção, e a maldade do teu coração;
pois desceste para ver a peleja. 29 Respondeu Davi:
Que fiz eu agora? Porventura
não há razão para isso? 30 E virou-se dele para outro, e
repetiu as suas perguntas; e o povo lhe respondeu como da primeira
vez. 31 Então, ouvidas as palavras que Davi falara, foram elas
referidas a Saul, que mandou chamá-lo. 32 E Davi disse a Saul:
Não desfaleça o coração de ninguém por causa dele; teu servo
irá, e pelejará contra este filisteu. 33 Saul, porém, disse
a Davi: Não poderás ir contra esse filisteu
para pelejar com ele, pois tu ainda és moço, e ele homem de guerra
desde a sua mocidade. 34 Então disse Davi a Saul: Teu
servo apascentava as ovelhas de seu pai, e sempre que vinha um leão,
ou um urso, e tomava um cordeiro do rebanho, 35 eu saía após ele, e
o matava, e lho arrancava da boca; levantando-se ele contra mim,
segurava-o pela queixada, e o feria e matava. 36 O teu servo matava
tanto ao leão como ao urso; e este incircunciso filisteu será como
um deles, porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo. 37
Disse mais Davi: O Senhor, que me livrou das
garras do leão, e das garras do urso, me livrará da mão deste
filisteu. Então disse Saul a Davi: Vai,
e o Senhor seja contigo. 38 E vestiu a Davi da sua própria
armadura, pôs-lhe sobre a cabeça um capacete de bronze, e o vestiu
de uma couraça. 39 Davi cingiu a espada sobre a armadura e procurou
em vão andar, pois não estava acostumado àquilo. Então disse Davi
a Saul: Não posso andar com isto, pois não
estou acostumado. E Davi tirou aquilo de sobre si. 40 Então
tomou na mão o seu cajado, escolheu do ribeiro cinco seixos lisos e
pô-los no alforje de pastor que trazia, a saber, no surrão, e,
tomando na mão a sua funda, foi-se chegando ao filisteu. 41 O
filisteu também vinha se aproximando de Davi, tendo à sua frente o
seu escudeiro. 42 Quando o filisteu olhou e viu a Davi, desprezou-o,
porquanto era mancebo, ruivo, e de gentil aspecto. 43 Disse o
filisteu a Davi: Sou eu algum cão, para tu
vires a mim com paus? E o filisteu, pelos seus deuses,
amaldiçoou a Davi. 44 Disse mais o filisteu a Davi:
Vem a mim, e eu darei a tua carne às aves do céu e às bestas do
campo. 45 Davi, porém, lhe respondeu: Tu
vens a mim com espada, com lança e com escudo; mas eu venho a ti em
nome do Senhor dos exércitos, o Deus dos exércitos de Israel, a
quem tens afrontado. 46 Hoje mesmo o Senhor te entregará na minha
mão; ferir-te-ei, e tirar-te-ei a
cabeça; os cadáveres do arraial dos filisteus darei hoje mesmo às
aves do céu e às feras da terra; para que toda a terra saiba que há
Deus em Israel; 47 e para que toda esta assembleia
saiba que o Senhor salva, não com espada, nem com lança; pois do
Senhor é a batalha, e ele vos entregará em nossas mãos. 48
Quando o filisteu se levantou e veio chegando para se defrontar com
Davi, este se apressou e correu ao combate, a encontrar-se com o
filisteu. 49 E Davi, metendo a mão no alforje, tirou dali uma pedra
e com a funda lha atirou, ferindo o filisteu na testa; a pedra se lhe
cravou na testa, e ele caiu com o rosto em terra. 50 Assim Davi
prevaleceu contra o filisteu com uma funda e com uma pedra; feriu-o e
o matou; e não havia espada na mão de Davi. 51 Correu, pois, Davi,
pôs-se em pé sobre o filisteu e, tomando a espada dele e tirando-a
da bainha, o matou, decepando-lhe com ela a cabeça. Vendo então os
filisteus que o seu campeão estava morto, fugiram. 52 Então os
homens de Israel e de Judá se levantaram gritando, e perseguiram os
filisteus até a entrada de Gai e até as portas de Ecrom; e caíram
os feridos dos filisteus pelo caminho de Saraim até Gate e até
Ecrom. 53 Depois voltaram os filhos de Israel de perseguirem os
filisteus, e despojaram os seus arraiais. 54 Davi tomou a cabeça do
filisteu e a trouxe a Jerusalém; porém pôs as armas dele na sua
tenda. 55 Quando Saul viu Davi sair e encontrar-se com o filisteu,
perguntou a Abner, o chefe do exército: De
quem é filho esse jovem, Abner? Respondeu Abner: Vive
a tua alma, ó rei, que não sei. 56 Disse então o rei:
Pergunta, pois, de quem ele é filho. 57 Voltando, pois, Davi
de ferir o filisteu, Abner o tomou consigo, e o trouxe à presença
de Saul, trazendo Davi na mão a cabeça do filisteu. 58 E
perguntou-lhe Saul: De quem és filho, jovem?
Respondeu Davi: Filho de teu servo
Jessé, belemita.
1 Samuel 18
A
AMIZADE ENTRE DAVI E JÔNATAS
1
Ora, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas ligou-se com
a alma de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma. 2 E
desde aquele dia Saul o reteve, não lhe permitindo voltar para a
casa de seu pai. 3 Então Jônatas fez um pacto com Davi, porque o
amava como à sua própria vida. 4 E Jônatas se despojou da capa que
vestia, e a deu a Davi, como também a sua armadura, e até mesmo a
sua espada, o seu arco e o seu cinto. 5 E saía Davi aonde quer que
Saul o enviasse, e era sempre bem-sucedido; e Saul o pôs sobre a
gente de guerra, e isso pareceu bem aos olhos de todo o povo, e até
aos olhos dos servos de Saul. 6 Sucedeu porém que, retornando eles,
quando Davi voltava de ferir o filisteu, as mulheres de todas as
cidades de Israel saíram ao encontro do rei Saul, cantando e
dançando alegremente, com tamboris, e com instrumentos de música. 7
E as mulheres, dançando, cantavam umas para as outras, dizendo: Saul
feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares. 8
Então Saul se indignou muito, pois aquela palavra pareceu mal aos
seus olhos, e disse: Dez milhares atribuíram
a Davi, e a mim somente milhares; que lhe falta, senão só o reino?
9 Daquele dia em diante, Saul trazia Davi sob suspeita. 10 No dia
seguinte o espírito maligno da parte de Deus se apoderou de Saul,
que começou a profetizar no meio da casa; e Davi tocava a harpa,
como nos outros dias. Saul tinha na mão uma lança. 11 E Saul
arremessou a lança, dizendo consigo: Encravarei
a Davi na parede. Davi, porém, desviou-se dele por duas
vezes. 12 Saul, pois, temia a Davi, porque o Senhor era com Davi e se
tinha retirado dele. 13 Pelo que Saul o afastou de si, e o fez
comandante de mil; e ele saía e entrava diante do povo. 14 E Davi
era bem-sucedido em todos os seus caminhos; e o Senhor era com ele.
15 Vendo, então, Saul que ele era tão bem-sucedido, tinha receio
dele. 16 Mas todo o Israel e Judá amavam a Davi, porquanto saía e
entrava diante deles. 17 Pelo que Saul disse a Davi: Eis
que Merabe, minha filha mais velha, te darei por mulher, contanto que
me sejas filho valoroso, e guerreies as guerras do Senhor.
Pois Saul dizia consigo: Não seja contra
ele a minha mão, mas sim a dos filisteus. 18 Mas Davi
disse a Saul: Quem sou eu, e qual é a minha
vida e a família de meu pai em Israel, para eu vir a ser genro do
rei? 19 Sucedeu, porém, que ao tempo em que Merabe, filha de
Saul, devia ser dada a Davi, foi dada por mulher a Adriel, meolatita.
20 Mas Mical, a outra filha de Saul, amava a Davi; sendo isto
anunciado a Saul, pareceu bem aos seus olhos. 21 E Saul disse:
Eu lha darei, para que ela lhe sirva de laço, e para que a mão dos
filisteus venha a ser contra ele.
Pelo que Saul disse a Davi: Com
a outra serás hoje meu genro. 22 Saul, pois, deu ordem aos
seus servos: Falai em segredo a Davi, dizendo:
Eis que o rei se agrada de ti, e todos os seus servos te querem bem;
agora, pois, consente em ser genro do rei.
23 Assim os servos de Saul falaram todas estas palavras aos
ouvidos de Davi. Então disse Davi: Parece-vos
pouca coisa ser genro do rei, sendo eu homem pobre e de condição
humilde? 24 E os servos de Saul lhe anunciaram isto, dizendo:
Assim e assim falou Davi. 25 Então
disse Saul: Assim direis a Davi: O
rei não deseja dote, senão cem prepúcios de filisteus, para que
seja vingado dos seus inimigos. Porquanto Saul tentava
fazer Davi cair pela mão dos filisteus. 26 Tendo os servos de Saul
anunciado estas palavras a Davi, pareceu bem aos seus olhos tornar-se
genro do rei. Ora, ainda os dias não se haviam cumprido, 27 quando
Davi se levantou, partiu com os seus homens, e matou dentre os
filisteus duzentos homens; e Davi trouxe os prepúcios deles, e os
entregou, bem contados, ao rei, para que fosse seu genro. Então
Saul lhe deu por mulher sua filha Mical. 28 Mas quando Saul viu e
compreendeu que o Senhor era com Davi e que todo o Israel o amava, 29
temeu muito mais a Davi; e Saul se tornava cada vez mais seu inimigo.
30 Então saíram os chefes dos filisteus à campanha; e sempre que
eles saíam, Davi era mais bem-sucedido do que todos os servos de
Saul, pelo que o seu nome era mui estimado.
1 Samuel 19
JÔNATAS
INTERCEDE POR DAVI
1
Falou, pois, Saul a Jônatas, seu filho, e a todos os seus servos,
para que matassem a Davi. Porém Jônatas, filho de Saul, estava
muito afeiçoado a Davi. 2 Pelo que Jônatas o anunciou a Davi,
dizendo: Saul, meu pai, procura matar-te;
portanto, guarda-te amanhã pela manhã, fica num lugar oculto e
esconde-te; 3 eu sairei e me porei ao lado de meu pai no campo em que
estiveres; falarei acerca de ti a meu pai, verei o que há, e to
anunciarei. 4 Então Jônatas falou bem de Davi a Saul, seu
pai, e disse-lhe: Não peque o rei contra seu
servo Davi, porque ele não pecou contra ti, e porque os seus feitos
para contigo têm sido muito bons. 5 Porque expôs a sua vida e matou
o filisteu, e o Senhor fez um grande livramento para todo o Israel.
Tu mesmo o viste, e te alegraste; por que, pois, pecarias contra o
sangue inocente, matando sem causa a Davi? 6 E Saul deu
ouvidos à voz de Jônatas, e jurou: Como vive
o Senhor, Davi não morrerá.
7 Jônatas, pois, chamou a Davi, contou-lhe todas estas palavras, e o
levou a Saul; e Davi o assistia como dantes. 8 Depois tornou a haver
guerra; e saindo Davi, pelejou contra os filisteus, e os feriu com
grande matança, e eles fugiram diante dele. 9 Então o espírito
maligno da parte do Senhor veio sobre Saul, estando ele sentado em
sua casa, e tendo na mão a sua lança; e Davi estava tocando a
harpa. 10 E Saul procurou encravar a Davi na parede, porém ele se
desviou de diante de Saul, que fincou a lança na parede. Então Davi
fugiu, e escapou naquela mesma noite. 11 Mas Saul mandou mensageiros
à casa de Davi, para que o vigiassem, e o matassem pela manhã;
porém Mical, mulher de Davi, o avisou, dizendo: Se
não salvares a tua vida esta noite, amanhã te matarão. 12
Então Mical desceu Davi por uma janela, e ele se foi e, fugindo,
escapou. 13 Mical tomou uma estátua, deitou-a na cama, pôs-lhe à
cabeceira uma pele de cabra, e a cobriu com uma capa. 14 Quando Saul
enviou mensageiros para prenderem a Davi, ela disse:
Está doente. 15 Tornou Saul a enviá-los, para que vissem a
Davi, dizendo-lhes: Trazei-mo na cama, para que
eu o mate. 16 Vindo, pois, os mensageiros, eis que estava a
estátua na cama, e a pele de cabra à sua cabeceira. 17 Então
perguntou Saul a Mical: Por que assim me
enganaste, e deixaste o meu inimigo ir e escapar? Respondeu
Mical a Saul: Porque ele me disse: Deixa-me ir!
Por que hei de matar-te? 18 Assim Davi fugiu e escapou; e indo
ter com Samuel, em Ramá, contou-lhe tudo quanto Saul lhe fizera;
foram, pois, ele e Samuel, e ficaram em Naiote. 19 E foi dito a Saul:
Eis que Davi está em Naiote, em Ramá. 20 Então enviou Saul
mensageiros para prenderem a Davi; quando eles viram a congregação
de profetas profetizando, e Samuel a presidi-los, o Espírito de Deus
veio sobre os mensageiros de Saul, e também eles profetizaram. 21
Avisado disso, Saul enviou outros mensageiros, e também estes
profetizaram. Ainda terceira vez enviou Saul mensageiros, os quais
também profetizaram. 22 Então foi ele mesmo a Ramá e, chegando ao
poço grande que estava em Secu, perguntou:
Onde estão Samuel e Davi? Responderam-lhe: Eis
que estão em Naiote, em Ramá. 23 Foi, pois, para Naiote, em
Ramá; e o Espírito de Deus veio também sobre ele, e ele ia
caminhando e profetizando, até chegar a Naiote, em Ramá. 24 E
despindo as suas vestes, ele também profetizou diante de Samuel; e
esteve nu por terra todo aquele dia e toda aquela noite. Pelo que se
diz: Está também Saul entre os profetas?
1 Samuel 20
JÔNATAS
FAZ UM PACTO COM DAVI
1
Então fugiu Davi de Naiote, em Ramá, veio ter com Jônatas e lhe
disse: Que fiz eu? Qual
é a minha iniquidade?
E qual é o
meu pecado diante de teu pai, para que procure tirar-me a vida?
2 E ele lhe disse: Longe disso! Não
hás de morrer. Meu pai não faz coisa alguma, nem grande nem
pequena, sem que primeiro ma participe; por que, pois, meu pai me
encobriria este negócio? Não é
verdade. 3 Respondeu-lhe Davi, com juramento: Teu
pai bem sabe que achei graça aos teus olhos; pelo que disse: Não
saiba isto Jônatas, para que não se magoe. Mas, na verdade, como
vive o Senhor, e como vive a tua alma, há apenas um passo entre mim
e a morte. 4 Disse Jônatas a Davi: O
que desejas tu que eu te faça? 5 Respondeu Davi a Jônatas:
Eis que amanhã é a lua nova, e eu deveria sentar-me com o rei para
comer; porém deixa-me ir, e esconder-me-ei no campo até a tarde do
terceiro dia. 6 Se teu pai notar a minha ausência, dirás: Davi me
pediu muito que o deixasse ir correndo a Belém, sua cidade,
porquanto se faz lá o sacrifício anual para toda a parentela. 7 Se
ele disser: Está bem; então teu servo tem paz; porém se ele muito
se indignar, fica sabendo que ele já está resolvido a praticar o
mal. 8 Usa, pois, de misericórdia para com o teu servo, porque o
fizeste entrar contigo em aliança do Senhor; se, porém, há culpa
em mim, mata-me tu mesmo; por que me levarias a teu pai? 9 Ao
que respondeu Jônatas: Longe de ti tal coisa!
Se eu soubesse que meu pai estava resolvido a trazer o mal sobre ti,
não to descobriria eu? 10 Perguntou, pois, Davi a Jônatas:
Quem me fará saber, se por acaso teu pai te responder asperamente?
11 Então disse Jônatas a Davi: Vem, e
saiamos ao campo. E saíram ambos ao campo. 12 E disse Jônatas
a Davi: O Senhor, Deus de Israel, seja
testemunha! Sondando eu a meu pai amanhã a estas horas, ou depois de
amanhã, se houver coisa favorável para Davi, eu não enviarei a ti
e não to farei saber? 13 O Senhor faça assim a Jônatas, e outro
tanto, se, querendo meu pai fazer-te mal, eu não te fizer saber, e
não te deixar partir, para ires em paz; e o Senhor seja contigo,
assim como foi com meu pai. 14 E não somente usarás para comigo,
enquanto viver, da benevolência do Senhor, para que não morra, 15
como também não cortarás nunca da minha casa a tua benevolência,
nem ainda quando o Senhor tiver desarraigado da terra a cada um dos
inimigos de Davi. 16 Assim fez Jônatas aliança com a casa de
Davi, dizendo: O Senhor se vingue dos inimigos
de Davi. 17 Então Jônatas fez Davi jurar de novo, porquanto
o amava; porque o amava com todo o amor da sua alma. 18 Disse-lhe
ainda Jônatas: Amanhã é a lua nova, e
notar-se-á a tua ausência, pois o teu lugar estará vazio. 19 Ao
terceiro dia descerás apressadamente, e irás àquele lugar onde te
escondeste no dia do negócio, e te sentarás junto à pedra de Ezel.
20 E eu atirarei três flechas para aquela banda, como se atirasse ao
alvo. 21 Então mandarei o moço, dizendo:
Anda, busca as flechas. Se eu
expressamente disser ao moço: Olha
que as flechas estão para cá de ti, apanha-as;
então vem, porque, como vive o Senhor, há paz para
ti, e não há nada a temer. 22 Mas se eu disser ao moço assim:
Olha que as flechas estão para lá de ti;
vai-te embora, porque o Senhor te manda ir. 23 E quanto ao negócio
de que eu e tu falamos, o Senhor é testemunha entre mim e ti para
sempre. 24 Escondeu-se, pois, Davi no campo; e, sendo a lua
nova, sentou-se o rei para comer. 25 E, sentando-se o rei, como de
costume, no seu assento junto à parede, Jônatas sentou-se defronte
dele, e Abner sentou-se ao lado de Saul; e o lugar de Davi ficou
vazio. 26 Entretanto Saul não disse nada naquele dia, pois dizia
consigo: Aconteceu-lhe alguma coisa pela qual
não está limpo; certamente não está limpo. 27 Sucedeu
também no dia seguinte, o segundo da lua nova, que o lugar de Davi
ficou vazio. Perguntou, pois, Saul a Jônatas, seu filho: Por
que o filho de Jessé não veio comer nem ontem nem hoje? 28
Respondeu Jônatas a Saul: Davi pediu-me
encarecidamente licença para ir a Belém, 29 dizendo: Peço-te
que me deixes ir, porquanto a nossa parentela tem um sacrifício na
cidade, e meu irmão ordenou que eu fosse; se, pois, agora tenho
achado graça aos teus olhos, peço-te que me deixes ir, para ver a
meus irmãos. Por isso não veio à
mesa do rei. 30 Então se acendeu a ira de Saul contra
Jônatas, e ele lhe disse: Filho da perversa e
rebelde! Não sei eu que tens escolhido a filho de Jessé para
vergonha tua, e para vergonha de tua mãe? 31 Pois por todo o tempo
em que o filho de Jessé viver sobre a terra, nem tu estarás seguro,
nem o teu reino; pelo que envia agora, e traze-mo, porque ele há de
morrer. 32 Ao que respondeu Jônatas a Saul, seu pai, e lhe
disse: Por que há de morrer. Que
fez ele? 33 Então Saul levantou a lança, para o ferir; assim
entendeu Jônatas que seu pai tinha determinado matar a Davi. 34 Pelo
que Jônatas, todo encolerizado, se levantou da mesa, e no segundo
dia do mês não comeu; pois se magoava por causa de Davi, porque seu
pai o tinha ultrajado. 35 Jônatas, pois, saiu ao campo, pela manhã,
ao tempo que tinha ajustado com Davi, levando consigo um rapazinho.
36 Então disse ao moço: Corre a buscar as
flechas que eu atirar. Correu, pois, o moço; e Jônatas
atirou uma flecha, que fez passar além dele. 37 Quando o moço
chegou ao lugar onde estava a flecha que Jônatas atirara, gritou-lhe
este, dizendo: Não está porventura a flecha
para lá de ti? 38 E tornou a gritar ao moço:
Apressa-te, anda, não te demores! E o servo de Jônatas
apanhou as flechas, e as trouxe a seu senhor. 39 O moço, porém,
nada percebeu; só Jônatas e Davi sabiam do negócio. 40 Então
Jônatas deu as suas armas ao moço, e lhe disse: Vai,
leva-as à cidade. 41 Logo que o moço se foi, levantou-se
Davi da banda do sul, e lançou-se sobre o seu rosto em terra, e
inclinou-se três vezes; e beijaram-se um ao outro, e choraram ambos,
mas Davi chorou muito mais. 42 E disse Jônatas a Davi: Vai-te
em paz, porquanto nós temos jurado ambos em nome do Senhor, dizendo:
O Senhor seja entre mim e ti, e entre a minha descendência e a tua
descendência perpetuamente. 43 Então Davi se levantou e
partiu; e Jônatas entrou na cidade.
1 Samuel 21
DAVI
E O SACERDOTE AIMELEQUE
1
Então veio Davi a Nobe, ao sacerdote Aimeleque, o qual saiu,
tremendo, ao seu encontro, e lhe perguntou: Por
que vens só, e ninguém contigo? 2 Respondeu Davi ao
sacerdote Aimeleque: O rei me encomendou um
negócio, e me disse: Ninguém saiba deste negócio pelo qual eu te
enviei, e o qual te ordenei. Quanto aos mancebos, apontei-lhes tal e
tal lugar. 3 Agora, pois, que tens à mão? Dá-me cinco pães, ou o
que se achar. 4 Ao que, respondendo o sacerdote a Davi, disse:
Não tenho pão comum à mão; há, porém,
pão sagrado, se ao menos os mancebos se têm abstido das mulheres.
5 E respondeu Davi ao sacerdote, e lhe disse:
Sim, em boa fé, as mulheres se nos vedaram há três dias; quando eu
saí, os vasos dos mancebos também eram santos, embora fosse para
uma viagem comum; quanto mais ainda hoje não serão santos os seus
vasos? 6 Então o sacerdote lhe deu o pão sagrado; porquanto
não havia ali outro pão senão os pães da proposição, que se
haviam tirado de diante do Senhor no dia em que se tiravam para se
pôr ali pão quente. 7 Ora, achava-se ali naquele dia um dos servos
de Saul, detido perante o Senhor; e era seu nome Doegue, edomeu,
chefe dos pastores de Saul. 8 E disse Davi a Aimeleque:
Não tens aqui à mão uma lança ou uma espada? Porque
eu não trouxe comigo nem a minha espada nem as minhas armas, pois o
negócio do rei era urgente. 9 Respondeu o sacerdote: A
espada de Golias, o filisteu, a quem tu feriste no vale de Elá, está
aqui envolta num pano, detrás do éfode; se a queres tomar, toma-a,
porque não há outra aqui senão ela. E disse Davi:
Não há outra igual a essa; dá-ma. 10 Levantou-se, pois,
Davi e fugiu naquele dia de diante de Saul, e foi ter com Aquis, rei
de Gate. 11 Mas os servos de Aquis lhe perguntaram:
Este não é Davi, o rei da terra? Não
foi deste que cantavam nas danças, dizendo: Saul matou os seus
milhares, por Davi os seus dez milhares? 12
E Davi considerou estas palavras no seu coração, e teve muito medo
de Aquis,
rei de Gate. 13 Pelo que se contrafez diante dos olhos deles, e
fingiu-se doido nas mãos deles, garatujando nas portas, e deixando
correr a saliva pela barba. 14 Então disse Aquis aos seus
servos: Bem vedes que este homem está louco;
por que mo trouxestes a mim? 15 Faltam-me a mim doidos, para que
trouxésseis a este para fazer doidices diante de mim? Há
de entrar este na minha casa?
1 Samuel 22
DAVI
RETIRA-SE PARA A CAVERNA DE ADULÃO
E
VAI PARA MOABE
1
Depois Davi, retirando-se desse lugar, escapou para a caverna de
Adulão. Quando os seus irmãos e toda a casa de seu pai souberam
disso, desceram ali para ter com ele. 2 Ajuntaram-se a ele todos os
que se achavam em aperto, todos os endividados, e todos os
amargurados de espírito; e ele se fez chefe deles; havia com ele
cerca de quatrocentos homens. 3 Dali passou Davi para Mispá
de Moabe; e disse ao rei de Moabe: Deixa,
peço-te, que meu pai e minha mãe fiquem convosco, até que eu saiba
o que Deus há de fazer de mim. 4 E os deixou com o rei de
Moabe; e ficaram com ele por todo o tempo que Davi esteve no lugar
forte. 5 Disse o profeta Gade a Davi: Não
fiques no lugar forte; sai, e entra na terra de Judá. Então
Davi saiu, e foi para o bosque de Herete. 6 Ora, ouviu Saul que já
havia notícias de Davi e dos homens que estavam com ele. Estava Saul
em Gibeá, sentado debaixo da tamargueira, sobre o alto, e tinha na
mão a sua lança, e todos os seus servos estavam com ele. 7 Então
disse Saul a seus servos que estavam com ele: Ouvi,
agora, benjamitas! Acaso o filho de Jessé vos dará a todos vós
terras e vinhas, e far-vos-á a todos chefes de milhares e chefes de
centenas, 8 para que todos vós tenhais conspirado contra mim, e não
haja ninguém que me avise de ter meu filho, feito aliança com o
filho de Jessé, e não haja ninguém dentre vós que se doa de mim,
e me participe o ter meu filho sublevado meu servo contra mim, para
me armar ciladas, como se vê neste dia?
9 Então respondeu Doegue, o edomeu, que também estava com os servos
de Saul, e disse: Vi o filho de Jessé chegar a
Nobe, a Aimeleque, filho de Aitube; 10 o qual consultou por ele ao
Senhor, e lhe deu mantimento, e lhe deu também a espada de Golias, o
filisteu. 11 Então o rei mandou chamar a Aimeleque, o
sacerdote, filho de Aitube, e a toda a casa de seu pai, isto é, aos
sacerdotes que estavam em Nobe; e todos eles vierem ao rei. 12 E
disse Saul: Ouve, filho de Aitube! E ele
lhe disse: Eis-me aqui, senhor meu. 13
Então lhe perguntou Saul: Por que conspirastes
contra mim, tu e o filho de Jessé, pois deste lhe pão e espada, e
consultaste por ele a Deus, para que ele se levantasse contra mim a
armar-me ciladas, como se vê neste dia? 14 Ao que respondeu
Aimeleque ao rei dizendo: Quem há, entre todos
os teus servos, tão fiel como Davi, o genro do rei, chefe da tua
guarda, e honrado na tua casa? 15 Porventura é de hoje que comecei a
consultar por ele a Deus? Longe de mim tal coisa! Não impute o rei
coisa nenhuma a mim seu servo, nem a toda a casa de meu pai, pois o
teu servo não soube nada de tudo isso, nem
muito nem pouco. 16 O rei, porém, disse: Hás
de morrer, Aimeleque, tu e toda a casa de teu pai. 17 E disse
o rei aos da sua guarda que estavam com ele:
Virai-vos, e matai os sacerdotes do Senhor, porque também a mão
deles está com Davi, e porque sabiam que ele fugia e não mo fizeram
saber. Mas os servos do rei não quiseram estender as suas
mãos para arremeter contra os sacerdotes do Senhor. 18 Então disse
o rei a Doegue: Vira-te e arremete contra os
sacerdotes. Virou-se,
então, Doegue, o edomeu, e arremeteu contra os sacerdotes, e matou
naquele dia oitenta e cinco homens que vestiam éfode de linho. 19
Também a Nobe, cidade desses sacerdotes, passou a fio de espada;
homens e mulheres, meninos e criancinhas de peito, e até os bois,
jumentos e ovelhas passou a fio de espada. 20 Todavia um dos
filhos de Aimeleque, filho de Aitube, que se chamava Abiatar, escapou
e fugiu para Davi. 21 E Abiatar anunciou a Davi que Saul tinha matado
os sacerdotes do Senhor. 22 Então Davi disse a Abiatar: Bem
sabia eu naquele dia que, estando ali Doegue, o edomeu, não deixaria
de o denunciar a Saul. Eu sou a causa da morte de todos os da casa de
teu pai. 23 Fica comigo, não temas; porque quem procura a minha
morte também procura a tua; comigo estarás em segurança.
1 Samuel 23
DAVI
LIVRA A QUEILA
1
Ora, foi anunciado a Davi: Eis que os filisteus pelejam contra Queila
e saqueiam as eiras. 2 Pelo que consultou Davi ao Senhor, dizendo:
Irei eu, e ferirei a esses filisteus?
Respondeu o Senhor a Davi: Vai, fere aos
filisteus e salva a Queila. 3 Mas os homens de Davi lhe
disseram: Eis que tememos aqui em Judá, quanto
mais se formos a Queila, contra o exército dos filisteus! 4
Davi, pois, tornou a consultar ao Senhor, e o Senhor lhe respondeu:
Levanta-te, desce a Queila, porque eu hei de
entregar os filisteus na tua mão. 5 Então Davi partiu com os
seus homens para Queila, pelejou contra os filisteus, levou-lhes o
gado, e fez grande matança entre eles; assim Davi salvou os
moradores de Queila. 6 Ora, quando Abiatar, filho de Aimeleque, fugiu
para Davi, a Queila, desceu com um éfode na mão. 7 Então foi
anunciado a Saul que Davi tinha ido a Queila; e disse Saul: Deus o
entregou nas minhas mãos; pois está encerrado, porque entrou numa
cidade que tem portas e ferrolhos. 8 E convocou todo o povo à
peleja, para descerem a Queila, e cercar a Davi e os seus homens. 9
Sabendo, pois, Davi que Saul maquinava este mal contra ele, disse a
Abiatar, sacerdote: Traze aqui o éfode. 10
E disse Davi: Ó Senhor, Deus de Israel, teu
servo acaba de ouvir que Saul procura vir a Queila, para destruir a
cidade por causa de mim. 11 Entregar-me-ão os cidadãos de Queila na
mão dele? Descerá
Saul, como o teu servo tem ouvido? Ah, Senhor Deus de Israel! faze-o
saber ao teu servo. Respondeu o Senhor: Descerá.
12 Disse mais Davi: Entregar-me-ão os cidadãos
de Queila, a mim e aos meus homens, nas mãos de Saul? E
respondeu o Senhor: Entregarão. 13
Levantou-se, então, Davi com os seus homens, cerca de seiscentos, e
saíram de Queila, e foram-se aonde puderam. Saul, quando lhe foi
anunciado que Davi escapara de Queila, deixou de sair contra ela. 14
E Davi ficou no deserto, em lugares fortes, permanecendo na região
montanhosa no deserto de Zife. Saul o buscava todos os dias, porém
Deus não o entregou na sua mão. 15 Vendo, pois, Davi que Saul saíra
à busca da sua vida, esteve no deserto de Zife, em Hores. 16 Então
se levantou Jônatas, filho de Saul, e foi ter com Davi em Hores, e o
confortou em Deus; 17 e disse-lhe: Não temas;
porque não te achará a mão de Saul, meu pai; porém tu reinarás
sobre Israel, e eu serei contigo o segundo; o que também Saul, meu
pai, bem sabe. 18 E ambos fizeram aliança perante o Senhor;
Davi ficou em Hores, e Jônatas, voltou para sua casa. 19 Então
subiram os zifeus a Saul, a Gibeá, dizendo:
Não se escondeu Davi entre nós, nos lugares fortes em Hores, no
outeiro de Haquilá, que está à mão direita de Jesimom? 20 Agora,
pois, ó rei, desce apressadamente, conforme todo o desejo da tua
alma; a nós nos cumpre entregá-lo nas mãos
do rei. 21 Então disse Saul: Benditos
sejais vós do Senhor, porque vos compadecestes de mim. 22 Ide, pois,
informai-vos ainda melhor; sabei e notai o lugar que ele frequenta,
e quem o tenha visto ali; porque me foi dito que é muito astuto. 23
Pelo que atentai bem, e informai-vos acerca de todos os esconderijos
em que ele se oculta; e então voltai para mim com notícias exatas,
e eu irei convosco. E há de ser que, se estiver naquela terra, eu o
buscarei entre todos os milhares de Judá. 24 Eles, pois, se
levantaram e foram a Zife adiante de Saul; Davi, porém, e os seus
homens estavam no deserto de Maom, na campina ao sul de Jesimom. 25 E
Saul e os seus homens foram em busca dele. Sendo isso anunciado a
Davi, desceu ele à penha que está no deserto de Maom. Ouvindo-o
Saul, foi ao deserto de Maom, a perseguir Davi. 26 Saul ia de uma
banda do monte, e Davi e os seus homens da outra banda. E Davi se
apressava para escapar, por medo de Saul, porquanto Saul e os seus
homens iam cercando a Davi e aos seus homens, para os prender. 27
Nisso veio um mensageiro a Saul, dizendo:
Apressa-te, e vem, porque os filisteus acabam de invadir a terra.
28 Pelo que Saul voltou de perseguir a Davi, e se foi ao encontro dos
filisteus. Por esta razão aquele lugar se chamou Selá-Hamalecote
(Rochedo das divisões). 29 Depois disto, Davi subiu e ficou nos
lugares fortes de En-Gedi.
1 Samuel 24
DAVI
POUPA A VIDA DE SAUL
1
Ora, quando Saul voltou de perseguir os filisteus, foi-lhe dito: Eis
que Davi está no deserto de En-Gedi. 2 Então tomou Saul três mil
homens, escolhidos dentre todo o Israel, e foi em busca de Davi e dos
seus homens, até sobre as penhas das cabras montesas. 3 E chegou no
caminho a uns currais de ovelhas, onde havia uma caverna; e Saul
entrou nela para aliviar o ventre. Ora Davi e os seus homens estavam
sentados na parte interior da caverna. 4 Então os homens de Davi lhe
disseram: Eis aqui o dia do qual o Senhor te
disse: Eis que entrego o teu inimigo
nas tuas mãos; far-lhe-ás como parecer bem aos teus olhos.
Então Davi se levantou, e de mansinho cortou a orla do manto de
Saul. 5 Sucedeu, porém, que depois doeu o coração de Davi, por ter
cortado a orla do manto de Saul. 6 E disse aos seus homens: O
Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, ao ungido
do Senhor, que eu estenda a minha mão contra ele, pois é o ungido
do Senhor. 7 Com essas palavras Davi conteve os
seus homens, e não lhes
permitiu que se levantassem contra Saul. E Saul se levantou da
caverna, e prosseguiu o seu caminho. 8 Depois também Davi se
levantou e, saindo da caverna, gritou por detrás de Saul, dizendo: Ó
rei, meu senhor! Quando Saul olhou para trás, Davi se
inclinou com o rosto em terra e lhe fez reverência. 9 Então disse
Davi a Saul: Por
que dás ouvidos às palavras dos homens que dizem: Davi procura
fazer-te mal? 10 Eis que os teus olhos acabam de ver que o Senhor
hoje te pôs em minhas mãos nesta caverna; e alguns disseram que eu
te matasse, porém a minha mão te poupou; pois eu disse: Não
estenderei a minha mão contra o meu senhor, porque é o ungido do
Senhor. 11 Olha, meu pai, vê aqui a orla do teu manto na minha mão,
pois cortando-te eu a orla do manto, não te matei. Considera e vê
que não há na minha mão nem mal nem transgressão alguma, e que
não pequei contra ti, ainda que tu andes à caça da minha vida para
ma tirares. 12 Julgue o Senhor entre mim e ti, e vingue-me o Senhor
de ti; a minha mão, porém, não será contra ti. 13 Como diz o
provérbio dos antigos: Dos ímpios procede a impiedade. A minha mão,
porém, não será contra ti. 14 Após quem saiu o rei de Israel? A
quem persegues tu? A um cão morto, a
uma pulga! 15 Seja, pois, o Senhor juiz, e julgue entre mim e ti; e
veja, e advogue a minha causa, e me livre da tua mão. 16
Acabando Davi de falar a Saul todas estas palavras, perguntou Saul: E
esta a tua voz, meu filho Davi? Então Saul levantou a voz e
chorou. 17 E disse a Davi: Tu és mais justo do
que eu, pois me recompensaste com bem, e
eu te recompensei com mal. 18 E tu mostraste hoje que procedeste bem
para comigo, por isso que, havendo-me o Senhor entregado na tua mão,
não me mataste. 19 Pois, quem há que, encontrando o seu inimigo, o
deixará ir o seu caminho? O Senhor, pois, te pague com bem, pelo que
hoje me fizeste. 20 Agora, pois, sei
que certamente hás de reinar, e que o reino de Israel há de se
firmar na tua mão. 21 Portanto
jura-me pelo Senhor que não desarraigarás a minha descendência
depois de mim, nem extinguirás o meu nome da casa de meu pai.
22 Então jurou Davi a Saul. E foi Saul para sua casa, mas Davi e os
seus homens subiram ao lugar forte.
1 Samuel 25
NABAL
E ABIGAIL
1
Ora, faleceu Samuel; e todo o Israel se ajuntou e o pranteou; e o
sepultaram na sua casa, em Ramá. E Davi se levantou e desceu ao
deserto de Parã. 2 Havia um homem em Maom que tinha as suas
possessões no Carmelo. Este homem era muito rico, pois tinha três
mil ovelhas e mil Cabras e estava tosquiando as suas ovelhas no
Carmelo. 3 Chamava-se o homem Nabal, e sua mulher chamava-se Abigail;
era a mulher sensata e formosa; o homem porém, era duro, e maligno
nas suas ações; e era da casa de Calebe. 4 Ouviu Davi no deserto
que Nabal tosquiava as suas ovelhas, 5 e enviou-lhe dez mancebos,
dizendo-lhes: Subi ao Carmelo, ide a Nabal e
perguntai-lhe, em meu nome, como está. 6 Assim lhe direis:
Paz seja contigo, e com a tua casa, e com tudo o que tens. 7 Agora,
pois, tenho ouvido que tens tosquiadores. Ora, os pastores que tens
acabam de estar conosco; agravo nenhum lhes fizemos, nem lhes
desapareceu coisa alguma por todo o tempo que estiveram no Carmelo. 8
Pergunta-o aos teus mancebos, e eles to dirão. Que achem, portanto,
os teus servos graça aos teus olhos, porque viemos em boa ocasião.
Dá, pois, a teus servos e a Davi, teu filho, o que achares à mão.
9 Chegando, pois, os mancebos de Davi, falaram a Nabal todas aquelas
palavras em nome de Davi, e se calaram. 10 Ao que Nabal respondeu aos
servos de Davi, e disse: Quem é Davi, e quem o
filho de Jessé? Muitos servos há que hoje fogem ao seu senhor. 11
Tomaria eu, pois, o meu pão, e a minha água, e a carne das minhas
reses que degolei para os meus tosquiadores, e os daria a homens que
não sei donde vêm? 12 Então os mancebos de Davi se puseram
a caminho e, voltando, vieram anunciar-lhe todas estas palavras. 13
Pelo que disse Davi aos seus homens: Cada um
cinja a sua espada. E cada um cingiu a sua espada, e Davi
também cingiu a sua, e subiram após Davi cerca de quatrocentos
homens, e duzentos ficaram com a bagagem. 14 Um dentre os mancebos,
porém, o anunciou a Abigail, mulher de Nabal, dizendo: Eis
que Davi enviou mensageiros desde o deserto a saudar o nosso amo; e
ele os destratou. 15 Todavia, aqueles homens têm-nos sido muito
bons, e nunca fomos agravados deles, e nada nos desapareceu por todo
o tempo em que convivemos com eles quando estávamos no campo. 16 De
muro em redor nos serviram, assim de dia como de noite, todos os dias
que andamos com eles apascentando as ovelhas. 17 Considera, pois,
agora e vê o que hás de fazer, porque o mal já está de todo
determinado contra o nosso amo e contra toda a sua casa; e ele é tal
filho de Belial, que não há quem lhe possa falar. 18 Então
Abigail se apressou, e tomou duzentos pães, dois odres de vinho,
cinco ovelhas assadas, cinco medidas de trigo tostado, cem cachos de
passas, e duzentas pastas de figos secos, e os pôs sobre jumentos.
19 E disse aos seus mancebos: Ide adiante de
mim; eis que vos seguirei de perto. Porém não o declarou a
Nabal, seu marido. 20 E quando ela, montada num jumento, ia descendo
pelo encoberto do monte, eis que Davi e os seus homens lhe vinham ao
encontro; e ela se encontrou com eles. 21 Ora, Davi tinha dito: Na
verdade que em vão tenho guardado tudo quanto este tem no deserto,
de sorte que nada lhe faltou de tudo quanto lhe pertencia; e ele me
pagou mal por bem. 22 Assim faça Deus a Davi, e outro
tanto, se eu deixar até o amanhecer, de tudo o que pertence a Nabal,
um só varão. 23 Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se,
desceu do jumento e prostrou-se sobre o seu rosto diante de Davi,
inclinando-se à terra, 24 e, prostrada a seus pés, lhe disse:
Ah, senhor meu, minha seja a iniquidade!
Deixa a tua serva falar aos teus ouvidos, e ouve as palavras da tua
serva. 25 Rogo-te, meu senhor, que não faças caso deste homem de
Belial, a saber, Nabal; porque tal é ele qual é o seu nome. Nabal é
o seu nome, e a loucura está com ele; mas eu, tua serva, não vi os
mancebos de meu senhor, que enviaste. 26 Agora, pois, meu senhor,
vive o Senhor, e vive a tua alma, porquanto o Senhor te impediu de
derramares sangue, e de te vingares com a tua própria mão, sejam
agora como Nabal os teus inimigos e os que procuram fazer o mal
contra o meu senhor. 27 Aceita agora este presente que a tua serva
trouxe a meu senhor; seja ele dado aos mancebos
que seguem ao meu senhor. 28 Perdoa, pois, a transgressão da tua
serva; porque certamente fará o Senhor casa firme a meu senhor, pois
meu senhor guerreia as guerras do Senhor; e não se achará mal em ti
por todos os teus dias. 29 Se alguém se levantar para te perseguir,
e para buscar a tua vida, então a vida de meu senhor será atada no
feixe dos que vivem com o Senhor teu Deus; porém a vida de teus
inimigos ele arrojará ao longe, como do côncavo de uma funda. 30
Quando o Senhor tiver feito para com o meu senhor conforme todo o bem
que já tem dito de ti, e te houver estabelecido por príncipe sobre
Israel, 31 então, meu senhor, não terás no coração esta tristeza
nem este remorso de teres derramado sangue sem causa, ou de haver-se
vingado o meu senhor a si mesmo. E quando o Senhor fizer bem a meu
senhor, lembra-te então da tua serva. 32 Ao que Davi disse a
Abigail: Bendito seja o Senhor Deus de Israel,
que hoje te enviou ao meu encontro! 33 E bendito seja o teu conselho,
e bendita sejas tu, que hoje me impediste de derramar sangue, e de
vingar-me pela minha própria mão! 34 Pois, na verdade, vive o
Senhor Deus de Israel que me impediu de te fazer mal, que se tu não
te apressaras e não me vieras ao encontro, não teria ficado a Nabal
até a luz da manhã nem mesmo um menino. 35 Então Davi
aceitou da mão dela o que lhe tinha trazido, e lhe disse:
Sobe em paz à tua casa; vê que dei ouvidos à tua voz, e aceitei a
tua face. 36 Ora, quando Abigail voltou para Nabal, eis que
ele fazia em sua casa um banquete, como banquete de rei; e o coração
de Nabal estava alegre, pois ele estava muito embriagado; pelo que
ela não lhe deu a entender nada daquilo, nem pouco nem muito, até a
luz da manhã. 37 Sucedeu, pois, que, pela manhã, estando Nabal já
livre do vinho, sua mulher lhe contou essas coisas; de modo que o seu
coração desfaleceu, e ele ficou como uma pedra.
38 Passados uns dez dias, o Senhor feriu
a Nabal, e ele morreu. 39 Quando Davi ouviu que Nabal morrera,
disse: Bendito seja o Senhor, que me vingou da
afronta que recebi de Nabal, e deteve do mal a seu servo, fazendo
cair a maldade de Nabal sobre a sua cabeça. Depois mandou
Davi falar a Abigail, para tomá-la por mulher. 40 Vindo, pois, os
servos de Davi a Abigail, no Carmelo, lhe falaram, dizendo:
Davi nos mandou a ti, para te tomarmos por sua mulher. 41 Ao
que ela se levantou, e se inclinou com o rosto em terra, e disse:
Eis que a tua serva servirá de criada para lavar os pés dos servos
de meu senhor. 42 Então Abigail se apressou e, levantando-se,
montou num jumento, e levando as cinco moças que lhe assistiam,
seguiu os mensageiros de Davi, que a recebeu por mulher. 43 Davi
tomou também a Ainoã de Jizreel; e ambas foram suas mulheres. 44
Pois Saul tinha dado sua filha Mical, mulher de Davi, a Palti, filho
de Laís, o qual era de Galim.
1 Samuel 26
DAVI
POUPA A VIDA DE SAUL NOVAMENTE
1
Ora, vieram os zifeus a Saul, a Gibeá, dizendo: Não
está Davi se escondendo no outeiro de Haquilá, defronte de Jesimom?
2 Então Saul se levantou, e desceu ao deserto de Zife, levando
consigo três mil homens escolhidos de Israel, para buscar a Davi no
deserto de Zife. 3 E acampou-se Saul no outeiro de Haquilá, defronte
de Jesimom, junto ao caminho; porém Davi ficou no deserto, e
percebendo que Saul vinha após ele ao deserto, 4 enviou espias, e
certificou-se de que Saul tinha chegado. 5 Então Davi levantou-se e
foi ao lugar onde Saul se tinha acampado; viu Davi o lugar onde se
deitavam Saul e Abner, filho de Ner, chefe do seu exército. E Saul
estava deitado dentro do acampamento, e o povo estava acampado ao
redor dele. 6 Então Davi, dirigindo-se a Aimeleque, o heteu, e a
Abisai, filho de Zeruia, irmão de Joabe, perguntou: Quem
descerá comigo a Saul, ao arraial? Respondeu Abisai:
Eu descerei contigo. 7 Foram, pois, Davi e Abisai de noite ao
povo; e eis que Saul estava deitado, dormindo dentro do acampamento,
e a sua lança estava pregada na terra à sua cabeceira; e Abner e o
povo estavam deitados ao redor dele. 8 Então disse Abisai a Davi:
Deus te entregou hoje nas mãos o teu inimigo;
deixa-me, pois, agora encravá-lo na terra, com a lança, de um só
golpe; não o ferirei segunda vez. 9 Mas Davi respondeu a
Abisai: Não o mates; pois quem pode estender a
mão contra o ungido do Senhor, e ficar inocente? 10 Disse
mais Davi: Como vive o Senhor, ou o Senhor o
ferirá, ou chegará o seu dia e morrerá, ou descerá para a batalha
e perecerá; 11 o Senhor, porém, me guarde de que eu estenda a mão
contra o ungido do Senhor. Agora, pois, toma a lança que está à
sua cabeceira, e a bilha d'água, e vamo-nos. 12 Tomou, pois,
Davi a lança e a bilha d'água da cabeceira de Saul, e eles se
foram. Ninguém houve que o visse, nem que o soubesse, nem que
acordasse; porque todos estavam dormindo, pois
da parte do Senhor havia caído sobre eles um profundo sono.
13 Então Davi, passando à outra banda, pôs-se no cume do monte, ao
longe, de maneira que havia grande distância entre eles. 14 E Davi
bradou ao povo, e a Abner, filho de Ner, dizendo: Não
responderás, Abner? Então Abner respondeu e disse:
Quem és tu, que bradas ao rei? 15 Ao que disse Davi a Abner:
Não és tu um homem? E
quem há em Israel como tu? Por que, então, não guardaste o rei,
teu senhor? Porque
um do povo veio para destruir o rei, teu senhor. 16 Não é bom isso
que fizeste. Vive o Senhor, que sois dignos de morte, porque não
guardastes a vosso senhor, o ungido do Senhor. Vede, pois, agora onde
está a lança do rei, e a bilha d'água que estava à sua cabeceira.
17 Saul reconheceu a voz de Davi, e disse: Não
é esta a tua voz, meu filho Davi? Respondeu Davi:
É minha
voz, ó rei, meu senhor. 18 Disse mais: Por
que o meu senhor persegue tanto o seu servo? Que
fiz eu? E
que maldade se acha na minha mão? 19 Ouve pois agora, ó rei, meu
senhor, as palavras de teu servo: Se é o Senhor quem te incita
contra mim, receba ele uma oferta; se, porém, são os filhos dos
homens, malditos sejam perante o Senhor, pois eles me expulsaram hoje
para que eu não tenha parte na herança do Senhor, dizendo: Vai,
serve a outros deuses. 20 Agora, pois, não caia o meu sangue em
terra fora da presença do Senhor; pois saiu o rei de Israel em busca
duma pulga, como quem persegue uma perdiz nos montes. 21 Então
disse Saul: Pequei; volta, meu filho Davi, pois
não tornarei a fazer-te mal, porque a minha vida foi hoje preciosa
aos teus olhos. Eis que procedi como um louco, e errei
grandissimamente. 22 Davi então respondeu, e disse:
Eis aqui a lança, ó rei! Venha
cá um os mancebos, e leve-a. 23 O Senhor, porém, pague a cada um a
sua justiça e a sua lealdade; pois o Senhor te entregou hoje na
minha mão, mas eu não quis estender a mão contra o ungido do
Senhor. 24 E assim como foi a tua vida hoje preciosa aos meus olhos,
seja a minha vida preciosa aos olhos do Senhor, e livre-me ele de
toda a tribulação. 25 Então Saul disse a Davi:
Bendito sejas tu, meu filho Davi, pois grandes coisas farás e também
certamente prevalecerás. Então Davi se foi o seu caminho e
Saul voltou para o seu lugar.
1 Samuel 27
DAVI
COM AQUIS, REI DE GATE
1
Disse, porém, Davi no seu coração: Ora,
perecerei ainda algum dia pela mão de Saul; não há coisa melhor
para mim do que escapar para a terra dos filisteus, para que Saul
perca a esperança de mim, e cesse de me buscar por todos os termos
de Israel; assim escaparei da sua mão. 2 Então Davi se
levantou e passou, com os seiscentos homens que com ele estavam, para
Aquis, filho de Maoque, rei de Gate. 3 E Davi ficou com Aquis em
Gate, ele e os seus homens, cada um com a sua família, e Davi com as
suas duas mulheres, Ainoã, a jizreelita, e Abigail, que fora mulher
de Nabal, o carmelita. 4 Ora, sendo Saul avisado de que Davi tinha
fugido para Gate, não cuidou mais de buscá-lo. 5 Disse Davi a
Aquis: Se eu tenho achado graça aos teus
olhos, que se me dê lugar numa das cidades do país, para que eu ali
habite; pois, por que haveria o teu servo de habitar contigo na
cidade real? 6 Então lhe deu Aquis
naquele dia a cidade de Ziclague; pelo que Ziclague pertence aos reis
de Judá, até o dia de hoje. 7 E o número dos dias que Davi
habitou na terra dos filisteus foi de um ano e quatro meses. 8 Ora,
Davi e os seus homens subiam e davam sobre os gesuritas, e os
gersitas, e os amalequitas; pois, desde tempos remotos, eram estes os
moradores da terra que se estende na direção de Sur até a terra do
Egito. 9 E Davi feria aquela terra, não deixando com vida nem homem
nem mulher; e, tomando ovelhas, bois, jumentos, camelos e vestuários,
voltava, e vinha a Aquis. 10 E quando Aquis perguntava: Sobre
que parte fizestes incursão hoje? Davi respondia: Sobre
o Negebe de Judá; ou: Sobre o Negebe dos jerameelitas;
ou: Sobre o Negebe dos queneus.
11 E Davi não deixava com vida nem homem nem mulher para trazê-los
a Gate, pois dizia: Para que porventura não
nos denunciem, dizendo: Assim fez Davi. E este era o seu
costume por todos os dias que habitou na terra dos filisteus. 12
Aquis, pois, confiava em Davi, dizendo: Fez-se
ele por certo aborrecível para com o seu povo em Israel; pelo que me
será por servo para sempre.
1 Samuel 28
SAUL
CONSULTA UMA NECROMANTE
1
Naqueles dias ajuntaram os filisteus os seus exércitos para a
guerra, para pelejarem contra Israel. Disse Aquis a Davi: Sabe de
certo que sairás comigo ao arraial, tu e os teus homens. 2 Respondeu
Davi a Aquis: Assim saberás o que o teu servo
há de fazer. E disse Aquis a Davi: Por
isso te farei para sempre guarda da minha pessoa. 3 Ora,
Samuel já havia morrido, e todo o Israel o tinha chorado, e o tinha
sepultado e em Ramá, que era a sua cidade. E Saul tinha desterrado
es necromantes e os adivinhos. 4 Ajuntando-se, pois, os filisteus,
vieram acampar-se em Suném; Saul ajuntou também todo o Israel, e se
acamparam em Gilboa. 5 Vendo Saul o arraial dos filisteus, temeu e
estremeceu muito o seu coração. 6 Pelo que consultou Saul ao
Senhor, porém o Senhor não lhe respondeu, nem por sonhos, nem por
Urim, nem por profetas. 7 Então disse Saul aos seus servos:
Buscai-me uma necromante, para que eu vá a
ela e a consulte. Disseram-lhe os seus servos: Eis
que em En-Dor há uma mulher que é necromante. 8 Então Saul
se disfarçou, vestindo outros trajes; e foi ele com dois homens, e
chegaram de noite à casa da mulher. Disse-lhe Saul: Peço-te
que me adivinhes pela necromancia, e me faças subir aquele que eu te
disser. 9 A mulher lhe respondeu: Tu bem
sabes o que Saul fez, como exterminou da terra os necromantes e os
adivinhos; por que, então, me armas um laço à minha vida, para me
fazeres morrer? 10 Saul, porém, lhe jurou pelo Senhor,
dizendo: Como vive o Senhor, nenhum castigo te
sobrevirá por isso. 11 A mulher então lhe perguntou: Quem
te farei subir? Respondeu ele: Faze-me
subir Samuel. 12 Vendo, pois, a mulher a Samuel, gritou em
alta voz, e falou a Saul, dizendo: Por que
me enganaste? Pois
tu mesmo és Saul. 13 Ao que
o rei lhe disse: Não temas; que é que vês?
Então a mulher respondeu a Saul: Vejo um deus
que vem subindo de dentro da terra. 14 Perguntou-lhe ele: Como
é a sua figura? E disse ela: Vem
subindo um ancião, e está envolto numa capa. Entendendo Saul
que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra, e lhe fez
reverência. 15 Samuel disse a Saul: Por que
me inquietaste, fazendo-me subir? Então disse Saul: Estou
muito angustiado, porque os filisteus guerreiam contra mim, e Deus se
tem desviado de mim, e já não me responde, nem por intermédio dos
profetas nem por sonhos; por isso te chamei, para que me faças saber
o que hei de fazer. 16 Então disse Samuel: Por
que, pois, me perguntas a mim, visto que o Senhor se tem desviado de
ti, e se tem feito teu inimigo? 17 O Senhor te fez como por meu
intermédio te disse; pois o Senhor rasgou o reino da tua mão, e o
deu ao teu próximo, a Davi. 18 Porquanto não deste ouvidos à voz
do Senhor, e não executaste e furor da sua ira contra Amaleque, por
isso o Senhor te fez hoje isto. 19 E o Senhor entregará também a
Israel contigo na mão dos filisteus. Amanhã tu e teus filhos
estareis comigo, e o Senhor entregará o arraial de Israel na mão
dos filisteus. 20 Imediatamente Saul caiu estendido por
terra, tomado de grande medo por causa das palavras de Samuel; e não
houve força nele, porque nada havia comido todo aquele dia e toda
aquela noite. 21 Então a mulher se aproximou de Saul e, vendo que
estava tão perturbado, disse-lhe: Eis que a
tua serva deu ouvidos à tua voz; pus a minha vida na minha mão,
dando ouvidos às palavras que disseste. 22 Agora, pois, ouve também
tu as palavras da tua serva, e permite que eu ponha um bocado de pão
diante de ti; come, para que tenhas forças quando te puseres a
caminho. 23 Ele, porém, recusou, dizendo:
Não comerei. Mas os seus servos e a mulher o constrangeram, e
ele deu ouvidos à sua voz; e levantando-se do chão, sentou-se na
cama. 24 Ora, a mulher tinha em casa um bezerro cevado; apressou-se,
pois, e o degolou; também tomou farinha, e a amassou, e a cozeu em
bolos ázimos. 25 Então pôs tudo diante de Saul e de seus servos; e
eles comeram. Depois levantaram-se e partiram naquela mesma noite.
Comentário
O
espírito de engano usou a necromante para fazê-lo acreditar que era
o espírito de Saul, por isso ele creu na profecia maligna e teve o
seu fim. (R. S. Chaves)
1 Samuel 29
OS
FILISTEUS DESCONFIAM DE DAVI
1
Os filisteus ajuntaram todos os seus exércitos em Afeque; e
acamparam-se os israelitas junto à fonte que está em Jizreel. 2
Então os chefes dos filisteus se adiantaram com centenas e com
milhares; e Davi e os seus homens iam com Aquis na retaguarda. 3
Perguntaram os chefes dos filisteus: Que
fazem aqui estes hebreus? Respondeu Aquis aos chefes dos
filisteus: Não é este Davi, o servo de Saul,
rei de Israel, que tem estado comigo alguns dias ou anos? E
nenhuma culpa tenho achado nele desde o dia em que se revoltou, até
o dia de hoje. 4 Mas os chefes dos filisteus muito se
indignaram contra ele, e disseram a Aquis: Faze
voltar este homem para que torne ao lugar em que o puseste; não
desça ele conosco à batalha, a fim de que não se torne nosso
adversário no combate; pois, como se tornaria este agradável a seu
senhor? Porventura
não seria com as cabeças destes homens? 5 Este não é aquele Davi,
a respeito de quem cantavam nas danças: Saul
feriu os seus milhares, mas Davi os seus dez milhares? 6
Então Aquis chamou a Davi e disse-lhe: Como
vive o Senhor, tu és reto, e a sua entrada e saída comigo no
arraial é boa aos meus olhos, pois nenhum mal tenho achado em ti,
desde o dia em que vieste ter comigo, até o dia de hoje; porém aos
chefes não agradas. 7 Volta, pois, agora, e vai em paz, para não
desagradares os chefes dos filisteus. 8 Ao que Davi disse a
Aquis: Por quê? Que
fiz eu? Ou,
que achaste no teu servo, desde o dia em que vim ter contigo, até o
dia de hoje, para que eu não vá pelejar contra es inimigos do rei
meu senhor? 9 Respondeu, porém, Aquis e disse a Davi:
Bem o sei; e, na verdade, aos meus olhos és bom como um anjo de
Deus; contudo os chefes dos filisteus disseram: Este
não há de subir conosco à batalha.
10 Levanta-te, pois, amanhã de madrugada, tu e os servos de teu
senhor que vieram contigo; e, tendo vos levantado de madrugada, parti
logo que haja luz. 11 Madrugaram, pois, Davi e os seus homens,
a fim de partirem, pela manhã, e voltarem à terra dos filisteus; e
os filisteus subiram a Jizreel.
1 Samuel 30
O
ZICLAGUE É SAQUEADA PELOS AMALEQUITAS
1
Sucedeu, pois, que, chegando Davi e os seus homens ao terceiro dia a
Ziclague, os amalequitas tinham feito uma incursão sobre o Negebe, e
sobre Ziclague, e tinham ferido a Ziclague e a tinham queimado a
fogo; 2 e tinham levado cativas as mulheres, e todos os que estavam
nela, tanto pequenos como grandes; a ninguém, porém, mataram,
tão-somente os levaram consigo, e foram o seu caminho. 3 Quando Davi
e os seus homens chegaram à cidade, eis que estava queimada a fogo,
e suas mulheres, seus filhos e suas filhas tinham sido levados
cativos. 4 Então Davi e o povo que se achava com ele alçaram a sua
voz, e choraram, até que não ouve neles mais forças para chorar. 5
Também as duas mulheres de Davi foram levadas cativas: Ainoã, a
jizreelita, e Abigail, que fora mulher de Nabal, o carmelita. 6
Também Davi se angustiou; pois o povo falava em apedrejá-lo,
porquanto a alma de todo o povo estava amargurada por causa de seus
filhos e de suas filhas. Mas Davi se fortaleceu no Senhor seu Deus. 7
Disse Davi a Abiatar, o sacerdote, filho de Aimeleque: Traze-me
aqui o éfode. E Abiatar trouxe o éfode a Davi. 8 Então
consultou Davi ao Senhor, dizendo: Perseguirei
eu a esta tropa? Alcançá-la-ei?
Respondeu-lhe o Senhor: Persegue-a; porque de
certo a alcançarás e tudo recobrarás. 9 Ao que partiu Davi,
ele e os seiscentos homens que com ele se achavam, e chegaram ao
ribeiro de Besor, onde pararam os que tinham ficado para trás. 10
Mas Davi ainda os perseguia, com quatrocentos homens, enquanto que
duzentos ficaram atrás, por não poderem, de cansados que estavam,
passar o ribeiro de Besor. 11 Ora, acharam no campo um egípcio, e o
trouxeram a Davi; deram-lhe pão a comer, e água a beber; 12
deram-lhe também um pedaço de massa de figos secos e dois cachos de
passas. Tendo ele comido, voltou-lhe o ânimo; pois havia três dias
e três noites que não tinha comido pão nem bebido água. 13 Então
Davi lhe perguntou: De quem és tu, e donde
vens? Respondeu ele: Sou um moço
egípcio, servo dum amalequita; e o meu senhor me abandonou, porque
adoeci há três dias. 14 Nós fizemos uma incursão sobre o Negebe
dos queretitas, sobre o de Judá e sobre o de Calebe, e pusemos fogo
a Ziclague. 15 Perguntou-lhe Davi: Poderias
descer e guiar-me a essa tropa? Respondeu ele: Jura-me
tu por Deus que não me matarás, nem me entregarás na mão de meu
senhor, e eu descerei e te guiarei a essa tropa. 16 Desceu,
pois, e o guiou; e eis que eles estavam espalhados sobre a face de
toda a terra, comendo, bebendo e dançando, por causa de todo aquele
grande despojo que haviam tomado da terra dos filisteus e a terra de
Judá. 17 Então Davi os feriu, desde o crepúsculo até a tarde do
dia seguinte, e nenhum deles escapou, senão só quatrocentos
mancebos que, montados sobre camelos, fugiram. 18 Assim recobrou Davi
tudo quanto os amalequitas haviam tomado; também libertou as suas
duas mulheres. 19 De modo que não lhes faltou coisa alguma, nem
pequena nem grande, nem filhos nem filhas, nem qualquer coisa de tudo
quanto os amalequitas lhes haviam tomado; tudo Davi tornou a trazer.
20 Davi lhes tomou também todos os seus rebanhos e manadas; e o povo
os levava adiante do outro gado, e dizia: Este
é o despojo de Davi. 21 Quando Davi chegou aos duzentos
homens que, de cansados que estavam, não tinham podido segui-los, e
que foram obrigados a ficar ao pé do ribeiro de Besor, estes saíram
ao encontro de Davi e do povo que com ele vinha; e Davi,
aproximando-se deles, os saudou em paz. 22 Então todos os malvados e
perversos, dentre os homens que tinham ido com Davi, disseram: Visto
que não foram conosco, nada lhes daremos do despojo que recobramos,
senão a cada um sua mulher e seus filhos, para que os levem e se
retirem. 23 Mas Davi disse: Não fareis
assim, irmãos meus, com o que nos deu o Senhor, que nos guardou e
entregou nas nossas mãos a tropa que vinha contra nós. 24 E quem
vos daria ouvidos nisso? Pois
qual é a parte dos que desceram à batalha, tal será também a
parte dos que ficaram com a bagagem; receberão partes. 25 E
assim foi daquele dia em diante, ficando estabelecido por estatuto e
direito em Israel até o dia de hoje. 26 Quando Davi chegou a
Ziclague, enviou do despojo presente aos anciãos de Judá, seus
amigos, dizendo: Eis aí para vós um presente
do despojo dos inimigos do Senhor; 27 aos de Betel, aos de
Ramote do Sul, e aos de Jatir; 28 aos de Aroer, aos de Sifmote, e aos
de Estemoa; 29 aos de Racal, aos das cidades dos jerameelitas, e aos
das cidades dos queneus; 30 aos de Hormá, aos de Corasã, e aos de
Atace; 31 e aos de Hebrom, e aos de todos os lugares que Davi e os
seus homens costumavam frequentar.
1 Samuel 31
A
MORTE DE SAUL
1
Ora, os filisteus pelejaram contra Israel; e os homens de Israel
fugiram de diante dos filisteus, e caíram mortos no monte Gilboa. 2
E os filisteus apertaram com Saul e seus filhos, e mataram a Jônatas,
a Abinadabe e a Malquisua, filhos de Saul. 3 A peleja se agravou
contra Saul, e os flecheiros o alcançaram, e o feriram gravemente. 4
Pelo que disse Saul ao seu escudeiro: Arranca a
tua espada, e atravessa-me com ela, para que porventura não venham
esses incircuncisos, e me atravessem e escarneçam de mim. Mas
o seu escudeiro não quis, porque temia muito. Então Saul tomou a
espada, e se lançou sobre ela. 5 Vendo, pois, e seu escudeiro que
Saul já era morto, também ele se lançou sobre a sua espada, e
morreu com ele. 6 Assim morreram juntamente naquele dia Saul, seus
três filhos, e seu escudeiro, e todos os seus homens. 7 Quando os
israelitas que estavam no outro lado do vale e os que estavam além
de Jordão viram que os homens de Israel tinham fugido, e que Saul e
seus filhos estavam mortos, abandonaram as suas cidades e fugiram; e
vieram os filisteus e habitaram nelas. 8 No dia seguinte, quando os
filisteus vieram para despojar os mortos, acharam Saul e seus três
filhos estirados no monte Gilboa. 9 Então cortaram a cabeça a Saul
e o despejaram das suas armas; e enviaram pela terra dos filisteus,
em redor, a anunciá-lo no templo dos seus ídolos e entre e povo, 10
Puseram as armas de Saul no templo de Astarote; e penduraram o seu
corpo no muro de Bete-Seã. 11 Quando os moradores de Jabes-Gileade
ouviram isso a respeito de Saul, isto é, o que os filisteus lhe
tinham feito, 12 todos os homens valorosos se levantaram e,
caminhando a noite toda, tiraram e corpo de Saul e os corpos de seus
filhos do muro de Bete-Seã; e voltando a Jabes, ali os queimaram. 13
Depois tomaram os seus ossos, e os sepultaram debaixo da tamargueira,
em Jabes, e jejuaram sete dias.
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Sem Fronteiras PT-BR