Jeremias
Yirmeyahu
Foi
filho do sacerdote Hilquias, em Anatote, terra de Benjamim.
Jeremias 1
O
CHAMADO DE JEREMIAS
1
As palavras de Jeremias, filho de Hilquias, um dos sacerdotes que
estavam em Anatote, na terra de Benjamim; 2 ao qual veio a palavra do
Senhor, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá, no
décimo terceiro ano do seu reinado; 3 e lhe veio também nos dias de
Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá, até o fim do ano
undécimo de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá, até
que Jerusalém foi levada em cativeiro no quinto mês. 4 Ora veio a
mim a palavra do Senhor, dizendo: 5 Antes que
eu te formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre te
santifiquei; às nações te dei por profeta. 6 Então disse
eu: Ah, Senhor Deus! Eis que não sei falar;
porque sou um menino. 7 Mas o Senhor me respondeu: Não
digas: Eu sou um menino; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e
tudo quanto te mandar dirás. 8 Não temas diante deles; pois eu seu
contigo para te livrar, diz o Senhor. 9 Então estendeu o
Senhor a mão, e tocou-me na boca; e disse-me o Senhor: Eis
que ponho as minhas palavras na tua boca. 10 Olha, ponho-te neste dia
sobre as nações, e sobre os reinos, para arrancares e derrubares,
para destruíres e arruinares; e também para edificares e plantares.
11 E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Que
é que vês, Jeremias? Eu respondi: Vejo
uma vara de amendoeira. 12 Então me disse o Senhor:
Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para a cumprir.
13 Veio a mim a palavra do Senhor segunda vez, dizendo: Que
é que vês? E eu disse: Vejo uma panela
a ferver, que se apresenta da banda do norte. 14 Ao que me
disse o Senhor: Do norte se estenderá o mal
sobre todos os habitantes da terra. 15 Pois estou convocando todas as
famílias dos reinos do norte, diz o
Senhor; e, vindo, porá cada um o seu
trono à entrada das portas de Jerusalém, e contra todos os seus
muros em redor e contra todas as cidades de Judá. 16 E pronunciarei
contra eles os meus juízos, por causa de toda a sua malícia; pois
me deixaram a mim, e queimaram incenso a deuses estranhos, e adoraram
as obras das suas mãos. 17 Tu, pois, cinge os teus lombos, e
levanta-te, e deem-lhes
tudo quanto eu te ordenar; não desanimes diante deles, para que eu
não te desanime diante deles. 18 Eis que hoje te ponho como cidade
fortificada, e como coluna de ferro e muros de bronze contra toda a
terra, contra os reis de Judá, contra os seus príncipes, contra os
seus sacerdotes, e contra o povo da terra. 19 E eles pelejarão
contra ti, mas não prevalecerão; porque eu sou contigo, diz
o Senhor, para te livrar.
Jeremias 2
O
AFASTAMENTO DE ISRAEL
1
Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 2 Vai,
e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo:
Assim diz o Senhor:
Lembro-me, a favor de ti, da devoção da tua mocidade, do amor dos
teus desposórios, de como me seguiste no deserto, numa terra não
semeada. 3 Então Israel era santo para o Senhor, primícias da sua
novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal
vinha sobre eles, diz o Senhor. 4 Ouvi a
palavra do Senhor, ó casa de Jacó, e todas as famílias da casa de
Israel; 5 assim diz o Senhor: Que
injustiça acharam em mim vossos pais, para se afastarem
de mim,
indo após a vaidade, e tornando-se levianos? 6 Eles não
perguntaram: Onde está o Senhor, que
nos fez subir da terra do Egito? Que
nos enviou através do deserto, por uma terra de charnecas e de
covas, por uma terra de sequidão e densas trevas, por uma terra em
que ninguém transitava, nem morava?
7 E eu vos introduzi numa terra fértil, para comerdes o seu fruto e
o seu bem; mas quando nela entrastes, contaminastes a minha terra, e
da minha herança fizestes uma abominação. 8 Os sacerdotes não
disseram: Onde está o Senhor?
E os que tratavam da lei não me conheceram, e os governadores
prevaricaram contra mim, e os profetas
profetizaram por Baal, e andaram após o que é de nenhum proveito. 9
Portanto ainda contenderei convosco, diz
o Senhor; e até com os filhos de vossos
filhos contenderei. 10 Pois passai às ilhas de Quitim, e vede;
enviai a Quedar, e atentai bem; vede se jamais sucedeu coisa
semelhante. 11 Acaso trocou alguma nação os seus deuses, que
contudo não são deuses? Mas o meu povo trocou a sua glória por
aquilo que é de nenhum proveito. 12 Espantai-vos disto, ó céus, e
horrorizai-vos! Ficai
verdadeiramente desolados, diz o Senhor.
13 Porque o meu povo fez duas maldades: A
mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram para si
cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas. 14 Acaso é
Israel um servo? E ele um escravo nascido em casa? Por que, pois,
veio a ser presa? 15 Os leões novos rugiram sobre ele, e levantaram
a sua voz; e fizeram da terra dele uma desolação; as suas cidades
se queimaram, e ninguém habita nelas. 16 Até os filhos de Mênfis e
de Tafnes
te quebraram o alto da cabeça. 17 Porventura não trouxeste isso
sobre ti mesmo, deixando o Senhor teu Deus no tempo em que ele te
guiava pelo caminho? 18 Agora, pois, que te importa a ti o caminho do
Egito, para beberes as águas do Nilo? E
que te importa a ti o caminho da Assíria, para beberes as águas do
Eufrates? 19 A tua malícia te castigará, e as tuas
apostasias te repreenderão; sabe, pois, e vê,
que má e amarga coisa é o teres deixado o Senhor teu Deus, e o não
haver em ti o temor de mim, diz o Senhor
Deus dos exércitos. 20 Já há muito
quebraste o teu jugo, e rompeste as tuas ataduras, e disseste: Não
servirei. Pois em todo outeiro alto
e debaixo de toda árvore frondosa te deitaste, fazendo-te
prostituta. 21 Todavia eu mesmo te plantei como vide excelente, uma
semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para mim uma
planta degenerada, de vida estranha? 22 Pelo que, ainda que te laves
com salitre, e uses muito sabão, a mancha da tua iniquidade
está diante de mim, diz o Senhor Deus.
23 Como dizes logo: Não
estou contaminada nem andei após Baal?
Vê o teu caminho no vale, conhece o que fizeste; dromedária ligeira
és, que anda torcendo os seus caminhos; 24 asna selvagem acostumada
ao deserto e que no ardor do cio sorve o vento; quem lhe pode impedir
o desejo? Dos que a buscarem, nenhum precisa se
cansar; pois no mês dela, achá-la-ão.
25 Evita que o teu pé ande descalço, e que a tua garganta tenha
sede. Mas tu dizes: Não há
esperança; porque tenho amado os estranhos, e após eles andarei.
26 Como fica confundido o ladrão quando o apanham, assim se
confundem os da casa de Israel; eles, os seus reis, os seus
príncipes, e os seus sacerdotes, e os seus profetas, 27 que dizem ao
pau: Tu és meu pai; e à pedra: Tu
me geraste. Porque me viraram as
costas, e não o rosto; mas no tempo do seu aperto dir-me-ão:
Levanta-te, e salva-nos.
28 Mas onde estão os teus deuses que fizeste para ti? Que se
levantem eles, se te podem livrar no tempo da tua tribulação;
porque os teus deuses, ó Judá, são tão numerosos como as tuas
cidades. 29 Por que disputais comigo? Todos vós transgredistes
contra mim, diz o Senhor.
30 Em vão castiguei os vossos filhos; eles não aceitaram a
correção; a vossa espada devorou os vossos profetas como um leão
destruidor. 31 Ó geração, considerai vós a palavra do Senhor:
Porventura tenho eu sido para Israel um deserto? Ou
uma terra de espessa escuridão? Por que pois diz o meu povo: Andamos
à vontade; não tornaremos mais a ti?
32 Porventura esquece-se a virgem dos seus enfeites, ou a esposa dos
seus cendais? Todavia
o meu povo se esqueceu de mim por inumeráveis dias. 33 Como
ornamentas o teu caminho, para buscares o amor! De
sorte que até as
malignas tu
ensinaste os teus caminhos. 34 Até nas orlas dos teus vestidos se
achou o sangue dos pobres inocentes; e não foi no lugar do
arrombamento que os achaste; mas apesar de todas estas coisas, 35
ainda dizes: Eu sou inocente;
certamente a sua ira se desviou de mim.
Eis que entrarei em juízo contigo, porquanto dizes: Não
pequei. 36 Por que te desvias tanto,
mudando o teu caminho? Também pelo Egito serás envergonhada, como
já foste envergonhada pela Assíria. 37 Também daquele sairás com
as mães sobre a tua cabeça; porque o Senhor rejeitou as tuas
confianças, e não prosperarás com elas.
Jeremias 3
A
APOSTASIA DE ISRAEL
1
Eles dizem: Se um homem despedir sua
mulher, e ela se desligar dele, e se ajuntar a outro homem,
porventura tornará ele mais para ela? Não se poluiria de todo
aquela terra? Ora, tu te maculaste
com muitos amantes; mas ainda assim, torna para mim, diz o
Senhor. 2 Levanta os teus olhos aos altos
escalvados, e vê: onde é o lugar em que não te prostituíste? Nos
caminhos te assentavas, esperando-os, como o árabe no deserto.
Manchaste a terra com as tuas devassidões e com a tua malícia. 3
Pelo que foram retidas as chuvas copiosas, e não houve chuva tardia;
contudo tens a fronte de uma prostituta, e não queres ter vergonha.
4 Não me invocaste há pouco, dizendo: Pai
meu, tu és o guia da minha mocidade; 5 Reterá ele para sempre a sua
ira? Ou
indignar-se-á continuamente? Eis
que assim tens dito; porém tens feito todo o mal que pudeste.
6 Disse-me mais o Senhor nos dias do rei Josias: Viste,
porventura, o que fez a apóstata
Israel, como se foi a todo monte alto, e debaixo de toda árvore
frondosa, e ali andou prostituindo-se? 7 E eu disse: Depois que ela
tiver feito tudo isso, voltará para mim. Mas não voltou; e viu isso
a sua aleivosa irmã Judá. 8 Sim viu que, por causa de tudo isso,
por ter cometido adultério a pérfida Israel, a despedi, e lhe dei o
seu libelo de divórcio, que a aleivosa Judá, sua irmã, não temeu;
mas se foi e também ela mesma se prostituiu. 9 E pela leviandade da
sua prostituição contaminou a terra, porque adulterou
com a pedra e com o pau. 10 Contudo,
apesar de tudo isso a sua aleivosa irmã Judá não voltou para mim
de todo o seu coração, mas fingidamente,
diz o Senhor. 11
E o Senhor me disse: A pérfida Israel
mostrou-se mais justa do que a aleivosa Judá. 12 Vai, pois, e
apregoa estas palavras para a banda do norte, e diz: Volta, ó
pérfida Israel, diz o Senhor.
Não olharei em ira
para ti; porque misericordioso sou, diz
o Senhor, e não conservarei para sempre
a minha ira. 13 Somente reconhece a tua iniquidade,
que contra o Senhor teu Deus transgrediste, e estendeste os teus
favores para os estranhos debaixo de toda árvore frondosa, e não
deste ouvidos à minha voz, diz o
Senhor. 14 Voltai, ó filhos pérfidos,
diz o
Senhor;
porque eu sou como esposo para vós; e vos tomarei, a um de uma
cidade, e a dois de uma família; e vos levarei a Sião; 15 e vos
darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão
com ciência e com inteligência. 16 E quando vos tiverdes
multiplicado e frutificado na terra, naqueles dias, diz
o Senhor, nunca mais se dirá: A
arca do pacto do Senhor; nem lhes
virá ela ao pensamento; nem dela se lembrarão; nem a visitarão;
nem se fará mais. 17 Naquele tempo chamarão a Jerusalém o trono do
Senhor; e todas as nações se ajuntarão a ela, em nome do Senhor, a
Jerusalém; e não mais andarão obstinadamente segundo o propósito
do seu coração maligno. 18 Naqueles dias andará a casa de Judá
com a casa de Israel; e virão juntas da terra do norte, para a terra
que dei em herança a vossos pais. 19 Pensei como te poria entre os
filhos, e te daria a terra desejável, a mais formosa herança das
nações. Também pensei que me chamarias meu Pai, e que de mim não
te desviarias. 20 Deveras, como a mulher se aparta aleivosamente do
seu marido, assim aleivosamente te houveste comigo, ó casa de
Israel, diz
o Senhor. 21 Nos altos escalvados se
ouve uma voz, o pranto e as súplicas dos filhos de Israel; porque
perverteram o seu caminho, e se esqueceram do Senhor seu Deus. 22
Voltai, ó filhos infiéis, eu curarei a vossa infidelidade.
Responderam eles: Eis-nos aqui, vimos a ti,
porque tu és o Senhor nosso Deus. 23
Certamente em vão se confia nos outeiros e nas multidões das
montanhas; deveras no Senhor nosso Deus está a salvação de Israel.
24 A coisa vergonhosa, porém, devorou o trabalho de nossos pais
desde a nossa mocidade os seus rebanhos e os seus gados os seus
filhos e as suas filhas. 25 Deitemo-nos em nossa vergonha, e
cubra-nos a nossa confusão, porque temos pecado contra o Senhor
nosso Deus, nós e nossos pais, desde a nossa mocidade até o dia de
hoje; e não demos ouvidos à voz do Senhor nosso Deus.
Jeremias 4
O
MAL VIRÁ DO NORTE
1
Se voltares, ó Israel, diz o Senhor,
se voltares para mim e tirares as tuas abominações de diante de
mim, e não andares mais vagueando; 2 e se jurares: Como vive o
Senhor, na verdade, na justiça e na retidão; então nele se
bendirão as nações, e nele se gloriarão. 3
Porque assim diz o Senhor aos homens de
Judá e a Jerusalém: Lavrai o vosso
terreno alqueivado, e não semeeis entre espinhos. 4 Circuncidai-vos
ao Senhor, e tirai os prepúcios do vosso coração, ó homens de
Judá e habitadores de Jerusalém, para que a minha indignação não
venha a sair como fogo, e arda de modo que ninguém o possa apagar,
por causa da maldade das vossas obras. 5 Anunciai em Judá, e
publicai em Jerusalém; e dizei: Tocai
a trombeta na terra; gritai em alta
voz, dizendo: Ajuntai-vos, e entremos
nas cidades fortificadas. 6 Arvorai
um estandarte no caminho para Sião; buscai refúgio, não demoreis;
porque eu trago do norte um mal, sim,
uma grande destruição. 7 Subiu um
leão da sua ramada, um destruidor de nações; ele já partiu, saiu
do seu lugar para fazer da tua terra uma desolação, a fim de que as
tuas cidades sejam assoladas, e ninguém habite nelas. 8 Por isso
cingi-vos de saco, lamentai, e uivai, porque o ardor da ira do Senhor
não se desviou de nós. 9 Naquele dia, diz
o Senhor, desfalecerá o coração do
rei e o coração dos príncipes; os sacerdotes pasmarão, e os
profetas se maravilharão. 10 Então disse eu: Ah,
Senhor Deus! Verdadeiramente
trouxeste grande ilusão a este povo e a Jerusalém, dizendo: Tereis
paz; entretanto a espada penetra-lhe até a alma. 11
Naquele tempo se dirá a este povo e a Jerusalém: Um vento
abrasador, vindo dos altos escalvados no deserto, aproxima-se da
filha do meu povo, não para cirandar, nem para alimpar, 12 mas um
vento forte demais para isto virá da minha parte; agora também
pronunciarei eu juízos contra eles. 13 Eis que vem subindo como
nuvens, como o redemoinho são os seus carros; os seus cavalos são
mais ligeiros do que as águias. Ai
de nós! Pois
estamos arruinados! 14 Lava o teu
coração da maldade, ó Jerusalém, para que sejas salva; até
quando permanecerão em ti os teus maus pensamentos? 15 Porque uma
voz anuncia desde Dã, e proclama a calamidade desde o monte de
Efraim. 16 Anunciai isto às nações; eis, proclamai contra
Jerusalém que vigias vêm de uma terra remota; eles levantam a voz
contra as cidades de Judá. 17 Como guardas de campo estão contra
ela ao redor; porquanto ela se rebelou contra mim, diz o
Senhor. 18 O teu caminho e as tuas obras te
trouxeram essas coisas; essa e a tua iniquidade, e amargosa é,
chegando até o coração. 19 Ah, entranhas minhas, entranhas minhas!
Eu me torço em dores! Paredes do meu coração! O meu coração se
aflige em mim. Não posso calar; porque tu, ó minha alma, ouviste o
som da trombeta e o alarido da guerra. 20 Destruição sobre
destruição se apregoa; porque já toda a terra está assolada; de
repente são destruídas as minhas tendas, e as minhas cortinas num
momento. 21 Até quando verei o estandarte, e ouvirei a voz da
trombeta? 22 Deveras o meu povo é insensato, já me não conhece;
são filhos obtusos, e não entendidos; são sábios para fazerem o
mal, mas não sabem fazer o bem. 23 Observei a terra, e eis que era
sem forma e vazia; também os céus, e não tinham a sua luz. 24
Observei os montes, e eis que estavam tremendo; e todos os outeiros
estremeciam. 25 Observei e eis que não havia homem algum, e todas as
aves do céu tinham fugido. 26 Vi também que a terra fértil era um
deserto, e todas as suas cidades estavam derrubadas diante do Senhor,
diante do furor da sua ira. 27 Pois assim diz o Senhor:
Toda a terra ficará assolada; de todo, porém, não a consumirei. 28
Por isso lamentará a terra, e os céus em cima se enegrecerão;
porquanto assim o disse eu, assim o propus, e não me arrependi, nem
me desviarei disso. 29 Ao clamor dos cavaleiros e dos flecheiros
fogem todas as cidades; entram pelas matas, e trepam pelos penhascos;
todas as cidades ficam desamparadas, e já ninguém habita nelas. 30
Agora, pois, ó assolada, que farás? Embora te vistas de escarlate,
e te adornes com enfeites de ouro, embora te pintes em volta dos
olhos com antimônio, debalde te farias bela; os teus amantes te
desprezam, e procuram tirar-te a vida. 31 Pois
ouvi uma voz, como a de mulher que está de parto, a angústia como a
de quem dá à luz o seu primeiro filho; a voz da filha de Sião,
ofegante, que estende as mãos, dizendo: Ai
de mim agora! Porque
a minha alma desfalece por causa dos assassinos.
Jeremias 5
A
APOSTASIA DE ISRAEL
1
Dai voltas às ruas de Jerusalém, e vede agora, e informai-vos, e
buscai pelas suas praças a ver se podeis achar um homem, se há
alguém que pratique a justiça, que busque a verdade; e eu lhe
perdoarei a ela. 2 E ainda que digam: Vive
o Senhor; de certo falsamente juram.
3 Ó Senhor, acaso não atentam os teus
olhos para a verdade? Feriste-os,
porém não lhes doeu; consumiste-os, porém recusaram receber a
correção; endureceram as suas faces mais do que uma rocha;
recusaram-se a voltar. 4 Então disse
eu: Deveras eles são uns pobres; são insensatos, pois não sabem o
caminho do Senhor, nem a justiça do seu Deus. 5 Irei aos grandes, e
falarei com eles; porque eles sabem o caminho do Senhor, e a justiça
do seu Deus; mas aqueles de comum acordo quebraram o jugo, e romperam
as ataduras. 6 Por isso um leão do bosque os matará, um lobo dos
desertos os destruirá; um leopardo vigia contra as suas cidades;
todo aquele que delas sair será despedaçado; porque são muitas as
suas transgressões, e multiplicadas as suas apostasias.
7 Como poderei perdoar-te? Pois
teus filhos me abandonaram a mim, e juraram pelos que não são
deuses; quando eu os tinha fartado, adulteraram, e em casa de
meretrizes se ajuntaram em bandos. 8 Como cavalos de lançamento bem
nutridos, andavam rinchando cada um à mulher do seu próximo. 9
Acaso não hei de castigá-los por causa destas coisas? Diz o
Senhor; ou não hei de vingar-me de uma nação
como esta? 10 Subi aos seus muros, e destruí-os; não façais,
porém, uma destruição final; tirai os seus ramos; porque não são
do Senhor. 11 Porque aleivosissimamente se houveram contra mim a casa
de Israel e a casa de Judá, diz o
Senhor. 12 Negaram ao Senhor, e
disseram: Não é ele; nenhum mal nos
sobrevirá; nem veremos espada nem fome. 13 E até os profetas se
farão como vento, e a palavra não está com eles; assim se lhes
fará. 14 Portanto assim diz o Senhor, o Deus dos
exércitos: Porquanto proferis tal palavra, eis
que converterei em fogo as minhas palavras na tua boca, e este povo
em lenha, de modo que o fogo o consumirá. 15 Eis que trago sobre vós
uma nação de longe, ó casa de Israel, diz o Senhor; é
uma nação durável, uma nação antiga, uma nação cuja língua
ignoras, e não entenderás o que ela falar. 16 A sua aljava é como
uma sepultura aberta; todos eles são valentes. 17 E comerão a tua
sega e o teu pão, que teus filhos e tuas filhas haviam de comer;
comerão os teus rebanhos e o teu gado; comerão a tua vide e a tua
figueira; as tuas cidades fortificadas, em que confias, abatê-las-ão
à espada. 18 Contudo, ainda naqueles dias, diz
o Senhor, não farei de vós uma
destruição final. 19 E quando disserdes:
Por que nos fez o Senhor nosso Deus
todas estas coisas? Então
lhes dirás: Como vós me deixastes, e servistes deuses estranhos na
vossa terra, assim servireis estrangeiros, em terra que não e vossa.
20 Anunciai isto na casa de Jacó, e proclamai-o em Judá, dizendo:
21 Ouvi agora isto, ó povo insensato
e sem entendimento, que tendes olhos e não vedes, que tendes ouvidos
e não ouvis: 22 Não me temeis a
mim? Diz o Senhor; não tremeis diante
de mim, que pus a areia por limite ao mar, por ordenança eterna, que
ele não pode passar? Ainda que se levantem as suas ondas, não podem
prevalecer; ainda que bramem, não a podem traspassar. 23 Mas este
povo é de coração obstinado e rebelde; rebelaram-se e foram-se. 24
E não dizem no seu coração: Temamos
agora ao Senhor nosso Deus, que dá chuva, tanto a temporã como a
tardia, a seu tempo, e nos conserva as semanas determinadas da sega.
25 As vossas iniquidades
desviaram estas coisas, e os vossos
pecados apartaram de vos o bem. 26 Porque ímpios se acham
entre o meu povo; andam espiando, como
espreitam os passarinheiros. Armam laços, apanham os homens. 27 Qual
gaiola cheia de pássaros, assim as suas casas estão cheias de dolo;
por isso se engrandeceram, e enriqueceram. 28 Engordaram-se, estão
nédios; também excedem o limite da maldade; não julgam com justiça
a causa dos órfãos, para que prospere, nem defendem o direito dos
necessitados. 29 Acaso não hei de trazer o castigo por causa destas
coisas? Diz o senhor; ou não hei de
vingar-me de uma nação como esta? 30 Coisa espantosa e horrenda
tem-se feito na terra. 31 Os
profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam por
intermédio deles; e o meu povo assim o deseja. Mas que fareis no fim
disso?
Jeremias 6
JERUSALÉM
SERÁ CASTIGADA
1
Fugi para segurança vossa, filhos de Benjamim, do meio de Jerusalém!
Tocai a buzina em Tecoa, e levantai o sinal sobre Bete
Haquerem; porque do norte vem surgindo
um grande mal, sim, uma grande destruição. 2 A formosa e delicada,
a filha de Sião, eu a exterminarei. 3 Contra ela virão pastores com
os seus rebanhos; levantarão contra ela as suas tendas em redor e
apascentarão, cada um no seu lugar. 4 Preparai a guerra contra ela;
levantai-vos, e subamos ao meio-dia. Ai de nós! Que
já declina o dia, que já se vão estendendo as sombras da tarde. 5
Levantai-vos, e subamos de noite, e destruamos os seus palácios.
6 Porque assim diz o Senhor dos exércitos:
Cortai as suas árvores, e levantai uma tranqueira contra Jerusalém.
Esta é a cidade que há de ser
castigada; só opressão há no meio
dela. 7 Como o poço conserva frescas as suas águas, assim ela
conserva fresca a sua maldade; violência e estrago se ouvem nela;
enfermidade e feridas há diante de mim continuadamente. 8 Sê
avisada, ó Jerusalém, para que não me aparte de ti; para que eu
não te faça uma assolação, uma terra não habitada. 9
Assim diz o Senhor dos exércitos: Na verdade
respigarão o resto de Israel como uma vinha; torna a tua mão, como
o vindimador, aos ramos. 10 A quem falarei e testemunharei, para que
ouçam? Eis
que os seus ouvidos estão incircuncisos, e eles não podem ouvir;
eis que a palavra do Senhor se lhes tornou em opróbrio; nela não
têm prazer. 11 Pelo que estou cheio de furor do Senhor; estou
cansado de o conter; derrama-o sobre os meninos pelas ruas, e sobre a
assembleia
dos jovens também; porque até o marido com a mulher serão presos,
e o velho com o que está cheio de dias. 12 As suas casas passarão a
outros, como também os seus campos e as suas mulheres; porque
estenderei a minha mão contra os habitantes da terra, diz o
Senhor. 13 Porque desde o menor deles até o
maior, cada um se dá à avareza; e
desde o profeta até o sacerdote, cada um procede perfidamente.
14 Também se ocupam em curar superficialmente a ferida do meu povo,
dizendo: Paz, paz;
quando não há paz. 15 Porventura se envergonharam por terem
cometido abominação? Não, de maneira alguma; nem tampouco sabem
que coisa é envergonhar-se. Portanto cairão entre os que caem;
quando eu os visitar serão derribados, diz o Senhor. 16 Assim
diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede, e
perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por
ele; e achareis descanso para as vossas almas. Mas eles disseram:
Não andaremos nele. 17 Também pus
atalaias sobre vós dizendo: Estai atentos à voz da buzina. Mas
disseram: Não escutaremos.
18 Portanto ouvi, vós, nações, e informa-te tu, ó congregação,
do que se faz entre eles! 19 Ouve tu, ó terra! Eis que eu trarei o
mal sobre este povo, o próprio fruto dos seus pensamentos; porque
não estão atentos às minhas palavras; e quanto à minha lei,
rejeitaram-na. 20 Para que, pois, me vem o incenso de Sabá, ou a
melhor cana aromática de terras remotas? Vossos holocaustos não são
aceitáveis, nem me agradam os vossos sacrifícios. 21
Portanto assim diz o Senhor: Eis que armarei
tropeços a este povo, e tropeçarão neles pais e filhos juntamente;
o vizinho e o seu amigo perecerão. 22
Assim diz o Senhor: Eis que um povo vem da
terra do norte, e uma grande nação se levanta das extremidades da
terra. 23 Arco e lança trarão; são cruéis, e não usam de
misericórdia; a sua voz ruge como o mar, e em cavalos vêm montados,
dispostos como homens para a batalha, contra ti, ó filha de Sião.
24 Ao ouvirmos a notícia disso,
afrouxam-se as nossas mãos; apoderam-se de nós angústia e dores,
como as de parturiente. 25 Não saiais
ao campo, nem andeis pelo caminho; porque espada do inimigo e espanto
há por todos os lados. 26 Ó filha do meu povo, cingi-te de saco, e
revolve-te na cinza; pranteia como por um filho único, em pranto de
grande amargura; porque de repente virá o destruidor sobre nós. 27
Por acrisolador e examinador te pus entre o meu povo, para que proves
e examines o seu caminho. 28 Todos eles são os mais rebeldes, e
andam espalhando calúnias; são bronze e ferro; todos eles andam
corruptamente. 29 Já o fole se queimou; o chumbo se consumiu com o
fogo; debalde continuam a fundição, pois os maus não são
arrancados. 30 Prata rejeitada lhes chamam, porque o Senhor os
rejeitou.
Jeremias 7
O
TEMPLO NÃO PROTEGE A NAÇÃO INÍQUA
1
A palavra que da parte do Senhor veio a Jeremias, dizendo:
2 Põe-te à porta da casa do Senhor, e proclama ali esta palavra, e
dize: Ouvi a palavra do Senhor, todos de Judá, os que entrais por
estas portas, para adorardes ao Senhor. 3
Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
Emendai os vossos caminhos e as vossas obras, e vos farei habitar
neste lugar. 4 Não vos fieis em palavras falsas, dizendo: Templo do
Senhor, templo do Senhor, templo do Senhor são estes. 5
Mas, se deveras emendardes os vossos caminhos e as vossas obras; se
deveras executardes a justiça entre um homem e o seu próximo; 6 se
não oprimirdes o estrangeiro, e o órfão, e a viúva, nem
derramardes sangue inocente neste lugar, nem andardes após outros
deuses para vosso próprio mal, 7
então eu vos farei habitar neste lugar, na terra que dei a vossos
pais desde os tempos antigos e para sempre. 8 Eis que vós confiais
em palavras falsas, que para nada são proveitosas. 9 Furtareis vós,
e matareis, e cometereis adultério, e jurareis falsamente, e
queimareis incenso a Baal, e andareis após outros deuses que não
conhecestes, 10 e então vireis, e vos apresentareis diante de mim
nesta casa, que se chama pelo meu nome, e direis: Somos
livres para praticardes ainda todas essas abominações?
11 Tornou-se, pois, esta casa, que se chama pelo meu nome, uma
caverna de salteadores aos vossos olhos? Eis que eu, eu mesmo, vi
isso, diz o Senhor. 12 Mas ide agora ao
meu lugar, que estava em Siló, onde, ao princípio, fiz habitar o
meu nome, e vede o que lhe fiz, por causa da maldade do meu povo
Israel. 13 Agora, pois, porquanto fizestes todas estas obras,
diz o Senhor, e quando eu vos falei
insistentemente, vós não ouvistes, e quando vos chamei, não
respondestes, 14 farei também a esta casa, que se chama pelo meu
nome, na qual confiais, e a este lugar, que vos dei a vós e a vossos
pais, como fiz a Siló. 15 E eu vos lançarei da minha presença,
como lancei todos os vossos irmãos, toda a linhagem de Efraim. 16
Tu, pois, não ores por este povo,
nem levantes por ele clamor ou oração, nem me importunes; pois eu
não te ouvirei. 17 Não vês tu o
que eles andam fazendo nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém?
18 Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo, e as mulheres
amassam a farinha para fazerem bolos à rainha do céu, e oferecem
libações a outros deuses, a fim de me provocarem à ira. 19 Acaso é
a mim que eles provocam à ira? Diz o Senhor; não
se provocam a si mesmos, para a sua própria confusão? 20
Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que a
minha ira e o meu furor se derramarão sobre este lugar, sobre os
homens e sobre os animais, sobre as árvores do campo e sobre os
frutos da terra; sim, acender-se-á, e não se apagará. 21
Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
Ajuntai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios,
e comei a carne. 22 Pois não falei a
vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes
ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios. 23 Mas
isto lhes ordenei: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus,
e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos mandar,
para que vos vá bem. 24 Mas não
ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos; porém andaram nos seus
próprios conselhos, no propósito do seu coração malvado; e
andaram para trás, e não para diante. 25 Desde o dia em que vossos
pais saíram da terra do Egito, até hoje, tenho-vos enviado
insistentemente todos os meus servos, os profetas, dia após dia; 26
contudo não me deram ouvidos, nem inclinaram os seus ouvidos, mas
endureceram a sua cerviz. Fizeram pior do que seus pais. 27
Dir-lhes-ás pois todas estas palavras, mas não te darão ouvidos;
chamá-los-ás, mas não te responderão. 28 E lhes dirás: Esta é a
nação que não obedeceu a voz do Senhor seu Deus e não aceitou a
correção; já pereceu a verdade, e está exterminada da sua boca.
29 Corta os teus cabelos, Jerusalém, e lança-os fora, e levanta um
pranto sobre os altos escalvados; porque o Senhor já rejeitou e
desamparou esta geração, objeto do seu furor. 30 Porque os filhos
de Judá fizeram o que era mau aos meus olhos, diz o Senhor;
puseram as suas abominações na casa que se chama pelo meu nome,
para a contaminarem. 31 E edificaram os altos de Tofete, que está no
Vale do filho de Hinom, para queimarem no fogo a seus filhos e a suas
filhas, o que nunca ordenei, nem me veio à mente. 32 Portanto, eis
que vêm os dias, diz o Senhor,
em que não se chamará mais Tofete, nem Vale do filho de Hinom, mas
o Vale da Matança; pois enterrarão em Tofete, por não haver mais
outro lugar. 33 E os cadáveres deste povo servirão de pasto às
aves do céu e aos animais da terra; e ninguém os enxotará. 34 E
farei cessar nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, a voz de
gozo e a voz de alegria, a voz de noivo e a voz de noiva; porque a
terra se tornará em desolação.
Jeremias 8
O
CASTIGO VIRÁ
1
Naquele tempo, diz o Senhor, tirarão
para fora das suas sepulturas os ossos dos reis de Judá, e os ossos
dos seus príncipes, e os ossos dos sacerdotes, e os ossos dos
profetas, e os ossos dos habitantes de Jerusalém; 2 e serão
expostos ao sol, e à lua, e a todo o exército do céu, a quem eles
amaram, e a quem serviram, e após quem andaram, e a quem buscaram, e
a quem adoraram; não serão recolhidos nem sepultados; serão como
esterco sobre a face da terra. 3 E será escolhida antes a morte do
que a vida por todos os que restarem desta raça maligna, que ficarem
em todos os lugares onde os lancei, diz
o senhor dos exércitos. 4 Dize-lhes
mais: Assim diz o Senhor:
Porventura
cairão os homens, e não se levantarão? Desviar-se-ão,
e não voltarão? 5 Por que, pois, se desvia este povo de Jerusalém
com uma apostasia contínua? Ele
retém o engano, recusa-se a voltar. 6 Eu escutei e ouvi; não falam
o que é reto; ninguém há que se arrependa da sua maldade, dizendo:
Que fiz eu? Cada um se desvia na sua carreira, como um cavalo que
arremete com ímpeto na batalha. 7 Até a cegonha no céu conhece os
seus tempos determinados; e a rola, a andorinha, e o grou observam o
tempo da sua arribação; mas o meu povo não conhece a ordenança do
Senhor. 8 Como pois dizeis: Nós
somos sábios, e a lei do Senhor está conosco?
Mas eis que a falsa pena dos escribas a converteu em mentira. 9 Os
sábios são envergonhados, espantados e presos; rejeitaram a palavra
do Senhor; que sabedoria, pois, têm
eles? 10 Portanto darei suas mulheres a outros, e os seus campos aos
conquistadores; porque desde o menor até o maior, cada um deles se
dá à avareza; desde o profeta até o sacerdote, cada qual usa de
falsidade. 11 E curam a ferida da filha de meu povo levianamente,
dizendo: Paz, paz;
quando não há paz. 12 Porventura se envergonham de terem cometido
abominação? Não; de maneira alguma se envergonham, nem sabem que
coisa é envergonhar-se. Portanto cairão entre os que caem;
e no tempo em que eu os visitar, serão derribados, diz o
Senhor. 13 Quando eu os colheria, diz o
Senhor, já não há uvas na vide, nem figos na
figueira; até a folha está caída; e aquilo mesmo que lhes dei se
foi deles. 14 Por que nos assentamos ainda? Juntai-vos
e entremos nas cidades fortes, e ali pereçamos; pois o Senhor nosso
Deus nos destinou a perecer e nos deu a beber água de fel; porquanto
pecamos contra o Senhor. 15 Esperamos a paz, porém não chegou bem
algum; e o tempo da cura, e eis o terror. 16 Já desde Dã se ouve o
resfolegar dos seus cavalos; a terra toda estremece à voz dos
rinchos dos seus ginetes; porque vêm e devoram a terra e quanto nela
há, a cidade e os que nela habitam. 17 Pois eis que envio entre vós
serpentes, basiliscos, contra os quais não há encantamento; e eles
vos morderão, diz o Senhor. 18 Oxalá
que eu pudesse consolar-me na minha tristeza! O meu coração
desfalece dentro de mim. 19 Eis o clamor da filha do meu povo, de
toda a extensão da terra; Não está o Senhor em Sião? Não está
nela o seu rei? Por que me provocaram a ira com as suas imagens
esculpidas, com vaidades estranhas? 20 Passou a sega, findou o verão,
e nós não estamos salvos. 21 Estou quebrantado pela ferida da filha
do meu povo; ando de luto; o espanto apoderou-se de mim. 22
Porventura não há bálsamo em Gileade? Ou
não se acha lá médico? Por que, pois, não se realizou a cura da
filha do meu povo?
Jeremias 9
O
CASTIGO É INEVITÁVEL
1
Oxalá a minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos numa
fonte de lágrimas, para que eu chorasse de dia e de noite os mortos
da filha do meu povo! 2 Oxalá que eu tivesse no deserto uma
estalagem de viandantes, para poder deixar o meu povo, e me
apartar dele! Porque
todos eles são adúlteros, um bando de aleivosos. 3 E encurvam a
língua, como se fosse o seu arco, para a mentira; fortalecem-se na
terra, mas não para a verdade; porque avançam de malícia em
malícia, e a mim me não conhecem, diz
o Senhor. 4 Guardai-vos
cada um do seu próximo, e de irmão nenhum vos fieis; porque todo
irmão não faz mais do que enganar, e todo próximo anda caluniando.
5 E engana cada um a seu próximo, e nunca fala a verdade; ensinaram
a sua língua a falar a mentira; andam-se cansando em praticar a
iniquidade.
6 A tua habitação está no meio do engano; pelo engano recusam-se a
conhecer-me, diz o Senhor. 7 Portanto assim diz o Senhor dos
exércitos: Eis que eu os fundirei e os
provarei; pois, de que outra maneira
poderia proceder com a filha do meu povo? 8 Uma
flecha mortífera é a língua deles; fala engano; com a sua boca
fala cada um de paz com o seu próximo, mas no coração arma-lhe
ciladas. 9 Não hei de castigá-los por estas coisas? Diz o
Senhor; ou não me vingarei de uma nação tal
como esta? 10 Pelos montes levantai choro e pranto, e pelas pastagens
do deserto lamentação; porque já estão queimadas, de modo que
ninguém passa por elas; nem se ouve mugido de gado; desde as aves
dos céus até os animais, fugiram e se foram. 11 E farei de
Jerusalém montões de pedras, morada de chacais, e das cidades de
Judá farei uma desolação, de sorte que fiquem sem habitantes. 12
Quem é o homem sábio, que entenda isto? E
a quem falou a boca do Senhor, para que o possa anunciar? Por que
razão pereceu a terra, e se queimou como um deserto, de sorte que
ninguém passa por ela? 13 E diz o Senhor:
Porque
deixaram a minha lei, que lhes pus diante, e não deram ouvidos à
minha voz, nem andaram nela, 14 antes andaram obstinadamente segundo
o seu próprio coração, e após baalins, como lhes ensinaram os
seus pais. 15 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos, Deus
de Israel: Eis que darei de comer losna a este
povo, e lhe darei a beber água de fel. 16 Também os espalharei por
entre nações que nem eles nem seus pais conheceram; e mandarei a
espada após eles, até que venha a consumi-los. 17 Assim diz
o Senhor dos exércitos: Considerai, e chamai
as carpideiras, para que venham; e mandai procurar mulheres hábeis,
para que venham também; 18 e se apressem,
e levantem o seu lamento sobre nós, para que se desfaçam em
lágrimas os nossos olhos, e as nossas pálpebras destilem águas. 19
Porque uma voz de pranto se ouviu de Sião: Como estamos arruinados!
Estamos mui envergonhados, por termos deixado a terra, e por terem
eles transtornado as nossas moradas. 20 Contudo ouvi, vós, mulheres,
a palavra do Senhor, e recebam os vossos ouvidos a palavra da sua
boca; e ensinai a vossas filhas o pranto, e cada uma à sua vizinha a
lamentação. 21 Pois a morte subiu pelas nossas janelas, e entrou em
nossos palácios, para exterminar das ruas as crianças, e das praças
os mancebos. 22 Fala: Assim diz o
Senhor: Até os cadáveres dos
homens cairão como esterco sobre a face do campo, e como gavela
atrás do segador, e não há quem a recolha. 23 Assim diz o
Senhor: Não se
glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na sua força;
não se glorie o rico nas suas riquezas; 24 mas o que se gloriar,
glorie-se nisto: em entender, e em me conhecer, que eu sou o Senhor,
que faço benevolência, juízo e justiça na terra; porque destas
coisas me agrado, diz o Senhor. 25
Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que
castigarei a todo circuncidado pela sua incircuncisão. 26 Ao
Egito, a Judá e a Edom, aos filhos de Amom e a Moabe, e a todos os
que cortam os cantos da sua cabeleira e habitam no deserto; pois
todas as nações são incircuncisas, e toda a casa de Israel é
incircuncisa de coração.
Jeremias 10
OS
ÍDOLOS SÃO INÚTEIS
1
Ouvi a palavra que o Senhor vos fala a vós, ó casa de Israel. 2
Assim diz o Senhor: Não aprendais o caminho
das nações, nem vos espanteis com os sinais do céu; porque deles
se espantam as nações, 3 pois os costumes dos povos são vaidade;
corta-se do bosque um madeiro e se lavra com machado pelas mãos do
artífice. 4 Com prata e com ouro o enfeitam, com pregos e com
martelos o firmam, para que não se mova. 5 São como o espantalho
num pepinal, e não podem falar; necessitam de quem os leve,
porquanto não podem andar. Não tenhais receio deles, pois não
podem fazer o mal, nem tampouco têm poder de fazer o bem.
JEREMIAS
LOUVA AO SENHOR
6
Ninguém há semelhante a ti, ó Senhor; és grande, e grande é o
teu nome em poder. 7 Quem te não temeria a ti, ó Rei das nações?
Pois a ti
se deve o temor; porquanto entre todos os sábios das nações, e em
todos os seus reinos ninguém há semelhante a ti. 8 Mas eles todos
são embrutecidos e loucos; a instrução dos ídolos é como o
madeiro. 9 Trazem de Társis prata em chapas, e ouro de Ufaz,
trabalho do artífice, e das mãos do fundidor; seus vestidos são de
azul e púrpura; obra de peritos são todos eles. 10 Mas o Senhor é
o verdadeiro Deus; ele é o Deus vivo e o Rei eterno, ao seu furor
estremece a terra, e as nações não podem suportar a sua
indignação. 11 Assim lhes direis: Os deuses que não fizeram os
céus e a terra, esses perecerão da terra e de debaixo dos céus. 12
Ele fez a terra pelo seu poder; ele estabeleceu o mundo por sua
sabedoria e com a sua inteligência estendeu os céus. 13 Quando ele
faz soar a sua voz, logo há tumulto de águas nos céus, e ele faz
subir das extremidades da terra os vapores; faz os relâmpagos para a
chuva, e dos seus tesouros faz sair o vento. 14 Todo homem se
embruteceu e não tem conhecimento; da sua imagem esculpida
envergonha-se todo fundidor; pois as suas imagens fundidas são
falsas, e nelas não há fôlego. 15 Vaidade são, obra de enganos;
no tempo da sua visitação virão a perecer. 16 Não é semelhante a
estes aquele que é a porção de Jacó; porque ele é o que forma
todas as coisas, e Israel é a tribo da sua herança. Senhor dos
exércitos é o seu nome. 17 Tira do chão a tua trouxa, ó tu que
habitas em lugar sitiado. 18 Pois assim
diz o Senhor: Eis que desta vez
arrojarei como se fora com uma funda os moradores da terra, e os
angustiarei, para que venham a senti-lo.
19 Ai de mim, por causa do meu quebrantamento! A
minha chaga me causa grande dor; mas eu havia dito: Certamente isto é
minha enfermidade, e eu devo suportá-la.
20 A minha tenda está destruída, e
todas as minhas cordas estão rompidas; os meus filhos
foram-se de mim, e não existem; ninguém há mais que estire a minha
tenda, e que levante as minhas cortinas. 21 Pois os pastores se
embruteceram, e não buscaram ao Senhor; por isso não prosperaram, e
todos os seus rebanhos se acham dispersos. 22 Eis que vem uma voz de
rumor, um grande tumulto da terra do norte, para fazer das cidades de
Judá uma assolação, uma morada de chacais. 23 Eu sei, ó Senhor,
que não é do homem o seu caminho; nem é do homem que caminha o
dirigir os seus passos. 24 Corrige-me, ó Senhor, mas com medida
justa; não na tua ira, para que não me reduzas a nada. 25 Derrama a
tua indignação sobre as nações que não te conhecem, e sobre as
famílias que não invocam o teu nome; porque devoraram a Jacó; sim,
devoraram-no e consumiram-no, e assolaram a sua morada.
Jeremias 11
O
PACTO FOI QUEBRADO POR JUDÁ
1
A palavra que veio a Jeremias, da parte do Senhor, dizendo:
2 Ouvi as palavras deste pacto, e falai aos homens de Judá, e aos
habitantes de Jerusalém. 3 Dize-lhes pois: Assim
diz o Senhor, o Deus de Israel:
Maldito o homem que não ouvir as
palavras deste pacto, 4 que ordenei
a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, da fornalha
de ferro, dizendo: Ouvi a minha voz, e fazei conforme a tudo que vos
mando; assim vós sereis o meu povo,
e eu serei o vosso Deus; 5 para que
eu confirme o juramento que fiz a vossos pais de dar-lhes uma terra
que manasse leite e mel, como se vê neste dia. Então eu
respondi, e disse: Amém, ó Senhor. 6
Disse-me, pois, o Senhor: Proclama todas estas
palavras nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém, dizendo:
Ouvi as palavras deste pacto, e cumpri-as. 7 Porque com instância
admoestei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do Egito,
até o dia de hoje, protestando persistentemente e dizendo: Ouvi a
minha voz. 8 Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos; antes
andaram cada um na obstinação do seu coração malvado; pelo que eu
trouxe sobre eles todas as palavras deste pacto, as quais lhes
ordenei que cumprissem, mas não o fizeram. 9 Disse-me mais o
Senhor: Uma conspiração se achou entre os
homens de Judá, e entre os habitantes de Jerusalém. 10 Tornaram às
iniquidades
de seus primeiros pais, que recusaram ouvir as minhas palavras; até
se foram após outros deuses para os servir; a casa de Israel e a
casa de Judá quebrantaram o meu pacto, que fiz com seus pais. 11
Portanto assim diz o Senhor: Eis que estou
trazendo sobre eles uma calamidade de que não poderão escapar;
clamarão a mim, mas eu não os ouvirei. 12 Então irão as cidades
de Judá e os habitantes de Jerusalém e clamarão aos deuses a que
eles queimam incenso; estes, porém, de maneira alguma os livrarão
no tempo da sua calamidade. 13 Pois, segundo o número das tuas
cidades, são os teus deuses, ó Judá; e, segundo o número das ruas
de Jerusalém, tendes levantado altares à impudência, altares para
queimardes incenso a Baal. 14 Tu,
pois, não ores por este povo, nem levantes por eles clamor nem
oração; porque não os ouvirei no tempo em que eles clamarem a mim
por causa da sua calamidade. 15 Que
direito tem a minha amada na minha casa, visto que com muitos tem
cometido grande abominação, e as carnes santas se desviaram de ti?
Quando tu fazes mal, então andas saltando de prazer. 16 Denominou-te
o Senhor oliveira verde, formosa por seus deliciosos frutos; mas
agora, à voz dum grande tumulto, acendeu fogo nela, e se quebraram
os seus ramos. 17 Porque o Senhor dos exércitos, que te plantou,
pronunciou contra ti uma calamidade, por
causa do grande mal que a casa de Israel e a casa de Judá fizeram,
pois me provocaram à ira, queimando incenso a Baal.
18 E o Senhor mo fez saber, e eu o soube; então me fizeste ver as
suas ações. 19 Mas eu era como um manso cordeiro, que se leva à
matança; não sabia que era contra mim que maquinavam, dizendo:
Destruamos a árvore com o seu fruto, e cortemo-lo da terra dos
viventes, para que não haja mais memória do seu
nome. 20 Mas, ó Senhor dos exércitos, justo Juiz, que provas o
coração e a mente, permite que eu veja a tua vingança sobre eles;
pois a ti descobri a minha causa. 21
Portanto assim diz o Senhor acerca dos homens de Anatote, que
procuram a tua vida, dizendo: Não
profetizes no nome do Senhor, para que não morras às nossas mãos;
22 por isso assim diz o Senhor dos exércitos:
Eis que eu os punirei; os mancebos morrerão à espada, os seus
filhos e as suas filhas morrerão de fome. 23 E não ficará deles um
resto; pois farei vir sobre os homens de Anatote uma calamidade, sim,
o ano da sua punição.
Jeremias 12
A
QUEIXA DE JEREMIAS
1
Justo és, ó Senhor, ainda quando eu pleiteio contigo; contudo
pleitearei a minha causa diante de ti. Por que prospera o caminho dos
ímpios? Por que vivem em paz todos os que procedem aleivosamente? 2
Plantaste-os, e eles se arraigaram; medram, dão também fruto;
chegado estás à sua boca, porém longe do seu coração. 3 Mas tu,
ó Senhor, me conheces, tu me vês, e provas o meu coração para
contigo; tira-os como as
ovelhas para o matadouro, e separa-os para o dia da matança. 4 Até
quando lamentará a terra, e se secará a erva de todo o campo? Por
causa da maldade dos que nela habitam, perecem os animais e as aves;
porquanto disseram: Ele não verá o
nosso fim. 5 Se te fatigas correndo
com homens que vão a pé, então como poderás competir com cavalos?
Se foges numa terra de paz, como hás de fazer na soberba do Jordão?
6 Pois até os teus irmãos, e a casa de teu pai, eles mesmos se
houveram aleivosamente contigo; eles mesmos clamam após ti em altas
vozes. Não te fies neles, ainda que te digam coisas boas. 7
Desamparei a minha casa, abandonei a minha herança; entreguei a
amada da minha alma na mão de seus inimigos. 8 Tornou-se a minha
herança para mim como leão numa floresta; levantou a sua voz contra
mim, por isso eu a odeio. 9 Acaso é para mim a minha herança como
uma ave de rapina de várias
cores? Andam as aves de rapina contra ela em redor? Ide, pois,
ajuntai a todos os animais do campo, trazei-os para a devorarem. 10
Muitos pastores destruíram a minha vinha, pisaram o meu quinhão;
tornaram em desolado deserto o meu quinhão aprazível. 11 Em
assolação o tornaram; ele, desolado, clama a mim. Toda a terra está
assolada, mas ninguém toma isso a peito. 12 Sobre todos os altos
escalvados do deserto vieram destruidores, porque a espada do Senhor
devora desde uma até outra extremidade da terra; não há paz para
nenhuma carne. 13 Semearam trigo, mas segaram espinhos; cansaram-se,
mas de nada se aproveitaram; haveis de ser envergonhados das vossas
colheitas, por causa do ardor da ira do Senhor. 14
Assim diz o Senhor acerca de todos os meus maus vizinhos, que tocam a
minha herança que fiz herdar ao meu povo Israel: Eis que os
arrancarei da sua terra, e a casa de Judá arrancarei do meio deles.
15 E depois de os haver eu arrancado, tornarei, e me compadecerei
deles, e os farei voltar cada um à sua herança, e cada um à sua
terra. 16 E será que, se diligentemente aprenderem os caminhos do
meu povo, jurando pelo meu nome: Vive o Senhor; como ensinaram o meu
povo a jurar por Baal; então edificar-se-ão no meio do meu povo. 17
Mas, se não quiserem ouvir, totalmente arrancarei a tal nação, e a
farei perecer, diz o Senhor.
Jeremias 13
O
CINTO DE LINHO
1
Assim me disse o Senhor: Vai, e compra-te um
cinto de linho, e põe-no sobre os teus lombos, mas não o metas na
água. 2 E comprei o cinto, conforme a palavra do Senhor, e o
pus sobre os meus lombos. 3 Então me veio a palavra do Senhor pela
segunda vez, dizendo: 4 Toma o cinto que
compraste e que trazes sobre os teus lombos, e levanta-te, vai ao
Eufrates, e esconde-o ali na fenda duma rocha. 5 Fui, pois, e
escondi-o junto ao Eufrates, como o Senhor me havia ordenado. 6 E
passados muitos dias, me disse o Senhor:
Levanta-te, vai ao Eufrates, e toma dali o cinto que te ordenei que
escondesses ali. 7 Então fui ao Eufrates, e cavei, e tomei o
cinto do lugar onde e havia escondido; e eis que o cinto tinha
apodrecido, e para nada prestava. 8 Então veio a mim a palavra do
Senhor, dizendo: 9 Assim diz o Senhor:
Do mesmo modo farei apodrecer a soberba de Judá, e a grande soberba
de Jerusalém. 10 Este povo maligno, que se recusa a ouvir as minhas
palavras, que caminha segundo a teimosia do seu coração, e que anda
após deuses alheios, para os servir, e para os adorar, será tal
como este cinto, que para nada presta. 11 Pois, assim como se liga o
cinto aos lombos do homem, assim eu liguei a mim toda a casa de
Israel, e toda a casa de Judá, diz o Senhor, para
me serem por povo, e por nome, e por louvor, e por glória; mas não
quiseram ouvir. 12 Pelo que lhes dirás esta palavra: Assim
diz o Senhor Deus de Israel: Todo o
odre se encherá de vinho. E dir-te-ão: Acaso não sabemos nós
muito bem que todo o odre se encherá de vinho? 13 Então lhes dirás:
Assim diz o Senhor: Eis que eu
encherei de embriaguez a todos os habitantes desta terra, mesmo aos
reis que se assentam sobre o trono de Davi, e aos sacerdotes, e aos
profetas, e a todos os habitantes de Jerusalém. 14 E atirá-los-ei
uns contra os outros, mesmo os pais juntamente com os filhos, diz
o Senhor; não terei pena nem pouparei,
nem terei deles compaixão para não os destruir. 15 Escutai, e
inclinai os ouvidos; não vos ensoberbeçais, porque o Senhor falou.
16 Dai glória ao Senhor vosso Deus, antes que venha a escuridão e
antes que tropecem vossos pés nos montes tenebrosos; antes que,
esperando vós luz, ele a mude em densas trevas, e a reduza a
profunda escuridão. 17 Mas, se não ouvirdes, a minha alma chorará
em oculto, por causa da vossa soberba; e amargamente chorarão os
meus olhos, e se desfarão em lágrimas, porque o rebanho do Senhor
se vai levado cativo. 18 Dize ao rei e à rainha-mãe: Humilhai-vos,
sentai-vos no chão; porque de vossas
cabeças já caiu a coroa de vossa glória. 19 As cidades do Negebe
estão fechadas, e não há quem as abra; todo o Judá é levado
cativo, sim, inteiramente cativo. 20 Levantai os vossos olhos, e vede
os que vêm do norte; onde está o rebanho que se te deu, o teu lindo
rebanho? 21 Que dirás, quando ele puser sobre ti como cabeça os que
ensinaste a serem teus amigos? Não te tomarão as dores, como as
duma mulher que está de parto? 22 Se disseres no teu coração: Por
que me sobrevieram estas coisas? Pela multidão das tuas iniquidades
se descobriram as tuas fraldas, e os teus calcanhares sofrem
violência. 23 pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas
malhas? Então
podereis também vós fazer o bem, habituados que estais a fazer o
mal. 24 Pelo que os espalharei como o restolho que passa arrebatado
pelo vento do deserto. 25 Esta é a tua sorte, a porção que te é
medida por mim, diz o Senhor; porque te
esqueceste de mim, e confiaste em mentiras. 26 Assim também eu
levantarei as tuas fraldas sobre o teu rosto, e aparecerá a tua
ignomínia.
27 Os teus adultérios, e os teus rinchos, e a enormidade da tua
prostituição, essas abominações tuas, eu as tenho visto sobre os
outeiros no campo. Ai de ti, Jerusalém! Até
quando não te purificarás?
Jeremias 14
O
JUÍZO DE JUDÁ
1
A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, a respeito da seca.
2 Judá chora, e as suas portas estão enfraquecidas; eles se sentam
de luto no chão; e o clamor de Jerusalém já vai subindo. 3 E os
seus nobres mandam os seus inferiores buscar água; estes vão às
cisternas, e não acham água; voltam com os seus cântaros vazios;
ficam envergonhados e confundidos, e cobrem as suas cabeças. 4 Por
causa do solo ressecado, pois que não havia chuva sobre a terra, os
lavradores ficam envergonhados e cobrem as suas cabeças. 5
Pois até a cerva no campo pare, e abandona sua cria, porquanto não
há erva. 6 E os asnos selvagens se põem nos altos escalvados e,
ofegantes, sorvem o ar como os chacais; desfalecem os seus olhos,
porquanto não ha erva. 7 Posto que as nossas iniquidades
testifiquem contra nós, ó Senhor, opera tu por amor do teu nome;
porque muitas são as nossas rebeldias; contra ti havemos pecado. 8 Ó
esperança de Israel, e Redentor seu no tempo da angústia! Por
que serias como um estrangeiro na terra? E
como o viandante que arma a sua tenda para passar a noite? 9 Por que
serias como homem surpreendido, como valoroso que não pode livrar?
Mas tu estás no meio de nós, Senhor, e nós somos chamados pelo teu
nome; não nos desampares. 10 Assim diz o Senhor acerca deste
povo: Pois que tanto gostaram de andar
errantes, e não detiveram os seus pés, por isso o Senhor não os
aceita, mas agora se lembrará da iniquidade
deles, e visitará os seus pecados. 11 Disse-me ainda o
Senhor: Não rogues por este povo
para seu bem. 12 Quando jejuarem,
não ouvirei o seu clamor, e quando oferecerem holocaustos e
oblações, não me agradarei deles; antes eu os consumirei pela
espada, e pela fome e pela peste. 13 Então disse eu:
Ah! Senhor Deus, eis que os profetas lhes dizem:
Não vereis espada, e não tereis fome; antes vos darei paz
verdadeira neste lugar. 14 E disse-me o Senhor: Os
profetas profetizam mentiras em meu nome; não os enviei, nem lhes
dei ordem, nem lhes falei. Visão falsa, adivinhação, vaidade e o
engano do seu coração é o que eles vos profetizam. 15 Portanto
assim diz o Senhor acerca dos profetas que profetizam em meu nome,
sem que eu os tenha mandado, e que dizem:
Nem espada, nem fome haverá nesta terra:
À espada e à fome serão consumidos esses profetas. 16 E o povo a
quem eles profetizam será lançado nas ruas de Jerusalém, por causa
da fome e da espada; e não haverá quem os sepulte a eles, a suas
mulheres, a seus filhos e a suas filhas; porque derramarei sobre eles
a sua maldade. 17 Portanto lhes dirás esta palavra.
Os meus olhos derramem lágrimas de noite e de dia, e não cessem;
porque a virgem filha do meu povo está gravemente ferida, de mui
dolorosa chaga. 18 Se eu saio ao campo, eis os mortos à espada, e,
se entro na cidade, eis os debilitados pela fome; o profeta e o
sacerdote percorrem a terra, e nada sabem. 19 Porventura já de todo
rejeitaste a Judá? Aborrece a tua alma a Sião? Por que nos feriste,
de modo que não há cura para nós? Aguardamos a paz, e não chegou
bem algum; e o tempo da cura, e eis o pavor! 20 Ah, Senhor!
Reconhecemos
a nossa impiedade e a iniquidade
de nossos pais; pois contra ti havemos pecado. 21 Não nos desprezes,
por amor do teu nome; não tragas opróbrio sobre o trono da tua
glória; lembra-te, e não anules o teu pacto conosco. 22 Há,
porventura, entre os deuses falsos das nações, algum que faça
chover? Ou podem os céus dar chuvas? Não és tu, ó Senhor, nosso
Deus? Portanto em ti esperaremos; pois tu tens feito todas estas
coisas.
Jeremias 15
JEREMIAS
É CONSOLADO
1
Disse-me, porém, o Senhor: Ainda que Moisés e
Samuel se pusessem diante de mim, não poderia estar a minha alma com
este povo. Lança-os de diante da minha face, e saiam eles. 2 E
quando te perguntarem: Para onde iremos? Dir-lhes-ás:
Assim diz o Senhor:
Os que para a morte, para a morte; e os que para a espada, para a
espada; e os que para a fome, para a fome; e os que para o cativeiro,
para o cativeiro. 3 Pois os visitarei com quatro gêneros de
destruidores, diz o Senhor;
com espada para matar, e com cães, para os dilacerarem, e com as
aves do céu e os animais da terra, para os devorarem e destruírem.
4 Entregá-los-ei para serem um espetáculo horrendo perante todos os
reinos da terra, por causa de Manassés, filho de Ezequias, rei de
Judá, por tudo quanto fez em Jerusalém. 5 Pois quem se compadecerá
de ti, ó Jerusalém? Ou
quem se entristecerá por ti? Quem se desviará para perguntar pela
tua paz? 6 Tu me rejeitaste, diz o Senhor,
voltaste para trás; por isso estenderei a minha mão contra ti, e te
destruirei; estou cansado de me abrandar. 7 E os padejei com a pá
nas portas da terra; desfilhei, destruí o meu povo; não voltaram
dos seus caminhos. 8 As suas viúvas mais se me têm multiplicado do
que a areia dos mares; trouxe ao meio-dia um destruidor sobre eles,
até sobre a mãe de jovens; fiz que caísse de repente sobre ela
angústia e terrores. 9 A que dava à luz sete se enfraqueceu:
expirou a sua alma; pôs-se-lhe o sol sendo ainda dia; ela se
confundiu, e se envergonhou; e os que ficarem deles eu os entregarei
à espada, diante dos seus inimigos, diz o Senhor. 10
Ai de mim, minha mãe! Porque
me deste à luz, homem de rixas e homem de contendas para toda a
terra. Nunca lhes emprestei com usura, nem eles me emprestaram a mim
com usura, todavia cada um deles me amaldiçoa. 11 Assim seja, ó
Senhor, se jamais deixei de suplicar-te pelo bem deles, ou de
rogar-te pelo inimigo no tempo da calamidade e no tempo da angústia.
12 Pode alguém quebrar o ferro, o ferro
do Norte, e o bronze? 13 As tuas riquezas e os teus tesouros, eu os
entregarei sem preço ao saque; e isso por todos os teus pecados,
mesmo em todos os teus limites. 14 E farei que sirvas os teus
inimigos numa terra que não conheces; porque o fogo se acendeu em
minha ira, e sobre vós arderá. 15 Tu,
ó Senhor, me conheces; lembra-te de mim, visita-me, e vinga-me dos
meus perseguidores; não me arrebates, por tua longanimidade. Sabe
que por amor de ti tenho sofrido afronta. 16 Acharam-se as tuas
palavras, e eu as comi; e as tuas palavras eram para mim o gozo e
alegria do meu coração; pois levo o teu nome, ó Senhor Deus dos
exércitos. 17 Não me assentei na roda dos que se alegram, nem me
regozijei. Sentei-me a sós sob a tua mão, pois me encheste de
indignação. 18 Por que é perpétua a minha dor, e incurável a
minha ferida, que se recusa a ser curada? Serás tu para mim como
ribeiro ilusório e como águas inconstantes?
19
Portanto assim diz o Senhor: Se
tu voltares, então te restaurarei, para estares diante de mim; e se
apartares o precioso do vil, serás como a minha boca; tornem-se eles
a ti, mas não voltes tu a eles. 20 E eu te porei contra este povo
como forte muro de bronze; eles pelejarão contra ti, mas não
prevalecerão contra ti; porque eu sou contigo para te salvar, para
te livrar, diz o Senhor.
21 E arrebatar-te-ei da mão dos iníquos, e livrar-te-ei da mão dos
cruéis.
Jeremias 16
NÃO
HAVERÁ PAZ
1
E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 2
Não tomarás a ti mulher, nem terás filhos nem filhas neste lugar.
3 Pois assim diz o Senhor acerca dos filhos e das filhas que nascerem
neste lugar, acerca de suas mães, que os tiverem, e de seus pais que
os gerarem nesta terra: 4 Morrerão de enfermidades dolorosas, e não
serão pranteados nem sepultados; serão como esterco sobre a face da
terra; pela espada e pela fome serão consumidos, e os seus cadáveres
servirão de pasto para as aves do céu e para os animais da terra.
5 Pois assim diz o Senhor: Não entres na casa
que está de luto, nem vás a lamentá-los, nem te compadeças deles;
porque deste povo, diz o Senhor, retirei
a minha paz, benignidade e misericórdia.
6 E morrerão nesta terra tanto grandes como pequenos; não serão
sepultados, e não os prantearão, nem se farão por eles incisões,
nem por eles se raparão os cabelos; 7 nem pão se dará aos que
estiverem de luto, para os consolar sobre os mortos; nem se lhes dará
a beber o copo da consolação pelo pai ou pela mãe. 8 Não entres
na casa do banquete, para te assentares com eles a comer e a beber. 9
Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Eis
que perante os vossos olhos, e em vossos dias, farei cessar deste
lugar a voz de gozo e a voz de alegria, a voz do noivo e a voz da
noiva. 10 E quando anunciares a este povo todas estas palavras, e
eles te disserem: Por que pronuncia o
Senhor sobre nós
todo este grande mal? Qual é a nossa iniquidade?
Qual é o pecado que cometemos contra o Senhor nosso Deus?
11 Então lhes dirás: Porquanto
vossos pais me deixaram, diz o Senhor, e
se foram após outros deuses, e os serviram e adoraram, e a mim me
deixaram, e não guardaram a minha lei; 12 e vós fizestes pior do
que vossos pais; pois eis que andais, cada um de vós, após o
pensamento obstinado do seu mau coração, recusando ouvir-me a mim;
13 portanto eu vos lançarei fora desta terra, para uma terra que não
conhecestes, nem vós nem vossos pais; e ali servireis a deuses
estranhos de dia e de noite; pois não vos concederei favor algum. 14
Portanto, eis que dias vêm, diz o Senhor,
em que não se dirá mais: Vive o
Senhor que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito;
15 mas sim: Vive o Senhor, que fez
subir os filhos de Israel da terra do norte, e de todas as terras
para onde os tinha lançado; porque eu os farei voltar à sua terra,
que dei a seus pais. 16 Eis que
mandarei vir muitos pescadores, diz o Senhor,
os quais os pescarão; e depois mandarei vir muitos caçadores, os
quais os caçarão de todo monte, e de todo outeiro, e até das
fendas das rochas. 17 Pois os meus olhos estão sobre todos os seus
caminhos; não se acham eles escondidos da minha face, nem está a
sua iniquidade
encoberta aos meus olhos. 18 E eu retribuirei em dobro a sua
iniquidade
e o seu pecado, porque contaminaram a minha terra com os vultos
inertes dos seus ídolos detestáveis, e das suas abominações
encheram a minha herança. 19 Ó Senhor,
força minha e fortaleza minha, e refúgio meu no dia da angústia, a
ti virão as nações desde as extremidades da terra, e dirão:
Nossos pais herdaram só mentiras, e vaidade, em que não havia
proveito. 20 Pode um homem fazer
para si deuses? Esses tais não são deuses! 21 Portanto, eis que
lhes farei conhecer, sim desta vez lhes farei conhecer o meu poder e
a minha força; e saberão que o meu nome é Jeová.
Jeremias 17
O
PECADO DE JUDÁ
1
O pecado de Judá está escrito com um ponteiro de ferro; com ponta
de diamante está gravado na tábua do seu coração e nas pontas dos
seus altares; 2 enquanto seus filhos se lembram dos seus altares, e
dos seus aserins, junto às árvores frondosas, sobre os altos
outeiros, 3 nas montanhas no campo aberto, a tua riqueza e todos os
teus tesouros dá-los-ei como despojo por causa do pecado, em todos
os teus termos. 4 Assim tu, por ti mesmo, te privarás da tua herança
que te dei; e far-te-ei servir os teus inimigos, na terra que não
conheces; porque acendeste um fogo na minha ira, o qual arderá para
sempre. 5 Assim diz o Senhor: Maldito
o homem
que confia no homem, e faz da carne
o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! 6 Pois é como o
junípero no deserto, e não verá vir bem algum; antes morará nos
lugares secos do deserto, em terra salgada e inabitada. 7 Bendito o
homem que
confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. 8 Porque é como a
árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o
ribeiro, e não receia quando vem o calor, mas a sua folha fica
verde; e no ano de sequidão não se afadiga, nem deixa de dar fruto.
9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso;
quem o poderá conhecer? 10 Eu, o Senhor, esquadrinho a mente, eu
provo o coração; e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos
e segundo o fruto das suas ações. 11 Como a perdiz que ajunta
pintainhos que não são do seu ninho, assim é aquele que ajunta
riquezas, mas não retamente; no meio de seus dias as deixará, e no
seu fim se mostrará insensato. 12 Um trono glorioso, posto bem alto
desde o princípio, é o lugar do nosso santuário. 13
Ó Senhor, esperança de Israel, todos aqueles que te abandonarem
serão envergonhados. Os que se apartam de ti serão escritos sobre a
terra; porque abandonam o Senhor, a fonte das águas vivas. 14
Cura-me, ó Senhor, e serei curado; salva-me, e serei salvo; pois tu
és o meu louvor. 15 Eis que eles me
dizem: Onde está a palavra do
Senhor? Venha
agora. 16 Quanto a mim, não instei
contigo para enviares sobre eles o mal, nem tampouco desejei o dia
calamitoso; tu o sabes; o que saiu dos meus
lábios estava diante de tua face. 17 Não me sejas por espanto; meu
refúgio és tu no dia da calamidade. 18 Envergonhem-se os que me
perseguem, mas não me envergonhe eu; assombrem-se eles, mas não me
assombre eu; traze sobre eles o dia da calamidade, e destrói-os com
dobrada destruição. 19 Assim me disse o Senhor: Vai,
e põe-te na porta de Benjamim, pela qual entram os reis de Judá, e
pela qual saem, como também em todas as portas de Jerusalém. 20 E
dize-lhes: Ouvi a palavra do Senhor, vós, reis de Judá e todo o
Judá, e todos os moradores de Jerusalém, que entrais por estas
portas; 21 assim diz o Senhor:
Guardai-vos a vós mesmos, e não tragais cargas no dia de sábado,
nem as introduzais pelas portas de Jerusalém; 22 nem tireis cargas
de vossas casas no dia de sábado, nem façais trabalho algum; antes
santificai o dia de sábado, como eu ordenei a vossos pais. 23 Mas
eles não escutaram, nem inclinaram os seus ouvidos; antes
endureceram a sua cerviz, para não ouvirem, e para não receberem
instrução. 24 Mas se vós diligentemente me ouvirdes, diz o
Senhor, não introduzindo cargas pelas portas
desta cidade no dia de sábado, e santificardes o dia de sábado, não
fazendo nele trabalho algum, 25 então entrarão pelas portas desta
cidade reis e príncipes, que se assentem sobre o trono de Davi,
andando em carros e montados em cavalos, eles e seus príncipes, os
homens de Judá, e os moradores de Jerusalém; e esta cidade será
para sempre habitada. 26 E virão das cidades de Judá, e dos
arredores de Jerusalém, e da terra de Benjamim, e da planície, e da
região montanhosa, e do e sul, trazendo à casa do Senhor
holocaustos, e sacrifícios, e ofertas de cereais, e incenso,
trazendo também sacrifícios de ação de graças. 27 Mas, se não
me ouvirdes, para santificardes o dia de sábado, e para não
trazerdes carga alguma, quando entrardes pelas portas de Jerusalém
no dia de sábado, então acenderei fogo nas suas portas, o qual
consumirá os palácios de Jerusalém, e não se apagará.
Jeremias 18
O
VASO DO OLEIRO
1
A palavra que veio do Senhor a Jeremias, dizendo: 2
Levanta-te, e desce à casa do
oleiro, e lá te farei ouvir as
minhas palavras. 3 Desci, pois, à casa do oleiro, e eis que ele
estava ocupado com a sua obra sobre as rodas. 4 Como o vaso, que ele
fazia de barro, se estragou na mão do oleiro, tornou a fazer dele
outro vaso, conforme pareceu bem aos seus olhos fazer. 5 Então veio
a mim a palavra do Senhor, dizendo: 6 Não poderei eu fazer de vós
como fez este oleiro, ó casa de Israel? Diz o Senhor.
Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha
mão, ó casa de Israel. 7 Se em qualquer tempo eu falar acerca duma
nação, e acerca dum reino, para arrancar, para derribar e para
destruir, 8 e se aquela nação, contra a qual falar, se converter da
sua maldade, também eu me arrependerei do mal que intentava
fazer-lhe. 9 E se em qualquer tempo eu falar acerca duma nação e
acerca dum reino, para edificar e para plantar, 10 se ela fizer o mal
diante dos meus olhos, não dando ouvidos à minha voz, então me
arrependerei do bem que lhe intentava fazer. 11 Ora pois, fala agora
aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, dizendo:
Assim diz o senhor: Eis que estou
forjando mal contra vós, e projeto um plano contra vós;
convertei-vos pois agora cada um do seu mau caminho, e emendai os
vossos caminhos e as vossas ações. 12 Mas eles dizem: Não há
esperança; porque após os nossos projetos
andaremos, e cada um fará segundo o propósito obstinado do seu mau
coração. 13 Portanto assim diz o
Senhor: Perguntai agora entre as nações
quem ouviu tais coisas? Coisa
mui horrenda fez a virgem de Israel! 14 Acaso desaparece a neve do
Líbano dos penhascos do Siriom? Serão esgotadas as águas frias que
vêm dos montes? 15 Contudo o meu povo se tem esquecido de mim,
queimando incenso a deuses falsos; fizeram-se tropeçar nos seus
caminhos, e nas veredas antigas, para
que andassem por atalhos não aplainados; 16 para fazerem da sua
terra objeto de espanto e de perpétuos
assobios; todo aquele que passa por ela se espanta, e meneia a
cabeça. 17 Com vento oriental os espalharei diante do inimigo;
mostrar-lhes-ei as costas e não o rosto, no dia da sua calamidade.
18 Então disseram: Vinde, e maquinemos
projetos contra Jeremias; pois não perecerá a lei do sacerdote, nem
o conselho do sábio, nem a palavra do profeta. Vinde, e ataquemo-lo
com a língua, e não atendamos a nenhuma das suas palavras.
19 Atende-me, ó Senhor, e ouve a voz dos que
contendem comigo. 20 Porventura pagar-se-á mal por bem? Contudo
cavaram uma cova para a minha vida. Lembra-te de que eu compareci na
tua presença, para falar a favor deles, para desviar deles a tua
indignação. 21 Portanto entrega seus filhos à fome, e entrega-os
ao poder da espada, e sejam suas mulheres roubadas dos filhos, e
fiquem viúvas; e sejam seus maridos feridos de morte, e os seus
jovens mortos à espada na peleja. 22 Seja ouvido o clamor que vem de
suas casas, quando de repente trouxeres tropas sobre eles; porque
cavaram uma cova para prender-me e armaram laços aos meus pés. 23
Mas tu, ó Senhor, sabes todo o seu conselho contra mim para
matar-me. Não perdoes a sua iniquidade, nem apagues o seu pecado de
diante da tua face; mas sejam transtornados diante de ti; trata-os
assim no tempo da tua ira.
Jeremias 19
A
BOTIJA QUEBRADA
1
Assim disse o Senhor: Vai, e compra uma botija
de oleiro, e leva contigo alguns anciãos do povo e alguns anciãos
dos sacerdotes; 2 e sai ao vale do filho de Hinom, que está à
entrada da Porta Harsite (porta do
oleiro), e apregoa ali as palavras
que eu te disser; 3 e dirás: Ouvi a
palavra do Senhor, ó reis de Judá, e moradores de Jerusalém.
Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
Eis que trarei sobre este lugar uma calamidade tal que fará retinir
os ouvidos de quem quer que dela ouvir. 4 Porquanto me deixaram, e
profanaram este lugar, queimando nele incenso a outros deuses, que
nunca conheceram, nem eles nem seus pais, nem os reis de Judá; e
encheram este lugar de sangue de inocentes. 5 E edificaram os altos
de Baal, para queimarem seus filhos no fogo em holocaustos a Baal; o
que nunca lhes ordenei, nem falei, nem entrou no meu pensamento. 6
Por isso eis que dias vêm, diz o Senhor, em
que este lugar não se chamara mais Tofete, nem o vale do filho de
Hinom, mas o vale da matança. 7 E tornarei vão o conselho de Judá
e de Jerusalém neste lugar, e os farei cair à espada diante de seus
inimigos e pela mão dos que procuram tirar-lhes a vida. Darei os
seus cadáveres por pasto as aves do céu e aos animais da terra. 8 E
farei esta cidade objeto de espanto e de assobios; todo aquele que
passar por ela se espantará, e assobiará, por causa de todas as
suas pragas. 9 E lhes farei comer a carne de seus filhos, e a carne
de suas filhas, e comerá cada um a carne do seu próximo, no cerco e
no aperto em que os apertarão os seus inimigos, e os que procuram
tirar-lhes a vida. 10 Então quebrarás a botija à vista dos homens
que foram contigo, 11 e lhes dirás: Assim
diz o Senhor dos exércitos: Deste
modo quebrarei eu a este povo, e a esta cidade, como se quebra o vaso
do oleiro, de sorte que não pode mais refazer-se; e os enterrarão
em Tofete, porque não haverá outro lugar para os enterrar. 12 Assim
farei a este lugar e aos seus moradores, diz o Senhor; sim,
porei esta cidade como Tofete. 13 E as casas de Jerusalém, e as
casas dos reis de Judá, serão imundas como o lugar de Tofete, como
também todas as casas, sobre cujos terraços queimaram incenso a
todo o exército dos céus, e ofereceram libações a deuses
estranhos. 14 Então voltou Jeremias de Tofete, aonde o tinha
enviado o Senhor a profetizar; e pôs-se em pé no átrio da casa do
Senhor, e disse a todo o povo: 15 Assim diz o
Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
Eis que trarei sobre esta cidade, e sobre todas as suas cercanias,
todo o mal que pronunciei contra ela, porquanto endureceram a sua
cerviz, para não ouvirem as minhas palavras.
Jeremias 20
A
SENTENÇA DE PASUR
1
Ora Pasur, filho de Imer, o sacerdote, que era superintendente da
casa do Senhor, ouviu Jeremias profetizar estas coisas. 2 Então
feriu Pasur ao profeta Jeremias, e o meteu no cepo que está na porta
superior de Benjamim, na casa do Senhor. 3 No dia seguinte, quando
Pasur o tirou do cepo Jeremias lhe disse: O
Senhor não te chama Pasur, mas Magor-Missabibe (Terror
por todos os lados). 4 Porque assim
diz o Senhor: Eis que farei de ti um
terror para ti mesmo, e para todos os teus amigos. Eles cairão à
espada de seus inimigos, e teus olhos o verão. Entregarei Judá todo
na mão do rei de Babilônia; ele os levará cativos para Babilônia,
e matá-los-á à espada. 5 Também entregarei todas as riquezas
desta cidade, todos os seus lucros, e todas as suas coisas preciosas,
sim, todos os tesouros dos reis de Judá na mão de seus inimigos,
que os saquearão e, tomando-os, os levarão a Babilônia. 6 E tu,
Pasur, e todos os moradores da tua casa ireis para o cativeiro; e
virás para Babilônia, e ali morrerás, e ali serás sepultado, tu,
e todos os teus amigos, aos quais profetizaste falsamente.
O
LAMENTO DE JEREMIAS
7
Seduziste-me, ó Senhor, e deixei-me seduzir; mais forte foste do que
eu, e prevaleceste; sirvo de escárnio o dia todo; cada um deles
zomba de mim. 8 Pois sempre que falo, grito, clamo: Violência e
destruição; porque se tornou a palavra do Senhor um opróbrio para
mim, e um ludíbrio o dia todo. 9 Se eu disser: Não farei menção
dele, e não falarei mais no seu nome, então há no meu coração um
como fogo ardente, encerrado nos meus ossos, e estou fatigado de
contê-lo, e não posso mais. 10 Pois ouço a difamação de muitos,
terror por todos os lados!
Denunciai-o! Denunciemo-lo! Dizem
todos os meus íntimos amigos, aguardando o meu manquejar; bem pode
ser que se deixe enganar; então prevaleceremos contra ele e nos
vingaremos dele. 11 Mas o Senhor está comigo como um guerreiro
valente; por isso tropeçarão os meus perseguidores, e não
prevalecerão; ficarão muito confundidos, porque não alcançarão
êxito, sim, terão uma confusão perpétua que nunca será
esquecida. 12 Tu pois, ó Senhor dos exércitos, que provas o justo,
e vês os pensamentos e o coração, permite que eu veja a tua
vingança sobre eles; porque te confiei a minha causa. 13 Cantai ao
Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado da mão
dos malfeitores. 14 Maldito o dia em
que nasci; não seja bendito o dia
em que minha mãe me deu à luz. 15 Maldito o homem que deu as novas
a meu pai, dizendo:
Nasceu-te um filho,
alegrando-o com isso grandemente. 16 E seja esse homem como as
cidades que o senhor destruiu sem piedade; e ouça ele um clamor pela
manhã, e um alarido ao meio-dia. 17 Por que não me matou na madre?
Assim minha
mãe teria sido a minha sepultura, e teria ficado grávida
perpetuamente! 18 Por que saí da madre, para ver trabalho e
tristeza, e para que se consumam na vergonha os meus dias?
Jeremias 21
A
SENTENÇA DE JUDÁ
1
A palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor, quando o rei
Zedequias lhe enviou Pasur, filho de Malquias, e Sofonias, filho de
Maaséias, o sacerdote, dizendo: 2 Pergunta
agora por nós ao Senhor, por que Nabucodonosor, rei de Babilônia,
guerreia contra nós; porventura o Senhor nos tratará segundo todas
as suas maravilhas, e fará que o rei se retire de nós. 3
Então Jeremias lhes respondeu: Assim direis a
Zedequias: 4 Assim diz o Senhor, o Deus de Israel:
Eis que virarei contra vós
as armas de guerra, que estão nas vossas mãos, com que vós
pelejais contra o rei de Babilônia e contra os caldeus, que vos
estão sitiando ao redor dos muros, e ajuntá-los-ei no meio desta
cidade. 5 E eu mesmo pelejarei contra vós com mão estendida, e com
braço forte, e em ira, e em furor, e em grande indignação. 6 E
ferirei os habitantes desta cidade, tanto os homens como os
animais; de grande peste morrerão. 7 E depois
disso, diz o Senhor, entregarei
Zedequias, rei de Judá, e seus servos, e o povo, e os que desta
cidade restarem da peste, e da espada, e da fome, sim entregá-los-ei
na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e na mão de seus
inimigos, e na mão dos que procuram tirar-lhes a vida; e ele os
passará ao fio da espada; não os poupará, nem se compadecerá, nem
terá misericórdia. 8 E a este povo dirás:
Assim diz o Senhor: Eis que ponho
diante de vós o caminho da vida e o caminho da morte. 9 O que ficar
nesta cidade há de morrer à espada, ou de fome, ou de peste; mas o
que sair, e se render aos caldeus, que vos cercam, viverá, e terá a
sua vida por despojo. 10 Porque pus o meu rosto contra esta cidade
para mal, e não para bem, diz o Senhor; na
mão do rei de Babilônia se entregará, e ele a queimará a fogo. 11
E à casa do rei de Judá dirás: Ouvi
a palavra do Senhor: 12 Ó casa
de Davi, assim diz o Senhor: Executai
justiça pela manhã, e livrai o espoliado da mão do opressor, para
que não saia o meu furor como fogo, e se acenda, sem que haja quem o
apague, por causa da maldade de vossas ações. 13 Eis que eu sou
contra ti, ó moradora do vale, ó rocha da campina, diz
o Senhor; contra vós que dizeis: Quem
descerá contra nós? Ou:
Quem entrará nas nossas moradas? 14
E eu vos castigarei segundo o fruto das vossas ações, diz o
Senhor; e no seu bosque acenderei fogo que
consumirá a tudo o que está em redor dela.
Jeremias 22
PALAVRA
PARA O REI DE JUDÁ
1
Assim diz o Senhor: Desce à casa do rei
de Judá, e anuncia ali esta palavra. 2 E dize: Ouve a palavra do
Senhor, ó rei de Judá, que te assentas no trono de Davi; ouvi, tu,
e os teus servos, e o teu povo, que entrais por estas portas.
3 Assim diz o Senhor:
Exercei o juízo e a justiça, e livrai o espoliado da mão do
opressor. Não façais nenhum mal ou violência ao estrangeiro, nem
ao órfão, nem a viúva; não derrameis sangue inocente neste lugar.
4 Pois se deveras cumprirdes esta palavra, entrarão pelas portas
desta casa reis que se assentem sobre o trono de Davi, andando em
carros e montados em cavalos, eles, e os seus servos, e o seu povo. 5
Mas se não derdes ouvidos a estas palavras, por mim mesmo tenho
jurado, diz o Senhor, que esta casa se
tornará em assolação. 6 Pois assim diz o Senhor acerca da casa do
rei de Judá: Tu és para mim Gileade, e
a cabeça do Líbano; todavia certamente farei de ti um deserto e
cidades desabitadas. 7 E prepararei contra ti destruidores, cada um
com as suas armas; os quais cortarão os teus cedros escolhidos, e os
lançarão no fogo. 8 E muitas nações passarão por esta cidade, e
dirá cada um ao seu companheiro: Por que procedeu o Senhor assim com
esta grande cidade? 9 Então responderão: Porque deixaram o pacto do
Senhor seu Deus, e adoraram a outros deuses, e os serviram. 10 Não
choreis o morto, nem o lastimeis; mas chorai amargamente aquele que
sai; porque não voltará mais, nem verá a terra onde nasceu. 11
Pois assim diz o Senhor acerca de Salum, filho
de Josias, rei de Judá, que reinou em lugar de Josias seu pai, que
saiu deste lugar: Nunca mais voltará
para cá, 12 mas no lugar para onde o levaram cativo morrerá, e
nunca mais verá esta terra. 13 Ai daquele que edifica a sua casa com
iniquidade,
e os seus aposentos com injustiça; que se serve do trabalho do seu
próximo sem remunerá-lo, e não lhe dá o salário; 14 que diz:
Edificarei para mim uma casa espaçosa, e aposentos largos; e que lhe
abre janelas, forrando-a de cedro, e pintando-a de vermelhão. 15
Acaso reinarás tu, porque procuras exceder no uso de cedro? O teu
pai não comeu e bebeu, e não exercitou o juízo e a justiça? Por
isso lhe sucedeu bem. 16 Julgou a causa do pobre e necessitado; então
lhe sucedeu bem. Porventura não é isso conhecer-me? Diz
o Senhor. 17 Mas os teus olhos e o teu
coração não atentam senão para a tua ganância, e para derramar
sangue inocente, e para praticar a opressão e a violência.
18 Portanto assim diz o Senhor acerca de Jeoiaquim, filho de Josias,
rei de Judá: Não o lamentarão,
dizendo: Ai, meu irmão!
Ou:
Ai, minha irmã! Nem
o lamentarão, dizendo:
Ai, Senhor! Ou:
Ai, sua majestade!
19 Com a sepultura de jumento será sepultado, sendo arrastado e
lançado fora das portas de Jerusalém. 20 Sobe ao Líbano, e clama,
e levanta a tua voz em Basã, e clama desde Abarim; porque são
destruídos todos os teus namorados. 21 Falei contigo no tempo da tua
prosperidade; mas tu disseste: Não escutarei. Este tem sido o teu
caminho, desde a tua mocidade, o não obedeceres à minha voz. 22 O
vento apascentará todos os teus pastores, e os teus namorados irão
para o cativeiro; certamente então te confundirás, 23 e tu, que
habitas no Líbano, aninhada nos cedros, como hás de gemer, quando
te vierem as dores, os ais como da que está de parto! 24 Vivo eu,
diz o Senhor, ainda
que Conias, filho de Jeoiaquim, rei de Judá, fosse o anel do selo da
minha mão direita, contudo eu dali te arrancaria; 25 e te entregaria
na mão dos que procuram tirar-te a vida, e na mão daqueles diante
dos quais tu temes, a saber, na mão de Nabucodonosor, rei de
Babilônia, e na mão dos caldeus. 26 A ti e a tua mãe, que te deu à
luz, lançar-vos-ei para uma terra estranha, em que não nascestes, e
ali morrereis. 27 Mas à terra para a qual eles almejam voltar, para
lá não voltarão. 28 E este homem Conias algum vaso desprezado e
quebrado, um vaso de que ninguém se
agrada? Por que razão foram ele e a sua linhagem arremessados e
arrojados para uma terra que não conhecem? 29 Ó terra, terra,
terra; ouve a palavra do Senhor. 30
Assim diz o Senhor: Escrevei que este
homem fica sem filhos, homem que não prosperará nos seus dias; pois
nenhum da sua linhagem prosperará para assentar-se sobre o trono de
Davi e reinar daqui em diante em Judá.
Jeremias 23
O
CASTIGO DOS MAUS PASTORES
1
Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz
o Senhor. 2 Portanto assim diz o Senhor,
o Deus de Israel, acerca dos pastores que apascentam o meu povo: Vós
dispersastes as minhas ovelhas, e as afugentastes, e não as
visitastes. Eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações,
diz o Senhor. 3 E
eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas de todas as terras
para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e
frutificarão, e se multiplicarão. 4 E levantarei sobre elas
pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se
assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o Senhor. 5 Eis que vêm
dias, diz o Senhor,
em que levantarei a Davi um Renovo
justo; e, sendo rei, reinará e
procederá sabiamente, executando o juízo e a justiça na terra. 6
Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este é
o nome de que será chamado: O SENHOR
JUSTIÇA NOSSA. 7 Portanto, eis que
vêm dias, diz o Senhor,
em que nunca mais dirão: Vive o Senhor, que tirou os filhos de
Israel da terra do Egito; 8 mas: Vive o Senhor, que tirou e que
trouxe a linhagem da casa de Israel da terra do norte, e de todas as
terras para onde os tinha arrojado; e eles habitarão na sua terra. 9
Quanto aos profetas. O meu coração está quebrantado dentro de mim;
todos os meus ossos estremecem; sou como um homem embriagado, e como
um homem vencido do vinho, por causa do Senhor, e por causa das suas
santas palavras. 10 Pois a terra está cheia de adúlteros; por causa
da maldição a terra chora, e os pastos do deserto se secam. A sua
carreira é má, e a sua força não é reta. 11 Porque tanto o
profeta como o sacerdote são profanos; até na minha casa achei a
sua maldade, diz o Senhor. 12
Portanto o seu caminho lhes será como veredas escorregadias na
escuridão; serão empurrados e cairão nele; porque trarei sobre
eles mal, o ano mesmo da sua punição, diz
o Senhor. 13 Nos profetas de Samaria
bem vi eu insensatez; profetizavam da parte de Baal, e faziam errar o
meu povo Israel. 14 Mas nos profetas de Jerusalém vejo uma coisa
horrenda: cometem adultérios, e andam com falsidade, e fortalecem as
mãos dos malfeitores, de sorte que não se convertam da sua maldade;
eles têm-se tornado para mim como Sodoma, e os moradores dela como
Gomorra. 15 Portanto assim diz o Senhor
dos exércitos acerca dos profetas:
Eis que lhes darei a comer losna, e lhes farei beber águas de fel;
porque dos profetas de Jerusalém saiu a contaminação sobre toda a
terra. 16 Assim diz o Senhor dos
exércitos: Não
deis ouvidos as palavras dos profetas, que vos profetizam a vós,
ensinando-vos vaidades; falam da visão do seu coração, não da
boca do Senhor. 17 Dizem continuamente aos que desprezam a palavra do
Senhor: Paz tereis;
e a todo o que anda na teimosia do seu coração, dizem:
Não virá mal sobre vós. 18 Pois
quem dentre eles esteve no concílio do Senhor, para que percebesse e
ouvisse a sua palavra, ou quem esteve atento e escutou a sua palavra?
19 Eis a tempestade do Senhor! A sua indignação, qual tempestade
devastadora, já saiu; descarregar-se-á sobre a cabeça dos ímpios.
20 Não retrocederá a ira do Senhor, até que ele tenha executado e
cumprido os seus desígnios. Nos últimos dias entendereis isso
claramente. 21 Não mandei esses profetas, contudo eles foram
correndo; não lhes falei a eles, todavia eles profetizaram. 22 Mas
se tivessem assistido ao meu concílio, então teriam feito o meu
povo ouvir as minhas palavras, e o teriam desviado do seu mau
caminho, e da maldade das suas ações. 23 Sou eu apenas Deus de
perto, diz o Senhor,
e não também Deus de longe? 24 Esconder-se-ia alguém em
esconderijos, de modo que eu não o veja? Diz
o Senhor. Porventura não encho eu o céu
e a terra? Diz
o Senhor. 25 Tenho ouvido o que dizem
esses profetas que profetizam mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei,
sonhei. 26 Até quando se achará isso no coração dos profetas que
profetizam mentiras, e que profetizam do engano do seu próprio
coração? 27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do
meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim
como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal. 28 O
profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha
palavra, fale fielmente a minha palavra. Que tem a palha com o trigo?
Diz o
Senhor. 29 Não é a minha palavra como
fogo, diz o Senhor,
e como um martelo que esmiúça a pedra? 30 Portanto, eis que eu sou
contra os profetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras, cada
um ao seu próximo. 31 Eis que eu sou contra os profetas,
diz o Senhor, que usam de sua própria
linguagem, e dizem: Ele disse. 32 Eis
que eu sou contra os que profetizam sonhos mentirosos, diz
o Senhor, e os contam, e fazem errar o
meu povo com as suas mentiras e com a sua vã jactância; pois eu não
os enviei, nem lhes dei ordem; e eles não trazem proveito algum a
este povo, diz o Senhor.
33 Quando pois te perguntar este povo, ou um profeta, ou um
sacerdote, dizendo: Qual é a
profecia do Senhor? Então lhes
dirás: Qual a profecia!
Que eu vos
arrojarei, diz o Senhor.
34 E, quanto ao profeta, e ao sacerdote, e ao povo, que disser:
A profecia do Senhor; eu castigarei
aquele homem e a sua casa. 35 Assim direis, cada um ao seu próximo,
e cada um ao seu irmão: Que
respondeu o Senhor? E:
Que falou o Senhor? 36 Mas nunca
mais fareis menção da profecia do Senhor, porque a cada um lhe
servirá de profecia a sua própria
palavra; pois torceis as palavras do Deus vivo, do Senhor dos
exércitos, o nosso Deus. 37 Assim dirás ao profeta: Que
te respondeu o Senhor? E:
Que falou o Senhor?
38 Se, porém, disserdes: A profecia do Senhor; assim
diz o Senhor: Porque dizeis esta
palavra: A profecia do Senhor, quando eu mandei dizer-vos: Não
direis: A profecia do Senhor; 39 por isso, eis que certamente eu vos
levantarei, e vos lançarei fora da minha presença, a vós e a
cidade que vos dei a vós e a vossos pais; 40 e porei sobre vós
perpétuo opróbrio, e eterna vergonha, que não será esquecida.
Jeremias 24
OS
CESTOS DE FIGOS
1
Fez-me o Senhor ver, e vi dois cestos de figos, postos diante do
templo do Senhor. Sucedeu isso depois que Nabucodonosor, rei de
Babilônia, levara em cativeiro a Jeconias, filho de Jeoiaquim, rei
de Judá, e os príncipes de Judá, e os carpinteiros, e os ferreiros
de Jerusalém, e os trouxera a Babilônia. 2 Um cesto tinha figos
muito bons, como os figos temporãos; mas o outro cesto tinha
figos muito ruins, que não se podiam comer, de ruins que eram. 3 E
perguntou-me o Senhor: Que vês tu, Jeremias?
E eu respondi: Figos; os figos bons, muito
bons, e os ruins, muito ruins, que não se podem comer, de ruins que
são. 4 Então veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 5
Assim diz o Senhor, o Deus de Israel: Como a
estes bons figos, assim atentarei com favor para os exilados de Judá,
os quais eu enviei deste lugar para a terra dos caldeus. 6 Porei os
meus olhos sobre eles, para seu bem, e os farei voltar a esta terra.
Edificá-los-ei, e não os demolirei; e plantá-los-ei, e não os
arrancarei. 7 E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, que eu
sou o Senhor; e eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus; pois
se voltarão para mim de todo o seu coração. 8 E como os figos
ruins, que não se podem comer, de ruins que são, certamente
assim diz o Senhor: Do mesmo modo
entregarei Zedequias, rei de Judá, e os
seus príncipes, e o resto de Jerusalém, que ficou de resto nesta
terra, e os que habitam na terra do Egito; 9 eu farei que sejam
espetáculo horrendo, uma ofensa para todos os reinos da terra, um
opróbrio e provérbio, um escárnio, e uma maldição em todos os
lugares para onde os arrojarei. 10 E enviarei entre eles a espada, a
fome e a peste, até que sejam consumidos de sobre a terra que lhes
dei a eles e a seus pais.
Jeremias 25
A
SENTENÇA DE SETENTA ANOS DE CATIVEIRO
1
A palavra que veio a Jeremias acerca de todo o povo de Judá, no ano
quarto de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá (que era o
primeiro ano de Nabucodonosor, rei de Babilônia, 2 a qual anunciou o
profeta Jeremias a todo o povo de Judá, e a todos os habitantes de
Jerusalém, dizendo: 3 Desde o ano treze de
Josias, filho de Amom, rei de Judá, até o dia de hoje, período de
vinte e três anos, tem vindo a mim a palavra do Senhor, e vo-la
tenho anunciado, falando-vos insistentemente; mas vós não tendes
escutado. 4 Também o Senhor vos tem enviado com insistência todos
os seus servos, os profetas mas vós não escutastes, nem inclinastes
os vossos ouvidos para ouvir, 5 quando vos diziam: Convertei-vos
agora cada um do seu mau caminho, e da maldade das suas ações, e
habitai na terra que o Senhor vos deu e a vossos pais, desde os
tempos antigos e para sempre; 6 e não andeis após deuses alheios
para os servirdes, e para os adorardes, nem me provoqueis à ira com
a obra de vossas mãos; e não vos farei mal algum. 7 Todavia não me
escutastes, diz o Senhor,
mas me provocastes à ira com a obra de vossas mãos, para vosso mal.
8 Portanto assim diz o Senhor dos exércitos:
Visto que não escutastes as minhas palavras 9 eis que eu enviarei, e
tomarei a todas as famílias do Norte, diz
o Senhor, como também a Nabucodonosor,
rei de Babilônia, meu servo, e os trarei sobre esta terra, e sobre
os seus moradores, e sobre todas estas nações em redor. e os
destruirei totalmente, e farei que sejam objeto de espanto, e de
assobio, e de perpétuo opróbrio. 10 E farei cessar dentre eles a
voz de gozo e a voz de alegria, a voz do noivo e a voz da noiva, o
som das mós e a luz do candeeiro. 11 E toda esta terra virá a ser
uma desolação e um espanto; e estas
nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos.
12 Acontecerá, porém, que quando se cumprirem os setenta anos,
castigarei o rei de Babilônia, e esta nação, diz
o Senhor, castigando a sua iniquidade,
e a terra dos caldeus; farei dela uma desolação perpétua.
13 E trarei sobre aquela terra todas as minhas palavras, que tenho
proferido contra ela, tudo quanto está escrito neste livro, que
profetizou Jeremias contra todas as nações. 14 Porque deles, sim,
deles mesmos muitas nações e grandes reis farão escravos; assim
lhes retribuirei segundo os seus feitos, e segundo as obras das suas
mãos. 15 Pois assim me disse o Senhor,
o Deus de Israel: Toma da minha mão
este cálice do vinho de furor, e faze que dele bebam todas as
nações, às quais eu te enviar. 16
Beberão, e cambalearão, e enlouquecerão, por causa da
espada, que eu enviarei entre eles. 17
Então tomei o cálice da mão do Senhor, e fiz que bebessem todas as
nações, às quais o Senhor me enviou:
18 A
Jerusalém, e às cidades de Judá, e aos seus reis, e aos seus
príncipes, para fazer deles uma desolação, um espanto, um assobio
e uma maldição, como hoje se vê; 19 a Faraó, rei do Egito, e a
seus servos, e a seus príncipes, e a todo o seu povo; 20 e a todo o
povo misto, e a todos os reis da terra de Uz, e a todos os reis da
terra dos filisteus, a Ascalom, a Gaza, a Ecrom, e ao que resta de
Asdode; 21 e a Edom, a Moabe, e aos filhos de Amom; 22 e a todos os
reis de Tiro, e a todos os reis de Sidom, e aos reis das terras dalém
do mar; 23 a Dedã, a Tema, a Buz e a todos os que habitam nos
últimos cantos da terra; 24 a todos os reis da Arábia, e a todos os
reis do povo misto que habita no deserto; 25 a todos os reis de
Zinri, a todos os reis de Elão, e a todos os reis da Média; 26 a
todos os reis do Norte, os de perto e os de longe, tanto um como o
outro, e a todos os reinos da terra, que estão sobre a face da
terra; e o rei de Sesaque
beberá depois deles. 27 Pois lhes
dirás: Assim diz o Senhor dos
exércitos, o Deus de Israel: Bebei,
e embebedai-vos, e vomitai, e caí, e não torneis a levantar, por
causa da espada que eu vos enviarei. 28 Se recusarem tomar o copo da
tua mão para beber, então lhes dirás:
Assim diz o Senhor dos exércitos:
Certamente bebereis. 29 Pois eis que sobre a cidade que se chama pelo
meu nome, eu começo a trazer a calamidade; e haveis vós de ficar
totalmente impunes? Não ficareis impunes; porque eu chamo a espada
sobre todos os moradores da terra, diz o
Senhor dos exércitos. 30 Tu pois lhes
profetizarás todas estas palavras, e lhes dirás: O Senhor desde o
alto bramirá, e fará ouvir a sua voz desde a sua santa morada;
bramirá fortemente contra a sua habitação; dará brados, como os
que pisam as uvas, contra todos os moradores da terra. 31 Chegará o
estrondo até a extremidade da terra, porque o Senhor tem contenda
com as nações, entrará em juízo com toda a carne; quanto aos
ímpios, ele os entregará a espada, diz
o Senhor. 32 Assim diz o Senhor dos exércitos:
Eis que o mal passa de nação para nação, e grande tempestade se
levantará dos confins da terra. 33 E os mortos do Senhor naquele dia
se encontrarão desde uma extremidade da terra até a outra; não
serão pranteados, nem recolhidos, nem sepultados; mas serão como
esterco sobre a superfície da terra. 34 Uivai, pastores, e clamai; e
revolvei-vos na cinza, vós que sois os principais do rebanho; pois
já se cumpriram os vossos dias para serdes mortos, e eu vos
despedaçarei, e vós então caireis como carneiros escolhidos. 35 E
não haverá refúgio para os pastores, nem lugar para onde escaparem
os principais do rebanho. 36 Eis a voz de grito dos pastores, o uivo
dos principais do rebanho; porque o Senhor está devastando o pasto
deles. 37 E as suas malhadas pacíficas são reduzidas a silêncio,
por causa do furor da ira do Senhor. 38 Deixou como leão o seu
covil; porque a sua terra se tornou em desolação, por causa do
furor do opressor, e por causa do furor da sua ira.
Jeremias 26
JEREMIAS
AMEAÇADO DE MORTE
1
No princípio do reino de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá,
veio da parte do Senhor esta palavra, dizendo: 2 Assim diz o Senhor:
Põe-te no átrio da casa do Senhor e dize a
todas as cidades de Judá que vêm adorar na casa do Senhor, todas as
palavras que te mando que lhes fales; não omitas uma só palavra. 3
Bem pode ser que ouçam, e se convertam cada um do seu mau caminho,
para que eu desista do mal que intento fazer-lhes por causa da
maldade das suas ações. 4 Dize-lhes pois: Assim
diz o Senhor: Se não me derdes
ouvidos para andardes na minha lei, que pus diante de vós, 5 e para
ouvirdes as palavras dos meus servos, os profetas, que eu com
insistência vos envio, mas não ouvistes; 6 então farei que esta
casa seja como Siló, e farei desta cidade uma maldição para todas
as nações da terra. 7 E ouviram os sacerdotes, e os
profetas, e todo o povo, a Jeremias, anunciando estas palavras na
casa do Senhor. 8 Tendo Jeremias acabado de dizer tudo quanto o
Senhor lhe havia ordenado que dissesse a todo o povo, pegaram nele os
sacerdotes, e os profetas, e todo o povo, dizendo:
Certamente morrerás. 9 Por que profetizaste em nome do Senhor,
dizendo: Será como Siló esta casa,
e esta cidade ficará assolada e desabitada? E ajuntou-se
todo o povo contra Jeremias, na casa do Senhor. 10 Quando os
príncipes de Judá ouviram estas coisas, subiram da casa do rei à
casa do Senhor, e se assentaram à entrada da porta nova do Senhor.
11 Então falaram os sacerdotes e os profetas aos príncipes e a todo
povo, dizendo: Este homem é réu de morte,
porque profetizou contra esta cidade, como ouvistes com os vossos
próprios ouvidos. 12 E falou Jeremias a todos os príncipes e
a todo o povo, dizendo: O Senhor enviou-me a
profetizar contra esta casa, e contra esta cidade, todas as palavras
que ouvistes. 13 Agora, pois, melhorai os vossos caminhos e as vossas
ações, e ouvi a voz do Senhor vosso Deus, e o Senhor desistirá do
mal que falou contra vós. 14 Quanto a mim, eis que estou nas vossas
mãos; fazei de mim conforme o que for bom e reto aos vossos olhos.
15 Sabei, porém, com certeza que, se me matardes a mim, trareis
sangue inocente sobre vós, e sobre esta cidade, e sobre os seus
habitantes; porque, na verdade, o Senhor me enviou a vós, para dizer
aos vossos ouvidos todas estas palavras. 16 Então disseram os
príncipes e todo o povo aos sacerdotes e aos profetas:
Este homem não é réu de morte, porque em nome do Senhor, nosso
Deus, nos falou. 17 Também se levantaram alguns dos anciãos
da terra, e falaram a toda a assembleia do povo, dizendo: 18
Miqueias, o
morastita, profetizou nos dias de Ezequias, rei de Judá, e falou a
todo o povo de Judá, dizendo: Assim
diz o Senhor dos exércitos: Sião será lavrada como um campo, e
Jerusalém se tornará em montões de ruínas, e o monte desta casa
como os altos de um bosque. 19
Mataram-no, porventura, Ezequias, rei de Judá, e todo o Judá? Antes
não temeu este ao Senhor, e não implorou o favor do Senhor? E
não se arrependeu o Senhor do mal que falara contra eles? Mas nós
estamos fazendo um grande mal contra as nossas almas. 20 Também
houve outro homem que profetizava em nome do Senhor: Urias,
filho de Semaías, de Quiriate-Jearim, o qual profetizou contra esta
cidade, e contra esta terra, conforme todas as palavras de Jeremias;
21 e quando o rei Jeoiaquim, e todos os seus valentes, e todos os
príncipes, ouviram as palavras dele, procurou o rei matá-lo; mas
quando Urias o ouviu, temeu, e fugiu, e foi para o Egito; 22 mas o
rei Jeoiaquim enviou ao Egito certos homens; Elnatã, filho de Acbor,
e outros com ele, 23 os quais tiraram a Urias do Egito, e o trouxeram
ao rei Jeoiaquim, que o matou à espada, e lançou o seu cadáver nas
sepulturas da plebe. 24 Porém Aicão, filho de Safã, deu
apoio a Jeremias, de sorte que não foi entregue na mão do povo,
para ser morto.
Jeremias 27
DEUS
DETERMINA SERVIDÃO À NABUCODONOSOR
1
No princípio do reinado de Zedequias, filho de Josias, rei de Judá,
veio esta palavra a Jeremias da parte do Senhor, dizendo: 2
Assim me disse o Senhor: Faze-te
correias e
canzis e põe-nos ao teu pescoço. 3 Depois envia-os ao rei de Edom,
e ao rei de Moabe, e ao rei dos filhos de Amom, e ao rei de Tiro, e
ao rei de Sidom, pela mão dos mensageiros que são vindos a
Jerusalém a ter com Zedequias,
rei de Judá; 4 e lhes darás uma mensagem para seus senhores,
dizendo: Assim diz o Senhor dos
exércitos, o Deus de Israel: Assim
direis a vossos senhores: 5 Sou eu que, com o meu grande poder e o
meu braço estendido, fiz a terra com os homens e os animais que
estão sobre a face da terra; e a dou a quem me apraz. 6 E
agora eu entreguei todas estas terras na mão de Nabucodonosor, rei
de Babilônia, meu servo; e ainda
até os animais do campo lhe dei, para que o sirvam. 7 Todas as
nações o servirão a ele, e a seu filho, e ao filho de seu filho,
até que venha o tempo da sua própria terra; e então muitas nações
e grandes reis se servirão dele. 8 A
nação e o reino que não servirem a Nabucodonosor, rei de
Babilônia, e que não puserem o seu pescoço debaixo do jugo do rei
de Babilônia, punirei com a espada, com a fome, e com a peste a essa
nação, diz o Senhor, até que eu os
tenha consumido pela mão dele. 9 Não deis ouvidos, pois, aos vossos
profetas, e aos vossos adivinhadores, e aos vossos sonhos, e aos
vossos agoureiros, e aos vossos encantadores, que vos dizem: Não
servireis o rei de Babilônia; 10
porque vos profetizam a mentira, para serdes removidos para longe da
vossa terra, e eu vos expulsarei dela, e vós perecereis. 11 Mas a
nação que meter o seu pescoço sob o jugo do rei de Babilônia, e o
servir, eu a deixarei na sua terra, diz o Senhor; e
lavra-la-á
e habitará nela. 12 E falei com Zedequias, rei de Judá,
conforme todas estas palavras: Metei os vossos
pescoços no jugo do rei de Babilônia, e servi-o, a ele e ao seu
povo, e vivei. 13 Por que morrereis tu e o teu povo, à espada, de
fome, e de peste, como o Senhor disse acerca da nação que não
servir ao rei de Babilônia? 14 Não deis ouvidos às palavras dos
profetas que vos dizem: Não servireis ao rei de Babilônia; porque
vos profetizam a mentira. 15 Pois não
os enviei, diz o Senhor, mas eles
profetizam falsamente em meu nome; para que eu vos lance fora, e
venhais a perecer, vós e os profetas que vos profetizam. 16
Então falei aos sacerdotes, e a todo este povo, dizendo:
Assim diz o Senhor: Não deis ouvidos às
palavras dos vossos profetas, que vos profetizam dizendo: Eis que os
utensílios da casa do senhor cedo voltarão de Babilônia; pois eles
vos profetizam a mentira. 17 Não lhes deis ouvidos; servi ao rei de
Babilônia, e vivei. Por que se tornaria esta cidade em assolação?
18 Se, porém, são profetas, e se está com eles a palavra do
Senhor, intercedam agora junto ao Senhor dos exércitos, para que os
utensílios que ficaram na casa do Senhor, e na casa do rei de Judá,
e em Jerusalém, não vão para Babilônia. 19
Pois assim diz o Senhor dos exércitos acerca das colunas, e do mar,
e das bases, e dos demais utensílios que ficaram na cidade, 20 os
quais Nabucodonosor, rei de Babilônia, não levou, quando
transportou de Jerusalém para Babilônia a Jeconias, filho de
Jeoiaquim, rei de Judá, como também a todos os nobres de Judá e de
Jerusalém; 21 assim pois diz o Senhor dos exércitos, o Deus de
Israel, acerca dos utensílios que ficaram na casa do Senhor, e na
casa do rei de Judá, e em Jerusalém:
22 Para Babilônia serão levados, e ali ficarão até o dia em que
eu os visitar, diz o Senhor;
então os farei subir, e os restituirei a este
lugar.
Jeremias 28
O
CASTIGO DE HANANIAS
1
E sucedeu no mesmo ano, no princípio do reinado de Zedequias, rei de
Judá, no ano quarto, no mês quinto, que Hananias, filho de Azur, o
profeta de Gibeão, me falou, na casa do Senhor, na presença dos
sacerdotes e de todo o povo dizendo: 2 Assim
fala o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel, dizendo:
Eu quebrarei o jugo do rei de Babilônia. 3 Dentro de dois anos, eu
tornarei a trazer a este lugar todos os utensílios da casa do
Senhor, que deste lugar tomou Nabucodonosor, rei de Babilônia,
levando-os para Babilônia. 4 Também a Jeconias, filho de Jeoiaquim
rei de Judá, e a todos os do cativeiro de, Judá, que entraram em
Babilônia, eu os tornarei a trazer a este lugar, diz o Senhor;
porque hei de quebrar o jugo do rei de Babilônia. 5 Então
falou o profeta Jeremias ao profeta Hananias, na presença dos
sacerdotes, e na presença de todo o povo que estava na casa do
Senhor. 6 Disse pois Jeremias, o profeta: Amém!
Assim faça
o Senhor; cumpra o Senhor as tuas palavras, que profetizaste, e torne
ele a trazer os utensílios da casa do Senhor, e todos os do
cativeiro, de Babilônia para este lugar. 7 Mas ouve agora esta
palavra, que eu falo aos teus ouvidos e aos ouvidos de todo o povo:
8 Os profetas que houve antes de mim e antes de ti, desde a
antiguidade,
profetizaram contra muitos países e contra grandes reinos, acerca de
guerra, de fome e de peste. 9 Quanto ao profeta que profetizar
de paz, quando se cumprir a palavra desse profeta, então será
conhecido que o Senhor na verdade enviou o profeta. 10 Então
o profeta Hananias tomou o canzil do pescoço do profeta Jeremias e o
quebrou. 11 E falou Hananias na presença de todo o povo, dizendo:
Isto diz o Senhor:
Assim dentro de dois anos quebrarei o jugo de Nabucodonosor, rei de
Babilônia, de sobre o pescoço de todas as nações. E
Jeremias, o profeta, se foi seu caminho. 12 Então veio a palavra do
Senhor a Jeremias, depois de ter o profeta Hananias quebrado o jugo
de sobre o pescoço do profeta Jeremias, dizendo: 13
Vai, e fala a Hananias, dizendo: Assim
diz o Senhor: Jugos de madeira
quebraste, mas em vez deles farei jugos de ferro 14
Pois assim diz o Senhor dos exércitos o Deus de Israel:
Jugo de ferro pus sobre o, pescoço de todas estas nações, para
servirem a Nabucodonosor, rei de Babilônia, e o servirão; e até os
animais do campo lhe dei. 15 Então disse o profeta Jeremias
ao profeta Hananias: Ouve agora, Hananias: O
Senhor não te enviou, mas tu fazes que este povo confie numa
mentira. 16 Pelo que assim diz o Senhor: Eis
que te lançarei de sobre a face da terra. Este ano morrerás, porque
pregaste rebelião contra o Senhor. 17
Morreu, pois, Hananias, o profeta, no mesmo ano, no sétimo mês.
Jeremias 29
A
CARTA DE JEREMIAS AOS CATIVOS
1
Ora, são estas as palavras da carta que Jeremias, o profeta, enviou
de Jerusalém, aos que restavam dos anciãos do cativeiro, como
também aos sacerdotes, e aos profetas, e a todo o povo, que
Nabucodonosor levara cativos de Jerusalém para Babilônia, 2 depois
de terem saído de Jerusalém o rei Jeconias, e a rainha-mãe, e os
eunucos, e os príncipes de Judá e Jerusalém e os artífices e os
ferreiros. 3 Veio por mão de Elasa, filho de Safã, e de Gemarias,
filho de Hilquias, os quais Zedequias, rei de Judá, enviou a
Babilônia, a Nabucodonosor, rei de Babilônia; eis as palavras da
carta: 4 Assim diz o Senhor dos exércitos, o
Deus de Israel, a todos os do cativeiro,
que eu fiz levar cativos de Jerusalém para Babilônia: 5 Edificai
casas e habitai-as; plantai jardins, e comei o seu fruto. 6 Tomai
mulheres e gerai filhos e filhas; também tomai mulheres para vossos
filhos, e dai vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e
filhas; assim multiplicai-vos ali, e não vos diminuais. 7 E procurai
a paz da cidade, para a qual fiz que fôsseis levados cativos, e orai
por ela ao Senhor: porque na sua paz vós tereis paz.
8 Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós, nem
os vossos adivinhadores; nem deis ouvidos aos vossos sonhos, que vós
sonhais; 9 porque eles vos profetizam falsamente em meu nome; não os
enviei, diz o Senhor. 10 Porque assim
diz o Senhor: Certamente que passados
setenta anos em Babilônia, eu vos visitarei, e cumprirei sobre vós
a minha boa palavra, tornando a trazer-vos a este lugar. 11 Pois eu
bem sei os planos que estou projetando para vós, diz
o Senhor; planos de paz, e não de mal,
para vos dar um futuro e uma esperança. 12 Então me invocareis, e
ireis e orareis a mim, e eu vos ouvirei. 13
Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso
coração. 14 E serei achado de vós,
diz o Senhor, e
farei voltar os vossos cativos, e congregarvos-ei de todas as nações,
e de todos os lugares para onde vos lancei, diz
o Senhor; e tornarei a trazer-vos ao
lugar de onde vos transportei. 15 Porque dizeis: O Senhor nos
levantou profetas em Babilônia; 16
portanto assim diz o Senhor a respeito do rei que se assenta no trono
de Davi, e de todo o povo que habita nesta cidade, vossos irmãos,
que não saíram convosco para o cativeiro; 17 assim diz o Senhor dos
exércitos: Eis que enviarei entre eles
a espada, a fome e a peste e fá-los-ei como a figos péssimos, que
não se podem comer, de ruins que são. 18 E persegui-los-ei com a
espada, com a fome e com a peste; farei que sejam um espetáculo de
terror para todos os reinos da terra, e para serem um motivo de
execração, de espanto, de assobio, e de opróbrio entre todas as
nações para onde os tiver lançado, 19 porque
não deram ouvidos às minhas palavras,
diz o Senhor, as quais lhes enviei com
insistência pelos meus servos, os profetas; mas vós não
escutastes, diz o Senhor.
20 Ouvi, pois, a palavra do Senhor, vós todos os do cativeiro que
enviei de Jerusalém para Babilônia. 21
Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel, acerca
de Acabe, filho de Colaías, e de Zedequias, filho de Maaséias, que
vos profetizam falsamente em meu nome: Eis que os entregarei na mão
de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e ele os matará diante dos
vossos olhos. 22 E por causa deles será formulada uma maldição por
todos os exilados de Judá que estão em Babilônia, dizendo:
O Senhor te faça como a Zedequias, e como a Acabe, os quais o rei de
Babilônia assou no fogo; 23 porque
fizeram insensatez em Israel, cometendo adultério com as mulheres de
seus próximos, e anunciando falsamente em meu nome palavras que não
lhes mandei. Eu o sei, e sou testemunha disso, diz
o Senhor. 24 E a Semaías, o
neelamita, falarás, dizendo: 25
Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
Porquanto enviaste em teu próprio nome cartas a todo o povo que está
em Jerusalém, como também a Sofonias, filho de Maaséias, o
sacerdote, e a todos os sacerdotes, dizendo: 26 O Senhor te pôs por
sacerdote em lugar de Jeoiada, o sacerdote, para que fosses
encarregado da casa do Senhor, sobre todo homem obsesso que
profetiza, para o lançares na prisão e no tronco; 27
agora, pois, por que não repreendeste a Jeremias, o anatotita, que
vos profetiza? 28 Pois que até nos mandou dizer em Babilônia: O
cativeiro muito há de durar; edificai casas, e habitai-as; e plantai
jardins, e comei do seu fruto. 29 E lera Sofonias, o
sacerdote, esta carta aos ouvidos de Jeremias, o profeta. 30 Então
veio a palavra do Senhor a Jeremias, dizendo: 31
Manda a todos os do cativeiro, dizendo:
Assim diz o Senhor acerca de Semaías, o neelamita:
Porquanto Semaías vos profetizou, quando eu não o enviei, e vos fez
confiar numa mentira, 32 portanto
assim diz o Senhor: Eis que
castigarei a Semaías, o neelamita, e a sua descendência; ele não
terá varão que habite entre este povo, nem verá ele o bem que hei
de fazer ao meu povo, diz o Senhor,
porque pregou rebelião contra o Senhor.
Jeremias 30
DEUS
PROMETE O RETORNO DO POVO
1
A palavra que do Senhor veio a Jeremias, dizendo: 2 Assim diz o
Senhor, Deus de Israel: Escreve num livro todas
as palavras que te falei; 3 pois eis que vêm os dias, diz o
Senhor, em que farei voltar do cativeiro o meu
povo Israel e Judá, diz o Senhor; e tornarei a trazê-los à terra
que dei a seus pais, e a possuirão. 4 E estas são as
palavras que disse o Senhor, acerca de Israel e de Judá: 5 Assim,
pois, diz o Senhor: Ouvimos uma voz de tremor,
de temor mas não de paz. 6 Perguntai, pois, e vede, se um homem pode
dar à luz. Por que, pois, vejo a cada homem com as mãos sobre os
lombos como a que está de parto? Por que empalideceram todos os
rostos? 7 Ah! Porque
aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante! É tempo
de angústia para Jacó; todavia, há de ser livre dela. 8 E será
naquele dia, diz o Senhor dos exércitos,
que eu quebrarei o jugo de sobre o seu pescoço, e romperei as suas
brochas. Nunca mais se servirão dele os estrangeiros; 9 mas ele
servirá ao Senhor, seu Deus, como também a Davi, seu rei, que lhe
levantarei. 10 Não temas pois tu, servo meu, Jacó, diz
o Senhor, nem te espantes, ó Israel;
pois eis que te livrarei de terras longínquas, e à tua descendência
da terra do seu cativeiro; e Jacó voltará, e ficará tranquilo
e sossegado, e não haverá quem o atemorize. 11 Porque eu sou
contigo, diz o Senhor, para te salvar;
porquanto darei fim cabal a todas as nações entre as quais te
espalhei; a ti, porém, não darei fim, mas castigar-te-ei com medida
justa, e de maneira alguma te terei por inocente. 12 Porque
assim diz o Senhor: Incurável é a tua
fratura, e gravíssima a tua ferida. 13 Não há quem defenda a tua
causa; para a tua ferida não há remédio nem cura. 14 Todos os teus
amantes se esqueceram de ti; não te procuram; pois te feri com
ferida de inimigo, e com castigo de quem é cruel, porque é
grande a tua culpa, e têm-se multiplicado os
teus pecados. 15 Por que gritas por causa da tua fratura? Tua
dor é incurável. Por ser grande a tua culpa, e por se terem
multiplicado os teus pecados, é que te fiz estas coisas. 16 Portanto
todos os que te devoram serão devorados, e todos os teus adversários
irão, todos eles, para o cativeiro; e os que te roubam serão
roubados, e a todos os que te saqueiam entregarei ao saque. 17 Pois
te restaurarei a saúde e te sararei as feridas, diz o Senhor;
porque te chamaram a repudiada, dizendo:
É Sião, à qual já ninguém procura. 18 Assim diz o
Senhor: Eis que acabarei o cativeiro das tendas
de Jacó, e apiedar-me-ei
das suas moradas; e a cidade será reedificada sobre o seu montão, e
o palácio permanecerá como habitualmente. 19 E sairá deles ação
de graças e a voz dos que se alegram; e multiplicá-los-ei, e não
serão diminuídos; glorificá-los-ei, e não serão apoucados. 20 E
seus filhos serão como na antiguidade,
e a sua congregação será estabelecida diante de mim, e castigarei
todos os seus opressores. 21 E o seu príncipe será deles, e o seu
governador sairá do meio deles; e o farei aproximar, e ele se
chegará a mim. Pois quem por si mesmo ousaria chegar-se a mim?
Diz o Senhor. 22 E
vós sereis o meu povo, e eu serei o vosso Deus.
23 Eis a tempestade do Senhor! A sua indignação já saiu, uma
tempestade varredora; cairá cruelmente sobre a cabeça dos ímpios.
24 Não retrocederá o furor da ira do Senhor, até que ele tenha
executado, e até que tenha cumprido os desígnios do seu coração.
Nos últimos dias entendereis isso.
Jeremias 31
DEUS
FALA DO NOVO PACTO
1
Naquele tempo, diz o Senhor, serei o
Deus de todas as famílias de Israel, e elas serão o meu povo.
2 Assim diz o Senhor: O povo que escapou da
espada achou graça no deserto. Eu irei e darei descanso a Israel.
3 De longe o Senhor me apareceu, dizendo: Pois
que com amor eterno te amei, também com benignidade te atraí. 4 De
novo te edificarei, e serás edificada ó virgem de Israel! Ainda
serás adornada com os teus adufes, e sairás nas danças dos que se
alegram. 5 Ainda plantarás vinhas nos montes de Samaria;
os plantadores plantarão e gozarão dos frutos. 6 Pois haverá um
dia em que gritarão os vigias sobre o monte de Efraim:
Levantai-vos, e subamos a Sião, ao Senhor nosso Deus. 7
Pois assim diz o Senhor: Cantai sobre Jacó com
alegria, e exultai por causa da principal das nações; proclamai,
cantai louvores, e dizei: Salva,
Senhor, o teu povo, o resto de Israel.
8 Eis que os trarei da terra do norte e os congregarei das
extremidades da terra; e com eles os cegos e aleijados, as mulheres
grávidas e as de parto juntamente; em grande companhia voltarão
para cá. 9 Virão com choro, e com súplicas os levarei; guiá-los-ei
aos ribeiros de águas, por caminho direito em que não tropeçarão;
porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito. 10
Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e anunciai-a nas longínquas
terras marítimas, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará
e o guardará, como o pastor ao seu rebanho. 11 Pois o Senhor
resgatou a Jacó, e o livrou da mão do que era mais forte do que
ele. 12 E virão, e cantarão de júbilo nos altos de Sião, e
ficarão radiantes pelos bens do Senhor, pelo trigo, o mosto, e o
azeite, pelos cordeiros e os bezerros; e a sua vida será como um
jardim regado, e nunca mais desfalecerão. 13 Então a virgem se
alegrará na dança, como também os mancebos e os velhos
juntamente; porque tornarei o seu pranto em
gozo, e os consolarei, e lhes darei alegria em lugar de tristeza. 14
E saciarei de gordura a alma dos sacerdotes, e o meu povo se fartará
dos meus bens, diz o Senhor. 15 Assim diz o Senhor: Ouviu-se
um clamor em Ramá, lamentação e choro amargo. Raquel chora a seus
filhos, e não se deixa consolar a respeito deles, porque já não
existem.(1)
16 Assim diz o Senhor: Reprime a tua voz do
choro, e das lágrimas os teus olhos; porque há galardão para o teu
trabalho, diz o Senhor, e eles voltarão
da terra do inimigo. 17 E há esperança para o teu futuro,
diz o Senhor; pois teus filhos voltarão para
os seus termos. 18 Bem ouvi eu que Efraim se queixava, dizendo:
Castigaste-me e fui castigado, como novilho ainda não domado;
restaura-me, para que eu seja restaurado, pois tu és o Senhor meu
Deus. 19 Na verdade depois que me desviei, arrependi-me; e depois que
fui instruído, bati na minha coxa; fiquei confundido e envergonhado,
porque suportei o opróbrio da minha mocidade. 20 Não é Efraim meu
filho querido? Filhinho
em quem me deleito? Pois quantas vezes falo contra ele, tantas vezes
me lembro dele solicitamente; por isso se comovem por ele as minhas
entranhas; deveras me compadecerei dele,
diz o Senhor. 21 Põe-te marcos, faze postes
que te guiem; dirige a tua atenção à estrada, ao caminho pelo qual
foste; regressa, ó virgem de Israel, regressa a estas tuas cidades.
22 Até quando andarás errante, ó filha rebelde? Pois
o senhor criou uma coisa nova na terra: uma
mulher protege a um varão. 23 Assim diz o Senhor dos
exércitos, o Deus de Israel: Ainda dirão esta
palavra na terra de Judá, e nas suas cidades, quando eu acabar o seu
cativeiro: O Senhor te abençoe, ó morada de justiça, ó monte de
santidade! 24 E nela habitarão Judá, e todas as suas cidades
juntamente; como também os lavradores e os que pastoreiam os
rebanhos. 25 Pois saciarei a alma cansada, e fartarei toda alma
desfalecida. 26 Nisto acordei, e olhei;
e o meu sono foi doce para mim. 27 Eis
que os dias vêm, diz o Senhor, em que
semearei de homens e de animais a casa de Israel e a casa de Judá.
28 E será que, como vigiei sobre eles para arrancar e derribar, para
transtornar, destruir, e afligir, assim vigiarei sobre eles para
edificar e para plantar, diz o Senhor. 29
Naqueles dias não dirão mais: Os
pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos se embotaram.
30 Pelo contrário, cada um morrerá pela sua própria iniquidade;
de todo homem que comer uvas verdes, é que os dentes se embotarão.
31 Eis que os dias vêm, diz o Senhor,
em que farei um pacto novo
com a casa de Israel e com a casa de Judá, 32 não conforme o pacto
que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os
tirar da terra do Egito, esse meu pacto que eles invalidaram, apesar
de eu os haver desposado, diz o Senhor.
33 Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles
dias, diz o Senhor: Porei a minha lei
no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu
Deus e eles serão o meu povo. 34 E
não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão,
dizendo: Conhecei ao Senhor;
porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior,
diz o Senhor; pois lhes perdoarei a sua
iniquidade,
e não me lembrarei mais dos seus pecados. 35
Assim diz o Senhor, que dá o sol para luz do dia, e a ordem
estabelecida da lua e das estrelas para luz da noite, que agita o
mar, de modo que bramem as suas ondas; o Senhor dos exércitos é o
seu nome. 36 Se esta ordem estabelecida
falhar diante de mim, diz o Senhor,
deixará também a linhagem de Israel de ser uma nação diante de
mim para sempre. 37 Assim diz o Senhor:
Se puderem ser medidos os céus lá em cima, e sondados os
fundamentos da terra cá em baixo, também eu rejeitarei toda a
linhagem de Israel, por tudo quanto eles têm feito, diz o
Senhor. 38 Eis que vêm os dias, diz o
Senhor, em que esta cidade será reedificada
para o Senhor, desde a torre de Hananel até a porta da esquina. 39 E
a linha de medir estender-se-á para diante, até o outeiro de
Garebe, e dará volta até Goa. 40 E o vale inteiro dos cadáveres e
da cinza, e todos os campos até o ribeiro de Cedrom, até a esquina
da porta dos cavalos para o oriente, tudo será santo ao Senhor;
nunca mais será arrancado nem derrubado.
(1)
Vide: Mateus 2:18
Jeremias 32
JEREMIAS
COMPRA UM CAMPO EM ANATOTE
1
A palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor, no ano décimo de
Zedequias, rei de Judá, o qual foi o ano dezoito de Nabucodonosor. 2
Ora, cercava então o exército do rei de Babilônia a Jerusalém; e
Jeremias, o profeta, se achava encerrado no pátio da guarda que
estava na casa do rei de Judá; 3 pois Zedequias, rei de Judá, o
havia encarcerado, dizendo: Por que profetizas,
dizendo: Assim diz o Senhor: Eis que
entrego esta cidade na mão do rei de Babilônia, e ele a tomará; 4
e Zedequias, rei de Judá, não escapará das mãos dos caldeus, mas
certamente será entregue na mão do rei de Babilônia, e com ele
falará boca a boca, e os seus olhos verão os olhos dele; 5 e ele
levará para Babilônia a Zedequias, que ali estará até que eu o
visite, diz o Senhor, e, ainda
que pelejeis contra os caldeus, não ganhareis? 6 Disse
pois Jeremias: Veio a mim a palavra do Senhor,
dizendo: 7 Eis que Hanameel, filho de
Salum, teu tio, virá a ti, dizendo: Compra o meu campo que está em
Anatote, pois tens o direito de resgate; a ti compete comprá-lo.
8 Veio, pois, a mim Hanameel, filho de meu tio, segundo a palavra do
Senhor, ao pátio da guarda, e me disse: Compra
o meu campo que está em Anatote, na terra de Benjamim; porque teu é
o direito de herança e teu é o de resgate; compra-o para ti.
Então entendi que isto era a palavra do Senhor. 9 Comprei, pois, de
Hanameel, filho de meu tio, o campo que está em Anatote; e pesei-lhe
o dinheiro, dezessete siclos de prata. 10 Assinei a escritura e a
selei, chamei testemunhas, e pesei-lhe o dinheiro numa balança. 11 E
tomei a escritura da compra, que continha os termos e as condições,
tanto a que estava selada, como a cópia que estava aberta, 12 e as
dei a Baruque, filho de Nerias, filho de Maseias, na presença de
Hanameel, filho de meu tio, e na presença das testemunhas que
subscreveram a escritura da compra, à vista de todos os judeus que
estavam sentados no pátio da guarda. 13 E dei ordem a Baruque, na
presença deles, dizendo: 14 Assim diz o Senhor
dos exércitos, o Deus de Israel: Toma
estas escrituras de compra, tanto a selada, como a aberta, e mete-as
num vaso de barro, para que se possam conservar muitos dias;
15 pois assim diz o Senhor dos exércitos, o
Deus de Israel: Ainda se comprarão
casas, e campos, e vinhas nesta terra. 16 E depois que dei a
escritura da compra a Baruque, filho de Nerias, orei ao Senhor,
dizendo: 17 Ah! Senhor Deus! És tu que fizeste
os céus e a terra com o teu grande poder, e com o teu braço
estendido! Nada há que te seja demasiado difícil! 18 Usas de
benignidade para com milhares e tornas a iniquidade
dos pais ao seio dos filhos depois deles; tu és o grande, o poderoso
Deus cujo nome é o Senhor dos exércitos. 19 Grande em conselho, e
poderoso em obras, cujos olhos estão abertos sobre todos os caminhos
dos filhos dos homens, para dares a cada um segundo os seus caminhos
e segundo o fruto das suas obras; 20 puseste sinais e maravilhas na
terra do Egito até o dia de hoje, tanto em Israel, como entre os
outros homens; e te fizeste um nome, qual tu tens neste dia. 21 E
tiraste o teu povo Israel da terra do Egito, com sinais e com
maravilhas, e com mão forte, e com braço estendido, e com grande
terror; 22 e lhes deste esta terra, que
juraste a seus pais que lhes havias de dar, terra que mana leite e
mel. 23 E entraram nela, e a possuíram; mas não obedeceram à tua
voz, nem andaram na tua lei; de tudo o que lhes mandaste fazer, eles
não fizeram nada; pelo que ordenaste lhes sucedesse todo este mal.
24 Eis aqui os valados! Já
vieram contra a cidade para tomá-la e a cidade está entregue na mão
dos caldeus que pelejam contra ela, pela espada, pela fome e pela
peste. O que disseste se cumpriu, e eis aqui o estás presenciando.
25 Contudo tu me disseste, ó Senhor Deus: Compra-te
o campo por dinheiro, e chama testemunhas, embora a cidade já esteja
dada na mão dos caldeus. 26 Então veio a palavra do
Senhor a Jeremias, dizendo: 27 Eis que eu sou o
Senhor, o Deus de toda a carne; acaso há alguma coisa demasiado
difícil para mim? 28 Portanto assim diz
o Senhor: Eis que eu entrego esta cidade
na mão dos caldeus, e na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e
ele a tomará. 29 E os caldeus que pelejam contra esta cidade
entrarão nela, e lhe porão fogo, e a queimarão, juntamente com as
casas sobre cujos terraços queimaram incenso a Baal e ofereceram
libações a outros deuses, para me provocarem a ira. 30 Pois os
filhos de Israel e os filhos de Judá têm feito desde a sua mocidade
tão somente o que era mau aos meus olhos; pois os filhos de Israel
nada têm feito senão provocar-me à
ira com as obras das suas mãos, diz o
Senhor. 31 Na verdade esta cidade, desde
o dia em que a edificaram e até o dia de hoje, tem provocado a minha
ira e o meu furor, de sorte que eu a removerei de diante de mim, 32
por causa de toda a maldade dos filhos
de Israel e dos filhos de Judá, que fizeram para me provocarem à
ira, eles e os seus reis, os seus príncipes, os seus sacerdotes e os
seus profetas, como também os homens de Judá e os moradores de
Jerusalém. 33 E viraram para mim as costas, e não o rosto; ainda
que eu os ensinava, com insistência, eles não deram ouvidos para
receberem instrução. 34 Mas puseram as suas abominações na casa
que se chama pelo meu nome, para a profanarem. 35 Também edificaram
os altos de Baal, que estão no vale do filho de Hinom, para fazerem
passar seus filhos e suas filhas pelo fogo a Moloque; o que nunca
lhes ordenei, nem me passou pela mente, que fizessem tal abominação,
para fazerem pecar a Judá. 36 E por
isso agora assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca desta cidade,
da qual vós dizeis: Já está dada
na mão do rei de Babilônia, pela espada, e pela fome, e pela peste:
37 Eis que eu os congregarei de todos os
países para onde os tenho lançado na minha ira, e no meu furor e na
minha grande indignação; e os tornarei a trazer a este lugar, e
farei que habitem nele seguramente. 38 E eles serão o meu povo, e eu
serei o seu Deus. 39 E lhes darei um só coração, e um só caminho,
para que me temam para sempre, para seu bem e o bem de seus filhos,
depois deles; 40 e farei com eles um pacto eterno de não me desviar
de fazer-lhes o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que
nunca se apartem de mim. 41 E alegrar-me-ei por causa deles,
fazendo-lhes o bem; e os plantarei nesta terra, com toda a fidelidade
do meu coração e da minha alma. 42
Pois assim diz o Senhor: Como eu trouxe
sobre este povo todo este grande mal, assim eu trarei sobre eles todo
o bem que lhes tenho prometido. 43 E comprar-se-ão campos nesta
terra, da qual vós dizeis: E uma desolação, sem homens nem
animais; está entregue na mão dos caldeus. 44 Comprarão campos por
dinheiro, assinarão escrituras e as selarão, e chamarão
testemunhas, na terra de Benjamim, e nos lugares ao redor de
Jerusalém, e nas cidades de Judá e nas cidades da região
montanhosa, e nas cidades das planícies e nas cidades do Sul porque
os farei voltar do cativeiro, diz o
Senhor.
Jeremias 33
PROMESSA
DO RENOVO DE JUSTIÇA
1
E veio a palavra do Senhor a Jeremias, segunda vez, estando ele ainda
encarcerado no pátio da guarda, dizendo: 2
Assim diz o Senhor que faz isto, o Senhor que forma isto, para o
estabelecer; o Senhor é o seu nome: 3
Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e
ocultas, que não sabes. 4 Pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel,
acerca das casas desta cidade, e acerca das casas dos reis de Judá,
que foram demolidas para fazer delas uma defesa contra os valados e
contra a espada; 5 entrementes os caldeus estão entrando a pelejar
para os encher de cadáveres de homens que ferirei na minha ira e no
meu furor; porquanto escondi o meu rosto desta cidade, por causa de
toda a sua maldade. 6 Eis que lhe trarei a ela saúde e cura, e os
sararei, e lhes manifestarei abundância de paz e de segurança. 7 E
farei voltar do cativeiro os exilados de Judá e de Israel, e os
edificarei como ao princípio. 8 E os purificarei de toda a
iniquidade
do seu pecado contra mim; e perdoarei todas as suas iniquidades,
com que pecaram e transgrediram contra mim. 9 E esta cidade me
servirá de nome de gozo, de louvor e de glória, diante de todas as
nações da terra que ouvirem de todo o bem que eu lhe faço; e
espantar-se-ão e perturbar-se-ão por causa de todo o bem, e por
causa de toda a paz que eu lhe dou. 10
Assim diz o Senhor: Neste lugar do qual
vós dizeis: É
uma desolação, sem homens nem
animais, sim, nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém,
que estão assoladas, sem homens, sem moradores e sem animais, ainda
se ouvirá
11 a voz de gozo e a voz de alegria, a voz de noivo e a voz de noiva,
e a voz dos que dizem: Dai graças ao
Senhor dos exércitos, porque bom é o Senhor, porque a sua
benignidade dura para sempre; também
se ouvirá a voz dos que trazem à casa do Senhor sacrifícios
de ação de graças. Pois farei voltar a esta terra os seus exilados
como no princípio, diz o Senhor. 12
Assim diz o Senhor dos exércitos: Ainda
neste lugar, que está deserto, sem homens, e sem animais, e em todas
as suas cidades, haverá uma morada de pastores que façam repousar
aos seus rebanhos. 13 Nas cidades da região montanhosa, nas cidades
das planícies, e nas cidades do sul, e na terra de Benjamim, e nos
contornos de Jerusalém, e nas cidades de Judá, ainda passarão os
rebanhos pelas mãos dos contadores, diz
o Senhor. 14 Eis que vêm os dias,
diz o Senhor, em
que cumprirei a boa palavra que falei acerca da casa de Israel e
acerca da casa de Judá. 15 Naqueles dias e naquele tempo farei
que brote a Davi um Renovo de justiça;
ele executará juízo e justiça na terra. 16 Naqueles dias Judá
será salvo e Jerusalém habitará em segurança; e este é o nome
que lhe chamarão: O SENHOR É NOSSA JUSTIÇA. 17
Pois assim diz o Senhor:
Nunca faltará a Davi varão que se assente sobre o trono da casa de
Israel; 18 nem aos sacerdotes levíticos faltará varão diante de
mim para oferecer holocaustos, e queimar ofertas de cereais e
oferecer sacrifícios continuamente. 19 E veio a palavra do
Senhor a Jeremias, dizendo: 20 Assim diz o
Senhor: Se
puderdes invalidar o meu pacto com o dia, e o meu pacto com a noite,
de tal modo que não haja dia e noite a seu tempo, 21 também se
poderá invalidar o meu pacto com Davi, meu servo, para que não
tenha filho que reine no seu trono; como também o pacto com os
sacerdotes levíticos, meus ministros. 22 Assim como não se pode
contar o exército dos céus, nem medir-se a areia do mar, assim
multiplicarei a descendência de Davi, meu servo, e os levitas, que
ministram diante de mim. 23 E veio ainda a palavra do Senhor a
Jeremias, dizendo: 24 Acaso não observaste o
que este povo está dizendo: As duas famílias que o Senhor escolheu,
agora as rejeitou? Assim desprezam o meu povo, como se não fora um
povo diante deles. 25 Assim diz o
Senhor: Se o meu pacto com o dia e com a
noite não permanecer, e se eu não tiver determinado as ordenanças
dos céus e da terra, 26 também rejeitarei a descendência de Jacó,
e de Davi, meu servo, de modo que não tome da sua descendência os
que dominem sobre a descendência de Abraão, Isaque, e Jacó;
pois eu os farei voltar do seu cativeiro, e
apiedar-me-ei deles.
Jeremias 34
O
CASTIGO PELA QUEBRA DO PACTO
1
A palavra que da parte do Senhor veio a Jeremias, quando
Nabucodonosor, rei de Babilônia, e todo o seu exército, e todos os
reinos da terra que estavam sob o domínio da sua mão, e todos os
povos, pelejavam contra Jerusalém, e contra todas as suas cidades,
dizendo: 2 Assim diz o Senhor, Deus de Israel:
Vai, e fala a Zedequias, rei de Judá, e
dize-lhe: Assim diz o Senhor: Eis que estou prestes a entregar esta
cidade na mão do rei de Babilônia, o qual a queimará a fogo. 3 E
tu não escaparás da sua mão; mas certamente serás preso e
entregue na sua mão; e teus olhos verão os olhos do rei de
Babilônia, e ele te falará boca a boca, e irás a Babilônia. 4
Todavia ouve a palavra do Senhor, ó Zedequias, rei de Judá; assim
diz o Senhor acerca de ti: Não morrerás à espada; 5 em paz
morrerás, e como queimavam perfumes a teus pais, os reis
precedentes, que foram antes de ti, assim tos queimarão a ti; e te
prantearão, dizendo: Ah Senhor! Pois eu disse a palavra, diz
o Senhor. 6 E anunciou Jeremias, o profeta, a Zedequias, rei
de Judá, todas estas palavras, em Jerusalém, 7 quando o exército
do rei de Babilônia pelejava contra Jerusalém, e contra todas as
cidades de Judá, que ficaram de resto, contra Laquis e contra Azeca;
porque dentre as cidades de Judá, só estas haviam ficado como
cidades fortificadas. 8 A palavra que da parte do Senhor veio a
Jeremias, depois que o rei Zedequias fez um
pacto com todo o povo que estava em Jerusalém, para lhe fazer
proclamação de liberdade, 9 para que cada um libertasse o seu
escravo, e cada um a sua escrava, hebreu ou hebreia,
de maneira que ninguém se servisse mais dos judeus, seus irmãos,
como escravos. 10 E obedeceram todos os príncipes e todo o
povo que haviam entrado no pacto de libertarem cada qual o seu
escravo, e cada qual a sua escrava, de maneira a não se servirem
mais deles, sim, obedeceram e os libertaram. 11
Mas depois se arrependeram, e fizeram voltar os escravos e as
escravas que haviam libertado, e tornaram a escravizá-los. 12
Veio, pois, a palavra do Senhor a Jeremias, da parte do Senhor,
dizendo: 13 Assim diz o Senhor, Deus de Israel:
Eu fiz um pacto com vossos pais, no dia em que
os tirei da terra do Egito, da casa da servidão, dizendo: 14 Ao fim
de sete anos libertareis cada um a seu irmão hebreu, que te for
vendido, e te houver servido seis anos, e despedi-lo-ás livre de ti;
mas vossos pais não me ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos. 15
E vos havíeis hoje arrependido, e tínheis feito o que é reto aos
meus olhos, proclamando liberdade cada um ao seu próximo; e tínheis
feito diante de mim um pacto, na casa que se chama pelo meu nome; 16
mudastes, porém, e profanastes o meu nome, e fizestes voltar cada um
o seu escravo, e cada um a sua escrava, que havíeis deixado ir
livres à vontade deles; e os sujeitastes de novo à servidão.
17 Portanto assim diz o Senhor:
Vós não me ouvistes a mim, para proclamardes a liberdade, cada um
ao seu irmão, e cada um ao seu próximo. Eis,
pois, que eu vos proclamo a liberdade,
diz o Senhor, para a espada,
para a peste e para a fome; e farei que sejais um espetáculo de
terror a todos os reinos da terra. 18
Entregarei os homens que traspassaram o meu pacto, e não cumpriram
as palavras do pacto que fizeram diante de mim com o bezerro que
dividiram em duas partes, passando pelo meio das duas porções. 19
Os príncipes de Judá, os príncipes de Jerusalém, os eunucos, os
sacerdotes, e todo o povo da terra, os mesmos que passaram pelo meio
das porções do bezerro, 20 entregá-los-ei, digo, na mão de seus
inimigos, e na mão dos que procuram a sua morte. Os cadáveres deles
servirão de pasto para as aves do céu e para os
animais da terra. 21 E a Zedequias, rei de Judá, e seus príncipes
entregarei na mão de seus inimigos e na mão dos que procuram a sua
morte, e na mão do exército do rei de Babilônia, os quais já se
retiraram de vós. 22 Eis que eu darei ordem, diz
o Senhor, e os farei tornar a esta
cidade, e pelejarão contra ela, e a tomarão, e a queimarão a fogo;
e das cidades de Judá farei uma assolação, de sorte que ninguém
habite nelas.
Jeremias 35
A
FIDELIDADE DOS RECABITAS
1
A palavra que da parte do Senhor veio a Jeremias, nos dias de
Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá, dizendo:
2 Vai à casa dos recabitas, e fala com eles, introduzindo-os na casa
do Senhor, em uma das câmaras, e lhes oferece vinho a beber.
3 Então tomei a Jaazanias, filho de Jeremias, filho de Habazinias, e
a seus irmãos, e a todos os seus filhos, e a toda a casa dos
recabitas, 4 e os introduzi na casa do Senhor, na câmara dos filhos
de Hanã, filho de Jigdalias, homem de Deus, a qual estava junto à
câmara dos príncipes que ficava sobre a câmara de Maaséias, filho
de Salum, guarda do vestíbulo; 5 e pus diante dos filhos da casa dos
recabitas taças cheias de vinho, e copos, e disse-lhes: Bebei
vinho. 6 Eles, porém, disseram: Não
beberemos vinho, porque Jonadabe, filho de Recabe, nosso pai, nos
ordenou, dizendo: Nunca jamais bebereis vinho, nem vós nem vossos
filhos; 7 não edificareis casa, nem semeareis semente, nem
plantareis vinha, nem a possuireis; mas habitareis em tendas todos os
vossos dias; para que vivais muitos dias na terra em que andais
peregrinando. 8 Obedecemos pois à voz de Jonadabe, filho de Recabe,
nosso pai, em tudo quanto nos ordenou, de não bebermos vinho em
todos os nossos dias, nem nós, nem nossas mulheres, nem nossos
filhos, nem nossas filhas; 9 nem de edificarmos casas para nossa
habitação; nem de possuirmos vinha, nem campo, nem semente; 10 mas
habitamos em tendas, e assim obedecemos e fazemos conforme tudo
quanto nos ordenou Jonadabe, nosso pai. 11
Sucedeu, porém, que, quando subia Nabucodonosor, rei de Babilônia,
contra esta terra, dissemos: Vinde, e vamo-nos a Jerusalém, por
causa do exército dos caldeus, e por causa do exército dos sírios;
e assim habitamos em Jerusalém. 12 Então veio a palavra do
Senhor a Jeremias, dizendo: 13 Assim diz o
Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
Vai, e dize aos homens de Judá e aos moradores de Jerusalém: Acaso
não aceitareis instrução, para ouvirdes as minhas palavras?
Diz o Senhor.
14 As palavras de Jonadabe, filho de Recabe,
pelas quais ordenou a seus filhos que não bebessem vinho, foram
guardadas; pois não o têm bebido até o dia de hoje, porque
obedecem o mandamento de seu pai; a mim, porém, que vos tenho falado
a vós, com insistência, vós não me ouvistes. 15 Também vos tenho
enviado, insistentemente, todos os meus servos, os profetas, dizendo:
Convertei-vos agora, cada um do seu mau caminho, e emendai as vossas
ações, e não vades após outros deuses para os servir, e assim
habitareis na terra que vos dei a vós e a vossos pais; mas não
inclinastes o vosso ouvido, nem me obedecestes a mim. 16 Os filhos de
Jonadabe, filho de Recabe, guardaram o mandamento de seu pai que ele
lhes ordenou, mas este povo não me obedeceu;
17 por isso assim diz o Senhor, o Deus dos exércitos, o Deus de
Israel: Eis que trarei sobre Judá, e
sobre todos os moradores de Jerusalém, todo o mal que pronunciei
contra eles; pois lhes tenho falado, e não ouviram; e clamei a eles,
e não responderam. 18 E à casa dos recabitas disse Jeremias:
Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de
Israel: Pois que obedecestes ao
mandamento de Jonadabe, vosso pai, guardando todos os seus
mandamentos e fazendo conforme tudo quanto vos ordenou; 19
portanto assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel:
Nunca jamais faltará varão a Jonadabe, filho de Recabe, que assista
diante de mim.
Jeremias 36
O
ROLO DE JEREMIAS É LIDO NO TEMPLO
1
Sucedeu pois no ano quarto de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de
Judá, que da parte do Senhor veio esta palavra a Jeremias, dizendo:
2 Toma o rolo dum livro, e escreve nele todas as palavras que te hei
falado contra Israel, contra Judá e contra todas as nações, desde
o dia em que eu te falei, desde os dias de Josias até o dia de hoje.
3 Ouvirão talvez os da casa de Judá todo o mal que eu intento
fazer-lhes; para que cada qual se converta do seu mau caminho, a fim
de que eu perdoe a sua iniquidade
e o seu pecado. 4 Então Jeremias chamou a Baruque, filho de
Nerias; e escreveu Baruque, no rolo dum livro, enquanto Jeremias lhas
ditava, todas as palavras que o Senhor lhe havia falado. 5 E Jeremias
deu ordem a Baruque, dizendo: Eu estou
impedido; não posso entrar na casa do Senhor. 6 Entra pois tu e,
pelo rolo que escreveste enquanto eu ditava, lê as palavras do
Senhor aos ouvidos do povo, na casa do Senhor, no dia de jejum; e
também as lerás aos ouvidos de todo o Judá que vem das suas
cidades. 7 Pode ser que caia a sua súplica diante do Senhor, e se
converta cada um do seu mau caminho; pois grande é a ira e o furor
que o Senhor tem manifestado contra este povo. 8 E fez
Baruque, filho de Nerias, conforme tudo quanto lhe havia ordenado
Jeremias, o profeta, lendo no livro as palavras do Senhor na casa do
Senhor. 9 No quinto ano de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá,
no mês nono, todo o povo em Jerusalém, como também todo o povo que
vinha das cidades de Judá a Jerusalém, apregoaram um jejum diante
do Senhor. 10 Leu, pois, Baruque no livro as palavras de Jeremias, na
casa do Senhor, na câmara de Gemarias, filho de Safã, o escriba, no
átrio superior, à entrada da porta nova da casa do Senhor, aos
ouvidos de todo o povo. 11 E, ouvindo Micaías, filho de Gemarias,
filho de Safã, todas as palavras do Senhor, naquele livro, 12 desceu
à casa do rei, à câmara do escriba. E eis que todos os príncipes
estavam ali assentados: Elisama, o escriba, e Delaías, filho de
Semaías, e Elnatã, filho de Acbor, e Gemarias, filho de Safã, e
Zedequias, filho de Hananias, e todos os outros príncipes. 13 E
Micaías anunciou-lhes todas as palavras que ouvira, quando Baruque
leu o livro aos ouvidos do povo. 14 Então todos os príncipes
mandaram Jeúdi, filho de Netanias, filho Selemias, filho de Cuche, a
Baruque, para lhe dizer: O rolo que leste aos
ouvidos do povo, toma-o na tua mão, e vem. E Baruque, filho
de Nerias, tomou o rolo na sua mão, e foi ter com eles. 15 E
disseram-lhe: Assenta-te agora, e lê-o aos
nossos ouvidos. E Baruque o leu aos ouvidos deles. 16 Ouvindo
eles todas aquelas palavras, voltaram-se temerosos uns para os
outros, e disseram a Baruque: Sem dúvida
alguma temos que anunciar ao rei todas estas palavras. 17 E
disseram a Baruque: Declara-nos agora como
escreveste todas estas palavras. Ele as ditava? 18 E
disse-lhes Baruque: Sim, da sua boca ele me
ditava todas estas palavras, e eu com tinta as escrevia no livro.
19 Então disseram os príncipes a Baruque: Vai,
esconde-te tu e Jeremias; e ninguém saiba onde estais. 20 E
foram ter com o rei ao átrio; mas depositaram o rolo na câmara de
Elisama, o escriba, e anunciaram aos ouvidos do rei todas aquelas
palavras. 21 Então enviou o rei a Jeúdi
para trazer o rolo; e Jeúdi tomou-o da câmara de Elisama, o
escriba, e o leu aos ouvidos do rei e aos ouvidos de todos os
príncipes que estavam em torno do rei. 22 Ora, era o nono mês e o
rei estava assentado na casa de inverno, e diante dele estava um
braseiro aceso. 23 E havendo Jeúdi lido três ou quatro colunas, o
rei as cortava com o canivete do escrivão, e as lançava no fogo que
havia no braseiro, até que todo o rolo se consumiu no fogo que
estava sobre o braseiro. 24 E não temeram, nem rasgaram os seus
vestidos, nem o rei nem nenhum dos seus servos que ouviram todas
aquelas palavras 25 e, posto que Elnatã, Delaías e Gemarias
tivessem insistido com o rei que não queimasse o rolo, contudo ele
não lhes deu ouvidos. 26 Antes deu ordem o rei
a Jerameel, filho do rei, e a Seraías, filho de Azriel, e a
Selemias, filho de Abdeel, que prendessem a Baruque, o escrivão, e a
Jeremias, o profeta; mas o Senhor os escondera. 27 Depois que
o rei queimara o rolo com as palavras que Baruque escrevera da boca
de Jeremias, veio a Jeremias a palavra do Senhor, dizendo:
28 Toma ainda outro rolo, e escreve nele todas aquelas palavras que
estavam no primeiro rolo, que Jeoiaquim, rei de Judá, queimou. 29 E
a Jeoiaquim, rei de Judá, dirás: Assim
diz o Senhor: Tu queimaste este
rolo, dizendo: Por que escreveste nele anunciando: Certamente virá o
rei da Babilônia, e destruirá esta terra e fará cessar nela homens
e animais? 30 Portanto assim diz o
Senhor acerca de Jeoiaquim, rei de Judá:
Não terá quem se assente sobre o
trono de Davi, e será lançado o
seu cadáver ao calor de dia, e à geada de noite. 31 E castigá-lo-ei
a ele, e a sua descendência e os seus servos, por causa da sua
iniquidade;
e trarei sobre ele e sobre os moradores de Jerusalém, e sobre os
homens de Judá, todo o mal que tenho pronunciado contra eles, e que
não ouviram. 32 Tomou, pois, Jeremias outro rolo, e o deu a
Baruque, filho de Nerias, o escrivão, o qual escreveu nele, enquanto
Jeremias ditava, todas as palavras do livro que Jeoiaquim, rei de
Judá, tinha queimado no fogo; e ainda se lhes acrescentaram muitas
palavras semelhantes.
Jeremias 37
JEREMIAS
NA PRISÃO
1
E Zedequias, filho de Josias, a quem Nabucodonosor, rei de Babilônia,
constituiu rei na terra de Judá, reinou em lugar de Conias, filho de
Jeoiaquim. 2 Mas nem ele, nem os seus servos, nem o povo da terra
escutaram as palavras do Senhor que este falou por intermédio de
Jeremias o profeta. 3 Contudo mandou o rei Zedequias a Jucal filho de
Selemias, e a Sofonias, filho de Maaséias, o sacerdote, ao profeta
Jeremias, para lhe dizerem: Roga agora por
nós ao nosso Deus. 4 Ora, Jeremias entrava e saía entre
o povo; pois ainda não o tinham encerrado na prisão. 5 E o exército
de Faraó saíra do Egito; quando, pois, os caldeus que estavam
sitiando Jerusalém, ouviram esta notícia, retiraram-se de
Jerusalém. 6 Então veio a Jeremias, o profeta, a palavra do Senhor,
dizendo: 7 Assim diz o Senhor, Deus de Israel:
Assim direis ao rei de Judá, que vos enviou a
mim, para me consultar: Eis que o exército de Faraó, que saiu em
vosso socorro, voltará para a sua terra no Egito. 8 E voltarão os
caldeus, e pelejarão contra esta cidade, e a tomarão, e a queimarão
a fogo. 9 Assim diz o Senhor:
Não vos enganeis a vós mesmos, dizendo: Sem dúvida os caldeus se
retirarão de nós; pois não se retirarão. 10 Porque ainda que
derrotásseis a todo o exército dos caldeus que peleja contra vós,
e entre eles só ficassem homens feridos, contudo se levantariam,
cada um na sua tenda, e queimariam a fogo esta cidade. 11 Ora,
quando se retirou de Jerusalém o exército dos caldeus, por causa do
exército de Faraó, 12 saiu Jeremias de Jerusalém, a fim de ir à
terra de Benjamim, para receber ali a sua parte no meio do povo. 13 E
quando ele estava à porta de Benjamim, achava-se ali um capitão da
guarda, cujo nome era Jerias, filho de Selemias, filho de Hananias, o
qual prendeu a Jeremias, o profeta, dizendo: Tu
estás desertando para os caldeus. 14 E Jeremias disse:
Isso é falso, não estou desertando para os caldeus. Mas ele
não lhe deu ouvidos, de modo que prendeu a Jeremias e o levou aos
príncipes. 15 E os príncipes ficaram muito irados contra Jeremias,
de sorte que o açoitaram e o meteram no cárcere, na casa de
Jônatas, o escrivão, porquanto a tinham transformado em cárcere.
16 Tendo Jeremias entrado nas celas do calabouço, e havendo ficado
ali muitos dias, 17 o rei Zedequias mandou soltá-lo e lhe perguntou
em sua casa, em segredo: Há alguma palavra da
parte do Senhor? Respondeu Jeremias: Há.
E acrescentou: Na mão do rei de Babilônia
serás entregue. 18 Disse mais Jeremias ao rei Zedequias: Em
que tenho pecado contra ti, e contra os teus servos, e contra este
povo, para que me pusésseis na prisão? 19 Onde estão agora os
vossos profetas que vos profetizavam, dizendo:
O rei de Babilônia não virá contra vós nem contra esta terra?
20 Ora, pois, ouve agora, ó rei, meu senhor: seja aceita agora a
minha súplica diante de ti; não me faças tornar à casa de
Jônatas, o escriba, para que eu não venha a morrer ali. 21
Então ordenou o rei Zedequias que pusessem a Jeremias no átrio da
guarda; e deram-lhe um bolo de pão cada dia, da rua dos padeiros,
até que se gastou todo o pão da cidade. Assim ficou Jeremias no
átrio da guarda.
Jeremias 38
JEREMIAS
NA CISTERNA
1
Ouviram, pois, Sefatias, filho de Matã, e Gedalias, filho de Pasur,
e Jucal, filho de Selemias, e Pasur, filho de Malquias, as palavras
que anunciava Jeremias a todo o povo, dizendo: 2
Assim diz o Senhor: O que ficar nesta
cidade morrerá à espada, de fome e de peste; mas o que sair para os
caldeus viverá; pois a sua vida lhe será por despojo, e viverá.
3 Assim diz o Senhor:
Esta cidade infalivelmente será entregue na mão do exército do rei
de Babilônia, e ele a tomará. 4 E disseram os príncipes ao
rei: Morra este homem, visto que ele assim
enfraquece as mãos dos homens de guerra que restam nesta cidade, e
as mãos de todo o povo, dizendo-lhes tais palavras; porque este
homem não busca a paz para este povo, porém
o seu mal. 5 E disse o rei Zedequias:
Eis que ele está na vossa mão; porque não é o rei que possa coisa
alguma contra vós. 6 Então tomaram a Jeremias, e o lançaram
na cisterna de Malquias, filho do rei, que estava no átrio da
guarda; e desceram Jeremias com cordas; mas na cisterna não havia
água, senão lama, e atolou-se Jeremias na lama. 7 Quando
Ebede-Meleque, o etíope, um eunuco que então estava na casa do rei,
ouviu que tinham metido Jeremias na cisterna, o rei estava assentado
à porta de Benjamim. 8 Saiu, pois, Ebede-Meleque da casa do rei, e
falou ao rei, dizendo: 9 Ó
rei, senhor meu, estes homens fizeram mal em tudo quanto fizeram a
Jeremias, o profeta, lançando-o na cisterna; de certo morrerá no
lugar onde se acha, por causa da fome, pois não há mais pão na
cidade. 10 Deu ordem, então, o rei a Ebede-Meleque, o etíope,
dizendo: Toma contigo daqui três homens, e
tira Jeremias, o profeta, da cisterna,
antes que morra. 11 Assim Ebede-Meleque tomou consigo os
homens, e entrou na casa do rei, debaixo da tesouraria, e tomou dali
uns trapos velhos e rotos, e roupas velhas, e desceu-os a Jeremias na
cisterna por meio de cordas. 12 E disse Ebede-Meleque, o etíope, a
Jeremias: Põe agora estes trapos velhos e
rotos, debaixo dos teus sovacos, entre os braços e as cordas.
E Jeremias assim o fez. 13 E tiraram Jeremias com as cordas, e o
alçaram da cisterna; e ficou Jeremias no átrio da guarda. 14 Então
mandou o rei Zedequias e fez vir à sua presença Jeremias, o
profeta, à terceira entrada do templo do Senhor; e disse o rei a
Jeremias: Vou perguntar-te uma coisa; não me
encubras nada. 15 E disse Jeremias a Zedequias:
Se eu te declarar, acaso não me matarás? E se eu te aconselhar, não
me ouvirás. 16 Então jurou o rei Zedequias a Jeremias, em
segredo, dizendo: Vive o Senhor, que nos fez
esta alma, que não te matarei nem te entregarei na mão destes
homens que procuram a tua morte. 17 Então Jeremias disse a
Zedequias: Assim diz o Senhor, Deus dos
exércitos, Deus de Israel: Se te
renderes aos príncipes do rei de Babilônia, será poupada a tua
vida, e esta cidade não se queimará a fogo, e viverás tu e a tua
casa. 18 Mas, se não saíres aos príncipes do rei de Babilônia,
então será entregue esta cidade na mão dos caldeus, e eles a
queimarão a fogo, e tu não escaparás da sua mão. 19 E
disse o rei Zedequias a Jeremias: Receio-me dos
judeus que se passaram para os caldeus, que seja entregue na mão
deles, e escarneçam de mim. 20 Jeremias, porém, disse: Não
te entregarão. Ouve, peço-te, a voz do Senhor, conforme a qual eu
te falo; e bem te irá, e poupar-se-á a tua vida. 21 Mas, se tu
recusares sair, esta é a palavra que me mostrou o Senhor: 22
Eis que todas as mulheres que ficaram na casa do rei de Judá serão
levadas aos príncipes do rei de Babilônia, e elas mesmas dirão:
Os teus pacificadores te incitaram e prevaleceram contra ti; e agora
que se atolaram os teus pés na lama, voltaram atrás.
23 Todas as tuas mulheres e os teus filhos serão levados para fora
aos caldeus; e tu não escaparás da sua mão, mas pela mão do rei
de Babilônia serás preso, e esta cidade será queimada a fogo.
24 Então disse Zedequias a Jeremias: Ninguém
saiba estas palavras, e não morrerás. 25 Se os príncipes ouvirem
que falei contigo, e vierem ter contigo e te disserem: Declara-nos
agora o que disseste ao rei e o que o rei te disse; não no-lo
encubras, e não te mataremos; 26
então lhes dirás: Eu lancei a minha
súplica diante do rei, que não me fizesse tornar à casa de
Jônatas, para morrer ali. 27 Então vieram todos os
príncipes a Jeremias, e o interrogaram; e ele lhes respondeu
conforme todas as palavras que o rei lhe havia ordenado; assim
cessaram de falar com ele, pois a coisa não foi percebida. 28 E
ficou Jeremias no átrio da guarda, até o dia em que Jerusalém foi
tomada.
Jeremias 39
NABUCODONOSOR
TOMA JERUSALÉM
1
No ano nono de Zedequias, rei de Judá, no décimo mês, veio
Nabucodonosor, rei de Babilônia, e todo o seu exército contra
Jerusalém, e a cercaram. 2 No ano undécimo de Zedequias, no quarto
mês, aos nove do mês, fez-se uma brecha na cidade. 3 E entraram
todos os príncipes do rei de Babilônia, e sentaram-se na porta do
meio, os quais eram Nergal-Sarezer, Sangar-Nebo, Sarsequim,
Rabe-Sáris Nergal Sarezer, Rabe-Mague, juntamente, com todo o resto
dos príncipes do rei de Babilônia 4 E sucedeu que, vendo-os
Zedequias, rei de Judá, e todos os homens de guerra, fugiram, saindo
da cidade de noite pelo caminho do jardim do rei, pela porta entre os
dois muros; e seguiram pelo caminho da Arabá. 5 Mas o exército dos
caldeus os perseguiu; e eles alcançaram a Zedequias nas campinas de
Jericó; e, prendendo-o, levaram-no a Nabucodonosor rei de Babilônia,
a Ribla, na terra de Hamate; e o rei o sentenciou.
6 E o rei de Babilônia matou os filhos de Zedequias em Ribla, à sua
vista; também matou o rei de Babilônia a todos os nobres de Judá.
7 Cegou os olhos a Zedequias, e o atou com cadeias de bronze, para
levá-lo a Babilônia. 8 Os caldeus incendiaram
a casa do rei e as casas do povo, e derribaram os muros de Jerusalém.
9 Então, ao resto do povo, que ficara na cidade, aos desertores que
se tinham passado para ele e ao resto do povo que havia ficado,
levou-os Nebuzaradã, capitão da guarda, para Babilônia. 10 Mas aos
pobres dentre o povo, que não tinham nada, Nebuzaradã, capitão da
guarda, deixou-os ficar na terra de Judá; e ao mesmo tempo lhes deu
vinhas e campos. 11 Ora Nabucodonosor, rei de Babilônia, havia
ordenado acerca de Jeremias, a Nebuzaradã, capitão dos da guarda,
dizendo: 12 Toma-o, e trata-o bem, e não lhe
faças mal algum; mas como ele te disser, assim procederás para com
ele. 13 Pelo que Nebuzaradã, capitão da guarda, Nebusazbã,
Rabe-Sáris, Nergal-Sarezer, Rabe-Mague, e todos os príncipes do rei
de Babilônia 14 mandaram retirar Jeremias do átrio da guarda, e o
entregaram a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, para
que o levasse para casa; assim ele habitou entre o povo. 15 Ora, a
palavra do Senhor viera a Jeremias, estando ele ainda encarcerado no
átrio da guarda, dizendo: 16 Vai, e fala a
Ebede-Meleque, o etíope, dizendo:
Assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel:
Eis que eu cumprirei as minhas palavras sobre esta cidade para mal e
não para bem; e se cumprirão diante de ti naquele dia. 17 A ti,
porém, eu livrarei naquele dia, diz o Senhor, e
não serás entregue na mão dos homens a quem temes. 18 Pois
certamente te salvarei, e não cairás à espada, mas a tua vida
terás por despojo, porquanto confiaste em mim, diz o Senhor.
Jeremias 40
GEDALIAS
ELEITO GOVERNADOR DE JUDÁ
1
A palavra que veio a Jeremias da parte do Senhor, depois que
Nebuzaradã, capitão da guarda, o deixara ir de Ramá, quando o
havia tomado, estando ele atado com cadeias no meio de todos os do
cativeiro de Jerusalém e de Judá, que estavam sendo levados cativos
para Babilônia. 2 Ora o capitão da guarda levou Jeremias, e lhe
disse: O Senhor teu Deus pronunciou este mal
contra este lugar; 3 e o Senhor o trouxe, e fez como havia dito;
porque pecastes contra o Senhor, e não obedecestes à sua voz,
portanto vos sucedeu tudo isto. 4 Agora pois, eis que te solto hoje
das cadeias que estão sobre as tuas mãos. Se te apraz vir comigo
para Babilônia, vem, e eu velarei por ti; mas, se não te apraz vir
comigo para Babilônia, deixa de vir. Olha, toda a terra está diante
de ti; para onde te parecer bem e conveniente ir, para ali vai. 5 Se
assim quiseres, volta a Gedalias, filho de Aicão filho de Safã e a
quem o rei de Babilônia constituiu governador das cidades de Judá,
e habita com ele no meio do povo; ou vai para qualquer outra parte
que te aprouver ir. E deu-lhe o capitão da guarda sustento
para o caminho, e um presente, e o deixou ir. 6 Assim veio Jeremias a
Gedalias, filho de Aicão, a Mizpá, e habitou com ele no meio do
povo que havia ficado na terra. 7 Ouvindo pois todos os chefes das
forças que estavam no campo, eles e os seus homens, que o rei de
Babilônia havia constituído a Gedalias, filho de Aicão, governador
da terra, e que lhe havia confiado homens, mulheres e crianças, os
mais pobres da terra, que não foram levados cativos para Babilônia,
8 vieram ter com Gedalias, a Mizpá; e eram: Ismael, filho de
Netanias, e Joanã e Jônatas, filhos de Careá, e Seraías, filho de
Tanumete, e os filhos de Efai, o netofatita, e Jezanias, filho do
maacatita, eles e os seus homens. 9 E jurou Gedalias, filho de Aicão,
filho de Safã, eles e pôs seus homens, dizendo:
Não temais servir aos caldeus; habitai na terra, e servi o rei de
Babilônia, e bem vos terá. 10 Quanto a mim, eis que habito em
Mizpá, para vos representar diante dos caldeus que vierem a nós;
vós, porém, colhei o vinho e os frutos de verão, e o azeite, e
metei-os nos vossos vasos, e habitai nas vossas cidades, que
tomastes. 11 Do mesmo modo, quando todos os judeus que estavam
em Moabe, e entre os filhos de Amom, e em Edom, e os que havia em
todos os países, ouviram que o rei de Babilônia havia deixado um
resto em Judá, e que havia posto sobre eles a Gedalias, o de Aicão,
filho de Safã; 12 voltaram, então, todos os judeus de todos os
lugares para onde foram arrojados, e vieram para a terra de Judá, a
Gedalias, a Mizpá, e colheram vinho e frutos do verão com muita
abundância. 13 Joanã, filho de Careá, e todos os chefes das forças
que estavam no campo vieram ter com Gedalias, a Mizpá, 14 e
disseram-lhe: Sabes que Baalis, rei dos filhos
de Amom, enviou a Ismael, filho de Netanias, para te tirar a vida?
Mas não lhes deu crédito Gedalias, filho de Aicão. 15 Todavia
Joanã, filho de Careá, falou a Gedalias em segredo, em Mizpá,
dizendo: Deixa, peço-te, que eu vá e mate a
Ismael, filho de Netanias, sem que ninguém o saiba. Por que razão
te tiraria ele a vida, de modo que fossem dispersos todos os judeus
que se têm congregado a ti, e perecesse o resto de Judá? 16
Mas disse Gedalias, filho de Aicão, a Joanã, filho de Careá:
Não faças tal coisa; pois falas falsamente contra Ismael.
Jeremias 41
GEDALIAS
É MORTO À TRAIÇÃO
1
Sucedeu, porém, no mês sétimo, que veio Ismael, filho de Netanias,
filho de Elisama, de sangue real, e um dos nobres do rei, e dez
homens com ele, a Gedalias, filho de Aicão, a Mizpá; e eles comeram
pão juntos ali em Mizpá. 2 E levantou-se
Ismael, filho de Netanias, com os dez homens que estavam com ele, e
feriram a Gedalias, filho de Aicão, filho de Safã, à espada,
matando assim aquele que o rei de Babilônia havia posto por
governador sobre a terra. 3 Matou também Ismael a todos os
judeus que estavam com Gedalias, em Mizpá, como também aos soldados
caldeus que se achavam ali. 4 Sucedeu pois no dia seguinte, depois
que ele matara a Gedalias, sem ninguém o saber, 5 que vieram de
Siquém, de Siló e de Samaria, oitenta homens, com a barba rapada, e
os vestidos rasgados e tendo as carnes retalhadas, trazendo nas mãos
ofertas de cereais e incenso, para os levarem à casa do Senhor. 6 E,
saindo-lhes ao encontro Ismael, filho de Netanias, desde Mizpá, ia
chorando; e sucedeu que, encontrando-os, lhes disse: Vinde
a Gedalias, filho de Aicão. 7 Chegando eles, porém, até o
meio da cidade, Ismael, filho de Netanias, e os homens que estavam
com ele mataram-nos e os lançaram num poço. 8 Mas entre eles se
acharam dez homens que disseram a Ismael: Não
nos mates a nós, porque temos escondidos no campo, depósitos de
trigo, cevada, azeite e mel. E ele por isso os deixou, e não
os matou entre seus irmãos. 9 E o poço em que Ismael lançou todos
os cadáveres dos homens que matara por causa de Gedalias é o mesmo
que fez o rei Asa, por causa de Baasa, rei de Israel; foi esse mesmo
que Ismael, filho de Netanias, encheu de mortos. 10 E Ismael levou
cativo a todo o resto do povo que estava em Mizpá: as filhas do rei,
e todo o povo que ficara em Mizpá, que Nebuzaradã, capitão da
guarda, havia confiado a Gedalias, filho de Aicão; e levou-os
cativos Ismael, filho de Netanias, e se foi para passar aos filhos de
Amom. 11 Ouvindo, porém, Joanã, filho de Careá, e todos os chefes
das forças que estavam com ele, todo o mal que havia feito Ismael,
filho de Netanias, 12 tomaram todos os seus homens e foram pelejar
contra Ismael, filho de Netanias; e o acharam ao pé das grandes
águas que há em Gibeão. 13 E todo o povo que estava com Ismael se
alegrou quando viu a Joanã, filho de Careá, e a todos os chefes das
forças, que vinham com ele. 14 E todo o povo que Ismael levara
cativo de Mizpá virou as costas, e voltou, e foi para Joanã, filho
de Careá. 15 Mas Ismael, filho de Netanias, com oito homens, escapou
de Joanã e se foi para os filhos de Amom. 16 Então Joanã, filho de
Careá, e todos os chefes das forças que estavam com ele, tomaram a
todo o resto do povo que Ismael, filho de Netanias, tinha levado
cativo de Mizpá, depois que matara Gedalias, filho de Aicão, a
saber, aos soldados, as mulheres, aos meninos e aos eunucos, que
Joanã havia recobrado de Gibeão, 17 e partiram, indo habitar
Gerute-Quimã, que está perto de Belém, para dali entrarem no
Egito, 18 por causa dos caldeus; pois os temiam, por ter Ismael,
filho de Netanias, matado a Gedalias, filho de Aicão, a quem o rei
de Babilônia tinha posto por governador sobre a terra.
Jeremias 42
DEUS
PROÍBE QUE OS RESTANTES VÃO PARA O EGITO
1
Então chegaram todos os chefes das forças, e Joanã, filho de
Careá, e Jezanias, filho de Hosaías, e todo o povo, desde o menor
até o maior, 2 e disseram a Jeremias, o profeta:
Seja aceita, pedimos-te, a nossa súplica diante de ti, e roga ao
Senhor teu Deus, por nós e por todo este resto; porque de muitos
restamos somente uns poucos, assim como nos veem
os teus olhos; 3 para que o Senhor teu Deus nos ensine o caminho por
onde havemos de andar e aquilo que havemos de fazer. 4
Respondeu-lhes Jeremias o profeta: Eu vos tenho
ouvido; eis que orarei ao Senhor vosso Deus conforme as vossas
palavras; e o que o Senhor vos responder, eu vo-lo declararei; não
vos ocultarei nada. 5 Então eles disseram a Jeremias: Seja
o Senhor entre nós testemunha verdadeira e fiel, se assim não
fizermos conforme toda a palavra com que te enviar a nós o Senhor
teu Deus. 6 Seja ela boa ou seja má, à voz do Senhor nosso Deus, a
quem te enviamos, obedeceremos, para que nos suceda bem, obedecendo à
voz do Senhor nosso Deus. 7 Ao fim de dez dias veio a
palavra do Senhor a Jeremias. 8 Então chamou a Joanã, filho de
Careá, e a todos os chefes das forças que havia com ele, e a todo o
povo, desde o menor até o maior, 9 e lhes disse: Assim
diz o Senhor, Deus de Israel, a quem me enviastes para apresentar a
vossa súplica diante dele: 10 Se de boa
mente habitardes nesta terra, então vos edificarei, e não vos
derrubarei; e vos plantarei, e não vos arrancarei; porque estou
arrependido do mal que vos tenho feito. 11 Não temais o rei de
Babilônia, a quem vós temeis; não o temais, diz
o Senhor; pois eu sou convosco, para vos
salvar e para vos livrar da sua mão. 12 E vos concederei
misericórdia, para que ele tenha misericórdia de vós, e vos faça
habitar na vossa terra. 13 Mas se vós disserdes: Não habitaremos
nesta terra; não obedecendo à voz do Senhor vosso Deus, 14 e
dizendo: Não; antes iremos para a terra do Egito, onde não veremos
guerra, nem ouviremos o som de trombeta, nem teremos fome de pão, e
ali habitaremos; 15 nesse caso ouvi a
palavra do Senhor, ó resto de Judá: Assim
diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel:
Se vós de todo vos propuserdes a entrar no Egito, e entrardes para
lá peregrinar, 16 então a espada que vós temeis vos alcançará
ali na terra do Egito, e a fome que vós receais vos seguirá de
perto mesmo no Egito, e ali morrereis. 17 Assim sucederá a todos os
homens que se propuserem a entrar no Egito, a fim de lá peregrinarem
morrerão à espada, de fome, e de peste; e deles não haverá quem
reste ou escape do mal que eu trarei sobre eles. 18
Pois assim diz o Senhor dos exércitos, Deus de Israel:
Como se derramou a minha ira e a minha indignação sobre os
habitantes de Jerusalém, assim se derramará a minha indignação
sobre vós, quando entrardes no Egito. Sereis um espetáculo de
execração, e de espanto, e de maldição, e de opróbrio; e não
vereis mais este lugar. 19 Falou o
Senhor acerca de vós, ó resto de Judá: Não
entreis no Egito. Tende por certo
que hoje vos tenho avisado. 20 Porque vós vos enganastes a vós
mesmos; pois me enviastes ao Senhor vosso Deus, dizendo: Roga por nós
ao Senhor nosso Deus, e conforme tudo o que disser o Senhor Deus
nosso, declara-no-lo assim, e o faremos. 21 E vo-lo tenho declarado
hoje, mas não destes ouvidos à voz do Senhor vosso Deus em coisa
alguma pela qual ele me enviou a vos. 22 Agora pois sabei por certo
que morrereis à espada, de fome e de peste no mesmo lugar onde
desejais ir para lá peregrinardes.
Jeremias 43
JEREMIAS
É LEVADO AO EGITO PELO POVO
1
Tendo Jeremias acabado de falar a todo o povo todas as palavras do
Senhor seu Deus, aquelas palavras com as quais o Senhor seu Deus lho
havia enviado, 2 então falaram Azarias, filho de Hosaías, e Joanã,
filho de Careá, e todos os homens soberbos, dizendo a Jeremias: Tu
dizes mentiras; o Senhor nosso Deus não te enviou a dizer: Não
entreis no Egito para ali peregrinardes; 3 mas Baruque, filho de
Nerias, é que te incita contra nós, para nos entregar na mão dos
caldeus, para eles nos matarem, ou para nos levarem cativos para
Babilônia. 4 Não obedeceu pois Joanã, filho de Careá, nem
nenhum de todos os príncipes dos exércitos, nem o povo todo, à voz
do Senhor, para ficarem na terra de Judá. 5 Mas Joanã, filho de
Careá, e todos os chefes das forças tomaram a todo o resto de Judá,
que havia voltado dentre todas as nações, para onde haviam sido
arrojados, com o fim de peregrinarem na terra de Judá; 6 aos homens,
às mulheres, às crianças, e às filhas do rei, e a toda pessoa que
Nebuzaradã, capitão da guarda, deixara com Gedalias, filho de
Aicão, filho de Safã, como também a Jeremias, o profeta, e a
Baruque, filho de Nerias; 7 e entraram na terra do Egito; pois não
obedeceram à voz do Senhor; assim vieram até Tafnes. 8 Então veio
a palavra do Senhor a Jeremias, em Tafnes, dizendo: 9
Toma na tua mão pedras grandes, e esconde-as com barro no pavimento
que está à entrada da casa de Faraó em Tafnes, à vista dos homens
de Judá; 10 e dize-lhes: Assim diz o
Senhor dos exércitos, Deus de Israel:
Eis que eu enviarei, e tomarei a Nabucodonosor, rei de Babilônia,
meu servo, e porei o seu trono sobre estas pedras que escondi; e ele
estenderá o seu pavilhão real sobre elas. 11 Virá, e ferirá a
terra do Egito, entregando à morte quem é para a morte, ao
cativeiro quem é para o cativeiro, e à espada. 12 E lançarei fogo
às casas dos deuses do Egito; e ele os queimará e os levará
cativos; e ornar-se-á da terra do Egito, como se veste o pastor com
a sua roupa; e sairá dali em paz. 13 E quebrará as colunas de
Bete-Semes, que está na terra do Egito; e as casas dos deuses do
Egito queimará a fogo.
Jeremias 44
A
SENTENÇA AOS DESOBEDIENTES
1
A palavra que veio a Jeremias, acerca de todos os judeus, que
habitavam na terra do Egito, em Migdol, em Tafnes, em Mênfis, e no
país de Patros: 2 Assim diz o Senhor dos
exércitos, Deus de Israel: Vós vistes
todo o mal que fiz cair sobre Jerusalém, e sobre todas as cidades de
Judá; e eis que elas são hoje uma desolação, e ninguém nelas
habita; 3 por causa da sua maldade que fizeram, para me irarem, indo
queimar incenso, e servir a outros deuses, a quem eles nunca
conheceram, nem eles, nem vós, nem vossos pais. 4 Todavia eu vos
enviei persistentemente todos os meus servos, os profetas, para vos
dizer: Ora, não façais esta coisa abominável que odeio! 5 Mas eles
não escutaram, nem inclinaram os seus ouvidos, para se converterem
da sua maldade, para não queimarem incenso a outros deuses. 6 Pelo
que se derramou a minha indignação e a minha ira, e acendeu-se nas
cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém; e elas tornaram-se em
deserto e em desolação, como hoje se vê.
7 Agora, pois, assim diz o Senhor, Deus dos exércitos, Deus de
Israel: Por que fazeis vós tão grande
mal contra vós mesmos, para desarraigardes o homem e a mulher, a
criança e o que mama, dentre vós, do meio de Judá, a fim de não
vos deixardes ali resto algum; 8 irando-me com as obras de vossas
mãos, queimando incenso a outros deuses na terra do Egito, aonde vós
entrastes para lá peregrinardes, para que sejais exterminados, e
para que sirvais de maldição e de opróbrio entre todas as nações
da terra? 9 Esquecestes já as maldades de vossos pais, as maldades
dos reis de Judá, as maldades das suas mulheres, as vossas maldades
e as maldades das vossas mulheres,
cometidas na terra de Judá e nas ruas de Jerusalém? 10 Não se
humilharam até o dia de hoje, nem temeram, nem andaram na minha lei,
nem nos meus estatutos, que pus diante de vós e diante de vossos
pais. 11 Portanto assim diz o Senhor dos
exércitos, Deus de Israel: Eis que eu
ponho o meu rosto contra vós para mal, e para desarraigar todo o
Judá. 12 E tomarei os que restam de Judá, os quais puseram o seu
rosto para entrar na terra do Egito, a fim de lá peregrinarem, e
todos eles serão consumidos; na terra do Egito cairão; à espada, e
de fome serão consumidos; desde o menor até o maior morrerão à
espada e de fome; e tornar-se-ão um espetáculo de execração, de
espanto, de maldição e de opróbrio. 13 Pois castigarei os que
habitam na terra do Egito, como castiguei Jerusalém, com a espada, a
fome e a peste. 14 De maneira que, da parte remanescente de Judá que
entrou na terra do Egito a fim de lá peregrinar, não haverá quem
escape e fique para tornar à terra de Judá, à qual era seu grande
desejo voltar, para ali habitar; mas não voltarão, senão um pugilo
de fugitivos. 15 Então responderam a Jeremias todos os homens
que sabiam que suas mulheres queimavam incenso a outros deuses, e
todas as mulheres que estavam presentes, uma grande multidão, a
saber, todo o povo que habitava na terra do Egito, em Patros,
dizendo: 16 Quanto à palavra que nos
anunciaste em nome do Senhor, não te obedeceremos a ti; 17 mas
certamente cumpriremos toda a palavra que saiu da nossa boca, de
queimarmos incenso à rainha do céu, e de lhe oferecermos libações,
como nós e nossos pais, nossos reis e nossos príncipes, temos
feito, nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém; então
tínhamos fartura de pão, e prosperávamos, e não vimos mal algum.
18 Mas desde que cessamos de queimar incenso à rainha do céu, e de
lhe oferecer libações, temos tido falta de tudo, e temos sido
consumidos pela espada e pela fome. 19 E nós, as mulheres, quando
queimávamos incenso à rainha do céu, e lhe oferecíamos libações,
acaso lhe fizemos bolos para a adorar e lhe oferecemos libações sem
nossos maridos? 20 Então disse Jeremias a todo o povo, aos
homens e às mulheres, e a todo o povo que lhe havia dado essa
resposta, dizendo: 21 Porventura não se
lembrou o Senhor, e não lhe veio à mente o incenso que queimastes
nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém, vós e vossos pais,
vossos reis e vossos príncipes, como também o povo da terra? 22 O
Senhor não podia por mais tempo suportar a maldade das vossas ações,
as abominações que cometestes; pelo que se tornou a vossa terra em
desolação, e em espanto, e em maldição, sem habitantes, como hoje
se vê. 23 Porquanto queimastes incenso, e pecastes contra o Senhor,
não obedecendo à voz do Senhor, nem andando na sua lei, nos seus
estatutos e nos seus testemunhos; por isso vos sobreveio este mal,
como se vê neste dia. 24 Disse mais Jeremias a todo o povo e
a todas as mulheres: Ouvi a palavra do Senhor,
vós, todo o Judá, que estais na terra do Egito. 25 Assim fala o
Senhor dos exércitos, Deus de Israel, dizendo:
Vós e vossas mulheres falastes por vossa boca, e com as vossas mãos
o cumpristes, dizendo: Certamente
cumpriremos os nossos votos que fizemos, de queimarmos incenso à
rainha do céu e de lhe derramarmos libações; confirmai, pois, os
vossos votos, e cumpri-os! 26 Ouvi,
pois, a palavra do Senhor, todos os de Judá que habitais na terra do
Egito: Eis que eu juro pelo meu grande
nome, diz o Senhor, que
nunca mais será pronunciado o meu nome pela boca de nenhum homem de
Judá em toda a terra do Egito, dizendo: Como
vive o Senhor Deus! 27 Eis que
velarei sobre eles para o mal, e não para o bem; e serão consumidos
todos os homens de Judá que estão na terra do Egito, pela espada e
pela fome, até que de todo se acabem. 28 E os que escaparem da
espada voltarão da terra do Egito para a terra de Judá, poucos em
número; e saberá todo o resto de Judá que entrou na terra do Egito
para peregrinar ali, se subsistirá a minha palavra ou a sua. 29 E
isto vos servirá de sinal, diz o
Senhor, de que eu vos castigarei neste
lugar, para que saibais que certamente subsistirão as minhas
palavras contra vós para o mal. 30
Assim diz o Senhor: Eis que eu
entregarei Faraó Hofra,
rei do Egito, na mão de seus inimigos, e na mão dos que procuram a
sua morte; como entreguei Zedequias, rei de Judá, na mão de
Nabucodonosor, rei de Babilônia, seu inimigo,
e que procurava a sua morte.
Jeremias 45
MENSAGEM
PARA BARUQUE
1
A palavra que Jeremias, o profeta, falou a Baruque,
filho de Nerias, quando este escrevia num livro as palavras ditadas
por Jeremias, no quarto ano de Jeoiaquim, filho de Josias, rei de
Judá: 2 Assim diz o Senhor, Deus de Israel,
acerca de ti ó Baruque. 3 Disseste: Ai
de mim agora! Porque
me acrescentou o Senhor tristeza à minha dor; estou cansado do meu
gemer, e não acho descanso. 4 Isto
lhe dirás: Assim diz o Senhor:
Eis que estou a demolir o que edifiquei, e a
arrancar o que plantei, e isso em toda esta terra. 5 E procuras tu
grandezas para ti mesmo? Não as busques; pois eis que estou trazendo
o mal sobre toda a raça, diz o Senhor;
porém te darei a tua vida por despojo, em
todos os lugares para onde fores.
Jeremias 46
ACERCA
DO EGITO
1
A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, o profeta, acerca das
nações. 2 Acerca do Egito, a respeito do exército de Faraó Neco,
rei do Egito, que estava junto ao rio Eufrates em Carquemis, ao qual
Nabucodonosor, rei de Babilônia, derrotou no quarto ano de
Jeoiaquim, filho de Josias, rei de Judá. 3
Preparai o escudo e o pavês, e chegai-vos para a peleja. 4 Aparelhai
os cavalos, e montai, cavaleiros! Apresentai-vos com elmos; açacalai
as lanças; vesti-vos de couraças. 5 Por que razão os vejo
espantados e voltando as costas? Os seus heróis estão abatidos, e
vão fugindo, sem olharem para trás; terror há por todos os lados,
diz o Senhor. 6 Não pode fugir o ligeiro, nem
escapar o herói; para a banda do norte, junto ao rio Eufrates,
tropeçaram e caíram. 7 Quem é este que vem subindo como o Nilo,
como rios cujas águas se agitam? 8 O Egito é que vem subindo como o
Nilo, e como rios cujas águas se agitam; e ele diz: Subirei,
cobrirei a terra; destruirei a cidade e os que nela habitam. 9 Subi,
ó cavalos; e estrondeai, ó carros; e saiam valentes: Cuxe
e Pute, que manejam o escudo, e os de Lude, que manejam e entesam o
arco. 10 Porque aquele dia é o dia do Senhor Deus dos exércitos,
dia de vingança para ele se vingar dos seus adversários. A espada
devorará, e se fartará, e se embriagará com o sangue deles; pois o
Senhor Deus dos exércitos tem um sacrifício na terra do Norte junto
ao rio Eufrates. 11 Sobe a Gileade, e toma bálsamo, ó virgem filha
do Egito; debalde multiplicas remédios; não há cura para ti. 12 As
nações ouviram falar da tua vergonha, e a terra está cheia do teu
clamor; porque o valente tropeçou no valente e ambos
juntos caíram.
13 A palavra que falou o Senhor a Jeremias, o profeta, acerca
da vinda de Nabucodonosor, rei de Babilônia, para ferir a terra do
Egito. 14 Anunciai-o no Egito, proclamai isto
em Migdol; proclamai-o também em Mênfis, e em Tafnes; dizei:
Apresenta-te, e prepara-te; porque a espada devorará o que está ao
redor de ti. 15 Por que está derribado o teu valente? Ele não ficou
em pé, porque o Senhor o abateu. 16 Fez tropeçar a multidão;
caíram uns sobre os outros, e disseram: Levanta-te, e voltemos para
o nosso povo, para a terra do nosso nascimento, por causa da espada
que oprime. 17 Clamaram ali: Faraó, rei do Egito, é apenas um som;
deixou passar o tempo assinalado. 18 Vivo eu, diz o Rei, cujo nome é
o Senhor dos exércitos, que certamente como o Tabor entre os montes,
e como o Carmelo junto ao mar, assim ele vira. 19 Prepara-te para
ires para o cativeiro, ó moradora filha do Egito; porque Mênfis
será tornada em desolação, e será incendiada, até que ninguém
mais aí more. 20 Novilha mui formosa é o Egito; mas já lhe vem do
Norte um tavão. 21 Até os seus mercenários no meio dela são como
bezerros cevados; mas também eles
viraram as costas, fugiram juntos, não ficaram firmes; porque veio
sobre eles o dia da sua ruína e o tempo da sua punição. 22 A sua
voz irá como a da serpente; porque marcharão com um exército, e
virão contra ela com machados, como cortadores de lenha. 23 Cortarão
o seu bosque, diz o Senhor,
embora seja impenetrável; porque se multiplicaram mais do que os
gafanhotos; são inumeráveis. 24 A filha do Egito será
envergonhada; será entregue na mão do povo do Norte. 25
Diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel:
Eis que eu castigarei a Amom de Tebas, e a Faraó, e ao Egito,
juntamente com os seus deuses e os seus reis, sim, ao próprio Faraó,
e aos que nele confiam. 26 E os entregarei na mão dos que procuram a
sua morte, na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, e na mão dos
seus servos; mas depois será habitada, como nos dias antigos,
diz o Senhor. 27
Mas não temas tu, servo meu, Jacó, nem te espantes, ó Israel; pois
eis que te livrarei mesmo de longe, e a tua descendência da terra do
seu cativeiro; e Jacó voltará, e ficará tranquilo
e sossegado, e não haverá quem o atemorize. 28 Tu não temas, servo
meu, Jacó, diz o senhor;
porque estou contigo; pois destruirei totalmente todas as nações
para onde te arrojei; mas a ti não te destruirei de todo, mas
castigar-te-ei com justiça, e de modo algum te deixarei impune.
Jeremias 47
A
SENTENÇA DOS FILISTEUS
1
A palavra do Senhor que veio a Jeremias, o profeta, acerca dos
filisteus, antes que Faraó ferisse a Gaza. 2
Assim diz o Senhor: Eis que do Norte se
levantam as águas, e tornar-se-ão em torrente trasbordante, e
alagarão a terra e quanto há nela, a cidade e os que nela habitam;
os homens clamarão, e todos os habitantes da terra uivarão, 3 ao
ruído estrepitoso das unhas dos seus fortes cavalos, ao barulho de
seus carros, ao estrondo das suas rodas; os pais não atendem aos
filhos, por causa da fraqueza das mãos, 4 por causa do dia que vem
para destruir a todos os filisteus, para cortar de Tiro e de Sidom
todo o resto que os socorra; pois o Senhor destruirá os filisteus, o
resto da ilha de Caftor. 5 A calvície é vinda sobre Gaza; foi
desarraigada Ascalom, bem como o resto do seu vale; até quando te
sarjarás? 6 Ah espada do Senhor! Até
quando deixarás de repousar? Volta
para a tua bainha; descansa, e aquieta-te. 7 Como podes estar quieta,
se o Senhor te deu uma ordem? Contra Ascalom,
e contra o litoral, é que ele a enviou.
Jeremias 48
O
JUÍZO DE MOABE
1
Acerca de Moabe. Assim diz o Senhor dos
exércitos, Deus de Israel: Ai de Nebo,
porque foi destruída; envergonhada está Quiriataim, já é tomada;
Misgabe está envergonhada e espantada. 2 O louvor de Moabe já não
existe mais; em Hesbom projetaram mal contra ela, dizendo: Vinde, e
exterminemo-la, para que não mais seja nação; também tu, ó
Madmém, serás destruída; a espada te perseguirá. 3 Voz de grito
de Horonaim, ruína e grande destruição! 4 Está destruído Moabe;
seus filhinhos fizeram ouvir um clamor. 5 Pois pela subida de Luíte
eles vão subindo com choro contínuo; porque na descida de Horonaim,
ouviram a angústia do grito da destruição. 6 Fugi, salvai a vossa
vida! Sede como o asno selvagem no deserto. 7 Pois, porquanto
confiaste nas tuas obras e nos teus tesouros, também tu serás
tomada; e Quemós sairá para o cativeiro, os seus sacerdotes e os
seus príncipes juntamente. 8 Porque virá o destruidor sobre cada
uma das cidades e nenhuma escapará, e perecerá o vale, e
destruir-se-á a planície, como disse o
Senhor. 9 Dai asas a Moabe, porque
voando sairá; e as suas cidades se tornarão em desolação, sem
habitante. 10 Maldito aquele que
fizer a obra do Senhor negligentemente, e maldito aquele que vedar do
sangue a sua espada! 11 Moabe tem
estado sossegado desde a sua mocidade, e tem repousado como vinho
sobre as fezes; não foi deitado de vasilha em vasilha, nem foi para
o cativeiro; por isso permanece nele o seu sabor, e o seu cheiro não
se altera. 12 Portanto, eis que os dias vêm, diz
o Senhor, em que lhe enviarei
derramadores que o derramarão; e despejarão as suas vasilhas, e
despedaçarão os seus jarros. 13 E Moabe terá vergonha de Quemós,
como se envergonhou a casa de Israel de Betel, sua confiança. 14
Como direis: Somos valentes e homens fortes para a guerra? 15 Já
subiu o destruidor de Moabe e das suas cidades, e os seus mancebos
escolhidos desceram à matança, diz o
Rei, cujo nome é o Senhor dos exércitos.
16 A calamidade de Moabe está perto e muito se apressa o seu mal. 17
Condoei-vos dele todos os que estais em seu redor, e todos os que
sabeis o seu nome; dizei: Como se
quebrou a vara forte, o cajado formoso!
18 Desce da tua glória, e senta-te no pó, ó moradora, filha de
Dibom; porque o destruidor de Moabe subiu contra ti, e desfez as tuas
fortalezas. 19 Põe-te junto ao caminho, e espia, ó moradora do
Aroer; pergunta ao que foge, e à que escapa: Que sucedeu? 20 Moabe
está envergonhado, porque foi quebrantado; uivai e gritai; anunciai
em Arnom que Moabe está destruído. 21 Também o julgamento é vindo
sobre a terra da planície; sobre Holom, Jaza, e Mefaate; 22 sobre
Dibom, Nebo, e Bete-Diblataim; 23 sobre Quiriataim, Bete-Gamul, e
Bete Meom;
24 sobre Queriote, e Bozra, e todas as cidades da terra de Moabe, as
de longe e as de perto. 25 Está cortado o poder de Moabe, e
quebrantado o seu braço, diz o senhor.
26 Embriagai-o, porque contra o Senhor se
engrandeceu; e Moabe se revolverá no seu vômito, e ele também se
tornará objeto de escárnio. 27 Pois não se tornou também Israel
objeto de escárnio para ti? Porventura foi achado entre ladrões
para que, sempre que falas dele, meneies a cabeça? 28 Deixai as
cidades, e habitai no rochedo, ó moradores de Moabe; e sede como a
pomba que se aninha nos lados da boca da caverna. 29 Temos ouvido da
soberba de Moabe, que é soberbíssimo; da sua sobrançaria, do seu
orgulho, da sua arrogância, e da altivez do seu coração. 30 Eu
conheço, diz o Senhor,
a sua insolência, mas isso nada é; as suas jactâncias nada têm
efetuado. 31 Por isso uivarei por Moabe; sim, gritarei por todo o
Moabe; pelos homens de Quir Heres
lamentarei. 32 Com choro maior do que o de Jazer chorar-te-ei, ó
vide de Sibma; os teus ramos passaram o mar, chegaram até o mar de
Jazer; mas o destruidor caiu sobre os teus frutos de verão, e sobre
a tua vindima. 33 Tirou-se, pois, a alegria e o regozijo do campo
fértil e da terra de Moabe; e fiz que o vinho cessasse dos lagares;
já não pisam uvas com júbilo; o brado não é o de júbilo 34 O
grito de Hesbom e Eleale se ouve até Jaza; fazem ouvir a sua voz
desde Zoar até Horonaim, e até Eglate-Selíssia; pois também as
águas do Ninrim virão a ser uma desolação. 35 Demais, farei
desaparecer de Moabe, diz o Senhor,
aquele que sacrifica nos altos, e queima
incenso a seus deuses. 36 Por isso geme como flauta o meu coração
por Moabe, e como flauta geme o meu coração pelos homens de Quir
Heres; porquanto a abundância que
ajuntou se perdeu. 37 Pois toda cabeça é tosquiada, e toda barba
rapada; sobre todas as mãos há sarjaduras, e sobre os lombos sacos.
38 Sobre todos os eirados de Moabe e nas suas ruas há um pranto
geral; porque quebrei a Moabe, como a um vaso que não agrada,
diz o Senhor. 39 Como está quebrantado!
Como uivam!
Como virou
Moabe as costas envergonhado! Assim
se tornou Moabe objeto de escárnio e de espanto para todos os que
estão em redor dele. 40 Pois assim diz
o Senhor: Eis que alguém voará como a
águia, e estenderá as suas asas contra Moabe. 41 Tomadas serão as
cidades, e ocupadas as fortalezas; e naquele dia será o coração
dos valentes de Moabe como o coração da mulher em suas dores de
parto. 42 E Moabe será destruído, para que não seja povo, porque
se engrandeceu contra o Senhor. 43 Temor, e cova, e laço estão
sobre ti, ó morador de Moabe, diz o Senhor. 44 O que fugir do temor
cairá na cova, e o que sair da cova ficará preso no laço; pois
trarei sobre ele, sobre Moabe, o ano do seu castigo, diz
o Senhor. 45 Os que fugiram ficam
parados sem forças à sombra de Hesbom; mas fogo saiu de Hesbom, e a
labareda do meio de Siom, e devorou a fronte de Moabe e o alto da
cabeça dos turbulentos. 46 Ai de ti, Moabe!
Pereceu o
povo de Quemós; pois teus filhos foram levados cativos, e tuas
filhas para o cativeiro. 47 Contudo nos últimos dias restaurarei do
cativeiro a Moabe. Diz
o Senhor. Até aqui o juízo
de Moabe.
Jeremias 49
O
JUÍZO DE AMOM
1
A respeito dos filhos de Amom. Assim diz o
Senhor: Acaso Israel não tem filhos?
Não tem herdeiro? Por que, então, possui Milcom a Gade, e o seu
povo habita nas suas cidades? 2 Portanto, eis que vêm os dias,
diz o Senhor, em
que farei ouvir contra Rabá dos filhos de Amom o alarido de guerra,
e tornar-se-á num montão de ruínas, e os seus arrabaldes serão
queimados a fogo; então Israel deserdará aos que e deserdaram a
ele, diz o Senhor.
3 Uiva, ó Hesbom, porque é destruída Ai; clamai, ó filhas de
Rabá, cingi-vos de sacos; lamentai, e dai voltas pelas sebes; porque
Milcom irá em cativeiro, juntamente com os seus sacerdotes e os seus
príncipes. 4 Por que te glorias nos vales, teus luxuriantes vales, ó
filha apóstata? Que
confias nos teus tesouros, dizendo: Quem
virá contra mim? 5 Eis que farei
vir sobre ti pavor, diz o Senhor Deus
dos exércitos, de todos os que estão
ao redor de ti; e sereis lançados fora, cada um para diante, e
ninguém recolherá o desgarrado. 6 Mas depois disto farei voltar do
cativeiro os filhos de Amom, diz o
senhor.
O
JUÍZO DE EDOM
7
A respeito de Edom. Assim diz o Senhor dos
exércitos: Acaso não há mais
sabedoria em Temã? Pereceu o conselho dos entendidos?
Desvaneceu-se-lhes a sabedoria? 8 Fugi, voltai, habitai em
profundezas, ó moradores de Dedã; porque trarei sobre ele a
calamidade de Esaú, o tempo em que o punirei. 9 Se vindimadores
viessem a ti, não deixariam alguns rabiscos? Se
ladrões de noite, não te danificariam só o quanto lhes bastasse?
10 Mas eu desnudei a Esaú, descobri os seus esconderijos, de modo
que ele não se poderá esconder. E despojada a sua descendência,
como também seus irmãos e seus vizinhos, e ele já não existe. 11
Deixa os teus órfãos, eu os guardarei em vida; e as tuas viúvas
confiem em mim. 12 Pois assim diz o
Senhor: Eis que os que não estavam
condenados a beber o copo, certamente o beberão; e ficarias tu
inteiramente impune? Não ficarás impune, mas certamente o beberás.
13 Pois por mim mesmo jurei, diz o
Senhor, que Bozra servirá de objeto de
espanto, de opróbrio, de ruína, e de maldição; e todas as suas
cidades se tornarão em desolações perpétuas. 14 Eu ouvi novas da
parte do Senhor, que um embaixador é enviado por entre as nações
para lhes dizer: Ajuntai-vos, e vinde contra ela, e levantai-vos para
a guerra. 15 Pois eis que te farei pequeno entre as nações,
desprezado entre os homens. 16 Quanto à tua terribilidade,
enganou-te a arrogância do teu coração, ó tu que habitas nas
cavernas dos penhascos, que ocupas as alturas dos outeiros; ainda que
ponhas o teu ninho no alto como a águia, de lá te derrubarei,
diz o Senhor. 17 E Edom se tornará em
objeto de espanto; todo aquele que passar por ela se espantará, e
assobiará por causa de todas as suas pragas. 18 Como na subversão
de Sodoma e Gomorra, e das cidades circunvizinhas, diz
o Senhor, não habitará ninguém ali,
nem peregrinará nela filho de homem. 19 Eis que como leão subirá
das margens do Jordão um inimigo contra a morada forte; mas de
repente o farei correr dali; e ao escolhido, pô-lo-ei sobre ela.
Pois quem é semelhante a mim? E
quem me fixará um prazo? E
quem é o pastor que me poderá resistir? 20 Portanto ouvi o conselho
do Senhor, que ele decretou contra Edom, e os seus desígnios, que
ele intentou contra os moradores de Temã: Até os mais novos do
rebanho serão arrastados; certamente ele assolará as suas moradas
sobre eles. 21 A terra estremecerá com o estrondo da sua
queda; o som do seu clamor se ouvirá até o
Mar Vermelho. 22 Eis que como águia subirá, e voará, e estenderá
as suas asas contra Bozra; e o coração do valente de Edom naquele
dia se tornará como o coração da mulher que está em dores de
parto.
O
JUÍZO DA SÍRIA
23
A respeito de Damasco. Envergonhadas estão Hamate e Arpade, e se
derretem de medo porquanto ouviram más notícias; estão agitadas
como o mar, que não pode aquietar-se. 24 Enfraquecida está Damasco,
virou as costas para fugir, e o tremor apoderou-se dela; angústia e
dores apossaram-se dela como da mulher que está de parto. 25 Como
está abandonada a cidade famosa, a cidade da minha alegria! 26
Portanto os seus jovens lhe cairão nas ruas, e todos os homens de
guerra serão consumidos naquele dia, diz
o Senhor dos exércitos. 27 E acenderei
fogo no muro de Damasco, o qual consumirá os palácios de
Ben-Hadade.
O
JUÍZO DE QUEDAR
28
A respeito de Quedar, e dos reinos de Hazor,
que Nabucodonosor, rei de Babilônia, feriu. Assim
diz o Senhor: Levantai-vos, subi contra
Quedar, e destruí os filhos do Oriente. 29 As suas tendas e os seus
rebanhos serão tomados; as suas cortinas serão levadas, como também
todos os seus vasos, e os seus camelos; e lhes gritarão:
Há terror de todos os lados! 30 Fugi, desviai-vos para muito longe,
habitai nas profundezas, ó moradores de Hazor,
diz o Senhor;
porque Nabucodonosor, rei de Babilônia, tomou conselho contra vós,
e formou um desígnio contra vós. 31 Levantai-vos, subi contra uma
nação que está sossegada, que habita descuidada,
diz o Senhor; que não tem portas nem
ferrolhos, que habita a sós. 32 E os seus camelos serão para presa
e a multidão do seu gado para despojo; e espalharei a todo o vento
aqueles que cortam os cantos da sua cabeleira; e de todos os lados
lhes trarei a sua calamidade, diz o
Senhor. 33 Assim Hazor se tornará em
morada de chacais, em desolação para sempre; ninguém habitará
ali, nem peregrinará nela filho de homem.
O
JUÍZO DE ELÃO
34
A palavra do Senhor, que veio a Jeremias, o profeta, acerca de Elão,
no princípio do reinado de Zedequias, rei de Judá, dizendo: 35
Assim diz o Senhor dos exércitos: Eis
que eu quebrarei o arco de Elão, o principal do seu poder. 36 E
trarei sobre Elão os quatro ventos dos quatro cantos dos céus, e os
espalharei para todos estes ventos; e não haverá nação aonde não
cheguem os fugitivos de Elão. 37 E farei que Elão desfaleça diante
de seus inimigos e diante dos que procuram a sua morte. Farei vir
sobre eles o mal, o furor da minha ira, diz
o Senhor; e enviarei após eles a
espada, até que eu os tenha consumido. 38 E porei o meu trono em
Elão, e destruirei dali rei e príncipes, diz
o Senhor. 39 Acontecerá, porém, nos
últimos dias, que restaurarei do cativeiro a Elão,
diz o Senhor.
Jeremias 50
O
JUÍZO DE BABILÔNIA
1
A palavra que falou o Senhor acerca de Babilônia, acerca da terra
dos caldeus, por intermédio de Jeremias o profeta.
2 Anunciai entre as nações e publicai, arvorando um estandarte; sim
publicai, não encubrais; dizei: Tomada está Babilônia, confundido
está Bel, caído está Merodaque, confundidos estão os seus ídolos,
e caídos estão os seus deuses. 3 Pois do Norte sobe contra ela uma
nação que fará da sua terra uma desolação, e
não haverá quem nela habite; tanto os homens como os animais já
fugiram e se foram. 4 Naqueles dias, e naquele tempo, diz
o Senhor, os filhos de Israel virão,
eles e os filhos de Judá juntamente; andando e chorando virão, e
buscarão ao Senhor seu Deus. 5 Acerca de Sião indagarão, tendo os
seus rostos voltados para lá e dizendo: Vinde
e uni-vos ao Senhor num pacto eterno que nunca será esquecido.
6 Ovelhas perdidas têm sido o meu povo; os seus pastores as fizeram
errar, e voltar aos montes; de monte para outeiro andaram,
esqueceram-se do lugar de seu repouso. 7 Todos os que as achavam as
devoraram, e os seus adversários diziam: Culpa
nenhuma teremos; porque pecaram contra o Senhor, a morada da justiça,
sim, o Senhor, a esperança de seus pais.
8 Fugi do meio de Babilônia, e saí da terra dos caldeus, e sede
como os bodes diante do rebanho. 9 Pois eis que eu suscitarei e farei
subir contra Babilônia uma companhia de grandes nações da terra do
Norte; e por-se-ão em ordem contra ela; dali será ela tomada. As
suas flechas serão como as de valente herói; nenhuma tornará sem
efeito. 10 E Caldeia
servirá de presa; todos os que a saquearem ficarão fartos, diz
o Senhor. 11 Embora vos alegreis e vos
regozijeis, ó saqueadores da minha herança, embora andeis soltos
como novilha que pisa a erva, e rincheis como cavalos vigorosos, 12
muito envergonhada será vossa mãe, ficará humilhada a que vos deu
à luz; eis que ela será a última das nações, um deserto, uma
terra seca e uma solidão. 13 Por causa da ira do Senhor não será
habitada, antes se tornará em total desolação; qualquer que passar
por Babilônia se espantará, e assobiará por causa de todas as suas
pragas. 14 Ponde-vos em ordem para cercar Babilônia, todos os que
armais arcos; atirai-lhe, não poupeis as flechas, porque ela tem
pecado contra o Senhor. 15 Gritai contra ela rodeando-a; ela já se
submeteu; caíram seus baluartes, estão derribados os seus muros.
Pois esta é a vingança do Senhor; vingai-vos dela; conforme o que
ela fez, assim lhe fazei a ela. 16 Cortai de Babilônia o que semeia,
e o que maneja a foice no tempo da sega; por causa da espada do
opressor virar-se-á cada um para o seu povo, e fugirá cada qual
para a sua terra. 17 Cordeiro desgarrado é Israel, os leões o
afugentaram; o primeiro a devorá-lo foi o rei da Assíria, e agora
por último Nabucodonosor, rei de Babilônia, lhe quebrou os ossos.
18 Portanto, assim diz o Senhor dos
exércitos, Deus de Israel: Eis que
castigarei o rei de Babilônia e a sua terra, como castiguei o rei da
Assíria. 19 E farei voltar Israel para a sua morada, e ele pastará
no Carmelo e em Basã, e se fartará nos outeiros de Efraim e em
Gileade. 20 Naqueles dias, e naquele tempo, diz
o Senhor, buscar-se-á a iniquidade
em Israel, e não haverá; e o pecado em Judá, e não se achará;
pois perdoarei aos que eu deixar de resto. 21 Sobe contra a terra de
Merataim, sim, contra ela, e contra os moradores de Pecode; mata e
inteiramente destrói tudo após eles, diz
o Senhor, e faze conforme tudo o que te
ordenei. 22 Na terra há estrondo de batalha, e de grande destruição.
23 Como foi cortado e quebrado o martelo de toda a terra! Como
se tornou Babilônia em objeto de espanto entre as nações! 24 Laços
te armei, e também foste presa, ó Babilônia, e tu não o soubeste;
foste achada, e também apanhada, porque contra o Senhor te
entremeteste. 25 O Senhor abriu o seu arsenal, e tirou os
instrumentos da sua indignação; porque o senhor Deus dos exércitos
tem uma obra a realizar na terra dos caldeus. 26 Vinde contra ela dos
confins da terra, abri os seus celeiros; fazei dela montões, e
destruí-a de todo; nada lhe fique de resto. 27 Matai a todos os seus
novilhos, desçam ao degoladouro; ai deles! Porque
é chegado o seu dia, o tempo da sua punição. 28 Eis a voz dos que
fogem e escapam da terra de Babilônia para anunciarem em Sião a
vingança do Senhor nosso Deus, a vingança do seu templo. 29
Convocai contra Babilônia os flecheiros, todos os que armam arcos;
acampai-vos contra ela em redor, ninguém escape dela. Pagai-lhe
conforme a sua obra; conforme tudo o que ela fez, assim lhe fazei a
ela; porque se houve arrogantemente contra o Senhor, contra o Santo
de Israel. 30 Portanto cairão os seus jovens nas suas praças, e
todos os seus homens de guerra serão destruídos naquele dia,
diz o Senhor. 31 Eis
que eu sou contra ti, ó soberbo,
diz o Senhor Deus dos exércitos; pois o
teu dia é chegado, o tempo em que te hei de punir? 32 Então
tropeçará o soberbo, e cairá, e ninguém
haverá que o levante; e porei fogo às suas cidades, o qual
consumirá tudo o que está ao seu redor. 33
Assim diz o Senhor dos exércitos: Os
filhos de Israel e os filhos de Judá são juntamente oprimidos; e
todos os que os levaram cativos os retêm, recusam soltá-los. 34 Mas
o seu Redentor é forte; o Senhor dos exércitos é o seu nome.
Certamente defenderá em juízo a causa deles, para dar descanso à
terra, e inquietar os moradores de Babilônia. 35 A espada virá
sobre os caldeus, diz o senhor, e
sobre os moradores de Babilônia, e sobre os seus príncipes, e sobre
os seus sábios. 36 A espada virá sobre os paroleiros, e eles
ficarão insensatos; a espada virá sobre os seus valentes, e eles
desfalecerão. 37 A espada virá sobre os seus cavalos, e sobre os
seus carros, e sobre todo o povo misto, que se acha no meio dela, e
eles se tornarão como mulheres; a espada virá sobre os seus
tesouros, e estes serão saqueados. 38 Cairá a seca sobre as suas
águas, e elas secarão; pois é uma terra de imagens esculpidas, e
eles pelos seus ídolos fazem-se loucos. 39 Por isso feras do deserto
juntamente com lobos habitarão ali; também habitarão nela
avestruzes; e nunca mais será povoada, nem será habitada de geração
em geração. 40 Como quando Deus subverteu a Sodoma e a Gomorra, e
às suas cidades vizinhas, diz o Senhor,
assim ninguém habitará ali, nem peregrinará nela filho de homem.
41 Eis que um povo vem do norte; e uma grande nação e muitos reis
se levantam das extremidades da terra. 42 Armam-se de arco e lança;
são cruéis, e não têm piedade; a sua voz brama como o mar, e em
cavalos vêm montados, dispostos como homens para a batalha, contra
ti, ó filha de Babilônia. 43 O rei de Babilônia ouviu a fama
deles, e desfaleceram as suas mãos; a angústia se apoderou dele,
dores, como da que está de parto. 44 Eis que como leão subirá das
margens do Jordão um inimigo contra a morada forte,
mas, de repente, o farei correr dali; e
ao escolhido, pô-lo-ei sobre ela. Pois quem é semelhante a mim? E
quem me fixará um prazo? Quem é o pastor que me poderá resistir?
45 Portanto ouvi o conselho que o Senhor decretou contra Babilônia,
e o propósito que formou contra a terra dos caldeus. Certamente
eles, os pequenos do rebanho, serão arrastados; certamente o aprisco
ficará apavorado por causa deles. 46 Ao estrondo da tomada de
Babilônia estremece a terra; e o grito se ouve entre as nações.
Jeremias 51
A
QUEDA DE BABILÔNIA
1
Assim diz o Senhor: Eis que levantarei
um vento destruidor contra Babilônia, e contra os que habitam na
Caldeia. 2
E enviarei padejadores contra Babilônia, que a padejarão, e
esvaziarão a sua terra, quando vierem contra ela em redor no dia da
calamidade. 3 Não arme o flecheiro o seu arco, nem se levante o que
estiver armado da sua couraça; não perdoeis aos seus jovens;
destruí completamente todo o seu exército. 4 Cairão mortos na
terra dos caldeus, e feridos nas ruas dela. 5 Pois Israel e Judá não
foram abandonados do seu Deus, o Senhor dos exércitos, ainda que a
terra deles esteja cheia de culpas contra o Santo de Israel. 6 Fugi
do meio de Babilônia, e livre cada um a sua vida; não sejais
exterminados na sua punição; pois este é o tempo da vingança do
Senhor; ele lhe dará o pago. 7 Na mão do Senhor a Babilônia era um
copo de ouro, o qual embriagava a toda a terra; do seu vinho beberam
as nações; por isso as nações estão fora de si. 8 Repentinamente
caiu Babilônia, e ficou arruinada; uivai sobre ela; tomai bálsamo
para a sua dor, talvez sare. 9 Queríamos sarar Babilônia, ela,
porém, não sarou; abandonai-a, e vamo-nos, cada qual para a sua
terra; pois o seu julgamento chega até o céu, e se eleva até as
mais altas nuvens. 10 O Senhor trouxe à luz a nossa justiça; vinde
e anunciemos em Sião a obra do Senhor nosso Deus. 11 Aguçai as
flechas, preparei os escudos; o Senhor despertou o espírito dos reis
dos medos; porque o seu intento contra Babilônia é para a destruir;
pois esta é a vingança do Senhor, a vingança do seu templo. 12
Arvorai um estandarte sobre os muros de Babilônia, reforçai a
guarda, colocai sentinelas, preparai as
emboscadas; porque o Senhor tanto intentou como efetuou o que tinha
dito acerca dos moradores de Babilônia. 13 Ó tu, que habitas sobre
muitas águas, rica de tesouros! É
chegado o teu fim, a medida da tua ganância. 14
Jurou o Senhor dos exércitos por si mesmo, dizendo:
Certamente te encherei de homens, como de locustas; e eles levantarão
o grito de vitória sobre ti. 15 É ele quem fez a terra com o seu
poder, estabeleceu o mundo com a sua sabedoria, e estendeu os céus
com o seu entendimento. 16 À sua voz, há grande tumulto de águas
nos céus,
e ele faz subir os vapores desde as extremidades da terra; faz os
relâmpagos para a chuva, e tira o vento dos seus tesouros. 17
Embruteceu-se todo homem, de modo que não tem conhecimento; todo
ourives é envergonhado pelas suas imagens esculpidas; pois as suas
imagens de fundição são mentira, e não há espírito em nenhuma
delas. 18 Vaidade são, obra de enganos; no tempo em que eu as
visitar perecerão. 19 Não é semelhante a estes a porção de Jacó;
porque ele é o que forma todas as coisas; e Israel é a tribo da sua
herança; o Senhor dos exércitos é o seu nome. 20
Tu me serves de martelo e de armas de guerra; contigo despedaçarei
nações, e contigo destruirei os reis; 21 contigo despedaçarei o
cavalo e o seu cavaleiro; contigo despedaçarei e carro e o que nele
vai; 22 contigo despedaçarei o homem e a mulher; contigo
despedaçarei o velho e o moço; contigo despedaçarei o mancebo e a
donzela; 23 contigo despedaçarei o pastor e o seu rebanho; contigo
despedaçarei o lavrador e a sua junta de bois; e contigo
despedaçarei governadores e magistrados.
24 Ante os vossos olhos pagarei a Babilônia, e a todos os moradores
da Caldéia, toda a sua maldade que fizeram em Sião, diz
o Senhor. 25 Eis-me aqui contra ti, ó
monte destruidor, diz o Senhor,
que destróis toda a terra; estenderei a minha
mão contra ti, e te revolverei dos penhascos abaixo, e farei de ti
um monte incendiado. 26 E não tomarão de ti pedra para esquina, nem
pedra para fundamentos; mas desolada ficarás perpetuamente,
diz o Senhor. 27
Arvorai um estandarte na terra, tocai a trombeta entre as nações,
preparai as nações contra ela, convocai contra ela os reinos de
Arará, Mini, e Asquenaz; ponde sobre ela um capitão, fazei subir
cavalos, como locustas eriçadas. 28 Preparai contra ela as nações,
os reis dos medos, os seus governadores e magistrados, e toda a terra
do seu domínio. 29 E a terra estremece e está angustiada; porque os
desígnios do Senhor estão firmes contra Babilônia, para fazer da
terra de Babilônia uma desolação, sem habitantes. 30 Os valentes
de Babilônia cessaram de pelejar, ficam nas fortalezas, desfaleceu a
sua força, tornaram-se como mulheres; incendiadas são as suas
moradas, quebrados os seus ferrolhos. 31 Um correio corre ao encontro
de outro correio, e um mensageiro ao encontro de outro mensageiro,
para anunciar ao rei de Babilônia que a sua cidade está tomada de
todos os lados. 32 E os vaus estão ocupados, os canaviais queimados
a fogo, e os homens de guerra assombrados. 33
Pois assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: A
filha de Babilônia é como a eira no tempo da debulha; ainda um
pouco, e o tempo da sega lhe virá. 34 Nabucodonosor, rei de
Babilônia, devorou-me, esmagou-me, fez de mim um vaso vazio, qual
monstro tragou-me, encheu o seu ventre do que eu tinha de delicioso;
lançou-me fora. 35 A violência que se me fez a mim e à minha carne
venha sobre Babilônia, diga a moradora de Sião. O meu sangue caia
sobre os moradores de Caldeia,
diga Jerusalém. 36 Pelo que assim diz o
Senhor: Eis que defenderei a tua causa,
e te vingarei; e secarei o seu mar, e farei que se esgote a sua
fonte: 37 E Babilônia se tornará em montões, morada de chacais,
objeto de espanto e assobio, sem habitante. 38 Juntos rugirão como
leões novos, bramarão como cachorros de leões. 39 Estando eles
excitados, preparar-lhes-ei um banquete, e os embriagarei, para que
se regozijem, e durmam um perpétuo sono, e não despertem,
diz o Senhor. 40 Fá-los-ei descer como
cordeiros ao matadouro, como carneiros e bodes. 41 Como foi tomada
Sesaque, e apanhada de surpresa a glória de toda a terra! Como
se tornou Babilônia um espetáculo horrendo entre as nações! 42 O
mar subiu sobre Babilônia; coberta está com a multidão das suas
ondas. 43 Tornaram-se as suas cidades em ruínas, terra seca e
deserta, terra em que ninguém habita,
nem passa por ela filho de homem. 44 E castigarei a Bel em Babilônia,
e tirarei da sua boca o que ele tragou; e nunca mais concorrerão a
ele as nações; o muro de Babilônia está caído. 45 Saí do meio
dela, ó povo meu, e salve cada um a sua vida do ardor da ira do
Senhor. 46 Não desfaleça o vosso coração, nem temais pelo rumor
que se ouvir na terra; pois virá num ano um rumor, e depois noutro
ano outro rumor; e haverá violência na terra, dominador contra
dominador. 47 Portanto eis que vêm os dias em que executarei juízo
sobre as imagens esculpidas de Babilônia; e toda a sua terra ficará
envergonhada; e todos os seus traspassados cairão no meio dela. 48
Então o céu e a terra, com tudo quanto neles há, jubilarão sobre
Babilônia; pois do norte lhe virão os destruidores, diz
o Senhor. 49 Babilônia há de cair
pelos mortos de Israel, assim como por Babilônia têm caído os
mortos de toda a terra. 50 Vós, que escapastes da espada, ide-vos,
não pareis; desde terras longínquas lembrai-vos do Senhor, e suba
Jerusalém a vossa
mente. 51 Envergonhados estamos, porque ouvimos opróbrio; a confusão
nos cobriu o rosto; pois entraram estrangeiros nos santuários da
casa do Senhor. 52 Portanto, eis que vêm os dias, diz
o Senhor, em que executarei juízo sobre
as suas imagens esculpidas; e em toda a sua terra gemerão os
feridos. 53 Ainda que Babilônia subisse ao céu, e ainda que
fortificasse a altura da sua fortaleza, contudo de mim viriam
destruidores sobre ela, diz o Senhor.
54 Eis um clamor de Babilônia! De
grande destruição da terra dos caldeus! 55 Pois o Senhor está
despojando a Babilônia, e emudecendo a sua poderosa voz. Bramam as
ondas do inimigo como muitas águas; ouve-se o arruído da sua voz.
56 Porque o destruidor veio sobre ela, sobre Babilônia, e os seus
valentes estão presos; já estão despedaçados os seus arcos; pois
o Senhor é Deus das recompensas, ele certamente retribuirá. 57
Embriagarei os seus príncipes e os seus sábios, os seus
governadores, os seus magistrados, e os seus valentes; e dormirão um
sono perpétuo, e jamais acordarão, diz
o Rei, cujo nome é o Senhor dos exércitos. 58 Assim diz o Senhor
dos exércitos: O largo muro de
Babilônia será de todo derribado, e as suas portas altas serão
abrasadas pelo fogo; e trabalharão os povos em vão, e as nações
se cansarão só para o fogo. 59 A palavra que Jeremias, o
profeta, mandou a Seraías, filho de Nerias, filho de Maseias, quando
ia com Zedequias, rei de Judá, a Babilônia, no quarto ano do seu
reinado. Ora, Seraías era o camareiro-mor. 60 Escreveu, pois,
Jeremias num livro todo o mal que havia de vir sobre Babilônia, a
saber, todas estas palavras que estão escritas acerca de Babilônia.
61 E disse Jeremias a Seraías: Quando chegares
a Babilônia, vê que leias todas estas palavras; 62 e dirás: Tu,
Senhor, falaste a respeito deste lugar, que o havias de desarraigar,
até não ficar nele morador algum, nem homem nem animal, mas que se
tornaria em perpétua desolação. 63 E acabando tu de ler este
livro, atar-lhe-ás uma pedra e o lançarás no meio do Eufrates; 64
e dirás: Assim será submergida
Babilônia, e não se levantará, por causa do mal que vou trazer
sobre ela; e eles se cansarão.
Jeremias 52
O
CATIVEIRO DE JUDÁ
1
Era Zedequias da idade de vinte e um anos quando começou a reinar, e
reinou onze anos em Jerusalém. O nome de sua mãe era Hamutal, filha
de Jeremias, de Libna. 2 E fez o que era mau aos olhos do Senhor,
conforme tudo o que fizera Jeoiaquim. 3 Pois por causa da ira do
Senhor, chegou-se a tal ponto em Jerusalém e Judá que ele os lançou
da sua presença. E Zedequias rebelou-se contra o rei de Babilônia.
4 No ano nono do seu reinado, no mês décimo, no décimo dia do mês,
veio Nabucodonosor, rei de Babilônia, contra Jerusalém, ele e todo
o seu exército, e se acamparam contra ela, e contra ela levantaram
tranqueiras ao redor. 5 Assim esteve cercada a cidade, até o ano
undécimo do rei Zedequias. 6 No quarto mês, aos nove do mês, a
fome prevalecia na cidade, de tal modo que não havia pão para o
povo da terra. 7 Então foi aberta uma brecha na cidade; e todos os
homens de guerra fugiram, e saíram da cidade de noite, pelo caminho
da porta entre os dois muros, a qual está junto ao jardim do rei,
enquanto os caldeus estavam ao redor da cidade; e foram pelo caminho
da Arabá. 8 Mas o exército dos caldeus perseguiu o rei, e alcançou
a Zedequias nas campinas de Jericó; e todo o seu exército se
espalhou, abandonando-o. 9 Prenderam o rei, e o fizeram subir ao rei
de Babilônia a Ribla na terra de Hamate, o qual lhe pronunciou a
sentença. 10 E o rei de Babilônia matou os
filhos de Zedequias à sua vista; e também matou a todos os
príncipes de Judá em Ribla. 11 E cegou os olhos a Zedequias; e o
atou com cadeias; e o rei de Babilônia o levou para Babilônia, e o
conservou na prisão até o dia da sua morte. 12 No quinto
mês, no décimo dia do mês, que era o décimo nono ano do rei
Nabucodonosor, rei de Babilônia, veio a Jerusalém Nebuzaradã,
capitão da guarda, que assistia na presença do rei de Babilônia.
13 E queimou a casa do Senhor, e a casa do rei; como também a todas
as casas de Jerusalém, todas as casas importantes, ele as incendiou.
14 E todo o exército dos caldeus, que estava com o capitão da
guarda, derribou todos os muros que rodeavam Jerusalém. 15 E os mais
pobres do povo, e o resto do povo que tinha ficado na cidade, e os
desertores que se haviam passado para o rei de Babilônia, e o resto
dos artífices, Nebuzaradã, capitão da guarda, levou-os cativos. 16
Mas dos mais pobres da terra Nebuzaradã, capitão da guarda, deixou
ficar alguns, para serem vinhateiros e lavradores. 17 Os caldeus
despedaçaram as colunas de bronze que estavam na casa do Senhor, e
as bases, e o mar de bronze, que estavam na casa do Senhor, e levaram
todo o bronze para Babilônia. 18 Também tomaram as caldeiras, as
pás, as espevitadeiras, as bacias, as colheres, e todos os
utensílios de bronze, com que se ministrava. 19 De igual modo o
capitão da guarda levou os copos, os braseiros, as bacias, as
caldeiras, os castiçais, as colheres, e as tigelas. O que era de
ouro, levou como ouro, e o que era de prata, como prata. 20 Quanto às
duas colunas, ao mar, e aos doze bois de bronze que estavam debaixo
das bases, que fizera o rei Salomão para a casa do Senhor, o peso do
bronze de todos estes vasos era incalculável. 21 Dessas colunas, a
altura de cada um era de dezoito côvados; doze côvados era a medida
da sua circunferência; e era a sua espessura de quatro dedos; e era
oca. 22 E havia sobre ela um capitel de bronze; e a altura dum
capitel era de cinco côvados, com uma rede e romãs sobre o capitel
ao redor, tudo de bronze; e a segunda coluna tinha as mesmas coisas
com as romãs. 23 E havia noventa e seis romãs aos lados; as romãs
todas, sobre a rede ao redor eram cem. 24 Levou também o capitão da
guarda a Seraías, o principal sacerdote, e a Sofonias,
o segundo sacerdote, e os três guardas da porta; 25 e da cidade
levou um oficial que tinha a seu cargo os homens de guerra; e a sete
homens dos que assistiam ao rei e que se achavam na cidade; como
também o escrivão-mor do exército, que registrava o povo da terra;
e mais sessenta homens do povo da terra que se achavam no meio da
cidade. 26 Tomando-os pois Nebuzaradã, capitão da guarda, levou-os
ao rei de Babilônia, a Ribla. 27 E o rei de Babilônia os feriu e os
matou em Ribla, na terra de Hamate. Assim
Judá foi levado cativo para fora da sua terra. 28 Este é
o povo que Nabucodonosor levou cativo: no sétimo ano três mil e
vinte e três judeus; 29 no ano décimo oitavo de Nabucodonosor, ele
levou cativas de Jerusalém oitocentas e trinta e duas pessoas; 30 no
ano vinte e três de Nabucodonosor, Nebuzaradã, capitão da guarda,
levou cativas, dentre os judeus, setecentas e quarenta e cinco
pessoas; todas as pessoas foram quatro mil e seiscentas. 31 No ano
trigésimo sétimo do cativeiro de Joaquim, rei de Judá, no mês
duodécimo, aos vinte e cinco do mês, Evil-Merodaque, rei de
Babilônia, no primeiro ano do seu reinado, levantou a cabeça de
Joaquim, rei de Judá, e o tirou do cárcere; 32 e falou com
ele benignamente, e pôs o trono dele acima dos tronos dos reis que
estavam com ele em Babilônia; 33 e lhe fez mudar a roupa da sua
prisão; e Joaquim comia pão na presença do rei continuamente,
todos os dias da sua vida. 34 E, quanto à sua ração, foi-lhe dada
pelo rei de Babilônia a sua porção quotidiana, até o dia da sua
morte, durante todos os dias da sua vida.
Bíblia
Sem Fronteiras PT-BR