Isaías
Isaías 1
OS
QUE DEIXAREM O SENHOR SERÃO CONSUMIDOS
1
A visão de Isaías, filho de Amós, que ele teve a respeito de Judá
e Jerusalém, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, e Ezequias, reis de
Judá. 2 Ouvi, ó céus, e dá ouvidos, ó
terra, porque falou o Senhor: Criei
filhos, e os engrandeci, mas eles se rebelaram contra mim. 3 O boi
conhece o seu possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas
Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende. 4 Ah, nação
pecadora, povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores,
filhos que praticam a corrupção! Deixaram o Senhor, desprezaram o
Santo de Israel, voltaram para trás. 5 Por que seríeis ainda
castigados, que persistis na rebeldia? Toda a cabeça está enferma e
todo o coração fraco. 6
Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã; há só
feridas, contusões e chagas vivas; não foram espremidas, nem
atadas, nem amolecidas com óleo. 7 O vosso país está assolado; as
vossas cidades abrasadas pelo fogo; a vossa terra os estranhos a
devoram em vossa presença, e está devastada, como por uma pilhagem
de estrangeiros. 8 E a filha de Sião é deixada como a cabana na
vinha, como a choupana no pepinal, como cidade sitiada. 9
Se o Senhor dos exércitos não nos deixara alguns sobreviventes, já
como Sodoma seríamos, e semelhantes a Gomorra.
10 Ouvi a palavra do Senhor,
governadores de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó povo de
Gomorra. 11 De que me serve a mim a
multidão de vossos sacrifícios? Diz
o Senhor. Estou farto dos holocaustos de
carneiros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do
sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. 12 Quando vindes
para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que
viésseis pisar os meus átrios? 13 Não continueis a trazer ofertas
vãs; o incenso é para mim abominação. As luas novas, os sábados,
e a convocação de assembleias não posso suportar a iniquidade e o
ajuntamento solene! 14 As vossas luas novas, e as vossas festas
fixas, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado
de as sofrer. 15 Quando estenderdes as vossas mãos, esconderei de
vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações,
não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue. 16
Lavai-vos, purificai-vos; tirai de diante dos meus olhos a maldade
dos vossos atos; cessai de fazer o mal; 17 aprendei a fazer o bem;
buscai a justiça, acabai com a opressão, fazei justiça ao órfão,
defendei a causa da viúva. 18 Vinde, pois, e arrazoemos, diz
o Senhor: Ainda
que os vossos pecados são como a escarlata, eles se tornarão
brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o carmesim,
tornar-se-ão como a lã. 19 Se quiserdes, e me ouvirdes, comereis o
bem desta terra; 20 mas se recusardes, e fordes rebeldes, sereis
devorados à espada; pois a boca do Senhor o disse. 21 Como se fez
prostituta a cidade fiel! Ela
que estava cheia de retidão! A justiça habitava nela, mas agora
homicidas. 22 A tua prata tornou-se em escória, o teu vinho se
misturou com água. 23 Os teus príncipes são rebeldes, e
companheiros de ladrões; cada um deles ama as peitas, e anda atrás
de presentes; não fazem justiça ao órfão, e não chega perante
eles a causa da viúva. 24
portanto diz o Senhor Deus dos exércitos, o Poderoso de Israel:
Ah! Livrar-me-ei
dos meus adversários, e vingar-me-ei dos meus inimigos. 25 Voltarei
contra ti a minha mão, e purificarei como com potassa a tua escória;
e tirar-te-ei toda impureza; 26 e te restituirei os teus juízes,
como eram dantes, e os teus conselheiros, como no princípio, então
serás chamada cidade de justiça, cidade fiel. 27 Sião será
resgatada pela justiça, e os seus convertidos, pela retidão. 28 Mas
os transgressores e os pecadores serão juntamente destruídos; e os
que deixarem o Senhor serão consumidos.
29 Porque vos envergonhareis por causa dos terebintos de que vos
agradastes, e sereis confundidos por causa dos jardins que
escolhestes. 30 Pois sereis como um carvalho cujas folhas são
murchas, e como um jardim que não tem água. 31 E o forte se tornará
em estopa, e a sua obra em faísca; e ambos arderão juntamente, e
não haverá quem os apague.
Isaías 2
DE
SIÃO SAIRÁ A LEI
1
A visão que teve Isaías, filho de Amós, a respeito de Judá e de
Jerusalém. 2 Acontecerá nos últimos
dias que se firmará o monte da casa do Senhor, será estabelecido
como o mais alto dos montes e se elevará por cima dos outeiros; e
concorrerão a ele todas as nações. 3 Irão muitos povos, e dirão:
Vinde, e subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para
que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque
de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor.
4 E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e
estes converterão as suas espadas em relhas de arado, e as suas
lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra
nação, nem aprenderão mais a guerra. 5 Vinde, ó casa de Jacó, e
andemos na luz do Senhor. 6 Mas tu rejeitaste o teu povo, a casa de
Jacó; porque estão cheios de adivinhadores do Oriente, e de
agoureiros, como os filisteus, e fazem alianças com os filhos dos
estrangeiros. 7 A sua terra está cheia de prata e ouro, e são sem
limite os seus tesouros; a sua terra está cheia de cavalos, e os
seus carros não tem fim. 8 Também a sua terra está cheia de
ídolos; inclinam-se perante a obra das suas mãos, diante daquilo
que os seus dedos fabricaram. 9 Assim, pois, o
homem é abatido, e o varão é humilhado; não lhes perdoes! 10
Entra nas rochas, e esconde-te no pó, de diante da espantosa
presença do Senhor e da glória da sua majestade.
11 Os olhos altivos do homem serão abatidos, e a altivez dos varões
será humilhada, e só o Senhor será exaltado naquele dia. 12 Pois o
Senhor dos exércitos tem um dia contra todo soberbo e altivo, e
contra todo o que se exalta, para que seja abatido; 13 contra todos
os cedros do Líbano, altos e sublimes; e contra todos os carvalhos
de Basã; 14 contra todos os montes altos, e contra todos os outeiros
elevados; 15 contra toda torre alta, e contra todo muro fortificado;
16 e contra todos os navios de Társis, e contra toda a nau vistosa.
17 E a altivez do homem será humilhada, e o orgulho dos varões se
abaterá, e só o Senhor será exaltado naquele dia. 18 E os ídolos
desaparecerão completamente. 19 Então os homens se meterão nas
cavernas das rochas, e nas covas da terra, por causa da presença
espantosa do Senhor, e da glória da sua majestade,
quando ele se levantar para assombrar a terra. 20 Naquele dia o homem
lançará às toupeiras e aos morcegos os seus ídolos de prata, e os
seus ídolos de ouro, que fizeram para ante eles se prostrarem, 21
para se meter nas fendas das rochas, e nas cavernas das penhas, por
causa da presença espantosa do
Senhor e da glória da sua majestade,
quando ele se levantar para assombrar a terra. 22 Deixai-vos
pois do homem cujo fôlego está no seu nariz;
porque em que se deve ele estimar?
Isaías 3
O
JUÍZO DE JUDÁ
1
Porque eis que o Senhor Deus dos exércitos está tirando de
Jerusalém e de Judá o bordão e o cajado, isto é, todo o recurso
de pão, e todo o recurso de água; 2 o valente e o soldado, o juiz e
o profeta, o adivinho e o ancião; 3 o capitão de cinquenta e o
respeitável, o conselheiro, o artífice hábil e o encantador
perito; 4 e dar-lhes-ei meninos por príncipes, e crianças
governarão sobre eles. 5 O povo será oprimido; um será contra o
outro, e cada um contra o seu próximo; o menino se atreverá contra
o ancião, e o vil contra o nobre. 6 Quando alguém pegar de seu
irmão na casa de seu pai, dizendo:
Tu tens roupa, tu serás o nosso príncipe, e tomarás sob a tua mão
esta ruína. 7 Naquele dia levantará
este a sua voz, dizendo: Não quero
ser médico; pois em minha casa não há pão nem roupa; não me
haveis de constituir governador sobre o povo.
8 Pois Jerusalém tropeçou, e Judá caiu; porque a sua língua e as
suas obras são contra o Senhor, para afrontarem a sua gloriosa
presença. 9 O aspecto do semblante dá testemunho contra eles; e,
como Sodoma, publicam os seus pecados
sem os disfarçar. Ai da sua alma! Porque
eles fazem mal a si mesmos. 10 Dizei aos justos que bem lhes irá;
porque comerão do fruto das suas obras. 11 Ai do ímpio! Mal
lhe irá; pois se lhe fará o que as suas mãos fizeram. 12 Quanto ao
meu povo, crianças são os seus opressores, e mulheres dominam sobre
eles. Ah, povo meu! Os
que te guiam te enganam, e destroem o caminho das tuas veredas. 13 O
Senhor levanta-se para pleitear, e põe-se de pé para julgar os
povos. 14 O Senhor entra em juízo
contra os anciãos do seu povo, e contra os seus príncipes;
sois vós que consumistes a vinha; o espólio do pobre está em
vossas casas. 15 Que quereis vós, que esmagais o meu povo e moeis o
rosto do pobre? Diz
o Senhor Deus dos exércitos. 16 Diz ainda mais o Senhor:
Porquanto as filhas de Sião são altivas, e andam de pescoço
emproado, lançando olhares impudentes; e, ao andarem, vão de passos
curtos, fazendo tinir os ornamentos dos seus pés; 17 o Senhor fará
tinhosa a cabeça das filhas de Sião, e o Senhor porá a descoberto
a sua nudez. 18 Naquele dia tirará o Senhor os seus enfeites: os
anéis dos artelhos, as toucas, os colares em forma de meia lua, 19
os pendentes, e os braceletes, e os véus; 20 os diademas, as cadeias
dos artelhos, os cintos, as caixinhas de perfumes e os amuletos; 21
os anéis, e as joias pendentes do nariz; 22 os vestidos de festa, e
os mantos, e os xales, e os bolsos; 23 os vestidos diáfanos, e as
capinhas de linho, e os turbantes, e os véus. 24 E será que em
lugar de perfume haverá mau cheiro, e por cinto, uma corda; em lugar
de encrespadura de cabelos, calvície; e em lugar de veste
luxuosa, cinto de cilício; e queimadura em
lugar de formosura. 25 Teus varões cairão à espada, e teus
valentes na guerra. 26 E as portas da cidade gemerão e se carpirão
e, desolada, ela se sentará no pó.
Isaías 4
O
RENOVO DO SENHOR
1
Sete mulheres naquele dia lançarão mão dum só homem, dizendo: Nós
comeremos do nosso pão, e nos vestiremos de nossos vestidos; tão
somente queremos ser chamadas pelo teu nome; tira o nosso opróbrio.
2 Naquele dia o renovo do Senhor será cheio de beleza e de
glória, e o fruto da terra excelente e formoso para os que escaparem
de Israel. 3 E será que aquele que ficar em Sião e permanecer em
Jerusalém, será chamado santo, isto é, todo aquele que estiver
inscrito entre os vivos em Jerusalém; 4 Quando o Senhor tiver lavado
a imundícia das filhas de Sião, e tiver limpado o sangue de
Jerusalém do meio dela com o espírito de justiça, e com o espírito
de ardor. 5 E criará o Senhor sobre toda a extensão do monte Sião,
e sobre as assembleias dela, uma nuvem de dia, e uma fumaça, e um
resplendor de fogo flamejante de noite; porque sobre toda a glória
se estenderá um dossel. 6 Também haverá de dia um pavilhão para
sombra contra o calor, e para refúgio e esconderijo contra a
tempestade e a chuva.
Isaías 5
A
VINHA DAS UVAS-BRAVAS
1
Ora, seja-me permitido cantar para o meu bem-amado
uma canção de amor a respeito da sua vinha.
O meu amado possuía uma vinha num outeiro fertilíssimo. 2 E,
revolvendo-a com enxada e limpando-a das pedras, plantou-a de
excelentes vides, e edificou no meio dela uma torre, e também
construiu nela um lagar; e esperava que desse uvas, mas deu
uvas-bravas.
3 Agora, pois, ó moradores de Jerusalém, e homens de Judá, julgai,
vos peço, entre mim e a minha vinha. 4 Que mais se podia fazer à
minha vinha, que eu lhe não tenha feito? E
por que, esperando eu que desse uvas, veio a produzir uvas-bravas?
5 Agora, pois, vos farei saber o que eu hei de fazer à minha vinha:
tirarei a sua sebe, e será devorada;
derrubarei a sua parede, e será pisada; 6 e a tornarei em deserto;
não será podada nem cavada, mas crescerão nela sarças e
espinheiro; e às nuvens darei ordem que não derramem chuva sobre
ela. 7 Pois a vinha do Senhor dos exércitos é a casa de Israel, e
os homens de Judá são a planta das suas delícias; e esperou que
exercessem juízo, mas eis aqui derramamento de sangue; justiça, e
eis aqui clamor.
OS
AIS
8
Ai dos que ajuntam casa a casa, dos que acrescentam campo a campo,
até que não haja mais lugar, de modo que habitem sós no meio da
terra! 9 A meus ouvidos disse o Senhor dos exércitos:
Em verdade que muitas casas ficarão desertas, e até casas grandes e
lindas sem moradores. 10 E dez jeiras de vinha darão apenas um bato,
e um hômer de semente não dará mais do que uma efa. 11 Ai
dos que se levantam cedo para correrem atrás da bebida forte
e continuam até a noite, até que o vinho os esquente! 12 Têm
harpas e alaúdes, tamboris e pífanos, e vinho nos seus banquetes;
porém não olham para a obra do Senhor, nem consideram as obras das
mãos dele. 13 Portanto o meu povo é
levado cativo, por falta de entendimento;
e os seus nobres estão morrendo de fome, e a sua multidão está
seca de sede. 14 Por isso o Seol aumentou o seu apetite, e abriu a
sua boca desmesuradamente; e para lá descem a glória deles, a sua
multidão, a sua pompa, e os que entre eles se exultam. 15 O homem se
abate, e o varão se humilha, e os olhos dos altivos se abaixam. 16
Mas o Senhor dos exércitos é exaltado pelo juízo, e Deus, o Santo,
é santificado em justiça. 17 Então os cordeiros pastarão como em
seus pastos; e nos campos desertos se apascentarão cevados e
cabritos. 18 Ai dos que puxam a
iniquidade com cordas de falsidade, e o pecado como com tirantes de
carros! 19 E dizem: Apresse-se Deus,
avie a sua obra, para que a vejamos; e aproxime-se e venha o
propósito do Santo de Israel, para que o conheçamos. 20 Ai
dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que põem as trevas por luz,
e a luz por trevas, e o amargo por doce, e o doce por amargo!
21 Ai dos que são sábios a seus
próprios olhos, e astutos em seu próprio conceito!
22 Ai dos que são poderosos para
beber vinho, e valentes para misturar bebida forte; 23 dos que
justificam o ímpio por peitas, e ao inocente lhe tiram o seu
direito! 24 Pelo que, como a língua
de fogo consome o restolho, e a palha se desfaz na chama assim a raiz
deles será como podridão, e a sua flor se esvaecerá como pó;
porque rejeitaram a lei do Senhor dos exércitos, e desprezaram a
palavra do santo de Israel, 25 Por isso se acendeu a ira do Senhor
contra o seu povo, e o Senhor estendeu a sua mão contra ele, e o
feriu; e as montanhas tremeram, e os seus cadáveres eram como lixo
no meio das ruas; com tudo isto não tornou atrás a sua ira, mas
ainda está estendida a sua mão. 26 E ele arvorará um estandarte
para as nações de longe, e lhes assobiará desde a extremidade da
terra; e eis que virão muito apressadamente. 27 Não há entre eles
cansado algum nem quem tropece; ninguém cochila nem dorme; não se
lhe desata o cinto dos lombos, nem se lhe quebra a correia dos
sapatos. 28 As suas flechas são agudas, e todos os seus arcos
retesados; os cascos dos seus cavalos são reputados como pederneira,
e as rodas dos seus carros, qual redemoinho. 29 O seu rugido é como
o do leão; rugem como filhos de leão; sim, rugem e agarram a presa,
e a levam, e não há quem a livre. 30 E bramarão contra eles
naquele dia, como o bramido do mar; e se alguém olhar para a terra,
eis que só verá trevas e angústia, e a luz se escurecerá nas
nuvens sobre ela.
Isaías 6
O
CHAMADO DE ISAÍAS
1
No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor assentado
sobre um alto e sublime trono, e as orlas do seu manto enchiam o
templo. 2 Ao seu redor havia serafins; cada um tinha seis asas; com
duas cobria o rosto, e com duas cobria os pés e com duas voava. 3 E
clamavam uns para os outros, dizendo: Santo,
santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra
toda está cheia da sua glória. 4 E as bases dos limiares
moveram-se à voz do que clamava, e a casa se enchia de fumaça. 5
Então disse eu: Ai de mim! Pois
estou perdido; porque sou homem de lábios impuros, e habito no meio
dum povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o Senhor
dos exércitos! 6 Então voou para mim um dos serafins,
trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; 7
e com a brasa tocou-me a boca, e disse: Eis que
isto tocou os teus lábios; e a tua iniquidade foi tirada, e perdoado
o teu pecado. 8 Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia:
A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu:
Eis-me aqui, envia-me a mim. 9 Disse, pois, ele:
Vai, e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes,
em verdade, mas não percebeis. 10 Engorda o coração deste povo, e
endurece-lhe os ouvidos, e fecha-lhe os olhos; para que ele não veja
com os olhos, e ouça com os ouvidos, e entenda com o coração, e se
converta, e seja sarado. 11 Então disse eu: Até
quando, Senhor? E respondeu: Até que
sejam assoladas as cidades, e fiquem sem habitantes, e as casas sem
moradores, e a terra seja de todo assolada, 12 e o Senhor tenha
removido para longe dela os homens, e sejam muitos os lugares
abandonados no meio da terra. 13 Mas se ainda ficar nela a décima
parte, tornará a ser consumida, como o terebinto, e como o carvalho,
dos quais, depois de derrubados, ainda fica o toco. A
santa semente é o seu toco.
Isaías 7
EMANUEL
1
Sucedeu, pois, nos dias de Acaz, filho de Jotão, filho de
Uzias, rei de Judá, que Rezim, rei da Síria, e Peca, filho de
Remalias, rei de Israel, subiram a Jerusalém, para pelejarem contra
ela, mas não a puderam conquistar. 2 Quando deram aviso à casa de
Davi, dizendo: A Síria fez aliança com
Efraim; ficou agitado o coração de Acaz, e o coração
do seu povo, como se agitam as árvores do bosque à força do vento.
3 Então disse o Senhor a Isaías: Saí
agora, tu e teu filho Sear-Jasube, ao encontro de Acaz, ao fim do
aqueduto da piscina superior, na estrada do campo do lavandeiro, 4 e
dize-lhe: Acautela-te e aquieta-te; não temas, nem te desfaleça o
coração por causa destes dois pedaços de tições fumegantes; por
causa do ardor da ira de Rezim e da Síria, e do filho de Remalias. 5
Porquanto a Síria maquinou o mal contra ti, com Efraim e com o filho
de Remalias, dizendo: 6 Subamos contra Judá, e amedrontemo-lo, e
demos sobre ele, tomando-o para nós, e façamos reinar no meio dele
o filho de Tabeel. 7 Assim diz o Senhor
Deus: Isto não subsistirá, nem
tampouco acontecerá. 8 Pois a cabeça da Síria é Damasco, e o
cabeça de Damasco é Rezim; e dentro de sessenta e cinco anos Efraim
será quebrantado, e deixará de ser povo. 9 Entretanto a cabeça de
Efraim será Samaria, e o cabeça de Samaria o filho de Remalias; se
não o crerdes, certamente não haveis de permanecer. 10
De novo falou o Senhor com Acaz,
dizendo: 11 Pede para ti ao Senhor teu
Deus um sinal; pede-o ou em baixo nas profundezas ou em cima nas
alturas. 12 Acaz, porém, respondeu: Não
o pedirei nem porei à prova o Senhor. 13 Então disse Isaías:
Ouvi agora, ó casa de Davi: Pouco vos é
afadigardes os homens, que ainda afadigareis também ao meu Deus? 14
Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: Eis
que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu
nome Emanuel. 15 Manteiga e mel
comerá, quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem. 16 Pois
antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, será
desolada a terra dos dois reis perante os quais tu tremes de medo.
OS
MALES SOBRE JERUSALÉM
17
Mas o Senhor fará vir sobre ti, e sobre o teu povo e sobre a casa de
teu pai, dias tais, quais nunca vieram, desde o dia em que Efraim se
separou de Judá, isto é, fará vir o rei da Assíria. 18 Naquele
dia assobiará o Senhor às moscas que há no extremo dos rios do
Egito, e às abelhas que estão na terra da Assíria. 19 E elas
virão, e pousarão todas nos vales desertos e nas fendas das rochas,
e sobre todos os espinheirais, e sobre
todos os prados. 20 Naquele dia rapará o Senhor com uma navalha
alugada, que está além do rio,
isto é, com o rei da Assíria, a cabeça e os cabelos dos pés; e
até a barba arrancará. 21 Sucederá naquele dia que um homem criará
uma vaca e duas ovelhas; 22 e por causa da abundância do leite que
elas hão de dar, comerá manteiga; pois manteiga e mel comerá todo
aquele que ficar de resto no meio da terra. 23 Sucederá também
naquele dia que todo lugar, em que antes havia mil vides, do valor de
mil siclos de prata, será para sarças e para espinheiros. 24 Com
arco e flechas entrarão ali; porque as sarças e os espinheiros
cobrirão toda a terra. 25 Quanto a todos os outeiros que costumavam
cavar com enxadas, para ali não chegarás, por medo das sarças e
dos espinheiros; mas servirão de pasto para os bois, e serão
pisados pelas ovelhas.
Isaías 8
OS
ASSÍRIOS VIRÃO
1
Disse-me também o Senhor: Toma uma tábua
grande e escreve nela em caracteres legíveis: Maer-Salal-Has-Baz
(Apressando-se
ao despojo, apressurou-se à presa);
2 tomei pois, comigo fiéis testemunhas, a Urias sacerdote, e a
Zacarias, filho de Jeberequias. 3 E fui ter com a profetisa; e ela
concebeu, e deu à luz um filho; e o Senhor me disse:
Põe-lhe o nome de Maer-Salal-Has-Baz. 4 Pois antes que o menino
saiba dizer meu pai ou minha mãe, se levarão as riquezas de
Damasco, e os despojos de Samaria, diante do rei da Assíria.
5 E continuou o Senhor a falar ainda comigo, dizendo:
6 Porquanto este povo rejeitou as águas de Siloé, que correm
brandamente, e se alegrou com Rezim e com o filho de Remalias, 7 eis
que o Senhor fará vir sobre eles as águas do rio,
fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria, com toda a sua
glória; e subirá sobre todos os seus leitos, e transbordará por
todas as suas ribanceiras; 8 e passará a Judá, inundando-o, e irá
passando por ele e chegará até o pescoço; e a extensão de suas
asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel.
9 Exasperai-vos, ó povos, e sereis quebrantados; dai ouvidos, todos
os que sois de terras longínquas; cingi-vos e sereis feitos em
pedaços, cingi-vos e sereis feitos em pedaços; 10 Tomai juntamente
conselho, e ele será frustrado; dizei uma palavra, e ela não
subsistirá; porque Deus é conosco.
11 Pois assim o Senhor me falou, com sua forte mão deitada em mim, e
me admoestou a que não andasse pelo caminho deste povo, dizendo: 12
Não chameis conspiração a tudo quanto este povo chama conspiração;
e não temais aquilo que ele teme, nem por isso vos assombreis. 13 Ao
Senhor dos exércitos, a ele santificai; e seja ele o vosso temor e
seja ele o vosso assombro. 14 Então ele vos será por santuário;
mas servirá de pedra de tropeço, e
de rocha de escândalo, às duas casas de Israel; de armadilha e de
laço aos moradores de Jerusalém.
15 E muitos dentre eles tropeçarão, e cairão, e serão
quebrantados, e enlaçados, e presos. 16 Ata o testemunho, sela a lei
entre os meus discípulos. 17 Esperarei no Senhor, que esconde o seu
rosto da casa de Jacó, e a ele aguardarei. 18 Eis-me
aqui, com os filhos que me deu o Senhor;
são como sinais e portentos em Israel da parte do Senhor dos
exércitos, que habita no monte Sião. 19 Quando vos disserem:
Consultai os que têm espíritos
familiares e os feiticeiros, que chilreiam e murmuram, respondei:
Acaso
não consultará um povo a seu Deus?
Acaso
a favor dos vivos consultará os mortos?
20 A Lei e ao Testemunho! Se
eles não falarem segundo esta palavra, nunca lhes raiará a alva. 21
E passarão pela terra duramente oprimidos e famintos; e, tendo fome,
se agastarão, e amaldiçoarão o seu
rei e o seu Deus, olhando para o céu em cima;
22 e para a terra em baixo, e eis aí angústia e escuridão,
tristeza da aflição; e para as
trevas serão empurrados.
Isaías 9
O
PRÍNCIPE DA PAZ
1
Mas para a que estava aflita não haverá escuridão. Nos primeiros
tempos, ele envileceu a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas
nos últimos tempos fará glorioso o caminho do mar, além do Jordão,
a Galileia dos gentios. 2 O povo que andava em trevas viu
uma grande luz; e sobre os que habitavam na terra de profunda
escuridão resplandeceu a luz. 3 Tu multiplicaste este povo, a
alegria lhe aumentaste; todos se alegrarão perante ti, como se
alegram na ceifa e como exultam quando se repartem os despojos. 4
Porque tu quebraste o jugo da sua carga e o bordão do seu ombro, que
é o cetro do seu opressor, como no dia de Midiã. 5 Porque todo
calçado daqueles que andavam no tumulto, e toda capa revolvida em
sangue serão queimados, servindo de pasto ao fogo. 6 Porque um
menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o governo estará sobre os
seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte,
Pai Eterno, Príncipe da Paz. 7 Do aumento do seu governo e da paz
não haverá fim, sobre o trono de Davi e no seu reino, para o
estabelecer e o fortificar em retidão e em justiça, desde agora e
para sempre; o zelo do Senhor dos exércitos fará isso. 8 O
Senhor enviou uma palavra a Jacó, e ela caiu em Israel. 9 E todo o
povo o saberá, Efraim e os moradores de Samaria, os quais em soberba
e altivez de coração dizem: 10 Os tijolos caíram, mas com cantaria
tornaremos a edificar; cortaram-se os sicômoros, mas por cedros os
substituiremos. 11 Pelo que o Senhor suscita contra eles os
adversários de Rezim, e instiga os seus inimigos, 12 os sírios do
Oriente, e os filisteus do Ocidente; e eles devoram a Israel à boca
escancarada. Com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está
estendida a sua mão. 13 Todavia o povo não se voltou para quem o
feriu, nem buscou ao Senhor dos exércitos. 14 Pelo que o Senhor
cortou de Israel a cabeça e a cauda, o ramo e o junco, num mesmo
dia. 15 O ancião e o varão de respeito, esse é a cabeça; e o
profeta que ensina mentiras, esse e a cauda. 16 Porque os que
guiam este povo o desencaminham; e os que por eles são guiados são
devorados. 17 Pelo que o Senhor não se regozija nos seus jovens, e
não se compadece dos seus órfãos e das suas viúvas; porque todos
eles são profanos e malfeitores, e toda boca profere doidices. Com
tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua
mão. 18 Pois a impiedade lavra como um fogo que devora espinhos e
abrolhos, e se ateia no emaranhado da floresta; e eles sobem ao alto
em espessas nuvens de fumaça. 19 Por causa da ira do Senhor dos
exércitos a terra se queima, e o povo é como pasto do fogo; ninguém
poupa ao seu irmão. 20 Se colher da banda direita, ainda terá fome,
e se comer da banda esquerda, ainda não se fartará; cada um comerá
a carne de seu braço. 21 Manassés será contra Efraim, e Efraim
contra Manassés, e ambos eles serão contra Judá. Com tudo isso não
se apartou a sua ira, mas ainda está estendida a sua mão.
Isaías 10
ASSÍRIA,
A VARA DO SENHOR
1
Ai dos que decretam leis injustas, e
dos escrivães que escrevem perversidades; 2 para privarem da justiça
os necessitados, e arrebatarem o direito aos aflitos do meu povo;
para despojarem as viúvas e roubarem os órfãos! 3 Mas que fareis
vós no dia da visitação, e na desolação, que há de vir de
longe? A
quem recorrereis para obter socorro, e onde deixareis a vossa
riqueza? 4 Nada mais resta senão curvar-vos entre os presos, ou cair
entre os mortos. Com tudo isso não se apartou a sua ira, mas ainda
está estendida a sua mão. 5 Ai da
Assíria, a vara da minha ira,
porque a minha indignação é como bordão nas suas mãos. 6 Eu a
envio contra uma nação ímpia; e contra o povo do meu
furor lhe dou ordem, para tomar o despojo, para arrebatar a presa, e
para os pisar aos pés, como a lama das ruas. 7 Todavia ela não
entende assim, nem o seu coração assim o imagina; antes no seu
coração intenta destruir e desarraigar não poucas nações. 8 Pois
diz: Não são meus príncipes todos
eles reis? 9 Não é Calno
como Carquemis?
Não
é Hamate como Arpade? E
Samaria como Damasco? 10 Do mesmo
modo que a minha mão alcançou os reinos dos ídolos, ainda que as
suas imagens esculpidas eram melhores do que as de Jerusalém e de
Samaria. 11 Como
fiz a Samaria e aos seus ídolos, não o farei igualmente a Jerusalém
e aos seus ídolos? 12 Por isso acontecerá que, havendo o Senhor
acabado toda a sua obra no monte Sião e em Jerusalém, então
castigará o rei da Assíria pela arrogância do seu coração e a
pomba da altivez dos seus olhos. 13 Porquanto diz ele: Com
a força da minha mão o fiz, e com a minha sabedoria, porque sou
entendido; eu removi os limites dos povos, e roubei os seus tesouros,
e como valente abati os que se sentavam sobre tronos. 14 E achou a
minha mão as riquezas dos povos como a um ninho; e como se ajuntam
os ovos abandonados, assim eu ajuntei toda a terra; e não houve quem
movesse a asa, ou abrisse a boca, ou chilreasse.
15 Porventura gloriar-se-á o machado contra o que corta com ele? Ou
se engrandecerá a serra contra o que a maneja? Como
se a vara movesse o que a levanta, ou o bordão levantasse aquele que
não é pau! 16 Pelo que o Senhor Deus dos exércitos fará definhar
os que entre eles são gordos, e debaixo da sua glória ateará um
incêndio, como incêndio de fogo. 17 A Luz de Israel virá a ser um
fogo e o seu Santo uma labareda, que num só dia abrasará e
consumirá os seus espinheiros e as suas sarças. 18 Também
consumirá a glória da sua floresta, e do seu campo fértil, desde a
alma até o corpo; e será como quando um doente vai definhando. 19 E
o resto das árvores da sua floresta será tão pouco que um menino
as poderá contar. 20 E acontecerá naquele dia que o resto de
Israel, e os que tiverem escapado da casa de Jacó, nunca mais se
estribarão sobre aquele que os feriu; antes se estribarão lealmente
sobre o Senhor, o Santo de Israel. 21 Um resto voltará; sim, o resto
de Jacó voltará para o Deus forte. 22 Porque
ainda que o teu povo, ó Israel, seja como a areia do mar, só um
resto dele voltará. Uma destruição
está determinada, trasbordando de justiça. 23 Pois uma destruição,
e essa já determinada, o Senhor Deus dos exércitos executará no
meio de toda esta terra. 24 Pelo que assim diz o Senhor Deus
dos exércitos: Ó
povo meu, que habitas em Sião, não temas a Assíria, quando te
ferir com a vara, e contra ti levantar o seu bordão a maneira dos
egípcios; 25 porque daqui a bem pouco se cumprirá a minha
indignação, e a minha ira servirá para os consumir. 26 E o Senhor
dos exércitos suscitará contra ela um flagelo, como a matança de
Midiã junto à rocha de Orebe; e a sua vara se estenderá sobre o
mar, e ele a levantará como no Egito. 27 E naquele dia a sua carga
será tirada do teu ombro, e o seu jugo do teu pescoço; e o jugo
será quebrado por causa da gordura. 28 Os assírios já chegaram a
Aiate, passaram por Migrom; em Micmás deixam depositada a sua
bagagem; 29 já atravessaram o desfiladeiro, já se alojam em Geba;
Ramá treme, Gibeá de Saul já fugiu. 30 Clama com alta voz, ó
filha de Galim! Ouve, ó Laís! Responde-lhe, ó Anatote! 31 Já se
foi Madmena; os moradores de Gebim procuram refúgio. 32 Hoje mesmo
parará em Nobe; sacudirá o punho contra o monte da filha de Sião,
o outeiro de Jerusalém. 33 Eis que o Senhor Deus dos exércitos
cortará os ramos com violência; e os de alta estatura serão
cortados, e os elevados serão abatidos. 34 E cortará com o ferro o
emaranhado da floresta, e o Líbano cairá pela mão de um poderoso.
Isaías 11
A
RAIZ DE JESSÉ
1
Então brotará um rebento do toco de Jessé, e das suas
raízes um renovo frutificará. 2 E repousará sobre ele o
Espírito do Senhor, o espírito de sabedoria e de entendimento,
o espírito de conselho e de fortaleza, o espírito de conhecimento e
de temor do Senhor. 3 E deleitar-se-á no temor do Senhor; e não
julgará segundo a vista dos seus olhos, nem decidirá segundo o
ouvir dos seus ouvidos; 4 mas julgará com justiça os pobres, e
decidirá com equidade em defesa dos mansos da terra; e ferirá a
terra com a vara de sua boca, e com o sopro dos seus lábios matará
o ímpio. 5 A justiça será o cinto dos seus lombos, e a fidelidade
o cinto dos seus rins. 6 Morará o lobo com o cordeiro, e o leopardo
com o cabrito se deitará; e o bezerro, e o leão novo e o animal
cevado viverão juntos; e um menino pequeno os conduzirá. 7 A vaca e
a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; e o
leão comerá palha como o boi. 8 A criança de peito brincará sobre
a toca da áspide, e a desmamada meterá a sua mão na cova do
basilisco. 9 Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo
monte; porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as
águas cobrem o mar. 10 Naquele dia a raiz de Jessé será posta
por estandarte dos povos, à qual recorrerão às nações;
gloriosas lhe serão as suas moradas. 11 Naquele dia o Senhor tornará
a estender a sua mão para adquirir outra vez e resto do seu povo,
que for deixado, da Assíria, do Egito, de Patros, da Etiópia, de
Elão, de Sinar, de Hamate, e das ilhas de mar. 12 Levantará um
pendão entre as nações e ajuntará os desterrados de Israel, e es
dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra. 13
Também se esvaecerá a inveja de Efraim, e os vexadores de Judá
serão desarraigados; Efraim não invejará a Judá e Judá não
vexará a Efraim. 14 Antes voarão sobre os ombros dos filisteus ao
Ocidente; juntos despojarão aos filhos do Oriente; em Edom e Moabe
porão as suas mãos, e os filhos de Amom lhes obedecerão. 15 E o
Senhor destruirá totalmente a língua do mar do Egito; e vibrará a
sua mão contra o rio com o seu vento abrasador, e, ferindo-o,
dividi-lo-á em sete correntes, e fará que por ele passem a pé
enxuto. 16 Assim haverá caminho plano para e restante do seu povo,
que voltar da Assíria, como houve para Israel no dia em que subiu da
terra do Egito.
Isaías 12
O
SANTO DE ISRAEL NO MEIO DE TI
1
Dirás, pois, naquele dia: Graças te dou, ó Senhor; porque,
ainda que te iraste contra mim, a tua ira se retirou, e tu me
confortaste. 2 Eis que Deus é a minha salvação; eu confiarei e não
temerei porque o Senhor, sim o Senhor é a minha força e o meu
cântico; e se tornou a minha salvação. 3 Portanto com alegria
tirareis águas das fontes da salvação. 4 E direis naquele dia:
Dai graças ao Senhor, invocai o seu nome, fazei notórios os seus
feitos entre os povos, proclamai quão excelso é o seu nome. 5
Cantai ao Senhor; porque fez coisas grandiosas; saiba-se isso em toda
a terra. 6 Exulta e canta de gozo, ó habitante de Sião; porque
grande é o Santo de Israel no meio de ti.
Isaías 13
PROFECIA
CONTRA BABILÔNIA
1
Oráculo acerca de Babilônia, que Isaías, filho de Amós, recebeu
numa visão. 2 Alçai uma bandeira sobre o
monte escalvado; levantai a voz para eles; acenai-lhes com a mão,
para que entrem pelas portas dos príncipes. 3 Eu dei ordens aos meus
consagrados; sim, já chamei os meus valentes para executarem a minha
ira, os que exultam arrogantemente. 4 Eis um tumulto sobre os montes,
como o de grande multidão! Eis um tumulto de reinos, de nações
congregadas! O Senhor dos exércitos passa em revista o exército
para a guerra. 5 Vêm duma terra de longe, desde a extremidade do
céu, o Senhor e os instrumentos da sua indignação, para destruir
toda aquela terra. 6 Uivai, porque o
dia do Senhor está perto; virá do
Todo Poderoso
como assolação. 7 Pelo que todas as mãos se debilitarão, e se
derreterá o coração de todos os homens. 8 E ficarão desanimados;
e deles se apoderarão dores e ais; e se angustiarão, como a mulher
que está de parto; olharão atônitos uns para os outros; os seus
rostos serão rostos flamejantes. 9 Eis que o dia do Senhor vem,
horrendo, com furor e ira ardente; para pôr a terra em assolação e
para destruir do meio dela os seus pecadores. 10
Pois as estrelas do céu e as suas constelações não deixarão
brilhar a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não fará
resplandecer a sua luz. 11 E
visitarei sobre o mundo a sua maldade, e sobre os ímpios a sua
iniquidade; e farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a
soberba dos cruéis. 12 Farei que os homens sejam mais raros do que o
ouro puro, sim mais raros do que o ouro fino de Ofir. 13 Pelo
que farei estremecer o céu, e a terra se moverá
do seu lugar, por causa do furor do Senhor dos exércitos, e por
causa do dia da sua ardente ira. 14
E como a corça quando é perseguida, e como a ovelha que ninguém
recolhe, assim cada um voltará para o seu povo, e cada um fugirá
para a sua terra. 15 Todo o que for achado será traspassado; e todo
o que for apanhado, cairá à espada. 16 E suas crianças serão
despedaçadas perante os seus olhos; as suas casas serão saqueadas,
e as suas mulheres violadas. 17 Eis que suscitarei contra eles os
medos,
que não farão caso da prata, nem tampouco no ouro terão prazer. 18
E os seus arcos despedaçarão aos mancebos; e não se compadecerão
do fruto do ventre; os seus olhos não pouparão as crianças. 19 E
Babilônia, a glória dos reinos, o esplendor e o orgulho dos
caldeus, será como Sodoma e Gomorra, quando Deus as transtornou. 20
Nunca mais será habitada, nem nela morará alguém de geração em
geração; nem o árabe armará ali a sua tenda; nem tampouco os
pastores ali farão deitar os seus rebanhos. 21 Mas as feras do
deserto repousarão ali, e as suas casas se encherão de horríveis
animais; e ali habitarão as avestruzes, e os sátiros pularão ali.
22 As hienas uivarão nos seus castelos, e os chacais nos seus
palácios de prazer; bem perto está o seu tempo, e os seus dias não
se prolongarão.
Isaías 14
PROFECIA
CONTRA O REI DE BABILÔNIA
1
Pois o Senhor se compadecerá de Jacó, e ainda escolherá a Israel e
os porá na sua própria terra; e ajuntar-se-ão com eles os
estrangeiros, e se apegarão à casa de Jacó. 2 E os povos os
receberão, e os levarão aos seus lugares; e a casa de Israel os
possuirá por servos e por servas, na terra do Senhor e cativarão
aqueles que os cativaram, e dominarão os seus opressores. 3 No dia
em que Deus vier a dar-te descanso do teu trabalho, e do teu tremor,
e da dura servidão com que te fizeram servir, 4 proferirás esta
parábola contra o rei de Babilônia, e dirás: Como cessou o
opressor! Como
cessou a tirania! 5 Já quebrantou o Senhor o bastão dos ímpios e o
cetro dos dominadores; 6 cetro que feria os povos com furor, com
açoites incessantes, e que em ira dominava as nações com uma
perseguição irresistível. 7 Toda a terra descansa, e está
sossegada! Rompem em brados de júbilo. 8 Até as faias se alegram
sobre ti, e os cedros do Líbano, dizendo: Desde que tu caíste
ninguém sobe contra nós para nos cortar. 9 O Seol desde o profundo
se turbou por ti, para sair ao teu encontro na tua vinda; ele
despertou por ti os mortos, todos os que eram príncipes da terra, e
fez levantar dos seus tronos todos os que eram reis das nações. 10
Estes todos responderão, e te dirão: Tu também estás fraco como
nós, e te tornaste semelhante a nós. 11 Está derrubada até o Seol
a tua pompa, o som dos teus alaúdes; os
bichinhos debaixo de ti se estendem e os bichos te cobrem. 12 Como
caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como
foste lançado por terra tu que prostravas as nações! 13 E tu
dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de
Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me
assentarei, nas extremidades do norte; 14 subirei acima das alturas
das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. 15
Contudo levado serás ao Seol, ao mais profundo do abismo. 16 Os que
te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o
varão que fazia estremecer a terra, e que fazia tremer os reinos? 17
Que punha o mundo como um deserto, e assolava as suas cidades? Que
a seus cativos não deixava ir soltos para suas casas? 18 Todos os
reis das nações, todos eles, dormem com glória, cada um no seu
túmulo. 19 Mas tu és lançado da tua sepultura, como um renovo
abominável, coberto de mortos atravessados a espada, como os que
descem às pedras da cova, como cadáver pisado aos pés. 20 Com eles
não te reunirás na sepultura; porque destruíste a tua terra e
mataste o teu povo. Que a descendência dos malignos não seja
nomeada para sempre! 21 Preparai a matança para os filhos por causa
da maldade de seus pais, para que não se levantem, e possuam a
terra, e encham o mundo de cidades. 22 Levantar-me-ei contra eles,
diz o Senhor dos exércitos, e
exterminarei de Babilônia o nome, e os sobreviventes, o filho, e o
neto, diz o Senhor. 23 E reduzi-la-ei a
uma possessão do ouriço, e a lagoas de águas; e varrê-la-ei com a
vassoura da destruição, diz o Senhor dos exércitos. 24 O
Senhor dos exércitos jurou, dizendo: Como
pensei, assim sucederá, e como determinei, assim se efetuará. 25
Quebrantarei o assírio na minha terra e nas minhas montanhas o
pisarei; então o seu jugo se apartará deles e a sua carga se
desviará dos seus ombros. 26 Este é o conselho que foi determinado
sobre toda a terra; e esta é a mão que está estendida sobre todas
as nações. 27 Pois o Senhor dos exércitos o determinou, e quem o
invalidará? A sua mão estendida está, e quem a fará voltar atrás?
28 No ano em que morreu o rei Acaz, veio este oráculo: 29
Não te alegres, ó Filístia toda, por ser quebrada a vara que te
feria; porque da raiz da cobra sairá um basilisco, e o seu fruto
será uma serpente voadora. 30 E os primogênitos dos pobres serão
apascentados, e os necessitados se deitarão seguros; mas farei
morrer de fome a tua raiz, e será destruído o teu restante. 31
Uiva, ó porta; grita, ó cidade; tu, ó Filístia, estás toda
derretida; porque do norte vem fumaça; e não há vacilante nas suas
fileiras. 32 Que se responderá pois aos mensageiros do povo? Que o
Senhor fundou a Sião, e que nela acharão refúgio os aflitos do seu
povo.
Isaías 15
PROFECIA
CONTRA MOABE
1
Oráculo acerca de Moabe. Porque Ar foi
destruída numa noite, Moabe está desfeita; porque Quir foi
destruída numa noite, Moabe está desfeita. 2 Subiu a filha de Dibom
aos altos para chorar; por Nebo e por Medeba pranteia Moabe; em todas
as cabeças há calva, e toda barba é rapada. 3 Nas suas ruas
cingem-se de saco; nos seus terraços e nas suas praças todos andam
pranteando, e choram abundantemente. 4 Assim Hesbom como Eleale andam
gritando; até Jaaz se ouve a sua voz; por isso os armados de Moabe
clamam; estremece-lhes a alma. 5 O meu coração clama por causa de
Moabe; fogem os seus nobres para Zoar, qual uma novilha de três
anos; pois vão chorando pela encosta de Luíte; no caminho de
Horonaim levantam um grito de destruição. 6 As águas de Ninrim são
desoladas; secou-se a relva, definhou a erva verde, e não há
verdura alguma. 7 Pelo que a abundância que ajuntaram, e o que
guardaram, para além do ribeiro dos salgueiros o levam. 8 Pois o
pranto já rodeou os limites de Moabe; até Eglaim chegou o seu
clamor, e ainda até Beer-Elim o seu rugido. 9 Pois as águas de
Dimom estão cheias de sangue; pelo que ainda acrescentarei mais a
Dimom, um leão contra aqueles que escaparem de Moabe, e contra o
restante que ficou na terra.
Isaías 16
O
REINADO DO MESSIAS
1
Enviai
o cordeiro
ao governador da terra, desde Sela,
pelo deserto, até o monte da filha de Sião. 2 Pois como pássaros
que vagueiam, como ninhada dispersa, assim são as filhas de Moabe
junto aos vaus do Arnom. 3 Dá conselhos, executa juízo; põe a tua
sombra como a noite ao pino do meio-dia; esconde os desterrados, e
não traias o fugitivo. 4 Habitem entre vós os desterrados de Moabe;
serve-lhes de refúgio perante a face do destruidor. Quando o homem
violento tiver fim, e a destruição tiver cessado, havendo os
opressores desaparecido de sobre a terra, 5 então
um trono será estabelecido em benignidade, e sobre ele no
tabernáculo de Davi se assentará em verdade um que julgue, e que
procure a justiça e se apresse a praticar a retidão.
A
SENTENÇA DE MOABE
6
Ouvimos da soberba de Moabe,
a soberbíssima; da sua arrogância, da sua soberba, e da sua
insolência; de nada valem as suas jactâncias. 7 portanto Moabe
pranteará; prantearão todos por Moabe; pelos bolos de passas de
Quir Haresete
suspirareis, inteiramente desanimados. 8 porque os campos de Hesbom
enfraqueceram, e a vinha de Sibma; os senhores das nações
derrubaram os seus ramos, que chegaram a Jazer e penetraram no
deserto; os seus rebentos se estenderam e passaram além do mar. 9
Pelo que prantearei, com o pranto de Jazer, a vinha de Sibma;
regar-te-ei com as minhas lágrimas, ó Hesbom e Eleale; porque sobre
os teus frutos de verão e sobre a tua sega caiu o grito da batalha.
10 A alegria e o regozijo são tirados do fértil campo, e nas vinhas
não se canta, nem há júbilo algum; já não se pisam as uvas nos
lagares. Eu fiz cessar os gritos da vindima. 11 Pelo que minha alma
lamenta por Moabe como harpa, e o meu íntimo por Quir-Heres. 12 E
será que, quando Moabe se apresentar, quando se cansar nos altos, e
entrar no seu santuário a orar, nada alcançará. 13 Essa é a
palavra que o Senhor falou no passado acerca de Moabe. 14 Mas
agora diz o Senhor: Dentro de três anos, tais
como os anos do jornaleiro, será envilecida a glória de Moabe,
juntamente com toda a sua grande multidão; e os que lhe restarem
serão poucos e débeis.
Isaías 17
PROFECIA
ACERCA DA SÍRIA
1
Oráculo acerca de Damasco. Eis que
Damasco será tirada, para não mais ser cidade, e se tornará um
montão de ruínas. 2 As cidades de Aroer serão abandonadas; hão de
ser para os rebanhos, que se deitarão sem haver quem os espante. 3 E
a fortaleza de Efraim cessará, como também o reino de Damasco e o
resto da Síria; serão como a glória dos filhos de Israel,
diz o Senhor dos exércitos. 4 E será
diminuída naquele dia a glória de Jacó, e a gordura da sua carne
desaparecerá. 5 E será como o segador que colhe o trigo, e que com
o seu braço sega as espigas; sim, será como quando alguém colhe
espigas no vale de Refaim. 6 Mas ainda ficarão nele alguns rabiscos,
como no sacudir da oliveira: duas ou três azeitonas na mais alta
ponta dos ramos, e quatro ou cinco nos ramos mais exteriores de uma
árvore frutífera, diz o Senhor Deus de Israel.
7 Naquele dia atentará o homem para o seu Criador, e os seus olhos
olharão para o Santo de Israel. 8 E não atentará para os altares,
obra das suas mãos; nem olhará para o que fizeram seus dedos, para
os aserins e para os altares do incenso. 9 Naquele dia as suas
cidades fortificadas serão como os
lugares abandonados no bosque ou sobre o cume das montanhas, os quais
foram abandonados ante os filhos de Israel; e haverá assolação. 10
Porquanto te esqueceste do Deus da tua salvação, e não te
lembraste da rocha da tua fortaleza; por isso, ainda que faças
plantações deleitosas e ponhas nelas sarmentos de uma vide
estranha, 11 e as faças crescer no dia em que as plantares, e
florescer na manhã desse dia, a colheita voará
no dia da tribulação e das
dores insofríveis. 12 Ai do bramido de muitos povos que bramam como
o bramido dos mares; e do rugido das nações que rugem como o rugido
de impetuosas águas. 13 Rugem as nações, como rugem as muitas
águas; mas Deus as repreenderá, e elas fugirão para longe; e serão
afugentadas como a pragana dos montes diante do vento e como a poeira
num redemoinho diante do tufão. 14 Ao anoitecer, eis o terror! E
antes que amanheça eles já não existem. Esse é o quinhão
daqueles que nos despojam, e a sorte daqueles que nos saqueiam.
Isaías 18
PROFECIA
CONTRA A ETIÓPIA
1
Ai da terra do roçar das asas, que está além dos rios da Etiópia;
2 que envia embaixadores por mar em navios de junco sobre as águas,
dizendo: Ide, mensageiros velozes, a um povo de alta estatura e de
tez luzidia, a um povo terrível desde o seu princípio, a uma nação
forte e vitoriosa, cuja terra os rios dividem! 3 Vede, todos vós,
habitantes do mundo, e vós os moradores da terra, quando se arvorar
a bandeira nos montes; e ouvi, quando se tocar a trombeta. 4
Pois assim me disse o Senhor: Estarei
quieto, olhando desde a minha morada, como o ardor do sol
resplandecente, como a nuvem do orvalho no calor da sega. 5 Pois
antes da sega, quando acaba a flor e o gomo se torna uva prestes a
amadurecer, ele cortará com foices os sarmentos e tirará os ramos,
e os lançará fora. 6 Serão deixados juntos para as aves dos montes
e os animais da terra; e sobre eles veranearão as aves de rapina, e
todos os animais da terra invernarão sobre eles. 7 Naquele tempo
será levado um presente ao Senhor dos exércitos da parte dum povo
alto e de tez luzidia, e dum povo terrível desde o seu princípio,
uma nação forte e vitoriosa, cuja terra os rios dividem; um
presente, sim, será levado ao lugar do nome do Senhor dos exércitos,
ao monte Sião.
Isaías 19
PROFECIA
CONTRA O EGITO
1
Profecia acerca do Egito. Eis que o Senhor vem
cavalgando numa nuvem ligeira, e entra no Egito; e os ídolos do
Egito estremecerão diante dele, e o coração dos egípcios se
derreterá dentro de si. 2 Incitarei egípcios contra egípcios; e
cada um pelejará contra o seu irmão, e cada um contra o seu
próximo, cidade contra cidade, reino contra reino. 3 E o espírito
dos egípcios se esvaecerá dentro deles; eu destruirei o seu
conselho; e eles consultarão os seus ídolos, e encantadores, e
necromantes e feiticeiros. 4 Pelo que entregarei os egípcios nas
mãos de um senhor duro; e um rei rigoroso os dominará, diz o
Senhor Deus dos exércitos. 5 E
as águas do Nilo minguarão, e o rio se esgotará e secará. 6
Também os rios exalarão um fedor; diminuirão e secarão os canais
do Egito; as canas e os juncos murcharão. 7 Os prados junto ao Nilo,
ao longo das suas margens, sim, tudo o que foi semeado junto dele
secará, será arrancado, e deixará de existir. 8 E os pescadores
gemerão, e lamentarão todos os que lançam anzol ao Nilo, e
desfalecerão os que estendem rede sobre as águas. 9
Envergonhar-se-ão os que trabalham em linho fino, e os que tecem
pano branco. 10 E os que são as colunas do Egito serão esmagados, e
todos os que trabalham, por salário serão
entristecidos. 11 Na verdade estultos são os príncipes
de Zoã; o conselho dos mais sábios conselheiros de Faraó se
embruteceu. Como pois a Faraó direis: Sou filho de sábios, filho de
reis antigos? 12 Onde estão agora os teus sábios? anunciem-te
agora, e te façam saber o que o Senhor dos exércitos determinou
contra o Egito. 13 Estultos tornaram-se os príncipes de Zoã,
enganados estão os príncipes de Mênfis; fizeram errar o Egito, os
que são a pedra de esquina das suas tribos. 14 O Senhor derramou no
meio deles um espírito de confusão; e eles fizeram errar o Egito em
todas as suas obras, como o bêbedo vai cambaleando no seu vômito.
15 E não haverá para o Egito coisa alguma que possa fazer cabeça
ou cauda, ramo ou junco. 16 Naquele dia os egípcios serão como
mulheres, e tremerão e temerão por vibrar o Senhor dos exércitos a
sua mão contra eles. 17 E a terra de Judá será um espanto para o
Egito; todo aquele a quem isso se anunciar se assombrará, por causa
do propósito que o Senhor dos exércitos determinou contra eles. 18
Naquele dia haverá cinco cidades na terra do Egito que falem a
língua de Canaã e façam juramento ao Senhor dos exércitos. Uma
destas se chamará Cidade de destruição. 19 Naquele dia haverá um
altar dedicado ao Senhor no meio da terra do Egito, e uma coluna se
erigirá ao Senhor, na sua fronteira. 20 E servirá isso de sinal e
de testemunho ao Senhor dos exércitos na terra do Egito; quando
clamarem ao Senhor por causa dos opressores, ele lhes enviará um
salvador, que os defenderá e os livrará. 21 E o Senhor se dará a
conhecer ao Egito e os egípcios conhecerão ao Senhor naquele dia, e
o adorarão com sacrifícios e ofertas, e farão votos ao Senhor, e
os cumprirão. 22 E ferirá o Senhor aos egípcios; feri-los-á, mas
também os curará; e eles se voltarão para o Senhor, que ouvirá as
súplicas deles e os curará. 23 Naquele dia haverá estrada do Egito
até a Assíria, e os assírios virão ao Egito, e os egípcios irão
à Assíria; e os egípcios adorarão com os assírios. 24 Naquele
dia Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma
benção no meio da terra; 25 porquanto o Senhor dos exércitos os
tem abençoado, dizendo: Bem-aventurado seja o Egito, meu povo, e a
Assíria, obra de minhas mãos, e Israel, minha herança.
Isaías 20
ACERCA
DA ETIÓPIA E EGITO
1
No ano em que Tartã, enviado por Sargão, rei da Assíria, veio a
Asdode, e guerreou contra Asdode, e a tomou; 2 falou o Senhor,
naquele tempo, por intermédio de Isaías, filho de Amós, dizendo:
Vai, solta o cilício de teus lombos, e
descalça os sapatos dos teus pés. E ele assim o fez, andando
nu e descalço. 3 Então disse o Senhor: Assim
como o meu servo Isaías andou três
anos nu e descalço, por sinal e
portento contra o Egito e contra a Etiópia, 4 assim o rei da Assíria
levará em cativeiro os presos do Egito, e os exilados da Etiópia,
tanto moços como velhos, nus e descalços, e com as nádegas
descobertas, para vergonha do Egito. 5 E assombrar-se-ão, e
envergonhar-se-ão por causa da Etiópia, sua esperança, e do Egito,
sua glória. 6 Então os moradores desta região litorânea dirão
naquele dia: Vede que tal é a nossa esperança, aquilo que buscamos
por socorro, para nos livrarmos do rei da Assíria! Como pois
escaparemos nós?
Isaías 21
PROFECIA
CONTRA BABILÔNIA
1
Oráculo acerca do deserto do mar. Como os
tufões de vento do sul, que tudo assolam, aí vem do deserto, duma
terra horrível. 2 Dura visão me foi manifesta: O
pérfido trata perfidamente, e o destruidor anda destruindo. Sobe, ó
Elão, sitia, ó Média; já fiz cessar todo o seu gemido. 3 Pelo que
os meus lombos estão cheios de angústia; dores apoderaram-se de mim
como as dores de mulher na hora do parto; estou tão atribulado
que não posso ouvir, e tão desfalecido que
não posso ver. 4 O meu coração se agita, o horror apavora-me; o
crepúsculo, que desejava, tem-se-me tornado em tremores. 5 Eles põem
a mesa, estendem os tapetes, comem, bebem. Levantai-vos, príncipes,
e ungi o escudo. 6 Porque assim me disse o Senhor: Vai,
põe uma sentinela; e ela que diga o que vir. 7 Quando vir uma tropa
de cavaleiros de dois a dois, uma tropa de jumentos, ou uma tropa de
camelos, escute a sentinela atentamente com grande cuidado. 8 Então
clamou aquele que viu: Senhor, sobre a torre de vigia estou em pé
continuamente de dia, e de guarda me ponho todas as noites. 9 E eis
aqui agora vem uma tropa de homens, cavaleiros de dois a dois. Então
ele respondeu e disse: Caiu, caiu Babilônia; e todas as imagens
esculpidas de seus deuses são despedaçadas até o chão. 10 Ah,
malhada minha, e trigo da minha eira! O
que ouvi do Senhor dos exércitos, Deus de Israel, isso vos tenho
anunciado. 11 Oráculo acerca de Dumá. Alguém clama a mim de Seir:
Guarda, que horas são da noite? Guarda,
que horas são da noite? 12 Respondeu o guarda: Vem a manhã, e
também a noite; se quereis perguntar, perguntai; voltai, vinde. 13
Oráculo contra a Arábia. Nos bosques da Arábia passareis a noite,
ó caravanas de dedanitas. 14 Saí com água ao encontro dos
sedentos; ó moradores da terra de Tema, saí com pão ao encontro
dos fugitivos. 15 pois fogem diante das espadas, diante da espada
desembainhada, e diante do arco armado, e diante da pressão da
guerra. 16 Porque assim me disse o Senhor: Dentro
de um ano, tal como os anos de jornaleiro, toda a glória de Quedar
esvaecerá. 17 E
os restantes do número dos flecheiros, os valentes dos filhos de
Quedar, serão diminuídos; porque assim o disse o Senhor, Deus de
Israel.
Isaías 22
O
VALE DA VISÃO
1
Oráculo acerca do vale da visão. Que tens
agora, pois que com todos os teus subiste aos telhados? 2 E
tu que estás cheia de clamor, cidade turbulenta, cidade alegre; os
teus mortos não são mortos à espada, nem mortos em guerra. 3 Todos
os teus homens principais juntamente fugiram, sem o arco foram
presos; todos os que em ti se acharam, foram presos juntamente,
embora tivessem fugido para longe. 4 Portanto digo: Desviai de mim a
vista, e chorarei amargamente; não vos canseis mais em consolar-me
pela destruição da filha do meu povo. 5 Porque dia de destroço, de
atropelamento, e de confusão é este da parte do Senhor Deus dos
exércitos, no vale da visão;
um derrubar de muros, e um clamor até as montanhas. 6 Elão
tomou a aljava, juntamente com carros e cavaleiros, e Quir descobriu
os escudos. 7 Os teus mais formosos vales ficaram cheios de carros, e
os cavaleiros postaram-se contra as portas. 8 Tirou-se a cobertura de
Judá; e naquele dia olhaste para as armas da casa do bosque. 9 E
vistes que as brechas da cidade de Davi eram muitas; e ajuntastes as
águas da piscina de baixo; 10 e contastes as casas de Jerusalém, e
derrubastes as casas, para fortalecer os muros; 11 fizestes também
um reservatório entre os dois muros para as águas da piscina velha;
mas não olhastes para aquele que o tinha feito, nem considerastes o
que o formou desde a antiguidade. 12 O Senhor Deus dos exércitos vos
convidou naquele dia para chorar e prantear, para rapar a cabeça e
cingir o cilício; 13 mas eis aqui gozo e alegria; matam-se bois,
degolam-se ovelhas, come-se carne, bebe-se vinho, e se diz: Comamos e
bebamos, porque amanhã morreremos. 14
Mas o Senhor dos exércitos revelou-se aos meus ouvidos, dizendo:
Certamente esta maldade não se vos perdoará até que morrais,
diz o Senhor Deus dos exércitos.
SEBNA
O MORDOMO
15
Assim diz o Senhor Deus dos exércitos: Anda,
vai ter com esse administrador, Sebna,
o mordomo, e pergunta-lhe: 16 Que fazes aqui? Ou
que parente tens tu aqui, para que cavasses aqui uma sepultura?
Cavando em lugar alto a tua sepultura, cinzelando na rocha morada
para ti mesmo! 17 Eis que o Senhor te arrojará violentamente, ó
homem forte, e seguramente te prenderá. 18 Certamente te enrolará
como uma bola, e te lançará para um país espaçoso. Ali morrerás,
e ali irão os teus magníficos carros, ó tu, opróbrio da casa do
teu senhor. 19 E demitir-te-ei do teu posto; e da tua categoria serás
derrubado. 20 Naquele dia chamarei a meu servo Eliaquim, filho de
Hilquias, 21 e vesti-lo-ei da tua túnica, e cingi-lo-ei com o teu
cinto, e entregarei nas suas mãos o teu governo; e ele será como
pai para os moradores de Jerusalém, e para a casa de Judá. 22 Porei
a chave da casa de Davi sobre o seu ombro; ele abrirá, e ninguém
fechará; fechará, e ninguém abrirá. 23 E fixá-lo-ei como a um
prego num lugar firme; e será como um trono de honra para a casa de
seu pai. 24 Nele, pois, pendurarão toda a glória da casa de seu
pai, a prole e a progênie, todos os vasos menores, desde as taças
até os jarros. 25 Naquele dia, diz o
Senhor dos exércitos, cederá o prego
fincado em lugar firme; será cortado, e cairá; e a carga que nele
estava se desprenderá, porque o Senhor o disse.
Isaías 23
PROFECIA
CONTRA TIRO
1
Oráculo acerca de Tiro. Uivai, navios
de Társis, porque ela está desolada, a ponto de não haver nela
casa nem abrigo; desde a terra de Quitim lhes foi isso revelado. 2
Calai-vos, moradores do litoral, vós a quem encheram os mercadores
de Sidom, navegando pelo mar. 3 Por sobre grandes águas foi-lhe
trazida a sua provisão, a semente de Sior, a ceifa do Nilo; e ela se
tornou a feira das nações. 4 Envergonha-te, ó Sidom; porque o mar
falou, a fortaleza do mar disse: Eu não tive dores de parto, nem dei
à luz, nem ainda criei mancebos, nem eduquei donzelas. 5 Quando a
notícia chegar ao Egito, assim haverá dores quando se ouvirem as
notícias de Tiro. 6 Passai a Társis; uivai, moradores do litoral. 7
É esta, porventura, a vossa cidade alegre, cuja origem é dos dias
antigos, cujos pés a levavam para longe a peregrinar? 8 Quem formou
este desígnio contra Tiro, distribuidora de coroas, cujos mercadores
eram príncipes e cujos negociantes eram os mais nobres da terra? 9 O
Senhor dos exércitos formou este desígnio para denegrir a soberba
de toda a glória, e para reduzir à ignomínia os ilustres da terra.
10 Inunda como o Nilo a tua terra, ó filha de Társis; já não há
mais o que te refreie. 11 Ele estendeu a sua mão sobre o mar, e
abalou os reinos; o Senhor deu mandado contra Canaã, para destruir
as suas fortalezas. 12 E disse: Não continuarás mais a te
regozijar, ó oprimida donzela, filha de Sidom; levanta-te, passa a
Chipre, e ainda ali não terás descanso. 13 Eis a terra dos caldeus!
Este é o
povo, não foi a Assíria. Destinou a Tiro para as feras do deserto;
levantaram as suas torres de sítio; derrubaram os palácios dela; a
ruínas a reduziu. 14 Uivai, navios de Társis; porque está desolada
a vossa fortaleza. 15 Naquele dia
Tiro será posta em esquecimento por setenta anos,
conforme os dias dum rei; mas depois de findos os setenta anos,
sucederá a Tiro como se diz na canção da prostituta. 16 Toma a
harpa, rodeia a cidade, ó prostituta, entregue ao esquecimento; toca
bem, canta muitos cânticos, para que haja memória de ti. 17 No fim
de setenta anos o Senhor visitará a Tiro, e ela tornará à sua
ganância de prostituta, e fornicará com todos os reinos que há
sobre a face da terra. 18 E será consagrado ao Senhor o seu comércio
e a sua ganância de prostituta; não se entesourará, nem se
guardará; mas o seu comércio será para os que habitam perante o
Senhor, para que comam suficientemente; e tenham vestimenta
esplêndida.
Isaías 24
A
TERRA ESTÁ CONTAMINADA
1
Eis que o Senhor esvazia a terra e a desola, transtorna a sua
superfície e dispersa os seus moradores. 2 E o que suceder ao povo,
sucederá ao sacerdote; ao servo, como ao seu senhor; à serva, como
à sua senhora; ao comprador, como ao vendedor; ao que empresta, como
ao que toma emprestado; ao que recebe usura, como ao que paga usura.
3 De todo se esvaziará a terra, e de todo será saqueada, porque o
Senhor pronunciou esta palavra. 4 A terra pranteia e se murcha; o
mundo enfraquece e se murcha; enfraquecem os mais altos do povo da
terra. 5 Na verdade a terra está contaminada debaixo dos seus
habitantes; porquanto transgridem as leis, mudam os estatutos, e
quebram o pacto eterno. 6 Por isso a maldição devora a terra, e
os que habitam nela sofrem por serem culpados; por isso são
queimados os seus habitantes, e poucos homens restam. 7 Pranteia o
mosto, enfraquece a vide, e suspiram todos os que eram alegres de
coração. 8 Cessa o folguedo dos tamboris, acaba a algazarra dos
jubilantes, cessa a alegria da harpa. 9 Já não bebem vinho ao som
das canções; a bebida forte é amarga para os que a bebem. 10
Demolida está a cidade desordeira; todas as casas estão fechadas,
de modo que ninguém pode entrar. 11 Há lastimoso clamor nas ruas
por falta do vinho; toda a alegria se escureceu, já se foi o prazer
da terra. 12 Na cidade só resta a desolação, e a porta está
reduzida a ruínas. 13 Pois será no meio da terra, entre os povos,
como a sacudidura da oliveira, e como os rabiscos, quando está
acabada a vindima. 14 Estes alçarão a sua voz, bradando de alegria;
por causa da majestade do Senhor clamarão desde o mar. 15 Por
isso glorificai ao Senhor no Oriente, e na região litorânea do mar
ao nome do Senhor Deus de Israel. 16 Dos confins da terra ouvimos
cantar: Glória ao Justo. Mas eu digo: Emagreço, emagreço, ai de
mim! Os pérfidos tratam perfidamente; sim, os pérfidos tratam muito
perfidamente. 17 O pavor, e a cova, e o laço vêm sobre ti, ó
morador da terra. 18 Aquele que fugir da voz do pavor cairá na cova,
e o que subir da cova o laço o prenderá; porque as janelas do alto
se abriram, e os fundamentos da terra tremem. 19 A terra está de
todo quebrantada, a terra está de todo fendida, a terra está de
todo abalada. 20 A terra cambaleia como o ébrio, e balanceia como a
rede de dormir; e a sua transgressão se torna pesada sobre ela, e
ela cai, e nunca mais se levantará. 21 Naquele dia o Senhor
castigará os exércitos do alto nas alturas, e os reis da terra
sobre a terra. 22 E serão ajuntados como presos numa cova, e serão
encerrados num cárcere; e serão punidos depois de muitos dias. 23
Então a lua se confundirá, e o sol se envergonhará, pois o Senhor
dos exércitos reinará no monte Sião e em Jerusalém; e perante os
seus anciãos manifestará a sua glória.
Isaías 25
ISAÍAS
LOUVA AO SENHOR
1
Ó Senhor, tu és o meu Deus; exaltar-te-ei a ti, e louvarei o teu
nome; porque fizeste maravilhas, os teus conselhos antigos, em
fidelidade e em verdade. 2 Porque da cidade fizeste um montão, e da
cidade fortificada uma ruína, e do paço dos estranhos, que não
seja mais cidade; e ela jamais se tornará a edificar. 3 Pelo que te
glorificará um povo poderoso; e a cidade das nações formidáveis
te temerá: 4 Porque tens sido a fortaleza do pobre, a fortaleza do
necessitado na sua angústia, refúgio contra a tempestade, e sombra
contra o calor, pois o assopro dos violentos é como a tempestade
contra o muro. 5 Como o calor em lugar seco, tu abaterás o tumulto
dos estranhos; como se abranda o calor pela sombra da espessa nuvem,
assim acabará o cântico dos violentos. 6 E o Senhor dos exércitos
dará neste monte a todos os povos um banquete de coisas gordurosas,
banquete de vinhos puros, de coisas gordurosas feitas de tutanos, e
de vinhos puros, bem purificados. 7 E destruirá neste monte a
coberta que cobre todos os povos, e o véu que está posto sobre
todas as nações. 8 Aniquilará a morte para sempre, e assim
enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos, e tirará de
toda a terra o opróbrio do seu povo; porque o Senhor o disse. 9 E
naquele dia se dirá: Eis que
este é o nosso Deus; por ele temos esperado, para que nos salve.
Este é o Senhor; por ele temos esperado; na sua salvação gozaremos
e nos alegraremos. 10 Porque a mão do Senhor repousará
neste monte; e Moabe será trilhado no seu lugar, assim como se
trilha a palha na água do monturo. 11 E estenderá as suas mãos no
meio disso, assim como as estende o nadador para nadar; mas o Senhor
abaterá a sua altivez juntamente com a perícia das suas mãos. 12 E
abaixará as altas fortalezas dos teus muros; abatê-las-á e
derruba-las-á por terra até o pó.
Isaías 26
CONFIAI
SEMPRE NO SENHOR
1
Naquele dia se entoará este cântico na terra de Judá: Uma
cidade forte temos, a que Deus pôs a salvação por muros e
antemuros. 2 Abri as portas, para que entre nela a nação justa, que
observa a verdade. 3 Tu conservarás em paz aquele cuja mente
está firme em ti; porque ele confia em ti. 4 Confiai sempre no
Senhor; porque o Senhor Deus é uma rocha eterna. 5 porque ele
tem derrubado os que habitam no alto, na cidade elevada; abate-a,
abate-a até o chão; e a reduz até o pó. 6 Pisam-na os pés, os
pés dos pobres, e os passos dos necessitados. 7 O caminho do justo é
plano; tu, que és reto, nivelas a sua vereda. 8 No caminho dos teus
juízos, Senhor, temos esperado por ti; no teu nome e na tua memória
está o desejo da nossa alma. 9 Minha alma te deseja de noite; sim, o
meu espírito, dentro de mim, diligentemente te busca; porque, quando
os teus juízos estão na terra, os moradores do mundo aprendem
justiça. 10 Ainda que se mostre favor ao ímpio, ele não aprende a
justiça; até na terra da retidão ele pratica a iniquidade, e não
atenta para a majestade do Senhor. 11 Senhor, a tua mão está
levantada, contudo eles não a veem; vê-la-ão, porém, e
confundir-se-ão por causa do zelo que tens do teu povo; e o fogo
reservado para os teus adversários os devorará. 12 Senhor, tu hás
de estabelecer para nós a paz; pois tu fizeste para nós todas as
nossas obras. 13 Ó Senhor Deus nosso, outros senhores além de ti
têm tido o domínio sobre nós; mas, por ti só, nos lembramos do
teu nome. 14 Os falecidos não tornarão a viver; os mortos não
ressuscitarão; por isso os visitaste e destruíste, e fizeste
perecer toda a sua memória. 15 Tu, Senhor, aumentaste a nação;
aumentaste a nação e te fizeste glorioso; alargaste todos os
confins da terra. 16 Senhor, na angústia te buscaram; quando lhes
sobreveio a tua correção, derramaram-se em oração. 17 Como a
mulher grávida, quando está próxima a sua hora, tem dores de parto
e dá gritos nas suas dores, assim fomos nós diante de ti, ó
Senhor! 18 Concebemos nós, e tivemos dores de parto, mas isso foi
como se tivéssemos dado à luz o vento; livramento não trouxemos à
terra; nem nasceram moradores do mundo. 19 Os teus mortos viverão,
os seus corpos ressuscitarão; despertai e exultai, vós que habitais
no pó; porque o teu orvalho é orvalho de luz, e sobre a terra das
sombras fá-lo-ás cair. 20 Vem, povo meu, entra nas tuas câmaras, e
fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até
que passe a indignação. 21 Pois eis que o Senhor está saindo do
seu lugar para castigar os moradores da terra por causa da sua
iniquidade; e a terra descobrirá o seu sangue, e não encobrirá
mais os seus mortos.
Isaías 27
NAQUELE
DIA
1
Naquele dia
o Senhor castigará com a sua dura espada, grande e forte, o leviatã,
a serpente fugitiva, e o leviatã, a serpente tortuosa; e matará o
dragão, que está no mar. 2 Naquele dia haverá uma vinha deliciosa;
cantai a seu respeito. 3 Eu, o Senhor, a guardo, e a cada momento a
regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia a
guardarei. 4 Não há indignação em mim; Não
há indignação em mim; oxalá que fossem ordenados diante de mim
sarças e espinheiros na guerra! Eu
marcharia contra eles e juntamente os
queimaria. 5 Ou, então, busquem o meu refúgio, e façai paz comigo;
sim, façam paz comigo. 6 Dias virão em que Jacó lançará raízes;
Israel florescerá e brotará; e eles encherão de fruto a face do
mundo. 7 Porventura feriu-os o Senhor como feriu aos que os feriram?
Ou matou-os
ele assim como matou aos que por eles foram mortos? 8 Com medida
contendeste com eles, quando os rejeitaste; ele a removeu com o seu
vento forte, no tempo do vento leste. 9 Por isso se expiará a
iniquidade de Jacó; e este será todo o fruto da remoção do seu
pecado: ele fará todas as pedras do altar como pedras de cal feitas
em pedaços, de modo que os aserins e as imagens do sol não poderão
ser mais levantados. 10 Porque
a cidade fortificada está solitária, uma habitação rejeitada e
abandonada como um deserto; ali pastarão os bezerros, ali também se
deitarão e devorarão os seus ramos. 11 Quando os seus ramos se
secam, são quebrados; vêm as mulheres e lhes ateiam fogo; porque
este povo não é povo de entendimento; por isso aquele que o fez não
se compadecerá dele, e aquele que o formou não lhe mostrará nenhum
favor. 12 Naquele dia o Senhor padejará o seu trigo desde as
correntes do rio,
até o ribeiro do Egito; e vós, ó filhos de Israel, sereis colhidos
um a um. 13 E naquele dia
se tocará uma grande trombeta; e os que andavam perdidos pela terra
da Assíria, e os que foram desterrados para a terra do Egito
tornarão a vir; e adorarão ao
Senhor no monte santo em Jerusalém.
Isaías 28
A
PEDRA DE ESQUINA
1
Ai da vaidosa coroa dos bêbedos de Efraim, e da flor murchada do seu
glorioso ornamento, que está sobre a cabeça do fértil vale dos
vencidos do vinho. 2 Eis que o Senhor tem um valente e poderoso; como
tempestade de saraiva, tormenta destruidora, como tempestade de
impetuosas águas que transbordam, ele a derrubará violentamente por
terra. 3 A vaidosa coroa dos bêbedos de Efraim será pisada aos pés;
4 e a flor murchada do seu glorioso ornamento, que está sobre a
cabeça do fértil vale, será como figo que amadurece antes do
verão, que, vendo-o alguém, e mal tomando-o na mão, o engole. 5
Naquele dia o Senhor dos exércitos será por coroa de glória e
diadema de formosura para o restante de seu povo; 6 e por
espírito de juízo para o que se assenta a julgar, e por fortaleza
para os que fazem recuar a peleja até a porta. 7 Mas também estes
cambaleiam por causa do vinho, e com a bebida forte se desencaminham;
até o sacerdote e o profeta cambaleiam por causa da bebida forte,
estão tontos do vinho, desencaminham-se por causa da bebida forte;
erram na visão, e tropeçam no juízo. 8 Pois todas as suas mesas
estão cheias de vômitos e de sujidade, e não há lugar que esteja
limpo. 9 Ora, a quem ensinará ele o conhecimento? E a quem fará
entender a mensagem? Aos desmamados, e aos arrancados dos seios? 10
Pois é preceito sobre preceito, preceito sobre preceito; regra sobre
regra, regra sobre regra; um pouco aqui, um pouco ali. 11 Na verdade
por lábios estranhos e por outra língua falará a este povo; 12 ao
qual disse: Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o
refrigério; mas não quiseram ouvir. 13 Assim pois a palavra do
Senhor lhes será preceito sobre preceito, preceito sobre preceito;
regra sobre regra, regra sobre regra; um pouco aqui, um pouco ali;
para que vão, e caiam para trás, e fiquem quebrantados, enlaçados,
e presos. 14 Ouvi, pois, a palavra do Senhor, homens escarnecedores,
que dominais este povo que está em Jerusalém. 15 Porquanto dizeis:
Fizemos pacto com a morte, e com o Seol fizemos aliança; quando
passar o flagelo trasbordante, não chegará a nós; porque fizemos
da mentira o nosso refúgio, e debaixo da falsidade nos escondemos.
16 Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis
que ponho em Sião como alicerce uma pedra, uma pedra provada, pedra
preciosa de esquina, de firme fundamento; aquele que crer não se
apressará. 17 E farei o juízo a linha para medir, e a justiça
o prumo; e a saraiva varrerá o refúgio da mentira, e as águas
inundarão o esconderijo. 18 E o vosso pacto com a morte será
anulado; e a vossa aliança com o Seol não subsistirá; e, quando
passar o flagelo trasbordante, sereis abatidos por ele. 19 Todas as
vezes que passar, vos arrebatará; porque de manhã em manhã
passará, de dia e de noite; e será motivo de terror o só ouvir tal
notícia. 20 Pois a cama é tão curta que nela ninguém se pode
estender; e o cobertor tão estreito que com ele ninguém se pode
cobrir. 21 Porque o Senhor se levantará como no monte Perazim, e se
irará como no vale de Gibeão, para realizar a sua obra, a sua
estranha obra, e para executar o seu ato, o seu estranho ato. 22
Agora, pois, não sejais escarnecedores, para que os vossos grilhões
não se façam mais fortes; porque da parte do Senhor Deus dos
exércitos ouvi um decreto de destruição completa e decisiva, sobre
toda terra. 23 Inclinai os ouvidos, e ouvi a minha voz; escutai, e
ouvi o meu discurso. 24 Porventura lavra continuamente o lavrador,
para semear? Ou está sempre abrindo e esterroando a sua terra? 25
Não é antes assim: Quando já tem nivelado a sua superfície, não
espalha a nigela, não semeia o cominho, não lança nela o trigo em
leiras, ou cevada no lugar determinado, ou a espelta na margem? 26
Pois o seu Deus o instrui devidamente e o ensina. 27 Porque a nigela
não se trilha com instrumento de trilhar, nem sobre o cominho passa
a roda de carro; mas a nigela é debulhada com uma vara, e o cominho
com um pau. 28 Acaso é esmiuçado o trigo? Não; não se trilha
continuamente, nem se esmiúça com as rodas do seu carro e os seus
cavalos; não se esmiúça. 29 Até isso procede do Senhor dos
exércitos, que é maravilhoso em conselho e grande em obra.
Isaías 29
OS
MANSOS TERÃO CADA VEZ MAIS GOZO NO SENHOR
1
Ah! Ariel, Ariel, cidade onde Davi acampou! Acrescentai ano a ano;
completem as festas o seu ciclo. 2 Então porei Ariel em aperto, e
haverá pranto e lamentação; e ela será para mim como Ariel. 3
Acamparei contra ti em redor, e te sitiarei com baluartes, e
levantarei tranqueiras contra ti. 4 Então serás abatida, falarás
de debaixo da terra, e a tua fala desde o pó sairá fraca; e será a
tua voz debaixo da terra, como a dum necromante, e a tua fala
assobiará desde o pó. 5 E a multidão dos teus inimigos será como
o pó miúdo, e a multidão dos terríveis como a pragana que passa;
e isso acontecerá num momento, repentinamente. 6 Da parte do Senhor
dos exércitos será ela visitada com trovões, e com terremotos, e
grande ruído, como tufão, e tempestade, e labareda de fogo
consumidor. 7 E como o sonho e uma visão de noite será a multidão
de todas as nações que hão de pelejar contra Ariel, sim a multidão
de todos os que pelejarem contra ela e contra a sua fortaleza e a
puserem em aperto. 8 Será também como o faminto que sonha que está
a comer, mas, acordando, sente-se vazio; ou como o sedento que sonha
que está a beber, mas, acordando, desfalecido se acha, e ainda com
sede; assim será a multidão de todas as nações que pelejarem
contra o monte Sião. 9 Pasmai, e maravilhai-vos; cegai-vos e ficai
cegos; bêbedos estão, mas não de vinho, andam cambaleando, mas não
de bebida forte. 10 Porque o Senhor derramou sobre vós um
espírito de profundo sono, e fechou os vossos olhos, os profetas; e
vendou as vossas cabeças, os videntes. 11 Pelo que toda visão vos é
como as palavras dum livro selado que se dá ao que sabe ler,
dizendo: Ora lê isto; e ele responde: Não posso, porque está
selado. 12 Ou dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Ora lê
isto; e ele responde: Não sei ler. 13 Por isso o Senhor disse:
Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os seus
lábios me honra, mas tem afastado para longe de mim o seu coração,
e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens,
aprendidos de cor; (1)14
portanto eis que continuarei a fazer uma obra maravilhosa com este
povo, sim uma obra maravilhosa e um assombro; e a sabedoria dos seus
sábios perecerá, e o entendimento dos seus entendidos se esconderá.
15 Ai dos que escondem profundamente o seu propósito do Senhor, e
fazem as suas obras às escuras, e dizem: Quem nos vê? E quem nos
conhece? 16 Vós tudo perverteis! Acaso o oleiro há de ser reputado
como barro, de modo que a obra diga do seu artífice: Ele não me
fez; e o vaso formado diga de quem o formou: Ele não tem
entendimento? 17 Porventura dentro ainda de muito pouco tempo não
se converterá o Líbano em campo fértil? E o campo fértil não se
reputará por um bosque? 18 Naquele dia os surdos ouvirão as
palavras do livro, e dentre a escuridão e dentre as trevas os olhos
dos cegos a verão. 19 E os mansos terão cada vez mais
gozo no Senhor, e os pobres dentre os homens se alegrarão no
santo de Israel. 20 Porque o opressor é reduzido a nada, e não
existe mais o escarnecedor, e todos os que se dão à iniquidade são
desarraigados; 21 os que fazem por culpado o homem numa causa, os que
armam laços ao que repreende na porta, e os que por um nada desviam
o justo. 22 Portanto o Senhor, que remiu a Abraão, assim diz acerca
da casa de Jacó: Jacó não será agora envergonhado, nem agora se
descorará a sua face. 23 Mas quando virem seus filhos a obra das
minhas mãos no meio deles, santificarão o meu nome; sim
santificarão ao Santo de Jacó, e temerão ao Deus de Israel. 24 E
os errados de espírito virão a ter entendimento, e os murmuradores
aprenderão instrução.
(1)
Jesus cita este texto no NT: Mateus
15:8-9
Isaías 30
PALAVRA
CONTRA A ALIANÇA COM O EGITO
1
Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor,
que tomam conselho, mas não de mim; e que
fazem aliança, mas não pelo meu espírito, para acrescentarem
pecado a pecado; 2 que se põem a caminho para descer ao Egito, sem
pedirem o meu conselho; para se fortificarem com a força de Faraó,
e para confiarem na sombra do Egito! 3 Portanto, a força de Faraó
se vos tornará em vergonha, e a confiança na sombra do Egito em
confusão. 4 Pois embora os seus oficiais estejam em Zoã, e os seus
embaixadores cheguem a Hanes, 5 eles se envergonharão de um povo que
de nada lhes servirá, nem de ajuda, nem de proveito, porém de
vergonha como também de opróbrio. 6 Oráculo contra a Besta do Sul.
Através da terra de aflição e de angústia, de onde vem a leoa e o
leão, o basilisco, a áspide e a serpente voadora, levam às costas
de jumentinhos as suas riquezas, e sobre as corcovas de camelos os
seus tesouros, a um povo que de nada lhes aproveitará. 7 Pois o
Egito os ajuda em vão, e para nenhum fim; pelo que lhe tenho chamado
Raabe que não se move. 8 Vai pois agora, escreve isso numa tábua
perante eles, registra-o num livro; para que fique como testemunho
para o tempo vindouro, para sempre. 9 Pois este é um povo rebelde,
filhos mentirosos, filhos que não querem ouvir a lei do Senhor; 10
que dizem aos videntes: Não vejais;
e aos profetas: Não profetizeis para
nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, e profetizai-nos
ilusões; 11
desviai-vos do caminho, apartai-vos da vereda; fazei que o Santo de
Israel deixe de estar perante nós. 12
Pelo que assim diz o Santo de Israel: Visto
como rejeitais esta palavra, e confiais na opressão e na
perversidade, e sobre elas vos estribais, 13 por isso esta maldade
vos será como brecha que, prestes a cair, já forma barriga num alto
muro, cuja queda virá subitamente, num momento. 14 E ele o quebrará
como se quebra o vaso do oleiro, despedaçando-o por completo, de
modo que não se achará entre os seus pedaços um caco que sirva
para tomar fogo da lareira, ou tirar água da poça. 15
Pois assim diz o Senhor Deus, o Santo de Israel:
Voltando e descansando, sereis salvos; no sossego e na confiança
estará a vossa força. Mas não quisestes; 16 antes dissestes: Não;
porém sobre cavalos fugiremos; portanto fugireis; e: Sobre cavalos
ligeiros cavalgaremos; portanto hão de ser ligeiros os vossos
perseguidores. 17 Pela ameaça de um só fugirão mil; e pela ameaça
de cinco vós fugireis; até que fiqueis como o mastro no cume do
monte, e como o estandarte sobre o outeiro. 18 Por isso o Senhor
esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará,
para se compadecer de vós; porque o Senhor é um Deus de equidade;
bem-aventurados todos os que por ele
esperam. 19 Na verdade o povo
habitará em Sião, em Jerusalém; não chorarás mais; certamente se
compadecerá de ti, à voz do teu clamor; e, ouvindo-a, te
responderá. 20 Embora vos dê o Senhor pão de angústia e água de
aperto, contudo não se esconderão mais os teus mestres; antes os
teus olhos os verão; 21 e os teus ouvidos
ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o
caminho, andai nele; quando vos desviardes para a direita ou para a
esquerda. 22 E contaminareis a cobertura de prata das tuas imagens
esculpidas, e o revestimento de ouro das tuas imagens fundidas; e as
lançarás fora como coisa imunda; e lhes dirás: Fora daqui. 23
Então ele te dará chuva para a tua semente, com que semeares a
terra, e trigo como produto da terra, o qual será pingue e
abundante. Naquele dia o teu gado pastará em largos pastos. 24 Os
bois e os jumentinhos que lavram a terra, comerão forragem com sal,
que terá sido padejada
com a pá e com o forcado, 25 Sobre todo monte alto, e todo outeiro
elevado haverá ribeiros e correntes de águas, no dia da grande
matança, quando caírem as torres. 26 E a luz da lua será como a
luz do sol, e a luz do sol sete vezes maior, como a luz de sete dias,
no dia em que o Senhor atar a contusão do seu povo, e curar a chaga
da sua ferida. 27 Eis que o nome do Senhor vem de longe ardendo na
sua ira, e com densa nuvem de fumaça; os seus lábios estão cheios
de indignação, e a sua língua é como um fogo consumidor; 28 e a
sua respiração é como o ribeiro transbordante, que chega até o
pescoço, para peneirar as nações com peneira de destruição; e um
freio de fazer errar estará nas queixadas dos povos. 29 Um
cântico haverá entre vós, como na noite em que se celebra uma
festa santa; e alegria de coração, como a daquele que sai ao som da
flauta para vir ao monte do Senhor, à Rocha de Israel. 30 O Senhor
fará ouvir a sua voz majestosa, e mostrará a descida do seu braço,
na indignação da sua ira, e a labareda
dum fogo consumidor, e tempestade
forte, e dilúvio e pedra de saraiva. 31 Com a voz do Senhor será
desfeita em pedaços a Assíria, quando ele a ferir com a vara. 32 E
a cada golpe do bordão de castigo, que o Senhor lhe der, haverá
tamboris e harpas; e com combates de brandimento combaterá contra
eles. 33 Porque uma fogueira está, de há muito, preparada; sim,
está preparada para o rei; fez-se profunda e larga; a sua pira é
fogo, e tem muita lenha; o assopro do Senhor como torrente de enxofre
a acende.
Isaías 31
OS
EGÍPCIOS SÃO HOMENS E NÃO DEUS
1
Ai dos que descem ao Egito a buscar socorro, e se estribam em
cavalos, e têm confiança em carros, por serem muitos, e nos
cavaleiros, por serem muito fortes; e não atentam para o Santo de
Israel, e não buscam ao Senhor. 2 Todavia também ele é sábio, e
fará vir o mal, e não retirará as suas palavras; mas levantar-se-á
contra a casa dos malfeitores, e contra a ajuda dos que praticam a
iniquidade. 3 Ora os egípcios são
homens, e não Deus; e os seus
cavalos carne, e não espírito; e quando o Senhor estender a sua
mão, tanto tropeçará quem dá auxílio, como cairá quem recebe
auxílio, e todos juntamente serão consumidos. 4
Pois assim me diz o Senhor: Como o leão
e o cachorro do leão rugem sobre a sua presa, e quando se convoca
contra eles uma multidão de pastores não se espantam das suas
vozes, nem se abstêm pelo seu alarido, assim o Senhor dos exércitos
descerá, para pelejar sobre o monte Sião, e sobre o seu outeiro. 5
Como aves quando adejam, assim o Senhor dos exércitos protegerá a
Jerusalém; ele a protegerá e a livrará, e, passando, a salvará. 6
Voltai-vos, filhos de Israel, para aquele contra quem vos tendes
profundamente rebelado. 7 Pois naquele dia cada um lançará fora os
seus ídolos de prata, e os seus ídolos de ouro, que vos fabricaram
as vossas mãos para pecardes. 8 E o assírio cairá pela espada, não
de varão poderoso;
e a espada, não de homem, o consumirá; e fugirá perante a espada,
e os seus mancebos serão sujeitos a trabalhos forçados. 9 A sua
rocha passará de medo, e os seus oficiais em pânico desertarão da
bandeira, diz o Senhor, cujo
fogo está em Sião e em Jerusalém sua fornalha.
Isaías 32
REINARÁ
UM REI COM JUSTIÇA
1
Eis que reinará um rei com justiça, e com retidão
governarão príncipes. 2 Um varão servirá de abrigo contra o
vento, e um refúgio contra a tempestade, como ribeiros de águas em
lugares secos, e como a sombra duma grande penha em terra sedenta. 3
Os olhos dos que veem não se ofuscarão, e os ouvidos dos que ouvem
escutarão. 4 O coração dos imprudentes entenderá o conhecimento,
e a língua dos gagos estará pronta para falar distintamente. 5 Ao
tolo nunca mais se chamará nobre, e do avarento nunca mais se dirá
que é generoso. 6 Pois o tolo fala tolices, e o seu coração trama
iniquidade, para cometer profanação e proferir mentiras contra o
Senhor, para deixar com fome o faminto e fazer faltar a bebida ao
sedento. 7 Também as maquinações do fraudulento são más; ele
maquina invenções malignas para destruir os mansos com palavras
falsas, mesmo quando o pobre fala o que é reto. 8 Mas o nobre
projeta coisas nobres; e nas coisas nobres persistirá. 9
Levantai-vos, mulheres que estais sossegadas e ouvi a minha voz; e
vós, filhas, que estais, tão seguras, inclinai os ouvidos às
minhas palavras. 10 Num ano e dias vireis a ser perturbadas, ó
mulheres que tão seguras estais; pois a vindima falhará, e a
colheita não virá. 11 Tremei, mulheres que estais sossegadas, e
turbai-vos, vós que estais tão seguras; despi-vos e ponde-vos nuas,
e cingi com saco os vossos lombos. 12 Batei nos peitos pelos campos
aprazíveis, e pela vinha frutífera; 13 pela terra do meu povo, que
produz espinheiros e sarças, e por todas as casas de alegria, na
cidade jubilosa. 14 Porque o palácio será abandonado, a cidade
populosa ficará deserta; e o outeiro e a torre da guarda servirão
de cavernas para sempre, para alegria dos asnos monteses, e para
pasto dos rebanhos; 15 até que se derrame sobre nós o espírito
lá do alto, e o deserto se torne em campo fértil, e o campo
fértil seja reputado por um bosque. 16 Então o juízo habitará no
deserto, e a justiça morará no campo fértil. 17 E a obra da
justiça será paz; e o efeito da justiça será sossego e segurança
para sempre. 18 O meu povo habitará em morada de paz, em
moradas bem seguras, e em lugares quietos de descanso. 19 Mas haverá
saraiva quando cair o bosque; e a cidade será inteiramente abatida.
20 Bem-aventurados sois vós os que semeais junto a todas as águas,
que deixais livres os pés do boi e do jumento.
Isaías 33
O
REI SERÁ VISTO EM SUA FORMOSURA
1
Ai de ti que despojas, e que não foste despojado; e que procedes
perfidamente, e que não foste tratado perfidamente! Quando
acabares de destruir, serás destruído; e, quando acabares de tratar
perfidamente, perfidamente te tratarão.
2 Ó Senhor, tem misericórdia de nós; por ti temos esperado. Sê tu
o nosso braço cada manhã, como também a nossa salvação no tempo
da tribulação. 3 Ao ruído do tumulto fogem os povos; à tua
exaltação as nações são dispersas. 4 Então ajuntar-se-á o
vosso despojo como ajunta a lagarta; como os gafanhotos saltam, assim
sobre ele saltarão os homens. 5 O Senhor é exalçado, pois habita
nas alturas; encheu a Sião de retidão e justiça. 6 Será ele a
estabilidade dos teus tempos, abundância de salvação, sabedoria, e
conhecimento; e o temor do Senhor é o seu tesouro. 7 Eis que os
valentes estão clamando de fora; e os embaixadores da paz estão
chorando amargamente. 8 As estradas estão desoladas, cessam os que
passam pelas veredas; alianças se rompem, testemunhas se desprezam,
e não se faz caso dos homens. 9 A terra pranteia, desfalece; o
Líbano se envergonha e se murcha; Sarom se tornou como um deserto;
Basã e Carmelo ficam despidos de folhas.
10 Agora me levantarei, diz o Senhor;
agora me erguerei; agora serei exaltado. 11
Concebeis palha, produzis restolho; e o vosso fôlego é um fogo que
vos devorará. 12 E os povos serão como as queimas de cal, como
espinhos cortados que são queimados no fogo. 13 Ouvi, vós os que
estais longe, o que tenho feito; e vós, que estais vizinhos,
reconhecei o meu poder. 14 Os pecadores de Sião se assombraram; o
tremor apoderou-se dos ímpios. Quem
dentre nós pode habitar com o fogo consumidor? Quem
dentre nós pode habitar com as labaredas eternas? 15
Aquele que anda em justiça, e fala com retidão; aquele que rejeita
o ganho da opressão; que sacode as mãos para não receber peitas; o
que tapa os ouvidos para não ouvir falar do derramamento de sangue,
e fecha os olhos para não ver o mal; 16 este habitará nas alturas;
as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio; dar-se-lhe-á o
seu pão; as suas águas serão certas. 17 Os
teus olhos verão o rei na sua formosura,
e verão a terra que se estende em amplidão. 18 O teu coração
meditará no terror, dizendo: Onde está aquele que serviu de
escrivão? Onde
está o que pesou o tributo? Onde
está o que contou as torres? 19 Não verás mais aquele povo feroz,
povo de fala obscura, que não se pode compreender, e de língua tão
estranha que não se pode entender. 20 Olha para Sião, a cidade das
nossas festas solenes; os teus olhos verão a Jerusalém, habitação
quieta, tenda que não será removida, cujas estacas nunca serão
arrancadas, e das suas cordas nenhuma se quebrará. 21
Mas o Senhor ali estará conosco em majestade,
nesse lugar de largos rios e correntes, no qual não entrará barco
de remo, nem por ele passará navio grande. 22 Porque o Senhor é o
nosso juiz; o Senhor é nosso legislador; o
Senhor é o nosso rei; ele nos salvará.
23 As tuas cordas ficaram frouxas; elas não puderam ter firme o seu
mastro, nem servir para estender a vela; então a presa de abundantes
despojos se repartirá; e ate os coxos participarão da presa.
24 E morador nenhum dirá: Enfermo estou; o povo que nela habitar
será perdoado da sua iniquidade.
Isaías 34
A
INDIGNAÇÃO DO SENHOR SOBRE AS NAÇÕES
1
Chegai-vos, nações, para ouvir, e vós, povos, escutai; ouça a
terra, e a sua plenitude, o mundo e tudo quanto ele produz. 2 Porque
a indignação do Senhor está sobre todas as nações, e o seu
furor sobre todo o exército delas; ele determinou a sua destruição,
entregou-as à matança. 3 E os seus mortos serão arrojados, e dos
seus cadáveres subirá o mau cheiro; e com o seu sangue os montes se
derreterão. 4 E todo o exército dos céus se dissolverá, e o
céu se enrolará como um livro; e todo o seu exército desvanecerá,
como desvanece a folha da vide e da figueira. 5 Pois a minha
espada se embriagou no céu; eis que sobre Edom descerá, e
sobre o povo do meu anátema, para exercer juízo. 6 A espada do
Senhor está cheia de sangue, está cheia de gordura, de sangue de
cordeiros e de bodes, da gordura dos rins de carneiros; porque o
Senhor tem sacrifício em Bozra, e grande matança na terra de Edom.
7 E os bois selvagens cairão com eles, e os novilhos com os touros;
e a sua terra embriagar-se-á de sangue, e o seu pó se engrossará
de gordura. 8 Pois o Senhor tem um dia de vingança, um ano de
retribuições pela causa de Sião. 9 E os ribeiros de Edom
transformar-se-ão em pez, e o seu solo em enxofre, e a sua terra
tornar-se-á em pez ardente. 10 Nem de noite nem de dia se apagará;
para sempre a sua fumaça subirá; de geração em geração será
assolada; pelos séculos dos séculos ninguém passará por ela. 11
Mas o pelicano e o ouriço a possuirão; a coruja e o corvo nela
habitarão; e ele estenderá sobre ela o cordel de confusão e o
prumo de vaidade. 12 Eles chamarão ao reino os seus nobres, mas
nenhum haverá; e todos os seus príncipes não serão coisa nenhuma.
13 E crescerão espinhos nos seus palácios, urtigas e cardos nas
suas fortalezas; e será uma habitação de chacais, um sítio para
avestruzes. 14 E as feras do deserto se encontrarão com hienas; e o
sátiro clamará ao seu companheiro; e animais
noturnos pousarão ali, e acharão lugar de repouso para si.
15 Ali fará a coruja o seu ninho, e porá os seus ovos, e aninhará
os seus filhotes, e os recolherá debaixo da sua sombra; também ali
se ajuntarão os abutres, cada fêmea com o seu companheiro. 16
Buscai no livro do Senhor, e lede: nenhuma destas criaturas faltará,
nenhuma será privada do seu companheiro; porque é a boca dele que o
ordenou, e é o seu espírito que os ajuntou. 17 Ele mesmo lançou as
sortes por eles, e a sua mão lhes repartiu a terra com o cordel;
para sempre a possuirão; de geração em geração habitarão nela.
Isaías 35
O
SALVADOR VIRÁ
1
O deserto e a terra sedenta se regozijarão; e o ermo exultará e
florescerá; 2 como o narciso florescerá abundantemente, e também
exultará de júbilo e romperá em cânticos; dar-se-lhe-á a glória
do Líbano, a excelência do Carmelo e Sarom; eles verão a glória
do Senhor, a majestade do nosso Deus. 3 Fortalecei as mãos
fracas, e firmai os joelhos trementes. 4 Dizei aos turbados de
coração: Sede fortes, não temais; eis o vosso Deus! Com
vingança virá, sim com a recompensa de Deus; ele virá, e vos
salvará. 5 Então os olhos dos cegos serão abertos, e os
ouvidos dos surdos se desimpedirão. 6 Então o coxo saltará como o
cervo, e a língua do mudo cantará de alegria; porque águas
arrebentarão no deserto e ribeiros no ermo. 7 E a miragem
tornar-se-á em lago, e a terra sedenta em mananciais de águas; e
nas habitações em que jaziam os chacais haverá erva com canas e
juncos. 8 E ali haverá uma estrada, um caminho que se chamará o
caminho santo; o imundo não passará por ele, mas será para os
remidos. Os caminhantes, até mesmo os loucos, nele não errarão.
9 Ali não haverá leão, nem animal feroz subirá por ele, nem se
achará nele; mas os redimidos andarão por ele. 10 E os resgatados
do Senhor voltarão; e virão a Sião com júbilo, e alegria eterna
haverá sobre as suas cabeças; gozo e alegria alcançarão, e deles
fugirá a tristeza e o gemido.
Isaías 36
A
AMEAÇA DE SENAQUERIBE
1
No ano décimo quarto do rei Ezequias, Senaqueribe, rei da
Assíria, subiu contra todas as cidades fortificadas de Judá, e as
tomou. 2 Ora, o rei da Assíria enviou Rabsaqué, de Laquis a
Jerusalém, ao rei Ezequias, com um grande exército; e ele parou
junto ao aqueduto da piscina superior, que está junto ao caminho do
campo do lavandeiro. 3 Então saíram a ter com ele Eliaquim, filho
de Hilquias, o mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe,
o cronista. 4 E Rabsaqué lhes disse: Ora,
dizei a Ezequias: Assim diz o grande rei, o rei da Assíria: Que
confiança é essa em que te estribas? 5 Bem posso eu dizer: Teu
conselho e poder para a guerra são apenas vãs palavras. Em quem
pois agora confias, visto que contra mim te rebelas? 6 Eis que
confias no Egito, aquele bordão de cana quebrada que, se alguém se
apoiar nele, lhe entrará pela mão, e a furará; assim é Faraó,
rei do Egito, para com todos os que nele confiam. 7 Mas se me
disseres: No Senhor, nosso Deus, confiamos; porventura não é esse
aquele cujos altos e cujos altares Ezequias tirou, e disse a Judá e
a Jerusalém: Perante este altar adorareis? 8 Ora, pois, faze uma
aposta com o meu senhor, o rei da Assíria; dar-te-ei dois mil
cavalos, se tu puderes dar cavaleiros para eles. 9 Como então
poderás repelir um só príncipe dos menores servos do meu senhor,
quando confias no Egito pelos carros e cavaleiros? 10
Porventura subi eu agora sem o Senhor contra esta terra, para
destruí-la? O Senhor mesmo me disse:
Sobe contra esta terra, e destrói-a. 11 Então disseram
Eliaquim, Sebna, e Joá, a Rabsaqué: Pedimos-te
que fales aos teus servos em aramaico, porque bem o entendemos; e não
nos fales em judaico, aos ouvidos do povo que está sobre o muro.
12 Rabsaqué, porém, disse: Porventura
mandou-me o meu senhor só ao teu senhor e a ti, para dizer estas
palavras e não aos homens que estão assentados sobre o muro, que
juntamente convosco hão de comer o próprio excremento e beber a
própria urina? 13 Então Rabsaqué se pôs em pé, e clamou
em alta voz na língua judaica, e disse: Ouvi
as palavras do grande rei, do rei da Assíria. 14 Assim diz o rei:
Não vos engane Ezequias; porque não vos poderá livrar. 15 Nem
tampouco Ezequias vos faça confiar no Senhor, dizendo:
Infalivelmente nos livrará o Senhor, e esta cidade não será
entregue nas mãos do rei da Assíria. 16 Não deis ouvidos a
Ezequias; porque assim diz o rei da Assíria: Fazei as vossas pazes
comigo, e saí a mim; e coma cada um da sua vide, e da sua figueira,
e beba cada um da água da sua cisterna; 17 até que eu venha, e vos
leve para uma terra semelhante a vossa,
terra de trigo e de mosto, terra de pão e de vinhas. 18 Guardai-vos,
para que não vos engane Ezequias, dizendo: O Senhor nos livrará.
Porventura os deuses das nações livraram cada um a sua terra das
mãos do rei da Assíria? 19 Onde estão os deuses de Hamate e de
Arpade? Onde
estão os deuses de Sefarvaim? Porventura
livraram eles a Samaria da minha mão? 20 Quais dentre todos os
deuses destes países livraram a sua terra das minhas mãos, para que
o Senhor possa livrar a Jerusalém das minhas mãos? 21 Eles,
porém, se calaram e não lhe responderam palavra; porque havia
mandado do rei, dizendo: Não lhe
respondais. 22 Então Eliaquim, filho de Hilquias, o
mordomo, e Sebna, o escrivão, e Joá, filho de Asafe, o cronista,
vieram a Ezequias, com as vestiduras rasgadas, e lhe referiram as
palavras de Rabsaqué.
Isaías 37
EZEQUIAS
CONSULTA A ISAÍAS
1
Tendo ouvido isso o rei Ezequias, rasgou as suas vestes, e se cobriu
de saco, e entrou na casa do Senhor. 2 Também enviou
Eliaquim, o mordomo, Sebna, o escrivão, e os anciãos dos
sacerdotes, cobertos de saco, a Isaías, filho de Amós, o profeta, 3
para lhe dizerem: Assim diz Ezequias: Este dia
é dia de angústia e de vitupérios, e de blasfêmias, porque
chegados são os filhos ao parto, e força não há para os dar à
luz. 4 Porventura o Senhor teu Deus terá ouvido as palavras de
Rabsaqué, a quem enviou o rei da Assíria, seu amo, para afrontar o
Deus vivo, e para o vituperar com as palavras que o Senhor teu Deus
tem ouvido; faze oração pelo resto que ficou. 5 Foram, pois,
os servos do rei Ezequias ter com Isaías, 6 e Isaías lhes disse:
Dizei a vosso amo: Assim diz o Senhor: Não
temas à vista das palavras que ouviste, com as quais os servos do
rei da Assíria me blasfemaram. 7 Eis que meterei nele um espírito,
e ele ouvirá uma nova, e voltará para a sua terra; e fá-lo-ei cair
morto à espada na sua própria terra. 8 Voltou pois Rabsaqué,
e achou o rei da Assíria pelejando contra Libna; porque ouvira que
se havia retirado de Laquis. 9 Então ouviu ele dizer a respeito de
Tiraca, rei da Etiópia: Saiu para te fazer
guerra. Assim que ouviu isto, enviou mensageiros a
Ezequias, dizendo: 10 Assim falareis a
Ezequias, rei de Judá: Não te engane o teu Deus, em quem confias,
dizendo: Jerusalém não será entregue na mão do rei da Assíria.
11 Eis que já tens ouvido o que fizeram os reis da Assíria a todas
as terras, destruindo-as totalmente; e serás tu livrado? 12
Porventura as livraram os deuses das nações que meus pais
destruíram: Gozã, e Harã, e Rezefe, e os filhos de Éden
que estavam em Telassar? 13 Onde está o rei de Hamate, e o rei de
Arpade, e o rei da cidade de Sefarvaim, Hena e Iva? 14
Recebendo pois Ezequias as cartas das mãos dos mensageiros, e
lendo-as, subiu à casa do Senhor; e Ezequias as estendeu perante o
Senhor. 15 E orou Ezequias ao Senhor, dizendo: 16
Ó Senhor
dos exércitos, Deus de Israel, tu que estás sentado sobre os
querubins; tu, só tu, és o Deus de todos os reinos da terra; tu
fizeste o céu e a terra. 17 Inclina, ó Senhor, o teu ouvido, e
ouve; abre, Senhor, os teus olhos, e vê; e
ouve todas as palavras de Senaqueribe, as quais ele mandou para
afrontar o Deus vivo. 18 Verdade é, Senhor, que os reis da Assíria
têm assolado todos os países, e suas terras, 19 e lançado no fogo
os seus deuses; porque deuses não eram, mas obra de mãos de homens,
madeira e pedra; por isso os destruíram. 20 Agora, pois, ó Senhor
nosso Deus, livra-nos da sua mão, para que todos os reinos da terra
saibam que só tu és o Senhor. 21 Então Isaías, filho de
Amós, mandou dizer a Ezequias: Assim diz o
Senhor, o Deus de Israel: Portanto me
fizeste a tua súplica contra Senaqueribe, rei de Assíria, 22 esta é
a palavra que o Senhor falou a respeito dele: A virgem, a filha de
Sião, te despreza, e de ti zomba; a filha de Jerusalém meneia a
cabeça por detrás de ti. 23 A quem afrontaste e de quem
blasfemaste? Contra
quem alçaste a voz e ergueste os teus olhos ao alto? Contra o Santo
de Israel. 24 Por meio de teus servos afrontaste o Senhor, e
disseste: Com a multidão dos meus carros subi eu aos cumes dos
montes, aos últimos recessos do Líbano; e cortei os seus altos
cedros e as suas faias escolhidas; e entrei no seu cume mais elevado,
no bosque do seu campo fértil. 25 Eu cavei, e bebi as águas; e com
as plantas de meus pés sequei todos os rios do Egito. 26 Não
ouviste que já há muito tempo eu fiz isso, e que já desde os dias
antigos o tinha determinado? Agora porém o executei, para que fosses
tu o que reduzisses as cidades
fortificadas a montões de ruínas. 27 Por isso os seus moradores,
dispondo de pouca força, andaram atemorizados e envergonhados;
tornaram-se como a erva do campo, e como a relva verde, e como o feno
dos telhados ou dum campo, que se queimaram antes de amadurecer. 28
Mas eu conheço o teu sentar, o teu sair e o teu entrar, e o teu
furor contra mim. 29 Por causa do teu furor contra mim, e porque a
tua arrogância subiu até os meus ouvidos, portanto porei o meu
anzol no teu nariz e o meu freio na tua boca, e te farei voltar pelo
caminho por onde vieste. 30 E isto te será por sinal: este ano
comereis o que espontaneamente nascer, e no segundo ano o que daí
proceder; e no terceiro ano semeai e colhei, plantai vinhas, e comei
os frutos delas. 31 Pois o restante da casa de Judá, que sobreviveu,
tornará a lançar raízes para baixo, e dará fruto para cima. 32
Porque de Jerusalém sairá o restante, e do monte Sião os que
escaparam; o zelo do Senhor dos exércitos fará isso. 33
Portanto, assim diz o Senhor acerca do rei da Assíria:
Não entrará nesta cidade, nem lançará nela flecha alguma;
tampouco virá perante ela com escudo, ou levantará contra ela
tranqueira. 34 Pelo caminho por onde veio, por esse voltará; mas
nesta cidade não entrará, diz o
Senhor. 35 Porque eu defenderei esta
cidade, para a livrar, por amor de mim e, por amor do meu servo Davi.
36 Então saiu o anjo do Senhor, e feriu no
arraial dos assírios a cento e oitenta e cinco mil; e quando se
levantaram pela manhã cedo, eis que todos estes eram corpos mortos.
37 Assim Senaqueribe, rei da Assíria, se retirou, e se foi, e
voltou, e habitou em Nínive. 38 E sucedeu que, enquanto ele adorava
na casa de Nisroque, seu deus, Adrameleque, que e Sarezer, seus
filhos, o mataram à espada; e escaparam para a terra de Ararate.
E Esar-Hadom, seu filho, reinou em seu lugar.
Isaías 38
A
DOENÇA E A CURA DE EZEQUIAS
1
Naqueles dias Ezequias adoeceu e esteve à morte. E veio ter com ele
o profeta Isaías, filho de Amós, e lhe disse: Assim
diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa,
porque morrerás, e não viverás. 2
Então virou Ezequias o seu rosto para a parede, e orou ao Senhor, 3
e disse: Lembra-te agora, ó Senhor,
peço-te, de que modo tenho andado diante de ti em verdade, e com
coração perfeito, e tenho feito o que era reto aos teus olhos.
E chorou Ezequias amargamente. 4 Então veio a palavra do Senhor a
Isaías, dizendo: 5 Vai e dize a Ezequias:
Assim diz o Senhor, o Deus de Davi teu pai: Ouvi a tua oração, e vi
as tuas lágrimas; eis que acrescentarei aos teus dias quinze anos. 6
Livrar-te-ei das mãos do rei da Assíria, a ti, e a esta cidade; eu
defenderei esta cidade. 7 E isto te será da parte do Senhor como
sinal de que o Senhor cumprirá esta palavra que falou: 8 Eis que
farei voltar atrás dez graus a sombra no relógio de Acaz, pelos
quais já declinou com o sol. Assim
recuou o sol dez graus pelos quais já tinha declinado. 9 O
escrito de Ezequias, rei de Judá, depois de ter estado doente, e de
ter convalescido de sua enfermidade: 10 Eu
disse: Na tranquilidade
de meus dias hei de entrar nas portas do Seol; estou privado do resto
de meus anos. 11 Eu disse: Já não
verei mais ao Senhor na terra dos viventes; jamais verei o homem com
os moradores do mundo. 12 A minha habitação já foi arrancada e
arrebatada de mim, qual tenda de pastor; enrolei como tecelão a
minha vida; ele me corta do tear; do dia para a noite tu darás cabo
de mim. 13 Clamei por socorro até a madrugada; como um leão, assim
ele quebrou todos os meus ossos; do dia para a noite tu darás cabo
de mim. 14 Como a andorinha, ou o grou, assim eu chilreava; e gemia
como a pomba; os meus olhos se cansavam de olhar para cima; ó
Senhor, ando oprimido! Fica
por meu fiador. 15 Que direi? Como
mo prometeu, assim ele mesmo o cumpriu; assim passarei mansamente por
todos os meus anos, por causa da amargura da minha alma. 16 Ó Senhor
por estas coisas vivem os homens, e inteiramente nelas está a vida
do meu espírito; portanto restabelece-me, e faze-me viver. 17 Eis
que foi para minha paz que eu estive em grande amargura; tu, porém,
amando a minha alma, a livraste da cova da corrupção; porque
lançaste para trás das tuas costas todos os meus pecados. 18 Pois
não pode louvar-te o Seol, nem a morte cantar-te os louvores; os que
descem para a cova não podem esperar na tua verdade. 19 O vivente, o
vivente é que te louva, como eu hoje faço; o pai aos filhos faz
notória a tua verdade. 20 O Senhor está prestes a salvar-me; pelo
que, tangendo eu meus instrumentos, nós o louvaremos todos os dias
de nossa vida na casa do Senhor. 21 Ora Isaías dissera: Tomem
uma pasta de figos, e a ponham como cataplasma sobre a úlcera; e
Ezequias sarará. 22 Também dissera Ezequias:
Qual será o sinal de que hei de subir à casa do Senhor?
Isaías 39
A
VISITA DOS EMBAIXADORES DE BABILÔNIA
1
Naquele tempo enviou Merodaque Baladã, filho de Baladã, rei de
Babilônia, cartas e um presente a Ezequias; porque tinha ouvido
dizer que havia estado doente e que já tinha convalescido. 2 E
Ezequias se alegrou com eles, e lhes mostrou a
casa do seu tesouro, a prata, e o ouro, e as especiarias, e os
melhores unguentos,
e toda a sua casa de armas, e tudo quanto se achava nos seus
tesouros; coisa nenhuma houve, nem em sua casa, nem em todo o seu
domínio, que Ezequias lhes não mostrasse. 3 Então o profeta
Isaías veio ao rei Ezequias, e lhe perguntou: Que
foi que aqueles homens disseram, e donde vieram ter contigo?
Respondeu Ezequias: Duma terra remota vieram
ter comigo, de Babilônia. 4 Ele ainda perguntou:
Que foi que viram em tua casa? Respondeu Ezequias: Viram
tudo quanto há em minha casa; coisa nenhuma há nos meus tesouros
que eu deixasse de lhes mostrar. 5 Então disse Isaías a
Ezequias: Ouve a palavra do Senhor dos
exércitos: 6 Eis que virão dias em que
tudo quanto houver em tua casa, juntamente com o que entesouraram
teus pais até o dia de hoje, será levado para Babilônia; não
ficará coisa alguma, disse o Senhor. 7
E dos teus filhos, que de ti procederem, e que tu gerares, alguns
serão levados cativos, para que sejam eunucos no palácio do rei de
Babilônia. 8 Então disse Ezequias a Isaías: Boa
é a palavra do Senhor que disseste. Disse mais: Porque
haverá paz e verdade em meus dias.
Isaías 40
A
GLÓRIA DO SENHOR SE REVELARÁ
1
Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. 2 Falai benignamente
a Jerusalém, e bradai-lhe que já a sua malícia é acabada, que a
sua iniquidade está expiada e que já recebeu em dobro da mão do
Senhor, por todos os seus pecados. 3 Eis a voz do que clama:
Preparai no deserto o caminho do Senhor; endireitai no ermo uma
estrada para o nosso Deus. 4 Todo vale será levantado, e será
abatido todo monte e todo outeiro; e o terreno acidentado será
nivelado, e o que é escabroso, aplanado. 5 A glória do Senhor se
revelará; e toda a carne juntamente a verá; pois a boca do Senhor o
disse. 6 Uma voz diz: Clama. Respondi eu: Que hei de clamar? Toda
a carne é erva, e toda a sua beleza como a flor do campo. 7 Seca-se
a erva, e murcha a flor, soprando nelas o hálito do Senhor. Na
verdade o povo é erva. 8 Seca-se a erva, e murcha a flor; mas a
palavra de nosso Deus subsiste eternamente. 9 Tu, anunciador de
boas-novas a Sião, sobe a um monte alto. Tu, anunciador de
boas-novas a Jerusalém, levanta a tua voz fortemente; levanta-a, não
temas, e dize às cidades de Judá: Eis aqui está o vosso
Deus. 10 Eis que o Senhor Deus virá com poder, e o seu
braço dominará por ele; eis que o seu galardão está com ele, e a
sua recompensa diante dele. 11 Como pastor ele apascentará o seu
rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os
levará no seu regaço; as que amamentam, ele as guiará mansamente.
12 Quem mediu com o seu punho as águas, e tomou a medida dos céus
aos palmos, e recolheu numa medida o pó da terra e pesou os montes
com pesos e os outeiros em balanças, 13 Quem guiou o Espírito do
Senhor, ou, como seu conselheiro o ensinou? 14 Com quem tomou ele
conselho, para que lhe desse entendimento, e quem lhe mostrou a
vereda do juízo? Quem lhe ensinou conhecimento, e lhe mostrou o
caminho de entendimento? 15 Eis que as nações são consideradas por
ele como a gota dum balde, e como o pó miúdo das balanças; eis que
ele levanta as ilhas como a uma coisa pequeníssima. 16 Nem todo o
Líbano basta para o fogo, nem os seus animais bastam para um
holocausto. 17 Todas as nações são como nada perante ele; são por
ele reputadas menos do que nada, e como coisa vã. 18 A quem, pois,
podeis assemelhar a Deus? Ou que figura podeis comparar a ele? 19
Quanto ao ídolo, o artífice o funde, e o ourives o cobre de ouro, e
forja cadeias de prata para ele. 20 O empobrecido, que não pode
oferecer tanto, escolhe madeira que não apodrece; procura para si um
artífice perito, para gravar uma imagem que não se pode mover. 21
Porventura não sabeis? Porventura não ouvis? Ou desde o princípio
não se vos notificou isso mesmo? Ou não tendes entendido desde a
fundação da terra? 22 E ele o que está assentado sobre o círculo
da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; é ele o que
estende os céus como cortina, e o desenrola como tenda para nela
habitar. 23 E ele o que reduz a nada os príncipes, e torna em coisa
vã os juízes da terra. 24 Na verdade, mal se tem plantado, mal se
tem semeado e mal se tem arraigado na terra o seu tronco, quando ele
sopra sobre eles, e secam-se, e a tempestade os leva como à pragana.
25 A quem, pois, me comparareis, para que eu lhe seja semelhante? Diz
o Santo. 26 Levantai ao alto os vossos olhos, e vede: quem
criou estas coisas? Foi aquele que faz sair o exército delas segundo
o seu número; ele as chama a todas pelos seus nomes; por ser ele
grande em força, e forte em poder, nenhuma faltará. 27 Por que
dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu caminho está escondido ao
Senhor, e o meu juízo passa despercebido ao meu Deus? 28 Não sabes,
não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da
terra, não se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu
entendimento. 29 Ele dá força ao cansado, e aumenta as forças ao
que não tem nenhum vigor. 30 Os jovens se cansarão e se fatigarão,
e os mancebos cairão, 31 mas os que esperam no Senhor renovarão
as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não
se cansarão; andarão, e não se fatigarão.
Isaías 41
O
MENSAGEIRO DE BOAS-NOVAS
1
Calai-vos diante de mim, ó ilhas; e renovem os povos as forças;
cheguem-se, e então falem; cheguemo-nos juntos a juízo.
2 Quem suscitou do Oriente aquele cujos passos a vitória acompanha?
Quem faz que as nações se lhe submetam e que ele domine sobre reis?
Ele os entrega à sua espada como o pó, e ao seu arco como pragana
arrebatada pelo vento. 3 Ele os persegue, e passa adiante em
segurança, até por uma vereda em que com os seus pés nunca tinha
trilhado. 4 Quem operou e fez isto, chamando as gerações desde o
princípio? Eu, o Senhor, que sou o primeiro, e que com os últimos
sou o mesmo. 5 As ilhas o viram, e temeram; os confins da terra
tremeram; aproximaram-se, e vieram. 6 um ao outro ajudou, e ao seu
companheiro disse: Esforça-te. 7 Assim o artífice animou ao
ourives, e o que alisa com o martelo ao que bate na bigorna, dizendo
da coisa soldada: Boa é.
Então com pregos a segurou, para que não viesse a mover-se. 8 Mas
tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem escolhi, descendência de
Abraão, 9 tomei desde os confins da terra, e te chamei desde os seus
cantos, e te disse: Tu és o meu
servo, a ti te escolhi e não te rejeitei; 10 não temas, porque eu
sou contigo; não te assombres, porque eu sou teu Deus; eu te
fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a destra da minha justiça.
11 Eis que envergonhados e confundidos serão todos os que se irritam
contra ti; tornar-se-ão em nada; e os que contenderem contigo
perecerão. 12 Quanto aos que
pelejam contigo, buscá-los-ás, mas não os acharás; e os que
guerreiam contigo tornar-se-ão em nada e perecerão. 13 Porque eu, o
Senhor teu Deus, te seguro pela tua mão direita, e te digo: Não
temas; eu te ajudarei. 14 Não
temas, ó bichinho de Jacó, nem vós, povozinho de Israel; eu te
ajudo, diz o Senhor, e
o teu redentor é o Santo de Israel. 15 Eis que farei de ti um trilho
novo, que tem dentes agudos; os montes trilharás e os moerás, e os
outeiros tornarás como a pragana. 16 Tu os padejarás e o vento os
levará, e o redemoinho os espalhará; e tu te alegrarás no Senhor e
te gloriarás no Santo de Israel. 17 Os pobres e necessitados buscam
água, e não há, e a sua língua se seca de sede; mas eu o Senhor
os ouvirei, eu o Deus de Israel não os desampararei. 18 Abrirei rios
nos altos desnudados, e fontes no meio dos vales; tornarei o deserto
num lago d'água, e a terra seca em mananciais. 19 Plantarei no
deserto o cedro, a acácia, a murta, e a oliveira; e porei no ermo
juntamente a faia, o olmeiro e o buxo; 20 para que todos vejam, e
saibam, e considerem, e juntamente entendam que a mão do Senhor fez
isso, e o Santo de Israel o criou. 21 Apresentai a vossa demanda,
diz o Senhor;
trazei as vossas firmes razões, diz o
Rei de Jacó. 22 Tragam-nas, e assim nos
anunciem o que há de acontecer; anunciai-nos as coisas passadas,
quais são, para que as consideremos, e saibamos o fim delas; ou
mostrai-nos coisas vindouras. 23 Anunciai-nos as coisas que ainda hão
de vir, para que saibamos que sois deuses; fazei bem, ou fazei mal,
para que nos assombremos, e fiquemos atemorizados. 24 Eis que vindes
do nada, e a vossa obra do que nada é; abominação é quem vos
escolhe. 25 Do norte suscitei a um que já é chegado; do nascente do
sol a um que invoca o meu nome; e virá sobre os magistrados como
sobre o lodo, e como o oleiro pisa o barro. 26 Quem anunciou isso
desde o princípio, para que o possamos saber? Ou
dantes, para que digamos: Ele é justo? Mas não há quem anuncie,
nem tampouco quem manifeste, nem tampouco quem ouça as vossas
palavras. 27 Eu sou o que primeiro direi a Sião: Ei-los, ei-los; e a
Jerusalém darei um mensageiro que traz boas-novas.
28 E quando eu olho, não há ninguém; nem mesmo entre eles há
conselheiro que possa responder palavra, quando eu lhes perguntar. 29
Eis que todos são vaidade. As suas obras não são coisa alguma; as
suas imagens de fundição são vento e coisa vã.
Isaías 42
O
ENVIADO DO NOVO PACTO
1
Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem se
compraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele.
Ele trará justiça às nações. 2 Não
clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na rua. 3 A
cana trilhada, não a quebrará, nem apagará o pavio que fumega; em
verdade trará a justiça; 4 não faltará nem será
quebrantado, até que ponha na terra a justiça; e as ilhas
aguardarão a sua lei. 5 Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus
e os desenrolou, e estendeu a terra e o que dela procede; que dá a
respiração ao povo que nela está, e o espírito aos que andam
nela. 6 Eu o Senhor te chamei em justiça; tomei-te pela mão, e te
guardei; e te dei por
pacto ao povo, e para luz das nações;
7 para abrir os olhos dos cegos, para tirar da prisão os
presos, e do cárcere os que jazem em trevas. 8 Eu sou
o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não a
darei, nem o meu louvor às imagens esculpidas. 9 Eis que as
primeiras coisas já se realizaram, e novas coisas eu vos anuncio;
antes que venham à luz, vo-las faço ouvir. 10 Cantai ao Senhor um
cântico novo, e o seu louvor desde a extremidade da terra, vós, os
que navegais pelo mar, e tudo quanto há nele, vós ilhas, e os
vossos habitantes. 11 Alcem a voz o deserto e as suas cidades, com as
aldeias que Quedar habita; exultem os que habitam nos penhascos, e
clamem do cume dos montes. 12 Deem glória ao Senhor, e anunciem nas
ilhas o seu louvor. 13 O Senhor sai como um valente, como homem de
guerra desperta o zelo; clamará, e fará grande ruído, e
mostrar-se-á valente contra os seus inimigos. 14 Por muito tempo me
calei; estive em silêncio, e me contive; mas agora darei gritos como
a que está de parto, arfando e arquejando. 15 Os montes e outeiros
tornarei em deserto, e toda a sua erva farei secar; e tornarei os
rios em ilhas, e secarei as lagoas. 16 E guiarei os cegos por um
caminho que não conhecem; fá-los-ei caminhar por veredas que não
têm conhecido; tornarei as trevas em luz perante eles, e aplanados
os caminhos escabrosos. Estas coisas lhes farei; e não os
desampararei. 17 Tornados para trás e cobertos de vergonha serão os
que confiam em imagens esculpidas, que dizem às imagens de fundição:
Vós sois nossos deuses. 18 Surdos, ouvi; e vós, cegos, olhai, para
que possais ver. 19 Quem é cego, senão o meu servo, ou surdo como o
meu mensageiro, que envio? E quem é cego como o meu dedicado, e cego
como o servo do Senhor? 20 Tu vês muitas coisas, mas não as
guardas; ainda que ele tenha os ouvidos abertos, nada ouve. 21 Foi do
agrado do Senhor, por amor da sua justiça, engrandecer a lei e
torná-la gloriosa. 22 Mas este é um povo roubado e saqueado; todos
estão enlaçados em cavernas, e escondidos nas casas dos cárceres;
são postos por presa, e ninguém há que os livre; por despojo, e
ninguém diz: Restitui. 23 Quem há entre vós que a isso dará
ouvidos? Que atenderá e ouvirá doravante? 24 Quem entregou Jacó
por despojo, e Israel aos roubadores? Porventura não foi o Senhor,
aquele contra quem pecamos, e em cujos caminhos eles não queriam
andar, e cuja lei não queriam observar? 25 Pelo que o Senhor
derramou sobre Israel a indignação da sua ira, e a violência da
guerra; isso lhe ateou fogo ao redor; contudo ele não o
percebeu; e o queimou; contudo ele não se compenetrou disso.
Isaías 43
DEUS
PORÁ ÁGUAS NO DESERTO
1
Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te
formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu
nome, tu és meu. 2 Quando passares pelas águas, eu serei contigo;
quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo
fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti. 3 Porque eu sou
o Senhor teu Deus, o Santo de Israel, o teu Salvador; por teu resgate
dei o Egito, e em teu lugar a Etiópia e Seba. 4 Visto que foste
precioso aos meus olhos, e és digno de honra e eu te amo, portanto
darei homens por ti, e os
povos pela tua vida. 5 Não temas, pois, porque eu sou contigo;
trarei a tua descendência desde o Oriente, e te ajuntarei desde o
Ocidente. 6 Direi ao Norte: Dá; e ao Sul: Não retenhas; trazei meus
filhos de longe, e minhas filhas das extremidades da terra; 7 a todo
aquele que é chamado pelo meu nome, e que criei para minha glória,
e que formei e fiz. 8 Fazei sair o povo que é cego e tem olhos; e os
surdos que têm ouvidos. 9 Todas as nações se congreguem, e os
povos se reúnam;
quem dentre eles pode anunciar isso, e mostrar-nos coisas já
passadas? Apresentem
as suas testemunhas, para que se justifiquem; e para que se ouça, e
se diga: Verdade é. 10 Vós sois as minhas testemunhas, diz
o Senhor, e
o meu servo, a quem escolhi; para que o saibais, e me creiais e
entendais que eu sou o mesmo; antes de mim Deus nenhum se formou, e
depois de mim nenhum haverá. 11 Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim
não há salvador. 12 Eu anunciei, e eu salvei, e eu o mostrei; e
deus estranho não houve entre vós; portanto vós sois as minhas
testemunhas, eu
sou Deus. Diz
o Senhor. 13 Antes que houvesse dia, eu
sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos;
operando eu, quem impedirá?
14 Assim diz o Senhor, vosso Redentor, o
Santo de Israel: Por amor de vós
enviarei a Babilônia, e a todos os fugitivos farei embarcar até os
caldeus, nos navios com que se vangloriavam. 15 Eu sou o Senhor,
vosso Santo, o Criador de Israel, vosso Rei. 16 Assim diz o Senhor, o
que preparou no mar um caminho, e nas águas impetuosas uma vereda;
17 o que faz sair o carro e o cavalo, o exército e a força; eles
juntamente se deitam, e jamais se levantarão; estão extintos,
apagados como uma torcida. 18 Não vos lembreis das coisas passadas,
nem considereis as antigas. 19 Eis
que faço uma coisa nova; agora está
saindo à luz; porventura não a percebeis? Eis
que porei um caminho no deserto, e rios no ermo. 20 Os animais do
campo me honrarão, os chacais e os avestruzes;
porque porei águas no deserto, e rios no ermo, para dar de
beber ao meu povo, ao meu escolhido,
21 esse povo que formei para mim, para que publicasse o meu louvor.
22 Contudo tu não me invocaste a mim, ó Jacó; mas te cansaste de
mim, ó Israel. 23 Não me trouxeste o gado miúdo dos teus
holocaustos, nem me honraste com os teus sacrifícios; não te fiz
servir com ofertas, nem te fatiguei com incenso. 24 Não me compraste
por dinheiro cana aromática, nem com a gordura dos teus sacrifícios
me satisfizeste; mas me deste trabalho com os teus pecados, e me
cansaste com as tuas iniquidades. 25
Eu, eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de mim,
e dos teus pecados não me lembro.
26 Procura lembrar-me; entremos juntos em juízo;
apresenta as tuas razões, para que te possas justificar! 27 Teu
primeiro pai pecou, e os teus intérpretes prevaricaram contra mim.
28 Pelo que profanei os príncipes do santuário; e entreguei Jacó
ao anátema, e Israel ao opróbrio.
Isaías 44
O
DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO
1
Agora, pois, ouve, ó Jacó, servo meu, ó Israel, a quem escolhi. 2
Assim diz o Senhor que te criou e te formou desde o ventre, e que te
ajudará: Não temas, ó Jacó, servo meu, e tu, Jesurum, a quem
escolhi. 3 Porque derramarei água sobre o sedento, e correntes
sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua
posteridade, e a minha bênção sobre a tua descendência; 4 e
brotarão como a erva, como salgueiros junto às correntes de águas.
5 Este dirá: Eu sou do Senhor; e aquele se chamará do nome de Jacó;
e aquele outro escreverá na própria mão: Eu sou do Senhor; e por
sobrenome tomará o nome de Israel. 6 Assim diz o Senhor, Rei de
Israel, seu Redentor, o Senhor dos exércitos: Eu sou o primeiro, e
eu sou o último, e fora de mim não há Deus. 7 Quem há como eu?
Que o proclame e o exponha perante mim! Quem tem anunciado desde os
tempos antigos as coisas vindouras? Que nos anuncie as que ainda hão
de vir. 8 Não vos assombreis, nem temais; porventura não vo-lo
declarei há muito tempo, e não vo-lo anunciei? Vós sois as minhas
testemunhas! Acaso há outro Deus além de mim? Não, não há Rocha;
não conheço nenhuma. 9 Todos os artífices de imagens esculpidas
são nada; e as suas coisas mais desejáveis são de nenhum préstimo;
e suas próprias testemunhas nada veem nem entendem, para que eles
sejam confundidos. 10 Quem forma um deus, e funde uma imagem de
escultura, que é de nenhum préstimo? 11 Eis que todos os seus
seguidores ficarão confundidos; e os artífices são apenas homens;
ajuntem-se todos, e se apresentem; assombrar-se-ão, e serão
juntamente confundidos. 12 O ferreiro faz o machado, e trabalha nas
brasas, e o forja com martelos, e o forja com o seu forte braço;
ademais ele tem fome, e a sua força falta; não bebe água, e
desfalece. 13 O carpinteiro estende a régua sobre um pau, e com
lápis esboça um deus; dá-lhe forma com o cepilho; torna a
esboçá-lo com o compasso; finalmente dá-lhe forma à semelhança
dum homem, segundo a beleza dum homem, para habitar numa casa. 14 Um
homem corta para si cedros, ou toma um cipreste, ou um carvalho;
assim escolhe dentre as árvores do bosque; planta uma faia, e a
chuva a faz crescer. 15 Então ela serve ao homem para queimar: da
madeira toma uma parte e com isso se aquenta; acende um fogo e assa o
pão; também faz um deus e se prostra diante dele; fabrica uma
imagem de escultura, e se ajoelha diante dela. 16 Ele queima a metade
no fogo, e com isso prepara a carne para comer; faz um assado, e dele
se farta; também se aquenta, e diz: Ah! Já me aquentei, já vi o
fogo. 17 Então do resto faz para si um deus, uma imagem de
escultura; ajoelha-se diante dela, prostra-se, e lhe dirige a sua
súplica dizendo: Livra-me porquanto tu és o meu deus. 18 Nada
sabem, nem entendem; porque se lhe untaram os olhos, para que não
vejam, e o coração, para que não entendam. 19 E nenhum deles
reflete; e não têm conhecimento nem entendimento para dizer: Metade
queimei no fogo, e assei pão sobre as suas brasas; fiz um assado e
dele comi; e faria eu do resto uma abominação? Ajoelhar-me-ei ao
que saiu duma árvore? 20 Apascenta-se de cinza. O seu coração
enganado o desviou, de maneira que não pode livrar a sua alma, nem
dizer: Porventura não há uma mentira na minha mão direita? 21
Lembra-te destas coisas, ó Jacó, sim, tu ó Israel; porque tu és
meu servo! Eu te formei, meu servo és tu; ó Israel não te
esquecerei de ti. 22 Apaguei as tuas transgressões como a névoa, e
os teus pecados como a nuvem; torna-te para mim, porque eu te remi.
23 Cantai alegres, vós, ó céus, porque o Senhor fez isso; exultai
vós, as partes mais baixas da terra; vós, montes, retumbai com
júbilo; também vós, bosques, e todas as árvores em vós; porque o
Senhor remiu a Jacó, e se glorificará em Israel. 24 Assim diz o
Senhor, teu Redentor, e que te formou desde o ventre: Eu sou o Senhor
que faço todas as coisas, que sozinho estendi os céus, e espraiei a
terra (quem estava comigo?); 25 que desfaço os sinais dos profetas
falsos, e torno loucos os adivinhos, que faço voltar para trás os
sábios, e converto em loucura a sua ciência; 26 sou eu que confirmo
a palavra do meu servo, e cumpro o conselho dos meus mensageiros; que
digo de Jerusalém: Ela será habitada; e das cidades de Judá: Elas
serão edificadas, e eu levantarei as suas ruínas; 27 que digo ao
abismo: Seca-te, eu secarei os teus rios; 28 que digo de Ciro:
Ele é meu pastor, e cumprirá tudo
o que me apraz; de modo que ele também diga de Jerusalém: Ela será
edificada, e o fundamento do templo será lançado.
Isaías 45
PROFECIA
ACERCA DE CIRO
1
Assim diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro,
a quem tomo pela mão direita, para abater nações diante de sua
face, e descingir os lombos dos reis; para abrir diante dele as
portas, e as portas não se fecharão; 2 eu irei adiante de ti, e
tornarei planos os lugares escabrosos; quebrarei as portas de bronze,
e despedaçarei os ferrolhos de ferro. 3 Dar-te-ei os tesouros das
trevas, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o
Senhor, o Deus de Israel, que te chamo pelo teu nome. 4 Por amor de
meu servo Jacó, e de Israel, meu escolhido, eu te chamo pelo teu
nome; ponho-te o teu sobrenome, ainda que não me conheças. 5 Eu sou
o Senhor, e não há outro; fora de mim não há Deus; eu te cinjo,
ainda que tu não me conheças. 6 Para que se saiba desde o nascente
do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro; eu sou o
Senhor, e não há outro. 7 Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço
a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas. 8
Destilai vós, céus, dessas alturas a justiça, e chovam-na as
nuvens; abra-se a terra, e produza a salvação e ao mesmo tempo faça
nascer a justiça; eu, o Senhor, as criei:
9 Ai daquele que contende com o seu Criador! O
caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o
formou: Que fazes? Ou
dirá a tua obra: Não tens mãos? 10 Ai daquele que diz ao pai: Que
é o que geras? E
à mulher: Que dás tu à luz?
11 Assim diz o Senhor, o Santo de Israel, aquele que o formou:
Perguntai-me as coisas futuras; demandai-me acerca de meus filhos, e
acerca da obra das minhas mãos. 12 Eu é que fiz a terra, e nela
criei o homem; as minhas mãos estenderam os céus, e a todo o seu
exército dei as minhas ordens. 13 Eu o despertei em justiça, e
todos os seus caminhos endireitarei; ele edificará a minha cidade, e
libertará os meus cativos, não por preço nem por presentes, diz o
Senhor dos exércitos. 14 Assim diz o
Senhor: A riqueza do Egito, e as
mercadorias da Etiópia, e os sabeus, homens de alta estatura,
passarão para ti, e serão teus; irão atrás de ti; em grilhões
virão; e, prostrando-se diante de ti, far-te-ão as suas súplicas,
dizendo: Deus está contigo somente; e não há nenhum outro Deus. 15
Verdadeiramente tu és um Deus que te ocultas, ó Deus de Israel, o
Salvador. 16 Envergonhar-se-ão, e também se confundirão todos;
cairão juntos em ignomínia os que fabricam ídolos. 17
Mas Israel será salvo pelo Senhor, com uma salvação eterna; pelo
que não sereis jamais envergonhados nem confundidos em toda a
eternidade. 18 Porque assim diz
o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e
a estabeleceu, não a criando para ser um caos, mas para ser
habitada: Eu sou o Senhor e não há outro. 19 Não falei em segredo,
nalgum lugar tenebroso da terra; não disse à descendência de Jacó:
Buscai-me no caos; eu, o Senhor, falo a justiça, e proclamo o que é
reto. 20 Congregai-vos, e vinde; chegai-vos juntos, os que escapastes
das nações; nada sabem os que conduzem em procissão as suas
imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não
pode salvar. 21 Anunciai e apresentai as razões: tomai conselho
todos juntos. Quem mostrou isso desde a antiguidade?
Quem de há
muito o anunciou? Porventura não sou eu, o Senhor? Pois não há
outro Deus senão eu; Deus justo e Salvador não há além de mim. 22
Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os confins da terra;
porque eu sou Deus, e não há outro. 23 Por mim mesmo jurei; já
saiu da minha boca a palavra de justiça, e não tornará atrás.
Diante de mim se dobrará todo joelho, e jurará toda língua. 24 De
mim se dirá: Tão somente no senhor há justiça e força. A ele
virão, envergonhados, todos os que se irritarem contra ele. 25 Mas
no Senhor será justificada e se gloriará toda a descendência de
Israel.
Isaías 46
IDOLATRIA
INÚTIL
1
Bel se encurva, Nebo se abaixa; os seus ídolos são postos sobre os
animais, sobre as bestas; essas cargas que costumáveis levar são
pesadas para as bestas já cansadas. 2 Eles juntamente se abaixam e
se encurvam; não podem salvar a carga, mas eles mesmos vão para o
cativeiro. 3 Ouvi-me, ó casa de Jacó, e todo o resto da casa de
Israel, vós que por mim tendes sido carregados desde o ventre, que
tendes sido levados desde a madre. 4 Até a vossa velhice eu sou o
mesmo, e ainda até as cãs eu vos carregarei; eu vos criei, e vos
levarei; sim, eu vos carregarei e vos livrarei. 5 A quem me
assemelhareis, e com quem me igualareis e me comparareis, para que
sejamos semelhantes? 6 Os que prodigalizam o ouro da bolsa, e pesam a
prata nas balanças, assalariam o ourives, e ele faz um deus; e
diante dele se prostram e adora, 7 Eles o tomam sobre os ombros, o
levam, e o colocam no seu lugar, e ali permanece; do seu lugar não
se pode mover; e, se recorrem a ele, resposta nenhuma dá, nem livra
alguém da sua tribulação. 8 Lembrai-vos, disto, e considerai;
trazei-o à memória, ó transgressores. 9 Lembrai-vos das coisas
passadas desde a antiguidade; que eu sou Deus, e não há outro; eu
sou Deus, e não há outro semelhante a mim; 10 que anuncio o fim
desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não
sucederam; que digo: O meu conselho subsistirá, e farei toda a minha
vontade; 11 chamando do oriente uma ave de rapina, e dum país remoto
o homem do meu conselho; sim, eu o disse, e eu o cumprirei; formei
esse propósito, e também o executarei. 12 Ouvi-me, ó duros de
coração, os que estais longe da justiça. 13 Faço chegar a minha
justiça; e ela não está longe, e a minha salvação não
tardará; mas estabelecerei a salvação em Sião, e em Israel a
minha glória.
Isaías 47
PROFECIA
CONTRA BABILÔNIA
1
Desce, e assenta-te no pó, ó virgem filha de Babilônia; assenta-te
no chão sem trono, ó filha dos caldeus, porque nunca mais serás
chamada a mimosa nem a delicada. 2 Toma a mó, e mói a farinha;
remove o teu véu, suspende a cauda da tua vestidura, descobre as
pernas e passa os rios. 3 A tua nudez será descoberta, e ver-se-á o
teu opróbrio; tomarei vingança, e não pouparei a homem algum. 4
Quanto ao nosso Redentor, o Senhor dos exércitos é o seu nome, o
Santo de Israel. 5 Assenta-te calada, e entra nas trevas, ó filha
dos caldeus; porque não serás chamada mais a senhora de reinos. 6
Muito me agastei contra o meu povo, profanei a minha herança, e os
entreguei na tua mão; não usaste de misericórdia para com eles, e
até sobre os velhos fizeste muito pesado o teu jugo. 7 E disseste:
Eu serei senhora para sempre; de sorte que até agora não tomaste a
peito estas coisas, nem te lembraste do fim delas. 8 Agora pois ouve
isto, tu que és dada a prazeres, que habitas descuidada, que dizes
no teu coração: Eu sou, e fora de mim não há outra; não ficarei
viúva, nem conhecerei a perda de filhos. 9 Mas ambas estas coisas
virão sobre ti num momento, no mesmo dia, perda de filhos e viuvez;
em toda a sua plenitude virão sobre ti, apesar da multidão das tuas
feitiçarias, e da grande abundância dos teus encantamentos. 10
Porque confiaste na tua maldade e disseste: Ninguém me vê; a tua
sabedoria e o teu conhecimento, essas coisas te perverteram; e
disseste no teu coração: Eu sou, e fora de mim não há outra. 11
Pelo que sobre ti virá o mal de que por encantamentos não saberás
livrar-te; e tal destruição cairá sobre ti, que não a poderás
afastar; e virá sobre ti de repente tão tempestuosa desolação,
que não a poderás conhecer. 12 Deixa-te estar com os teus
encantamentos, e com a multidão das tuas feitiçarias em que te hás
fatigado desde a tua mocidade, a ver se podes tirar proveito, ou se
porventura podes inspirar terror. 13 Cansaste-te na multidão dos
teus conselhos; levantem-se pois agora e te salvem os astrólogos,
que contemplam os astros, e os que nas luas novas prognosticam o que
há de vir sobre ti. 14 Eis que são como restolho; o logo os
queimará; não poderão livrar-se do poder das chamas; pois não é
um braseiro com que se aquentar, nem fogo para se sentar junto dele.
15 Assim serão para contigo aqueles com quem te hás fatigado, os
que tiveram negócios contigo desde a tua mocidade; andarão
vagueando, cada um pelo seu caminho; não haverá quem te salve.
Isaías 48
A
INFIDELIDADE DE ISRAEL
1
Ouvi isto, casa de Jacó, que vos chamais do nome de Israel, e
saístes dos lombos de Judá, que jurais pelo nome do Senhor, e
fazeis menção do Deus de Israel, mas não em verdade nem em
justiça. 2 E até da santa cidade tomam o nome, e se firmam sobre o
Deus de Israel; o Senhor dos exércitos é o seu nome. 3 Desde a
antiguidade anunciei as coisas que haviam de ser; da minha boca é
que saíram, e eu as fiz ouvir; de repente as pus por obra, e elas
aconteceram. 4 Porque eu sabia que és obstinado, que a tua cerviz é
um nervo de ferro, e a tua testa de bronze. 5 Há muito tas anunciei,
e as manifestei antes que acontecessem, para que não dissesses: O
meu ídolo fez estas coisas, ou a minha imagem de escultura, ou a
minha imagem de fundição as ordenou.
6 Já o tens ouvido; olha bem para tudo isto; porventura não o
anunciarás? Desde agora te mostro coisas novas e ocultas, que não
sabias. 7 São criadas agora, e não de há muito, e antes deste dia
não as ouviste, para que não digas:
Eis que já eu as sabia. 8 Tu nem as
ouviste, nem as conheceste, nem tampouco há muito foi aberto o teu
ouvido; porque eu sabia que procedeste muito perfidamente, e que eras
chamado transgressor desde o ventre. 9 Por amor do meu nome retardo a
minha ira, e por causa do meu louvor me contenho para contigo, para
que eu não te extermine. 10 Eis que
te purifiquei, mas não como a prata; provei-te na fornalha da
aflição. 11 Por amor de mim, por
amor de mim o faço; porque como seria profanado o meu nome? A
minha glória não a darei a outrem.
12 Escuta-me, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; eu sou o
mesmo, eu o primeiro, eu também o último. 13
Também
a minha mão fundou a terra, e a minha destra estendeu os céus;
quando eu os chamo, eles aparecem juntos. 14 Ajuntai-vos todos vós,
e ouvi: Quem, dentre eles, tem anunciado estas coisas? Aquele a quem
o Senhor amou executará a sua vontade contra Babilônia, e o seu
braço será contra os caldeus. 15 Eu, eu o tenho dito;
também já o chamei; eu o trouxe, e o
seu caminho será próspero. 16 Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não
falei em segredo desde o princípio; desde
o tempo em que aquilo se fez, eu estava ali; e agora o Senhor Deus me
enviou juntamente com o seu Espírito.
17 Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o
Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo
caminho em que deves andar. 18 Ah!
Se
tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos! Então
seria a tua paz como um rio, e a tua justiça como as ondas do mar;
19 também a tua descendência teria sido como a areia, e os que
procedem das tuas entranhas como os seus grãos; o seu nome nunca
seria cortado nem destruído de diante de mim.
20 Saí de Babilônia, fugi de entre os caldeus. E anunciai com voz
de júbilo, fazei ouvir isto, e levai-o até o fim da terra; dizei: O
Senhor remiu a seu servo Jacó; 21 e não tinham sede, quando os
levava pelos desertos; fez-lhes correr água da rocha; fendeu a
rocha, e as águas jorraram. 22 Não
há paz para os ímpios, diz o
Senhor.
Isaías 49
O
REDENTOR DE ISRAEL
1
Ouvi-me, ilhas, e escutai vós, povos de longe: O Senhor chamou-me
desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu
nome 2 e fez a minha boca qual espada aguda; na sombra da sua mão me
escondeu; fez-me qual uma flecha polida, e me encobriu na sua aljava;
3 e me disse: Tu és meu
servo; és Israel, por quem hei de ser glorificado. 4
Mas eu disse: Debalde tenho
trabalhado, inútil e vãmente gastei as minhas forças; todavia o
meu direito está perante o Senhor, e o meu galardão perante o meu
Deus. 5 E agora diz o Senhor, que me formou desde o ventre para ser o
seu servo, para tornar a trazer-lhe Jacó, e para reunir Israel a ele
(pois aos olhos do Senhor sou glorificado, e o meu Deus se fez a
minha força). 6
Sim, diz
ele: Pouco é que sejas o meu servo,
para restaurares as tribos de Jacó, e tornares a trazer os
preservados de Israel; também te
porei para luz das nações, para seres a minha salvação até a
extremidade da terra. 7 Assim diz o Senhor, o Redentor de Israel, e o
seu Santo, ao que é desprezado dos
homens, ao que é aborrecido das nações, ao servo dos tiranos: Os
reis o verão e se levantarão, como também os príncipes, e eles
te adorarão, por amor do Senhor,
que é fiel, e do Santo de Israel, que te escolheu.
8 Assim diz o Senhor: No tempo aceitável
te ouvi, e no dia da salvação te ajudei; e te guardarei, e
te darei por pacto do povo, para
restaurares a terra, e lhe dares em herança as herdades assoladas; 9
para dizeres aos presos: Saí; e aos que estão em trevas: Aparecei;
eles pastarão nos caminhos, e em todos os altos desnudados haverá o
seu pasto. 10 Nunca terão fome nem sede; não os afligirá nem a
calma nem o sol; porque o que se compadece deles os guiará, e os
conduzirá mansamente aos mananciais das águas. 11 Farei de todos os
meus montes um caminho; e as minhas estradas serão exaltadas. 12 Eis
que estes virão de longe, e eis que aqueles do Norte e do Ocidente,
e aqueles outros da terra de Sinim. 13 Cantai, ó céus, e exulta, ó
terra, e vós, montes, estalai de júbilo, porque o Senhor consolou o
seu povo, e se compadeceu dos seus aflitos. 14 Mas Sião diz: O
Senhor me desamparou, o meu Senhor se esqueceu de mim. 15 Pode
uma mulher esquecer-se de seu filho de peito, de maneira que não se
compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se esquecesse,
eu, todavia, não me esquecerei de ti. 16 Eis que nas palmas das
minhas mãos eu te gravei; os teus muros estão continuamente diante
de mim. 17 Os teus filhos pressurosamente virão; mas os teus
destruidores e os teus assoladores sairão do meio de ti. 18 Levanta
os teus olhos ao redor, e olha; todos estes que se ajuntam vêm ter
contigo. Vivo eu, diz
o Senhor, que de todos estes te
vestirás, como dum ornamento, e te cingirás deles como a noiva. 19
Pois quanto aos teus desertos, e lugares desolados, e à tua terra
destruída, serás agora estreita demais para os moradores, e os que
te devoravam
se afastarão para longe de ti. 20 Os filhos de que foste privada
ainda dirão aos teus ouvidos: Muito estreito é para mim este lugar;
dá-me espaço em que eu habite. 21 Então no teu coração dirás:
Quem me gerou estes, visto que eu era desfilhada e solitária,
exilada e errante? Quem,
pois, me criou estes? Fui deixada sozinha; estes onde estavam?
22 Assim diz o Senhor Deus:
Eis que levantarei a minha mão para as nações, e ante os povos
arvorarei a minha bandeira; então eles trarão os teus filhos nos
braços, e as tuas filhas serão levadas sobre os ombros. 23 Reis
serão os teus aios, e as suas rainhas as tuas amas; diante de ti se
inclinarão com o rosto em terra e lamberão o pó dos teus pés; e
saberás que eu sou o Senhor, e que os que por mim esperam não serão
confundidos. 24 Acaso tirar-se-ia a presa ao valente? Ou
serão libertados os cativos de um tirano?
25 Mas assim diz o Senhor: Certamente
os cativos serão tirados ao valente, e a presa do tirano será
libertada; porque eu contenderei com os que contendem contigo, e os
teus filhos eu salvarei. 26 E sustentarei os teus opressores com a
sua própria carne, e com o seu próprio sangue se embriagarão, como
com mosto; e toda a carne saberá que eu sou o Senhor, o teu Salvador
e o teu Redentor, o Poderoso de Jacó.
Isaías 50
O
SERVO DO SENHOR
1
Assim diz o Senhor: Onde está a carta
de divórcio de vossa mãe, pela qual eu a repudiei? Ou
quem é o meu credor, a quem eu vos tenha vendido? Eis que por vossas
maldades fostes vendidos, e por vossas transgressões foi repudiada
vossa mãe. 2 Por que razão, quando eu vim, ninguém apareceu?
Quando
chamei, não houve quem respondesse? Acaso tanto se encolheu a minha
mão, que já não possa remir? Ou
não tenho poder para livrar? Eis que com a minha repreensão faço
secar o mar, e torno os rios em deserto; cheiram mal os seus peixes,
pois não há água, e morrem de sede. 3 Eu visto os céus de
negridão, e lhes ponho cilício por sua cobertura. 4
O Senhor Deus me deu a língua dos instruídos para que eu saiba
sustentar com uma palavra o que está cansado; ele desperta-me todas
as manhãs; desperta-me o ouvido para que eu ouça como discípulo. 5
O Senhor Deus abriu-me os ouvidos, e eu não fui rebelde, nem me
retirei para trás. 6 Ofereci as minhas costas aos que me feriam, e
as minhas faces aos que me arrancavam a barba; não escondi o meu
rosto dos que me afrontavam e me cuspiam. 7 Pois o Senhor Deus me
ajuda; portanto não me sinto confundido; por isso pus o meu rosto
como um seixo,
e sei que não serei envergonhado. 8 Perto está o que me justifica;
quem contenderá comigo? Apresentemo-nos
juntos; quem é meu adversário? Chegue-se
para mim. 9 Eis que o Senhor Deus me ajuda; quem há que me condene?
Eis que todos eles se envelhecerão como um vestido, e a traça os
comerá. 10 Quem há entre vós que tema ao Senhor? Ouça
ele a voz do seu servo. Aquele que anda em trevas, e não tem luz,
confie no nome do Senhor, e firme-se sobre o seu Deus. 11 Eia! Todos
vós, que acendeis fogo, e vos cingis com tições acesos; andai
entre as labaredas do vosso fogo, e entre os tições que ateastes!
Isto vos sobrevirá da minha mão, e em tormentos jazereis.
Isaías 51
A
SALVAÇÃO DURARÁ PARA SEMPRE
1
Ouvi-me vós, os que seguis a justiça, os que buscais ao Senhor;
olhai para a rocha donde fostes cortados, e para a caverna do poço
donde fostes cavados. 2 Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara,
que vos deu à luz; porque ainda quando ele era um só, eu o chamei,
e o abençoei e o multipliquei. 3 Porque o Senhor consolará a Sião;
consolará a todos os seus lugares assolados, e fará o seu deserto
como o Éden e a sua solidão como o jardim do Senhor; gozo e alegria
se acharão nela, ação de graças, e voz de cântico. 4 Atendei-me,
povo meu, e nação minha, inclinai os ouvidos para mim; porque
de mim sairá a lei, e estabelecerei a minha justiça como luz dos
povos. 5 Perto está a minha justiça, vem saindo a minha
salvação, e os meus braços governarão os povos; as ilhas me
aguardam, e no meu braço esperam. 6 Levantai os vossos olhos para os
céus e olhai para a terra em baixo; porque os céus desaparecerão
como a fumaça, e a terra se envelhecerá como um vestido; e os seus
moradores morrerão semelhantemente; a minha salvação, porém,
durará para sempre, e a minha justiça não será abolida. 7
Ouvi-me, vós que conheceis a justiça, vós, povo, em cujo coração
está a minha lei; não temais o opróbrio dos homens, nem vos
turbeis pelas suas injúrias. 8 Pois a traça os roerá como a um
vestido, e o bicho os comerá como à lã; a minha justiça, porém,
durará para sempre, e a minha salvação para todas as gerações. 9
Desperta, desperta, veste-te de força, ó braço do Senhor; desperta
como nos dias da antiguidade, como nas gerações antigas. Porventura
não és tu aquele que cortou em pedaços a Raabe, e traspassou ao
dragão, 10 Não és tu aquele que secou o mar, as águas do grande
abismo? O que fez do fundo do mar um caminho, para que por ele
passassem os remidos? 11 Assim voltarão os resgatados do Senhor, e
virão com júbilo a Sião; e haverá perpétua alegria sobre as suas
cabeças; gozo e alegria alcançarão, a tristeza e o gemido fugirão.
12 Eu, eu sou aquele que vos consola; quem, pois, és tu, para teres
medo do homem, que é mortal, ou do filho do homem que se tornará
como feno; 13 e te esqueces do Senhor, o teu Criador, que estendeu os
céus, e fundou a terra, e temes continuamente o dia todo por causa
do furor do opressor, quando se prepara para destruir? Onde está o
furor do opressor? 14 O exilado cativo depressa será solto, e não
morrerá para ir à sepultura, nem lhe faltará o pão. 15 Pois eu
sou o Senhor teu Deus, que agita o mar, de modo que bramem as
suas ondas. O Senhor dos exércitos é o seu nome. 16 E pus as minhas
palavras na tua boca, e te cubro com a sombra da minha mão; para
plantar os céus, e para fundar a terra, e para dizer a Sião:
Tu és o meu povo. 17 Desperta, desperta, levanta-te, ó
Jerusalém, que bebeste da mão do Senhor o cálice do seu furor; que
bebeste da taça do atordoamento, e a esgotaste. 18 De todos os
filhos que ela teve, nenhum há que a guie; e de todos os filhos que
criou, nenhum há que a tome pela mão. 19 Estas duas coisas te
aconteceram; quem terá compaixão de ti? A assolação e a ruína, a
fome e a espada; quem te consolará? 20 Os teus filhos já
desmaiaram, jazem nas esquinas de todas as ruas, como o antílope
tomado na rede; cheios estão do furor do Senhor, e da repreensão do
teu Deus. 21 Pelo que agora ouve isto, ó aflita, e embriagada, mas
não de vinho. 22 Assim diz o Senhor Deus e o teu Deus, que pleiteia
a causa do seu povo: Eis que eu tiro da tua mão a taça de
atordoamento e o cálice do meu furor; nunca mais dele beberás; 23
mas pô-lo-ei nas mãos dos que te afligem, os quais te diziam:
Abaixa-te, para que passemos sobre ti; e tu puseste as tuas
costas como o chão, e como a rua para os que passavam.
Isaías 52
O
POVO DE DEUS SABERÁ O NOME DO SENHOR
1
Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, Sião; veste-te dos
teus vestidos formosos, ó Jerusalém, cidade santa; porque nunca
mais entrará em ti nem incircunciso nem imundo. 2 Sacode-te do pó;
levanta-te, e assenta-te, ó Jerusalém; solta-te das ataduras de teu
pescoço, ó cativa filha de Sião. 3
Porque assim diz o Senhor: Por nada
fostes vendidos; e sem dinheiro sereis resgatados. 4
Pois assim diz o Senhor Deus: O meu povo
desceu no princípio ao Egito, para peregrinar lá, e a Assíria sem
razão o oprimiu. 5 E agora, que acho eu aqui? Diz
o Senhor, pois que o meu povo foi tomado
sem nenhuma razão, os seus dominadores dão uivos sobre ele, diz o
Senhor; e o meu nome é blasfemado incessantemente o dia todo! 6
Portanto o meu povo saberá o meu nome; portanto saberá naquele dia
que sou eu o que falo; eis-me aqui. 7 Quão formosos sobre os montes
são os pés do que anuncia as boas-novas, que proclama a paz, que
anuncia coisas boas, que proclama a salvação, que diz a Sião: O
teu Deus reina! 8 Eis a voz dos
teus atalaias! Eles
levantam a voz, juntamente exultam; porque de perto contemplam a
volta do Senhor a Sião. 9 Clamai cantando, exultai juntamente,
desertos de Jerusalém; porque o Senhor consolou o seu povo, remiu a
Jerusalém. 10 O Senhor desnudou o seu santo braço à vista de todas
as nações; e todos os confins da terra verão a salvação do nosso
Deus. 11 Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa
imunda; saí do meio dela, purificai-vos, os que levais os vasos do
Senhor. 12 Pois não saireis apressadamente, nem ireis em fuga;
porque o Senhor irá diante de vós, e o Deus de Israel será a vossa
retaguarda. 13 Eis que o meu servo
procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime.
14 Como pasmaram muitos à vista dele (pois o seu aspecto estava tão
desfigurado que não era o de um homem, e a sua figura não era a dos
filhos dos homens), 15 assim ele espantará muitas nações; por
causa dele reis taparão a boca; pois verão aquilo que não se lhes
havia anunciado, e entenderão aquilo que não tinham ouvido.
Isaías 53
O
REDENTOR
1
Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço
do Senhor? 2 Pois foi crescendo como renovo perante ele, e como raiz
que sai duma terra seca; não tinha formosura nem beleza; e
quando olhávamos para ele, nenhuma beleza víamos, para que o
desejássemos. 3 Era desprezado, e rejeitado dos homens;
homem de dores, e experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem
os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso
algum. 4 Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e
carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito,
ferido de Deus, e oprimido. 5 Mas ele foi ferido por causa das nossas
transgressões, e esmagado por causa das nossas iniquidades; o
castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras
fomos sarados. 6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada
um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a
iniquidade de todos nós. 7 Ele foi oprimido e afligido, mas não
abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a
ovelha que é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu
a boca. 8 Pela opressão e pelo juízo foi arrebatado; e quem dentre
os da sua geração considerou que ele fora cortado da terra dos
viventes, ferido por causa da transgressão do meu povo? 9 E
deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte,
embora nunca tivesse cometido injustiça, nem houvesse engano na sua
boca. 10 Todavia, foi da vontade do Senhor esmagá-lo, fazendo-o
enfermar; quando ele se puser como oferta pelo pecado, verá a
sua posteridade, prolongará os seus dias, e a vontade do Senhor
prosperará nas suas mãos. 11 Ele verá o fruto do trabalho da sua
alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo justo
justificará a muitos, e as iniquidades deles levará sobre si.
12 Pelo que lhe darei o seu quinhão com os grandes, e com os
poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma até
a morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si
o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu.
Isaías 54
A
HERANÇA DOS SERVOS DO SENHOR
1
Canta, alegremente, ó estéril, que não deste à luz; exulta de
prazer com alegre canto, e exclama, tu que não tiveste dores de
parto; porque mais são os filhos da desolada, do que os filhos da
casada, diz o Senhor. 2
Amplia o lugar da tua tenda, e estendam-se as cortinas das tuas
habitações; não o impeças; alonga as tuas cordas, e firma bem as
tuas estacas. 3 Porque trasbordarás para a direita e para a
esquerda; e a tua posteridade possuirá as nações e fará que sejam
habitadas as cidades assoladas. 4 Não temas, porque não serás
envergonhada; e não te envergonhes, porque não sofrerás afrontas;
antes te esquecerás da vergonha da tua mocidade, e não te lembrarás
mais do opróbrio da tua viuvez. 5 Pois o teu Criador é o teu
marido; o Senhor dos exércitos é o seu nome; e o Santo de Israel é
o teu Redentor, que é chamado o Deus de toda a terra. 6 Porque o
Senhor te chamou como a mulher desamparada e triste de espírito;
como a mulher da mocidade, que fora repudiada, diz o teu Deus: 7 Por
um breve momento te deixei, mas com
grande compaixão te recolherei; 8 num ímpeto de indignação
escondi de ti por um momento o meu rosto; mas com benignidade eterna
me compadecerei de ti, diz o Senhor, o teu Redentor. 9 Porque isso
será para mim como as águas de Noé; como jurei que as águas de
Noé não inundariam mais a terra, assim também jurei que não me
irarei mais contra ti, nem te repreenderei. 10 Pois as montanhas se
retirarão, e os outeiros serão removidos; porém a minha
benignidade não se apartará de ti, nem será removido ao pacto da
minha paz, diz o Senhor, que se
compadece de ti. 11 E
aflita arrojada com a tormenta e desconsolada eis que eu assentarei
as tuas pedras com antimônio, e lançarei os teus alicerces com
safiras. 12 Farei os teus baluartes de rubis, e as tuas portas de
carbúnculos, e toda a tua muralha de pedras preciosas. 13 E todos os
teus filhos serão ensinados do Senhor; e a paz de teus filhos será
abundante. 14 Com justiça serás estabelecida; estarás longe da
opressão, porque já não temerás; e também do terror, porque a ti
não chegará. 15 Eis que embora se levantem contendas, isso não
será por mim; todos os que contenderem contigo, por causa de ti
cairão. 16 Eis que eu criei o ferreiro, que assopra o fogo de
brasas, e que produz a ferramenta para a sua obra; também criei o
assolador, para destruir. 17 Não
prosperará nenhuma arma forjada contra ti; e toda língua que se
levantar contra ti em juízo, tu a condenarás; esta é a herança
dos servos do Senhor, e a sua justificação que de mim procede,
diz o Senhor.
Isaías 55
O
NOVO PACTO PERPÉTUO
1
Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não
tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde e comprai, sem
dinheiro e sem preço, vinho e leite. 2 Por que gastais o dinheiro
naquilo que não é pão! E
o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? Ouvi-me
atentamente, e comei o que é bom, e deleitai-vos com a gordura. 3
Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma
viverá; porque convosco farei um
pacto perpétuo, dando-vos as
firmes beneficências prometidas a Davi. 4 Eis que eu o dei como
testemunha aos povos, como príncipe e governador dos povos. 5 Eis
que chamarás a uma nação que não conheces, e uma nação que
nunca te conheceu a ti correrá, por amor do Senhor teu Deus, e do
Santo de Israel; porque ele te glorificou. 6 Buscai ao Senhor
enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. 7 Deixe o
ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; volte-se
ao Senhor, que se compadecerá dele; e para o nosso Deus, porque é
generoso em perdoar. 8 Porque os meus pensamentos não são os vossos
pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz
o Senhor. 9 Porque, assim como o céu é
mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do
que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os
vossos pensamentos. 10 Porque, assim como a chuva e a neve descem dos
céus e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir e
brotar, para que dê semente ao semeador, e pão ao que come, 11
assim será a palavra que sair da minha boca: ela não voltará para
mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que
a enviei. 12 Pois com alegria
saireis, e em paz sereis guiados; os montes e os outeiros romperão
em cânticos diante de vós, e todas as árvores de campo baterão
palmas. 13 Em lugar do espinheiro crescerá a faia, e em lugar da
sarça crescerá a murta; o que será para o Senhor por nome, por
sinal eterno, que nunca se apagará.
Isaías 56
A
CASA DO SENHOR SERÁ CASA
DE
ORAÇÃO PARA TODOS OS POVOS
1
Assim diz o Senhor: Mantende a retidão,
e fazei justiça; porque a minha
salvação está prestes a vir, e a minha justiça a manifestar-se.
2 Bem-aventurado o homem que fizer isto, e o filho do homem que
lançar mão disto: que se abstém de profanar o sábado, e guarda a
sua mão de cometer o mal. 3 E não fale o estrangeiro, que se houver
unido ao Senhor, dizendo: Certamente
o Senhor me separará do seu povo;
nem tampouco diga o eunuco: Eis que
eu sou uma árvore seca. 4 Pois
assim diz o Senhor a respeito dos eunucos que guardam os meus
sábados, e escolhem as coisas que me agradam, e abraçam o meu
pacto: 5 Dar-lhes-ei na minha casa e dentro dos meus muros um
memorial e um nome melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno
darei a cada um deles, que nunca se apagará. 6 E aos estrangeiros,
que se unirem ao Senhor, para o servirem, e para amarem o nome do
Senhor, sendo deste modo servos seus, todos os que guardarem o
sábado, não o profanando, e os que
abraçarem o meu pacto, 7 sim, a
esses os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de
oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos
no meu altar; porque a minha casa
será chamada casa de oração para todos os povos.
8 Assim diz o Senhor Deus, que ajunta os dispersos de Israel: Ainda
outros ajuntarei a ele, além dos que já se lhe ajuntaram. 9 Vós,
todos os animais do campo, todos os animais do bosque, vinde comer.
10 Todos os seus atalaias são cegos, nada sabem; todos são cães
mudos, não podem ladrar; deitados, sonham e gostam de dormir. 11 E
estes cães são gulosos, nunca se podem fartar; e eles são pastores
que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada
um para a sua ganância, todos sem exceção. 12 Vinde, dizem, trarei
vinho, e nos encheremos de bebida forte; e o dia de amanhã será
como hoje, ou ainda mais festivo.
Isaías 57
QUEM
CONFIAR EM DEUS POSSUIRÁ A TERRA
1
Perece o justo, e não há quem se importe com isso; os homens
compassivos são arrebatados, e não há ninguém que entenda. Pois o
justo é arrebatado da calamidade, 2 entra em paz; descansam nas suas
camas todos os que andam na retidão.
3 Mas chegai-vos aqui, vós os filhos da agoureira, linhagem do
adúltero e da prostituta. 4 De quem fazeis escárnio? Contra quem
escancarais a boca, e deitais para fora a língua? Porventura não
sois vós filhos da transgressão, estirpe da falsidade, 5 que vos
inflamais junto aos terebintos, debaixo de toda árvore verde, e
sacrificais os filhos nos vales, debaixo das fendas dos penhascos? 6
Por entre as pedras lisas do vale está o teu quinhão; estas, estas
são a tua sorte; também a estas derramaste a tua libação e lhes
ofereceste uma oblação. Contentar-me-ia com estas coisas? 7 sobre
um monte alto e levantado puseste a tua cama; e lá subiste para
oferecer sacrifícios. 8 Detrás das portas e dos umbrais colocaste o
teu memorial; pois te descobriste a outro que não a mim, e subiste,
e alargaste a tua cama; e fizeste para ti um pacto com eles; amaste a
sua cama, onde quer que a viste. 9 E foste ao rei com óleo, e
multiplicaste os teus perfumes, e enviaste os teus embaixadores para
longe, e te abateste até o Seol. 10 Na tua comprida viagem te
cansaste; contudo não disseste: Não
há esperança; achaste com que
renovar as tuas forças; por isso não enfraqueceste. 11 Mas de quem
tiveste receio ou medo, para que mentisses, e não te lembrasses de
mim, nem te importasses? Não é porventura porque eu me calei, e
isso há muito tempo, e não me temes? 12 Eu publicarei essa justiça
tua; e quanto às tuas obras, elas não te aproveitarão. 13 Quando
clamares, livrem-te os ídolos que
ajuntaste; mas o vento a todos levará, e um assopro os arrebatará;
mas o que confia em mim possuirá
a terra, e herdará
o meu santo monte. 14 E
dir-se-á: Aplanai, aplanai, preparai e caminho, tirai os tropeços
do caminho do meu povo. 15 Porque assim diz o Alto e o Excelso, que
habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar
habito, e também com o contrito e humilde de espírito, para
vivificar o espírito dos humildes, e para vivificar o coração dos
contritos. 16 Pois eu não contenderei para sempre, nem continuamente
ficarei irado; porque de mim
procede o espírito, bem como o fôlego da vida que eu criei.
17 Por causa da iniquidade da sua avareza me indignei e o feri;
escondi-me, e indignei-me; mas, rebelando-se, ele seguiu o caminho do
seu coração. 18 Tenho visto os seus caminhos, mas eu o sararei;
também o guiarei, e tornarei a dar-lhe consolação, a ele e aos que
o pranteiam. 19 Eu crio o fruto dos lábios; paz, paz, para o que
está longe, e para o que está perto, diz
o Senhor; e eu o sararei. 20 Mas os
ímpios são como o mar agitado; pois não pode estar quieto, e as
suas águas lançam de si lama e lodo. 21 Não
há paz para os ímpios, diz o meu
Deus.
Isaías 58
O
JEJUM QUE DESAGRADA A DEUS
1
Clama em alta voz, não te detenhas, levanta a tua voz como a
trombeta e anuncia ao meu povo a sua transgressão, e à casa de Jacó
os seus pecados. 2 Todavia me procuram cada dia, tomam prazer em
saber os meus caminhos; como se fossem um povo que praticasse a
justiça e não tivesse abandonado a ordenança do seu Deus, pedem-me
juízos retos, têm prazer em se chegar a Deus! 3 Por que temos
nós jejuado, dizem eles, e tu não atentas para isso? Por
que temos afligido as nossas almas, e tu não o sabes? Eis que no
dia em que jejuais, prosseguis nas vossas empresas, e exigis que se
façam todos os vossos trabalhos. 4 Eis que para contendas e rixas
jejuais, e para ferirdes com punho iníquo! Jejuando vós assim como
hoje, a vossa voz não se fará ouvir no alto. 5 Seria esse o jejum
que eu escolhi? O dia em que o homem aflija a sua alma? Consiste
porventura, em inclinar o homem a cabeça como junco e em estender
debaixo de si saco e cinza? Chamarias tu a isso jejum e dia aceitável
ao Senhor? 6 Acaso não é este o jejum que escolhi? Que soltes as
ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo? E que
deixes ir livres os oprimidos, e despedaces todo jugo? 7 Porventura
não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em
casa os pobres desamparados? Que vendo o nu, o cubras, e não te
escondas da tua carne? 8 Então romperá a tua luz como a alva, e a
tua cura apressadamente brotará. E a tua justiça irá adiante de
ti; e a glória do Senhor será a tua retaguarda. 9 Então clamarás,
e o Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se
tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar
iniquamente; 10 e se abrires a tua alma ao faminto, e fartares o
aflito; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será
como o meio dia. 11 O Senhor te guiará continuamente, e te fartará
até em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; serás como um
jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca falham. 12 E
os que de ti procederem edificarão as ruínas antigas; e tu
levantarás os fundamentos de muitas gerações; e serás chamado
reparador da brecha, e restaurador de veredas para morar. 13 Se
desviares do sábado o teu pé, e deixares de prosseguir nas tuas
empresas no meu santo dia; se ao sábado chamares deleitoso, ao santo
dia do Senhor, digno de honra; se o honrares, não seguindo os teus
caminhos, nem te ocupando nas tuas empresas, nem falando palavras
vãs; 14 então te deleitarás no Senhor, e eu te farei cavalgar
sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai
Jacó; porque a boca do Senhor o disse.
Isaías 59
O
REDENTOR VIRÁ A SIÃO
1
Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa
salvar; nem surdo o seu ouvido, para que não possa ouvir; 2 mas as
vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os
vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos
ouça. 3 Porque as vossas mãos
estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos de iniquidade; os
vossos lábios falam a mentira, a vossa língua pronuncia
perversidade. 4 Ninguém há que invoque a justiça com retidão, nem
há quem pleiteie com verdade; confiam na vaidade, e falam mentiras;
concebem o mal, e dão à luz a iniquidade. 5 Chocam ovos de
basiliscos, e tecem teias de aranha; o que comer dos ovos deles,
morrerá; e do ovo que for pisado sairá uma víbora. 6 As suas teias
não prestam para vestidos; nem se poderão cobrir com o que fazem;
as suas obras são obras de iniquidade, e atos de violência há nas
suas mãos. 7 Os seus pés correm para o mal, e se apressam para
derramarem o sangue inocente; os seus pensamentos são pensamentos de
iniquidade; a desolação e a destruição acham-se nas suas
estradas. 8 O caminho da paz eles não o conhecem, nem há justiça
nos seus passos; fizeram para si veredas tortas; todo aquele que anda
por elas não tem conhecimento da paz. 9 Pelo que a justiça está
longe de nós, e a retidão não nos alcança; esperamos pela luz, e
eis que só há trevas; pelo resplendor, mas andamos em escuridão.
10 Apalpamos as paredes como cegos; sim, como os que não têm olhos
andamos apalpando; tropeçamos ao meio-dia como no crepúsculo, e
entre os vivos somos como mortos. 11 Todos nós bramamos como ursos,
e andamos gemendo como pombas; esperamos a justiça, e ela não
aparece; a salvação, e ela está longe de nós. 12 Porque as nossas
transgressões se multiplicaram perante ti, e os nossos pecados
testificam contra nós; pois as nossas transgressões estão conosco,
e conhecemos as nossas iniquidades. 13 transgredimos, e negamos o
Senhor, e nos desviamos de seguir após o nosso Deus; falamos a
opressão e a rebelião, concebemos e proferimos do coração
palavras de falsidade. 14 Pelo que o direito se tornou atrás, e a
justiça se pôs longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas,
e a equidade
não pode entrar. 15 Sim, a verdade desfalece; e quem se desvia do
mal arrisca-se a ser despojado; e o Senhor o viu, e desagradou-lhe o
não haver justiça. 16 E viu que
ninguém havia, e maravilhou-se de que não houvesse um intercessor;
pelo que o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua
própria justiça o susteve; 17 vestiu-se de justiça, como de uma
couraça, e pôs na cabeça o capacete da salvação; e por vestidura
pôs sobre si vestes de vingança, e cobriu-se de zelo, como de um
manto. 18 Conforme forem as
obras deles, assim será a sua retribuição, furor aos seus
adversários, e recompensa aos seus inimigos; às ilhas dará ele a
sua recompensa. 19 Então temerão o nome do Senhor desde o poente, e
a sua glória desde o nascente do sol; porque ele virá tal uma
corrente impetuosa, que o assopro do Senhor impele. 20
E virá um Redentor a Sião e aos
que em Jacó se desviarem da transgressão, diz
o Senhor. 21 Quanto a mim, este é o meu
pacto com eles, diz o Senhor: o
meu Espírito, que está sobre ti, e as minhas palavras, que pus na
tua boca, não se desviarão da tua boca, nem da boca dos teus
filhos, nem da boca dos filhos dos teus filhos, diz
o Senhor, desde agora e para todo o sempre.
Isaías 60
A
NOVA JERUSALÉM
1
Levanta-te, resplandece, porque é chegada a tua luz, e é nascida
sobre ti a glória do Senhor. 2 Pois eis que as trevas cobrirão a
terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo,
e a sua glória se verá sobre ti. 3 E nações caminharão
para a tua luz, e reis para o resplendor da tua aurora. 4 Levanta em
redor os teus olhos, e vê; todos estes se ajuntam, e vêm ter
contigo; teus filhos vêm de longe, e tuas filhas se criarão a teu
lado. 5 Então o verás, e estarás radiante, e o teu coração
estremecerá e se alegrará; porque a abundância do mar se tornará
a ti, e as riquezas das nações a ti virão. 6 A multidão de
camelos te cobrirá, os dromedários de Midiã e Efá; todos os de
Sabá, virão; trarão ouro e incenso, e publicarão os louvores do
Senhor. 7 Todos os rebanhos de Quedar se congregarão em ti, os
carneiros de Nebaoite te servirão; com aceitação subirão ao meu
altar, e eu glorificarei a casa da minha glória. 8 Quem são estes
que vêm voando como nuvens e como pombas para as suas janelas? 9
Certamente as ilhas me aguardarão, e vêm primeiro os navios de
Társis, para trazerem teus filhos de longe, e com eles a sua prata e
o seu ouro, para o nome do Senhor teu Deus, e para o Santo de Israel,
porquanto ele te glorificou. 10 E estrangeiros edificarão os teus
muros, e os seus reis te servirão; porque na minha ira te feri, mas
na minha benignidade tive misericórdia de ti. 11 As tuas portas
estarão abertas de contínuo; nem de dia nem de noite se fecharão;
para que te sejam trazidas as riquezas das nações, e conduzidos com
elas os seus reis. 12 Porque a nação e o reino que não te servirem
perecerão; sim, essas nações serão de todo assoladas. 13 A glória
do Líbano virá a ti; a faia, o olmeiro, e o buxo conjuntamente,
para ornarem o lugar do meu santuário; e farei glorioso o lugar em
que assentam os meus pés. 14 Também virão a ti, inclinando-se, os
filhos dos que te oprimiram; e prostrar-se-ão junto às plantas dos
teus pés todos os que te desprezaram; e chamar-te-ão a cidade do
Senhor, a Sião do Santo de Israel. 15 Em vez de seres abandonada e
odiada como eras, de sorte que ninguém por ti passava, far-te-ei uma
excelência perpétua, uma alegria de geração em geração. 16 E
mamarás o leite das nações, e te alimentarás ao peito dos reis;
assim saberás que eu sou o Senhor, o teu Salvador, e o teu
Redentor, o Poderoso de Jacó. 17 Por bronze trarei ouro, por
ferro trarei prata, por madeira bronze, e por pedras ferro; farei
pacíficos os teus oficiais e justos os teus exatores. 18 Não se
ouvirá mais de violência na tua terra, de desolação ou destruição
nos teus termos; mas aos teus muros chamarás Salvação, e às tuas
portas Louvor. 19 Não te servirá mais o sol para luz do dia, nem
com o seu resplendor a lua te alumiará; mas o Senhor será a tua luz
perpétua, e o teu Deus a tua glória. 20 Nunca mais se porá o teu
sol, nem a tua lua minguará; porque o Senhor será a tua luz
perpétua, e acabados serão os dias do teu luto. 21 E todos os do
teu povo serão justos; para sempre herdarão a terra; serão renovos
por mim plantados, obra das minhas mãos, para que eu seja
glorificado. 22 O mais pequeno virá a ser mil, e o mínimo uma nação
forte; eu, o Senhor, apressarei isso a seu tempo.
Isaías 61
FAREI
COM ELES UM PACTO ETERNO
1
O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu
para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos
de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de
prisão aos presos; 2 a apregoar o ano aceitável do Senhor e o dia
da vingança do nosso Deus(1);
a consolar todos os tristes; 3 a ordenar acerca dos que choram em
Sião que se lhes dê uma grinalda em vez de cinzas, óleo de gozo em
vez de pranto, vestidos de louvor em vez de espírito angustiado; a
fim de que se chamem árvores de justiça, plantação do Senhor,
para que ele seja glorificado. 4 E eles edificarão as antigas
ruínas, levantarão as desolações de outrora, e restaurarão as
cidades assoladas, as desolações de muitas gerações. 5 E haverá
estrangeiros, que apascentarão os vossos rebanhos; e estranhos serão
os vossos lavradores e os vossos vinheiros. 6 Mas
vós sereis chamados sacerdotes do Senhor,
e vos chamarão ministros de nosso Deus; comereis as riquezas das
nações, e na sua glória vos gloriareis. 7 Em lugar da vossa
vergonha, haveis de ter dupla honra; e em lugar de opróbrio
exultareis na vossa porção; por isso na sua terra possuirão o
dobro, e terão perpétua alegria. 8 Pois eu, o Senhor, amo o juízo,
aborreço o roubo e toda injustiça; fielmente lhes darei sua
recompensa, e farei com eles um pacto
eterno. 9 E a sua posteridade será
conhecida entre as nações, e os seus descendentes no meio dos
povos; todos quantos os virem os reconhecerão como descendência
bendita do Senhor. 10 Regozijar-me-ei
muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus, porque me
vestiu de vestes de salvação, cobriu-me com o manto de justiça,
como noivo que se adorna com uma grinalda, e como noiva que se
enfeita com as suas joias. 11
Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o horto faz
brotar o que nele se semeia, assim o Senhor Deus fará brotar a
justiça e o louvor perante todas as nações.
(1)
Jesus cita este texto em Lucas 4:17-21
Isaías 62
A
NOIVA DO SENHOR
1
Por amor de Sião não me calarei, e por amor de Jerusalém não
descansarei, até que saia a sua justiça como um resplendor, e a sua
salvação como uma tocha acesa. 2 E as nações verão a tua
justiça, e todos os reis a tua glória; e chamar-te-ão por um
nome novo, que a boca do Senhor designará. 3 Também serás
uma coroa de adorno na mão do Senhor, e um diadema real na mão do
teu Deus. 4 Nunca mais te chamarão: Desamparada, nem a tua terra se
denominará Desolada; mas chamar-te-ão Hefzibá(1),
e à tua terra Beulá(2); porque o Senhor se
agrada de ti; e a tua terra se casará. 5 Pois como o mancebo se casa
com a donzela, assim teus filhos se casarão contigo; e, como o noivo
se alegra da noiva, assim se alegrará de ti o teu Deus 6 e
Jerusalém, sobre os teus muros pus atalaias, que não se calarão
nem de dia, nem de noite; ó vós, os que fazeis lembrar ao Senhor,
não descanseis, 7 e não lhe deis a ele descanso até que estabeleça
Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra. 8 Jurou o Senhor
pela sua mão direita, e pelo braço da sua força: Nunca mais darei
de comer o teu trigo aos teus inimigos, nem os estrangeiros beberão
o teu mosto, em que trabalhaste. 9 Mas os que o ajuntarem o comerão,
e louvarão ao Senhor; e os que o colherem o beberão nos átrios do
meu santuário. 10 Passai, passai pelas portas; preparai o caminho ao
povo; aplanai, aplanai a estrada, limpai-a das pedras; arvorai a
bandeira aos povos. 11 Eis que o Senhor proclamou até as
extremidades da terra: Dizei à filha de Sião: Eis que vem o teu
Salvador; eis que com ele vem o seu galardão, e a sua recompensa
diante dele. 12 E chamar-lhes-ão: Povo santo, remidos do Senhor;
e tu serás chamada Procurada, cidade não desamparada.
(1) Hefzibá:
Meu deleite.
(2) Beulá:
Casada.
Isaías 63
O
SALVADOR PISA NO LAGAR
1
Quem é este, que vem de Edom, de Bozra, com vestiduras tintas de
escarlate? Este
que é glorioso no seu traje, que marcha na plenitude da sua força?
Sou eu, que falo em justiça, poderoso para salvar. 2
Por que está vermelha a tua vestidura, e as tuas vestes como as
daquele que pisa no lagar? 3 Eu sozinho
pisei no lagar, e dos povos ninguém houve comigo; eu os pisei na
minha ira, e os esmaguei no meu furor, e o seu sangue salpicou as
minhas vestes, e manchei toda a minha vestidura. 4 Porque o dia da
vingança estava no meu coração, e o ano dos meus remidos é
chegado. 5 Olhei, mas não havia quem me ajudasse; e admirei-me de
não haver quem me sustivesse; pelo que o meu próprio braço me
trouxe a vitória; e o meu furor é que me susteve. 6 Pisei os povos
na minha ira, e os embriaguei no meu furor; e derramei sobre a terra
o seu sangue.
ISAÍAS
LOUVA AO SENHOR
7
Celebrarei as benignidades do Senhor, e os louvores do Senhor,
consoante tudo o que o Senhor nos tem concedido, e a grande bondade
para com a casa de Israel, bondade que ele lhes tem concedido segundo
as suas misericórdias, e segundo a multidão das suas benignidades.
8 Porque dizia: Certamente eles são meu povo, filhos que não
procederão com falsidade; assim
ele se fez o seu Salvador. 9 Em
toda a angústia deles foi ele angustiado, e o anjo da sua presença
os salvou; no seu amor, e na sua compaixão ele os remiu; e os tomou,
e os carregou todos os dias da antiguidade. 10 Eles, porém, se
rebelaram, e contristaram o seu santo Espírito; pelo que se lhes
tornou em inimigo, e ele mesmo pelejou contra eles. 11 Todavia se
lembrou dos dias da antiguidade, de Moisés, e do seu povo, dizendo:
Onde está aquele que os fez subir do
mar com os pastores do seu rebanho? Onde está o que pôs no meio
deles o seu santo Espírito? 12 Aquele que fez o seu braço glorioso
andar à mão direita de Moisés? Que
fendeu as águas diante deles, para fazer para si um nome eterno? 13
Aquele que os guiou pelos abismos, como a um cavalo no deserto, de
modo que nunca tropeçaram? 14 Como
ao gado que desce ao vale, o Espírito do Senhor lhes deu descanso;
assim guiaste o teu povo, para te fazeres um nome glorioso. 15 Atenta
lá dos céus e vê, lá da tua santa e gloriosa habitação; onde
estão o teu zelo e as tuas obras poderosas? A ternura do teu coração
e as tuas misericórdias para comigo estancaram. 16 Mas tu és nosso
Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece;
tu, ó Senhor, és nosso Pai; nosso Redentor desde a antiguidade é o
teu nome. 17 Por que, ó Senhor, nos fazes errar dos teus caminhos?
Por que endureces o nosso coração, para te não temermos? Faze
voltar, por amor dos teus servos, as tribos da tua herança. 18 Só
por um pouco de tempo o teu santo povo a possuiu; os nossos
adversários pisaram o teu santuário. 19 Somos feitos como aqueles
sobre quem tu nunca dominaste, e como os que nunca se chamaram pelo
teu nome.
Isaías 64
ISAÍAS
PROSSEGUE
1
Oh! Se fendesses os céus, e descesses, e os montes tremessem à tua
presença, 2 como quando o fogo pega em acendalhas, e o fogo faz
ferver a água, para fazeres notório o teu nome aos teus
adversários, de sorte que à tua presença tremam as nações! 3
Quando fazias coisas terríveis, que não esperávamos, descias, e os
montes tremiam à tua presença. 4 Porque desde a antiguidade não se
ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus
além de ti, que opera a favor daquele que por ele espera. 5 Tu sais
ao encontro daquele que, com alegria, pratica a justiça, daqueles
que se lembram de ti nos teus caminhos. Eis que te iraste, porque
pecamos; há muito tempo temos estado em pecados; acaso seremos
salvos? 6 Pois todos nós somos como o imundo, e todas as nossas
justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a
folha, e as nossas iniquidades, como o vento, nos arrebatam. 7 E não
há quem invoque o teu nome, que desperte, e te detenha; pois
escondeste de nós o teu rosto e nos consumiste, por causa das nossas
iniquidades. 8 Mas agora, ó Senhor, tu és nosso Pai; nós somos o
barro, e tu o nosso oleiro; e todos nós obra das tuas mãos. 9 Não
te agastes tanto, ó Senhor, nem perpetuamente te lembres da
iniquidade; olha, pois, nós te pedimos, todos nós somos o teu povo.
10 As tuas santas cidades se tornaram em deserto, Sião está feita
um ermo, Jerusalém uma desolação. 11 A nossa santa e gloriosa
casa, em que te louvavam nossos pais, foi queimada a fogo; e todos os
nossos lugares aprazíveis se tornaram em ruínas. 12 Acaso
conter-te-ás tu ainda sobre estas calamidades, ó Senhor Ficarás
calado, e nos afligirás tanto?
Isaías 65
NOVOS
CÉUS E NOVA TERRA
1
Tornei-me acessível aos que não perguntavam por mim; fui achado
daqueles que não me buscavam. A uma nação que não se chamava do
meu nome eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui.
2 Estendi as minhas mãos o dia todo a um povo rebelde, que anda por
um caminho que não é bom, após os seus próprios pensamentos; 3
povo que de contínuo me provoca diante da minha face, sacrificando
em jardins e queimando incenso sobre tijolos; 4 que se assenta entre
as sepulturas, e passa as noites junto aos lugares secretos; que come
carne de porco, achando-se caldo de coisas abomináveis nas suas
vasilhas; 5 e que dizem: Retira-te, e
não te chegues a mim, porque sou mais santo do que tu.
Estes são fumaça no meu nariz, um fogo que arde o dia todo. 6 Eis
que está escrito diante de mim: Não me calarei, mas eu pagarei,
sim, deitar-lhes-ei a recompensa no seu seio; 7 as suas iniquidades,
e juntamente as iniquidades de seus pais, diz
o Senhor, os quais queimaram incenso nos
montes, e me afrontaram nos outeiros; pelo que lhes tornarei a medir
as suas obras antigas no seu seio. 8
Assim diz o Senhor: Como quando se acha
mosto num cacho de uvas, e se diz: Não o desperdices, pois há
bênção nele; assim farei por amor de meus servos, para que eu não
os destrua a todos. 9 E produzirei descendência a Jacó, e a Judá
um herdeiro dos meus montes; e os meus escolhidos herdarão a terra e
os meus servos nela habitarão. 10 E Sarom servirá de pasto de
rebanhos, e o vale de Acor de repouso de gado, para o meu povo, que
me buscou. 11 Mas a vós, os que vos apartais do Senhor, os que vos
esqueceis do meu santo monte, os que preparais uma mesa para a
fortuna, e que misturais vinho para o Destino 12 também vos
destinarei à espada, e todos vos encurvareis à matança; porque
quando chamei, não respondestes; quando falei, não ouvistes, mas
fizestes o que era mau aos meus olhos, e escolhestes aquilo em que eu
não tinha prazer. 13 Pelo que assim diz
o Senhor Deus: Eis que os meus servos
comerão, mas vós padecereis fome; eis que os meus servos beberão,
mas vós tereis sede; eis que os meus servos se alegrarão, mas vós
vos envergonhareis; 14 eis que os meus servos cantarão pela alegria
de coração, mas vós chorareis pela tristeza de coração, e
uivareis pela angústia de espírito. 15
E deixareis o vosso nome aos meus escolhidos por
maldição; e vos matará o Senhor Deus, mas a seus servos chamará
por outro nome. 16 De sorte que
aquele que se bendisser na terra será bendito no Deus da verdade; e
aquele que jurar na terra, jurará pelo Deus da verdade; porque já
estão esquecidas as angústias passadas, e estão escondidas dos
meus olhos. 17 Pois eis que eu crio
novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas
passadas, nem mais se recordarão.
18 Mas alegrai-vos e regozijai-vos perpetuamente no que eu crio;
porque crio para Jerusalém motivo de exultação e para o seu povo
motivo de gozo. 19 E exultarei em Jerusalém, e folgarei no meu povo;
e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor. 20 Não
haverá mais nela criança de poucos dias, nem velho que não tenha
cumprido os seus dias; porque o menino morrerá de cem anos; mas o
pecador de cem anos será amaldiçoado. 21 E eles edificarão casas,
e as habitarão; e plantarão vinhas, e comerão o fruto delas. 22
Não edificarão para que outros habitem; não plantarão para que
outros comam; porque os dias do meu povo serão como os dias da
árvore, e os meus escolhidos gozarão por longo tempo das obras das
suas mãos: 23 Não trabalharão debalde, nem terão filhos para
calamidade; porque serão a descendência dos benditos do Senhor, e
os seus descendentes estarão com eles. 24 E acontecerá que, antes
de clamarem eles, eu responderei; e estando eles ainda falando, eu os
ouvirei. 25 O lobo e o cordeiro juntos se apascentarão, o leão
comerá palha como o boi; e pó será a comida da serpente. Não
farão mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz
o Senhor.
Isaías 66
DEUS
OLHARÁ PARA OS HUMILDES
1
Assim diz o Senhor: O céu é o meu
trono, e a terra o escabelo dos meus pés. Que casa me edificaríeis
vós? E que
lugar seria o do meu descanso? 2 A minha mão fez todas essas coisas,
e assim todas elas vieram a existir, diz
o Senhor; mas eis para quem olharei:
para o humilde e contrito de espírito, que treme da minha palavra.
3 Quem mata um boi é como o que tira a vida a um homem; quem
sacrifica um cordeiro, como o que quebra o pescoço a um cão; quem
oferece uma oblação, como o que oferece sangue de porco; quem
queima incenso, como o que bendiz a um ídolo. Porquanto eles
escolheram os seus próprios caminhos, e tomam prazer nas suas
abominações, 4 também eu escolherei as suas aflições, farei vir
sobre eles aquilo que temiam; porque quando clamei, ninguém
respondeu; quando falei, eles não escutaram, mas fizeram o que era
mau aos meus olhos, e escolheram aquilo em que eu não tinha prazer.
5 Ouvi a palavra do Senhor, os que tremeis da sua palavra: Vossos
irmãos, que vos odeiam e que para longe vos lançam por causa do meu
nome, disseram: Seja glorificado o
Senhor, para que vejamos a vossa alegria;
mas eles serão confundidos. 6 Uma
voz de grande tumulto vem da cidade, uma voz do templo, ei-la, a voz
do Senhor, que dá a recompensa aos seus inimigos. 7 Antes que
estivesse de parto, deu à luz; antes que lhe viessem as dores, deu à
luz um filho. 8 Quem jamais ouviu tal coisa? Quem
viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só
dia? Nasceria
uma nação de uma só vez? Mas logo que Sião esteve de parto, deu à
luz seus filhos. 9 Acaso farei eu abrir a madre, e não farei nascer?
Diz o Senhor.
Acaso eu que faço nascer, fecharei a madre?
Diz o teu Deus.
10 Regozijai-vos com Jerusalém, e alegrai-vos
por ela, vós todos os que a amais; enchei-vos por ela de alegria,
todos os que por ela pranteastes; 11 para que mameis e vos farteis
dos peitos das suas consolações; para que sugueis, e vos deleiteis
com a abundância da sua glória. 12
Pois assim diz o Senhor: Eis que
estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória das nações como
um ribeiro que trasborda; então mamareis, ao colo vos trarão, e
sobre os joelhos vos afagarão. 13 Como alguém a quem consola sua
mãe, assim eu vos consolarei; e em Jerusalém vós sereis
consolados. 14 Isso vereis e alegrar-se-á o vosso coração, e os
vossos ossos reverdecerão como a erva tenra; então a mão do Senhor
será notória aos seus servos, e ele se indignará contra os seus
inimigos. 15 Pois, eis que o Senhor virá com fogo, e os seus carros
serão como o torvelinho, para retribuir a sua ira com furor, e a sua
repreensão com chamas de fogo. 16 Porque com fogo e com a sua espada
entrará o Senhor em juízo com toda a carne; e os que forem mortos
pelo Senhor serão muitos. 17 Os que se santificam, e se purificam
para entrar nos jardins após uma deusa que está no meio, os que
comem da carne de porco, e da abominação, e do rato, esses todos
serão consumidos, diz o Senhor.
18 Pois eu conheço as suas obras e os seus
pensamentos; vem o dia em que
ajuntarei todas as nações e línguas; e elas virão, e verão a
minha glória. 19 Porei entre
elas um sinal, e os que dali escaparem, eu os enviarei às nações,
a Társis, Pul, e Lude, povos que atiram com o arco, a Tubal e Javã,
até as ilhas de mais longe, que não ouviram a minha fama, nem viram
a minha glória; e eles anunciarão entre as nações a minha glória.
20 E trarão todos os vossos irmãos, dentre todas as nações, como
oblação ao Senhor; sobre cavalos, e em carros, e em liteiras, e
sobre mulas, e sobre dromedários, os trarão ao meu santo monte, a
Jerusalém, diz o Senhor, como
os filhos de Israel trazem as suas ofertas em vasos limpos à casa do
Senhor. 21 E também deles tomarei
alguns para sacerdotes e para levitas, diz
o Senhor. 22 Pois, como os novos céus e
a nova terra, que hei de fazer, durarão diante de mim, diz
o Senhor, assim durará a vossa
posteridade e o vosso nome. 23 E acontecerá que desde uma lua nova
até a outra, e desde um sábado até o outro, virá toda a carne a
adorar perante mim, diz o Senhor.
24 E sairão, e verão os cadáveres dos
homens que transgrediram contra mim; porque o seu verme nunca
morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para
toda a carne.
Bíblia
Sem Fronteiras PT-BR