Gênesis
Gênesis 1
O
PRINCÍPIO
1
No princípio criou Deus os céus e a terra. 2 A terra era sem forma
e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de
Deus pairava sobre a face das águas. 3 Disse Deus:
Haja luz. E houve luz. 4 Viu Deus que a luz era boa; e fez
separação entre a luz e as trevas. 5 E Deus chamou à luz dia, e às
trevas noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro. 6 E disse
Deus: Haja um firmamento no meio das águas, e
haja separação entre águas e águas.
7 Fez, pois, Deus o firmamento, e separou as águas que
estavam debaixo do firmamento das que estavam por cima do firmamento.
E assim foi. 8 Chamou Deus ao firmamento céu. E foi a tarde e a
manhã, o dia segundo. 9 E disse Deus:
Ajuntem-se num só lugar as águas que estão debaixo do céu, e
apareça o elemento seco. E assim foi. 10 Chamou Deus ao
elemento seco terra, e ao ajuntamento das águas mares. E viu Deus
que isso era bom. 11 E disse Deus: Produza
a terra relva, ervas que deem semente, e árvores frutíferas que,
segundo as suas espécies, deem fruto que tenha em si a sua semente,
sobre a terra. E assim foi. 12 A terra, pois, produziu relva,
ervas que davam semente segundo as suas espécies, e árvores que
davam fruto que tinha em si a sua semente, segundo as suas espécies.
E viu Deus que isso era bom. 13 E foi a tarde e a manhã, o dia
terceiro. 14 E disse Deus: Haja luminares no firmamento do céu, para
fazerem separação entre o dia e a noite; sejam eles para sinais e
para estações, e para dias e anos; 15 e sirvam de luminares no
firmamento do céu, para alumiar a terra. E assim foi. 16 Deus, pois,
fez os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e
o luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas. 17 E
Deus os pôs no firmamento do céu para alumiar a terra, 18 para
governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as
trevas. E viu Deus que isso era bom. 19 E foi a tarde e a manhã, o
dia quarto. 20 E disse Deus: Produzam as águas
cardumes de seres viventes; e voem as aves acima da terra no
firmamento do céu. 21 Criou,
pois, Deus os monstros marinhos, e todos os seres viventes que se
arrastavam, os quais as águas produziram abundantemente segundo as
suas espécies; e toda ave que voa, segundo a sua espécie. E viu
Deus que isso era bom. 22 Então Deus os abençoou, dizendo:
Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas dos mares; e
multipliquem-se as aves sobre a terra. 23 E foi a tarde e a manhã, o
dia quinto. 24 E disse Deus: Produza a terra
seres viventes segundo as suas espécies: animais domésticos,
répteis, e animais selvagens segundo as suas espécies. E
assim foi. 25 Deus, pois, fez os animais selvagens segundo as suas
espécies, e os animais domésticos segundo as suas espécies, e
todos os répteis da terra segundo as suas espécies. E viu Deus que
isso era bom. 26 E disse Deus: Façamos o homem
à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os
peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e
sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a
terra. 27 Criou, pois, Deus o
homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os
criou. 28 Então Deus os abençoou e lhes disse: Frutificai
e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os
peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se
arrastam sobre a terra. 29
Disse-lhes mais: Eis que vos tenho dado todas
as ervas que produzem semente, as quais se acham sobre a face de toda
a terra, bem como todas as árvores em que há fruto que dê semente;
ser-vos-ão para mantimento. 30 E a todos os animais da terra, a
todas as aves do céu e a todo ser vivente que se arrasta sobre a
terra, tenho dado todas as ervas verdes como mantimento. E
assim foi. 31 E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom.
E foi a tarde e a manhã, o dia sexto.
Gênesis 2
A
CRIAÇÃO DO HOMEM E O JARDIM DO ÉDEN
1
Assim foram acabados os céus e a terra, com todo o seu exército. 2
Ora, havendo Deus completado no dia sétimo a obra que tinha feito,
descansou nesse dia de toda a obra que fizera. 3 Abençoou Deus o
sétimo dia, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra
que criara e fizera. 4 Eis as origens dos céus e da terra, quando
foram criados. No dia em que o Senhor Deus fez a terra e os céus 5
não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois nenhuma erva
do campo tinha ainda brotado; porque o Senhor Deus não tinha feito
chover sobre a terra, nem havia homem para lavrar a terra. 6 Um
vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra. 7 E
formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas
narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente. 8 Então
plantou o Senhor Deus um jardim, da banda do oriente, no Éden; e pôs
ali o homem que tinha formado. 9 E o Senhor Deus fez brotar da terra
toda qualidade de árvores agradáveis à vista e boas para comida,
bem como a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do
conhecimento do bem e do mal. 10 E saía um rio do Éden para regar o
jardim; e dali se dividia e se tornava em quatro braços. 11 O nome
do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a terra de Havilá,
onde há ouro; 12 e o ouro dessa terra é bom; ali há o bdélio, e a
pedra de berilo. 13 O nome do segundo rio é Giom; este é o que
rodeia toda a terra de Cuxe. 14 O nome do terceiro rio é Tigre; este
é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto rio é o
Eufrates. 15 Tomou, pois, o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim
do Éden para o lavrar e guardar. 16 Ordenou o Senhor Deus ao homem,
dizendo: De toda árvore do jardim podes comer
livremente; 17 mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa
não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente
morrerás. 18 Disse mais o Senhor Deus: Não
é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja
idônea. 19 Da terra formou, pois, o Senhor Deus todos os
animais o campo e todas as aves do céu, e os trouxe ao homem, para
ver como lhes chamaria; e tudo o que o homem chamou a todo ser
vivente, isso foi o seu nome. 20 Assim o homem deu nomes a todos os
animais domésticos, às aves do céu e a todos os animais do campo;
mas para o homem não se achava ajudadora idônea. 21 Então o Senhor
Deus fez cair um sono pesado sobre o homem, e este adormeceu;
tomou-lhe, então, uma das costelas, e fechou a carne em seu lugar;
22 e da costela que o senhor Deus lhe tomara, formou a mulher e a
trouxe ao homem. 23 Então disse o homem: Esta
é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; ela será
chamada varoa, porquanto do varão foi tomada. 24
Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua
mulher, e serão uma só carne. 25
E ambos estavam nus, o homem e sua mulher; e não se envergonhavam.
Gênesis 3
A
QUEDA DO HOMEM
1
Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo, que o
Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: É
assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? 2
Respondeu a mulher à serpente: Do fruto das
árvores do jardim podemos comer, 3 mas do fruto da árvore que está
no meio do jardim, disse Deus: Não
comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. 4
Disse a serpente à mulher: Certamente não
morrereis. 5 Porque Deus sabe que no dia
em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como
Deus, conhecendo o bem e o mal. 6 Então, vendo a mulher que
aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e
árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu,
e deu a seu marido, e ele também comeu. 7 Então foram abertos os
olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; pelo que coseram
folhas-de-figueira, e fizeram para si aventais. 8 E, ouvindo a voz do
Senhor Deus, que passeava no jardim à tardinha, esconderam-se o
homem e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do
jardim. 9 Mas chamou o Senhor Deus ao homem, e perguntou-lhe: Onde
estás? 10 Respondeu-lhe o homem: Ouvi a
tua voz no jardim e tive medo, porque estava nu; e escondi-me. 11
Deus perguntou-lhe mais: Quem te mostrou que
estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comesses?
12 Ao que respondeu o homem: A mulher
que me deste por companheira deu-me da árvore, e eu comi. 13
Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto
que fizeste? Respondeu a mulher: A
serpente enganou-me, e eu comi. 14 Então o Senhor Deus disse
à serpente: Porquanto fizeste isso, maldita
serás tu dentre todos os animais domésticos, e dentre todos os
animais do campo; sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos
os dias da tua vida. 15 Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre
a tua descendência e a sua descendência; esta te ferirá a cabeça,
e tu lhe ferirás o calcanhar. 16
E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a
dor da tua conceição; em dor darás à luz filhos; e o teu desejo
será para o teu marido, e ele te dominará. 17 E ao homem
disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua
mulher, e comeste da árvore de que te ordenei dizendo: Não comerás
dela; maldita é a terra por tua causa; em fadiga comerás dela todos
os dias da tua vida. 18 Ela te produzirá espinhos e abrolhos; e
comerás das ervas do campo. 19 Do suor do teu rosto comerás o teu
pão, até que tornes à terra, porque dela foste tomado; porquanto
és pó, e ao pó tornarás. 20 Chamou Adão à sua mulher
Eva, porque era a mãe de todos os viventes. 21 E o Senhor Deus fez
túnicas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu. 22 Então
disse o Senhor Deus: Eis que o homem se tem
tornado como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Ora, não suceda
que estenda a sua mão, e tome também da árvore da vida, e coma e
viva eternamente. 23 O Senhor Deus, pois, o lançou fora do
jardim do Éden para lavrar a terra, de que fora tomado. 24 E havendo
lançado fora o homem, pôs ao oriente do jardim do Éden os
querubins, e uma espada flamejante que se volvia por todos os lados,
para guardar o caminho da árvore da vida.
Gênesis 4
CAIM
MATA ABEL
1
Conheceu Adão a Eva, sua mulher; ela concebeu e, tendo dado à luz a
Caim, disse: Alcancei do Senhor um varão. 2
Tornou a dar à luz um filho, a seu irmão Abel. Abel foi pastor de
ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. 3 Ao cabo de dias trouxe Caim
do fruto da terra uma oferta ao Senhor. 4 Abel também trouxe dos
primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. Ora, atentou o
Senhor para Abel e para a sua oferta, 5 mas para Caim e para a sua
oferta não atentou. Pelo que irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe
o semblante. 6 Então o Senhor perguntou a Caim: Por
que te iraste? E por que está descaído o teu semblante? 7
Porventura se procederes bem, não se há de levantar o teu
semblante? E se não procederes bem, o pecado jaz à porta, e sobre
ti será o seu desejo; mas sobre ele tu deves dominar.
8 Falou Caim com o seu irmão Abel. E, estando eles no campo,
Caim se levantou contra o seu irmão Abel, e o matou. 9 Perguntou,
pois, o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu
irmão? Respondeu ele: Não sei; sou eu
o guarda do meu irmão? 10 E disse Deus: Que
fizeste? A voz do sangue de teu irmão está clamando a mim desde a
terra. 11 Agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca
para da tua mão receber o sangue de teu irmão. 12 Quando lavrares a
terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás
na terra. 13 Então disse Caim ao
Senhor: É maior a minha punição do que a que
eu possa suportar. 14 Eis que hoje me lanças da face da terra;
também da tua presença ficarei escondido; serei fugitivo e
vagabundo na terra; e qualquer que me encontrar matar-me-á. 15
O Senhor, porém, lhe disse: Portanto quem
matar a Caim, sete vezes sobre ele cairá a vingança. E pôs
o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse quem quer que o
encontrasse. 16 Então saiu Caim da presença do Senhor, e habitou na
terra de Node, ao oriente do Éden. 17 Conheceu Caim a sua mulher, a
qual concebeu, e deu à luz a Enoque. Caim edificou uma cidade, e lhe
deu o nome do filho, Enoque. 18 A Enoque nasceu Irade, e Irade gerou
a Meujael, e Meujael gerou a Metusael, e Metusael gerou a Lameque. 19
Lameque tomou para si duas mulheres: o nome duma era Ada, e o nome da
outra Zila. 20 E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que
habitam em tendas e possuem gado. 21 O nome do seu irmão era Jubal;
este foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta. 22 A Zila também
nasceu um filho, Tubalcaim, fabricante de todo instrumento cortante
de cobre e de ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Naamá. 23 Disse
Lameque a suas mulheres: Ada e Zila, ouvi a
minha voz; escutai, mulheres de Lameque, as minhas palavras; pois
matei um homem por me ferir, e um mancebo por me pisar. 24 Se Caim há
de ser vingado sete vezes, com certeza Lameque o será setenta e sete
vezes. 25 Tornou Adão a conhecer sua mulher, e ela deu à luz
um filho, a quem pôs o nome de Sete; porque, disse ela, Deus me deu
outro filho em lugar de Abel; porquanto Caim o matou. 26 A Sete
também nasceu um filho, a quem pôs o nome de Enos. Foi nesse tempo,
que os homens começaram a invocar o nome do Senhor.
Gênesis 5
OS
DESCENDENTES DE SETE
1
Este é o livro das gerações de Adão. No dia em que Deus criou o
homem, à semelhança de Deus o fez. 2 Homem e mulher os criou; e os
abençoou, e os chamou pelo nome de homem, no dia em que foram
criados. 3 Adão viveu cento e trinta anos, e gerou um filho à sua
semelhança, conforme a sua imagem, e pôs-lhe o nome de Sete. 4 E
foram os dias de Adão, depois que gerou a Sete, oitocentos anos; e
gerou filhos e filhas. 5 Todos os dias que Adão viveu foram
novecentos e trinta anos; e morreu. 6 Sete viveu cento e cinco anos,
e gerou a Enos. 7 Viveu Sete, depois que gerou a Enos, oitocentos e
sete anos; e gerou filhos e filhas. 8 Todos os dias de Sete foram
novecentos e doze anos; e morreu. 9 Enos viveu noventa anos, e gerou
a Cainã. 10 viveu Enos, depois que gerou a Cainã, oitocentos e
quinze anos; e gerou filhos e filhas. 11 Todos os dias de Enos foram
novecentos e cinco anos; e morreu. 12 Cainã viveu setenta anos, e
gerou a Maalalel. 13 Viveu Cainã, depois que gerou a Maalalel,
oitocentos e quarenta anos, e gerou filhos e filhas. 14 Todos os dias
de Cainã foram novecentos e dez anos; e morreu. 15 Maalalel viveu
sessenta e cinco anos, e gerou a Jarede. 16 Viveu Maalalel, depois
que gerou a Jarede, oitocentos e trinta anos; e gerou filhos e
filhas. 17 Todos os dias de Maalalel foram oitocentos e noventa e
cinco anos; e morreu. 18 Jarede viveu cento e sessenta e dois anos, e
gerou a Enoque. 19 Viveu Jarede, depois que gerou a Enoque,
oitocentos anos; e gerou filhos e filhas. 20 Todos os dias de Jarede
foram novecentos e sessenta e dois anos; e morreu. 21 Enoque viveu
sessenta e cinco anos, e gerou a Matusalém. 22 Andou Enoque com
Deus, depois que gerou a Matusalém, trezentos anos; e gerou filhos e
filhas. 23 Todos os dias de Enoque foram trezentos e sessenta e cinco
anos; 24 Enoque andou com Deus; e não apareceu
mais, porquanto Deus o tomou. 25 Matusalém viveu cento e
oitenta e sete anos, e gerou a Lameque. 26 Viveu Matusalém, depois
que gerou a Lameque, setecentos e oitenta e dois anos; e gerou filhos
e filhas. 27 Todos os dias de Matusalém foram novecentos e sessenta
e nove anos; e morreu. 28 Lameque viveu cento e oitenta e dois anos,
e gerou um filho, 29 a quem chamou Noé, dizendo: Este
nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos,
os quais provêm da terra que o Senhor amaldiçoou. 30 Viveu
Lameque, depois que gerou a Noé, quinhentos e noventa e cinco anos;
e gerou filhos e filhas. 31 Todos os dias de Lameque foram setecentos
e setenta e sete anos; e morreu. 32 E era Noé da idade de quinhentos
anos; e gerou Noé a Sem, Cão e Jafé.
Gênesis 6
DEUS
PROMETE UM PACTO COM NOÉ
1
Sucedeu que, quando os homens começaram a multiplicar-se sobre a
terra, e lhes nasceram filhas, 2 viram os filhos de Deus que as
filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas
as que escolheram. 3 Então disse o Senhor: O
meu Espírito não permanecerá para sempre no homem, porquanto ele é
carne, mas os seus dias serão cento e vinte anos.
4 Naqueles dias estavam os nefilins na terra, e também
depois, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, as
quais lhes deram filhos. Esses nefilins eram os valentes, os homens
de renome, que houve na antiguidade. 5 Viu o Senhor que era grande a
maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos
de seu coração era má continuamente. 6 Então arrependeu-se o
Senhor de haver feito o homem na terra, e isso lhe pesou no coração.
7 E disse o Senhor: Destruirei da face da terra
o homem que criei, tanto o homem como o animal, os répteis e as aves
do céu; porque me arrependo de os haver feito. 8 Noé, porém,
achou graça aos olhos do Senhor. 9 Estas são as gerações de Noé.
Era homem justo e perfeito em suas gerações, e andava com Deus. 10
Gerou Noé três filhos: Sem, Cão e Jafé. 11 A terra, porém,
estava corrompida diante de Deus, e cheia de violência. 12 Viu Deus
a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia
corrompido o seu caminho sobre a terra. 13 Então disse Deus a Noé:
O fim de toda carne é chegado perante mim;
porque a terra está cheia da violência dos homens; eis que os
destruirei juntamente com a terra. 14 Faze para ti uma arca de
madeira de gofer, farás compartimentos na arca, e a revestirás de
betume por dentro e por fora. 15 Desta maneira a farás: o
comprimento da arca será de trezentos côvados, a sua largura de
cinquenta e a sua altura de trinta. 16 Farás na arca uma janela e
lhe darás um côvado de altura; e a porta da arca porás no seu
lado; fá-la-ás com andares, baixo, segundo e terceiro. 17 Porque
eis que eu trago o dilúvio sobre a terra, para destruir, de debaixo
do céu, toda a carne em que há espírito de vida; tudo o que há na
terra expirará. 18 Mas contigo
estabelecerei o meu pacto; entrarás na arca, tu e contigo teus
filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos.
19 De tudo o que vive, de toda a carne, dois de cada espécie, farás
entrar na arca, para os conservares vivos contigo; macho e fêmea
serão. 20 Das aves segundo as suas espécies, do gado segundo as
suas espécies, de todo réptil da terra segundo as suas espécies,
dois de cada espécie virão a ti, para os conservares em vida. 21
Leva contigo de tudo o que se come, e ajunta-o para ti; e te será
para alimento, a ti e a eles. 22 Assim fez Noé; segundo tudo
o que Deus lhe mandou, assim o fez.
Gênesis 7
O
DILÚVIO
1
Depois disse o Senhor a Noé: Entra na arca, tu
e toda a tua casa, porque tenho visto que és justo diante de mim
nesta geração. 2 De todos os animais limpos levarás contigo sete e
sete, o macho e sua fêmea; mas dos animais que não são limpos,
dois, o macho e sua fêmea; 3 também das aves do céu sete e sete,
macho e fêmea, para se conservar em vida sua espécie sobre a face
de toda a terra. 4 Porque, passados ainda sete dias, farei chover
sobre a terra quarenta dias e quarenta noites, e exterminarei da face
da terra todas as criaturas que fiz. 5 E Noé fez segundo tudo
o que o Senhor lhe ordenara. 6 Tinha Noé seiscentos anos de idade,
quando o dilúvio veio sobre a terra. 7 Noé entrou na arca com seus
filhos, sua mulher e as mulheres de seus filhos, por causa das águas
do dilúvio. 8 Dos animais limpos e dos que não são limpos, das
aves, e de todo réptil sobre a terra, 9 entraram dois a dois para
junto de Noé na arca, macho e fêmea, como Deus ordenara a Noé. 10
Passados os sete dias, vieram sobre a terra as águas do dilúvio. 11
No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete
dias do mês, romperam-se todas as fontes do grande abismo, e as
janelas do céu se abriram, 12 e caiu chuva sobre a terra quarenta
dias e quarenta noites. 13 Nesse mesmo dia entrou Noé na arca, e
juntamente com ele seus filhos Sem, Cão e Jafé, como também sua
mulher e as três mulheres de seus filhos, 14 e com eles todo animal
segundo a sua espécie, todo o gado segundo a sua espécie, todo
réptil que se arrasta sobre a terra segundo a sua espécie e toda
ave segundo a sua espécie, pássaros de toda qualidade. 15 Entraram
para junto de Noé na arca, dois a dois de toda a carne em que havia
espírito de vida. 16 E os que entraram eram macho e fêmea de toda a
carne, como Deus lhe tinha ordenado; e o Senhor o fechou dentro. 17
Veio o dilúvio sobre a terra durante quarenta dias; e as águas
cresceram e levantaram a arca, e ela se elevou por cima da terra. 18
Prevaleceram as águas e cresceram grandemente sobre a terra; e a
arca vagava sobre as águas. 19 As águas prevaleceram excessivamente
sobre a terra; e todos os altos montes que havia debaixo do céu
foram cobertos. 20 Quinze côvados acima deles prevaleceram as águas;
e assim foram cobertos. 21 Pereceu toda a carne que se movia sobre a
terra, tanto ave como gado, animais selvagens, todo réptil que se
arrasta sobre a terra, e todo homem. 22 Tudo o que tinha fôlego do
espírito de vida em suas narinas, tudo o que havia na terra seca,
morreu. 23 Assim foram exterminadas todas as criaturas que havia
sobre a face da terra, tanto o homem como o gado, o réptil, e as
aves do céu; todos foram exterminados da terra; ficou somente Noé,
e os que com ele estavam na arca. 24 E prevaleceram as águas sobre a
terra cento e cinquenta dias.
Gênesis 8
O
FIM DO DILÚVIO
1
Deus lembrou-se de Noé, de todos os animais e de todo o gado, que
estavam com ele na arca; e Deus fez passar um vento sobre a terra, e
as águas começaram a diminuir. 2 Cerraram-se as fontes do abismo e
as janelas do céu, e a chuva do céu se deteve; 3 as águas se foram
retirando de sobre a terra; no fim de cento e cinquenta dias
começaram a minguar. 4 No sétimo mês, no dia dezessete do mês,
repousou a arca sobre os montes de Arará. 5 E as águas foram
minguando até o décimo mês; no décimo mês, no primeiro dia do
mês, apareceram os cumes dos montes. 6 Ao cabo de quarenta dias,
abriu Noé a janela que havia feito na arca; 7 soltou um corvo que,
saindo, ia e voltava até que as águas se secaram de sobre a terra.
8 Depois soltou uma pomba, para ver se as águas tinham minguado de
sobre a face da terra; 9 mas a pomba não achou onde pousar a planta
do pé, e voltou a ele para a arca; porque as águas ainda estavam
sobre a face de toda a terra; e Noé, estendendo a mão, tomou-a e a
recolheu consigo na arca. 10 Esperou ainda outros sete dias, e tornou
a soltar a pomba fora da arca. 11 À tardinha a pomba voltou para
ele, e eis no seu bico uma folha verde de oliveira; assim soube Noé
que as águas tinham minguado de sobre a terra. 12 Então esperou
ainda outros sete dias, e soltou a pomba; e esta não tornou mais a
ele. 13 No ano seiscentos e um, no mês primeiro, no primeiro dia do
mês, secaram-se as águas de sobre a terra. Então Noé tirou a
cobertura da arca: e olhou, e eis que a face a terra estava enxuta.
14 No segundo mês, aos vinte e sete dias do mês, a terra estava
seca. 15 Então falou Deus a Noé, dizendo: 16 Sai
da arca, tu, e juntamente contigo tua mulher, teus filhos e as
mulheres de teus filhos. 17 Todos os animais que estão contigo, de
toda a carne, tanto aves como gado e todo réptil que se arrasta
sobre a terra, traze-os para fora contigo; para que se reproduzam
abundantemente na terra, frutifiquem e se multipliquem sobre a terra.
18 Então saiu Noé, e com ele seus filhos, sua mulher e as
mulheres de seus filhos; 19 todo animal, todo réptil e toda ave,
tudo o que se move sobre a terra, segundo as suas famílias, saiu da
arca. 20 Edificou Noé um altar ao Senhor; e tomou de todo animal
limpo e de toda ave limpa, e ofereceu holocaustos sobre o altar. 21
Sentiu o Senhor o suave cheiro e disse em seu coração: Não
tornarei mais a amaldiçoar a terra por causa do homem; porque a
imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice; nem
tornarei mais a ferir todo vivente, como acabo de fazer. 22 Enquanto
a terra durar, não deixará de haver sementeira e ceifa, frio e
calor, verão e inverno, dia e noite.
Gênesis 9
O
PACTO COM NOÉ
1
Abençoou Deus a Noé e a seus filhos, e disse-lhes:
Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra. 2 Terão medo e pavor
de vós todo animal da terra, toda ave do céu, tudo o que se move
sobre a terra e todos os peixes do mar; nas vossas mãos são
entregues. 3 Tudo quanto se move e vive vos servirá de mantimento,
bem como a erva verde; tudo vos tenho dado. 4 A carne, porém, com
sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis. 5 Certamente
requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; de todo animal
o requererei; como também do homem, sim, da mão do irmão de cada
um requererei a vida do homem. 6 Quem derramar sangue de homem, pelo
homem terá o seu sangue derramado; porque Deus fez o homem à sua
imagem. 7 Mas vós frutificai, e multiplicai-vos; povoai
abundantemente a terra, e multiplicai-vos nela.
8 Disse também Deus a Noé, e a seus filhos com ele: 9
Eis que eu estabeleço o meu pacto convosco e com a vossa
descendência depois de vós, 10 e
com todo ser vivente que convosco está: com as aves, com o gado e
com todo animal da terra; com todos os que saíram da arca, sim, com
todo animal da terra. 11 Sim, estabeleço o meu pacto convosco; não
será mais destruída toda a carne pelas águas do dilúvio; e não
haverá mais dilúvio, para destruir a terra. 12 E disse Deus:
Este é o sinal do pacto que firmo entre
mim e vós e todo ser vivente que está convosco, por gerações
perpétuas: 13 O meu arco tenho posto nas nuvens, e ele será por
sinal de haver um pacto entre mim e a terra. 14 E acontecerá que,
quando eu trouxer nuvens sobre a terra, e aparecer o arco nas nuvens,
15 então me lembrarei do meu pacto, que está entre mim e vós e
todo ser vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais
em dilúvio para destruir toda a carne. 16 O arco estará nas nuvens,
e olharei para ele a fim de me lembrar do pacto perpétuo entre Deus
e todo ser vivente de toda a carne que está sobre a terra.
17 Disse Deus a Noé ainda: Esse é o
sinal do pacto que tenho estabelecido entre mim e toda a carne que
está sobre a terra. 18 Ora, os
filhos de Noé, que saíram da arca, foram Sem, Cão e Jafé; e Cão
é o pai de Canaã. 19 Estes três foram os filhos de Noé; e destes
foi povoada toda a terra. 20 E começou Noé a cultivar a terra e
plantou uma vinha. 21 Bebeu do vinho, e embriagou-se; e achava-se nu
dentro da sua tenda. 22 E Cão, pai de Canaã, viu a nudez de seu
pai, e o contou a seus dois irmãos que estavam fora. 23 Então
tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre os seus ombros, e
andando virados para trás, cobriram a nudez de seu pai, tendo os
rostos virados, de maneira que não viram a nudez de seu pai. 24
Despertado que foi Noé do seu vinho, soube o que seu filho mais moço
lhe fizera; 25 e disse: Maldito seja Canaã;
servo dos servos será de seus irmãos. 26 Disse mais: Bendito
seja o Senhor, o Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. 27 Alargue
Deus a Jafé, e habite Jafé nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por
servo. 28 Viveu Noé, depois do dilúvio, trezentos e
cinquenta anos. 29 E foram todos os dias de Noé novecentos e
cinquenta anos; e morreu.
Gênesis 10
OS
DESCENDENTES DE NOÉ
1
Estas, pois, são as gerações dos filhos de Noé: Sem, Cão e Jafé,
aos quais nasceram filhos depois do dilúvio. 2 Os filhos de Jafé:
Gomer, Magogue, Madai, Javã, Tubal, Meseque e Tiras. 3 Os filhos de
Gomer: Asquenaz, Rifate e Togarma. 4 Os filhos de Javã: Elisá,
Társis, Quitim e Dodanim. 5 Por estes foram repartidas as ilhas das
nações nas suas terras, cada qual segundo a sua língua, segundo as
suas famílias, entre as suas nações. 6 Os filhos de Cão: Cuxe,
Mizraim, Pute e Canaã. 7 Os filhos de Cuxe: Seba, Havilá, Sabtá,
Raamá e Sabtecá; e os filhos de Raamá são Sebá e Dedã. 8 Cuxe
também gerou a Ninrode, o qual foi o primeiro a ser poderoso na
terra. 9 Ele era poderoso caçador diante do Senhor; pelo que se diz:
Como Ninrode, poderoso caçador diante do Senhor. 10 O princípio do
seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar. 11
Desta mesma terra saiu ele para a Assíria e edificou Nínive,
Reobote-Ir, Calá, 12 e Resen entre Nínive e Calá (esta é a grande
cidade). 13 Mizraim gerou a Ludim, Anamim, Leabim, Naftuim, 14
Patrusim, Casluim (donde saíram os filisteus) e Caftorim. 15 Canaã
gerou a Sidom, seu primogênito, e Hete, 16 e ao jebuseu, o amorreu,
o girgaseu, 17 o heveu, o arqueu, o sineu, 18 o arvadeu, o zemareu e
o hamateu. Depois se espalharam as famílias dos cananeus. 19 Foi o
termo dos cananeus desde Sidom, em direção a Gerar, até Gaza; e
daí em direção a Sodoma, Gomorra, Admá e Zeboim, até Lasa. 20
São esses os filhos de Cão segundo as suas famílias, segundo as
suas línguas, em suas terras, em suas nações. 21 A Sem, que foi o
pai de todos os filhos de Eber e irmão mais velho de Jafé, a ele
também nasceram filhos. 22 Os filhos de Sem foram: Elão, Assur,
Arfaxade, Lude e Arã. 23 Os filhos de Arão: Uz, Hul, Geter e Más.
24 Arfaxade gerou a Selá; e Selá gerou a Eber. 25 A Eber nasceram
dois filhos: o nome de um foi Pelegue, porque nos seus dias foi
dividida a terra; e o nome de seu irmão foi Joctã. 26 Joctã gerou
a Almodá, Selefe, Hazarmavé, Jerá, 27 Hadorão, Usal, Dicla, 28
Obal, Abimael, Sebá, 29 Ofir, Havilá e Jobabe: todos esses foram
filhos de Joctã. 30 E foi a sua habitação desde Messa até Sefar,
montanha do oriente. 31 Esses são os filhos de Sem segundo as suas
famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, segundo as suas
nações. 32 Essas são as famílias dos filhos de Noé segundo as
suas gerações, em suas nações; e delas foram disseminadas as
nações na terra depois do dilúvio.
Gênesis 11
A
TORRE DE BABEL
1
Ora, toda a terra tinha uma só língua e um só idioma. 2 E
deslocando-se os homens para o oriente, acharam um vale na terra de
Sinar; e ali habitaram. 3 Disseram uns aos outros:
Eia pois, façamos tijolos, e queimemo-los bem. Os tijolos
lhes serviram de pedras e o betume de argamassa. 4 Disseram mais:
Eia, edifiquemos para nós uma cidade e uma
torre cujo cume toque no céu, e façamo-nos um nome, para que não
sejamos espalhados sobre a face de toda a terra. 5 Então
desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens
edificavam; 6 e disse: Eis que o povo é um e
todos têm uma só língua; e isto é o que começam a fazer; agora
não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. 7
Eia, desçamos, e confundamos ali a sua linguagem, para que não
entenda um a língua do outro. 8
Assim o Senhor os espalhou dali sobre a face de toda a terra; e
cessaram de edificar a cidade. 9 Por isso se chamou o seu nome Babel,
porquanto ali confundiu o Senhor a linguagem de toda a terra, e dali
o Senhor os espalhou sobre a face de toda a terra. 10 Estas são as
gerações de Sem. Tinha ele cem anos, quando gerou a Arfaxade, dois
anos depois do dilúvio. 11 E viveu Sem, depois que gerou a Arfaxade,
quinhentos anos; e gerou filhos e filhas. 12 Arfaxade viveu trinta e
cinco anos, e gerou a Selá. 13 Viveu Arfaxade, depois que gerou a
Selá, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas. 14 Selá
viveu trinta anos, e gerou a Eber. 15 Viveu Selá, depois que gerou a
Eber, quatrocentos e três anos; e gerou filhos e filhas. 16 Eber
viveu trinta e quatro anos, e gerou a Pelegue. 17 Viveu Eber, depois
que gerou a Pelegue, quatrocentos e trinta anos; e gerou filhos e
filhas. 18 Pelegue viveu trinta anos, e gerou a Reú. 19 Viveu
Pelegue, depois que gerou a Reú, duzentos e nove anos; e gerou
filhos e filhas. 20 Reú viveu trinta e dois anos, e gerou a Serugue.
21 Viveu Reú, depois que gerou a Serugue, duzentos e sete anos; e
gerou filhos e filhas. 22 Serugue viveu trinta anos, e gerou a Naor.
23 Viveu Serugue, depois que gerou a Naor, duzentos anos; e gerou
filhos e filhas. 24 Naor viveu vinte e nove anos, e gerou a Tera. 25
Viveu Naor, depois que gerou a Tera, cento e dezenove anos; e gerou
filhos e filhas. 26 Tera viveu setenta anos, e gerou a Abrão, a Naor
e a Harã. 27 Estas são as gerações de Tera: Tera gerou a Abrão,
a Naor e a Harã; e Harã gerou a Ló. 28 Harã morreu antes de seu
pai Tera, na terra do seu nascimento, em Ur dos Caldeus. 29 Abrão e
Naor tomaram mulheres para si; o nome da mulher de Abrão era Sarai,
e o nome da mulher do Naor era Milca, filha de Harã, que foi pai de
Milca e de Iscá. 30 Sarai era estéril; não tinha filhos. 31 Tomou
Tera a Abrão seu filho, e a Ló filho de Harã, filho de seu filho,
e a Sarai sua nora, mulher de seu filho Abrão, e saiu com eles de Ur
dos Caldeus, a fim de ir para a terra de Canaã; e vieram até Harã,
e ali habitaram. 32 Foram os dias de Tera duzentos e cinco anos; e
morreu Tera em Harã.
Gênesis 12
O
SENHOR CHAMA ABRÃO
1
Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua
terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te
mostrarei. 2 Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e
engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção. 3 Abençoarei aos
que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em
ti serão benditas todas as famílias da terra. 4 Partiu, pois
Abrão, como o Senhor lhe ordenara, e Ló foi com ele. Tinha Abrão
setenta e cinco anos quando saiu de Harã. 5 Abrão levou consigo a
Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que
haviam adquirido, e as almas que lhes acresceram em Harã; e saíram
a fim de irem à terra de Canaã; e à terra de Canaã chegaram. 6
Passou Abrão pela terra até o lugar de Siquém, até o carvalho de
Moré. Nesse tempo estavam os cananeus na terra. 7 Apareceu, porém,
o Senhor a Abrão, e disse: À tua semente
darei esta terra. Abrão, pois, edificou ali um altar ao
Senhor, que lhe aparecera. 8 Então passou dali para o monte ao
oriente de Betel, e armou a sua tenda, ficando-lhe Betel ao ocidente,
e Ai ao oriente; também ali edificou um altar ao Senhor, e invocou o
nome do Senhor. 9 Depois continuou Abrão o seu caminho, seguindo
ainda para o sul. 10 Ora, havia fome naquela terra; Abrão, pois,
desceu ao Egito, para peregrinar ali, porquanto era grande a fome na
terra. 11 Quando ele estava prestes a entrar no Egito, disse a Sarai,
sua mulher: Ora, bem sei que és mulher formosa
à vista; 12 e acontecerá que, quando os egípcios te virem, dirão:
Esta é mulher dele. E me matarão a mim, mas a ti te guardarão em
vida. 13 Dize, peço-te, que és minha
irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma em
atenção a ti. 14 E aconteceu que, entrando Abrão no Egito,
viram os egípcios que a mulher era mui formosa. 15 Até os príncipes
de Faraó a viram e gabaram-na diante dele; e foi levada a mulher
para a casa de Faraó. 16 E ele tratou bem a Abrão por causa dela; e
este veio a ter ovelhas, bois e jumentos, servos e servas, jumentas e
camelos. 17 Feriu, porém, o Senhor a Faraó e a sua casa com grandes
pragas, por causa de Sarai, mulher de Abrão. 18 Então chamou Faraó
a Abrão, e disse: Que é isto que me fizeste?
Por que não me disseste que ela era tua mulher? 19 Por que disseste:
É minha irmã? De maneira que a tomei para ser minha mulher. Agora,
pois, eis aqui tua mulher; toma-a e vai-te. 20 E Faraó deu
ordens aos seus guardas a respeito dele, os quais o despediram a ele,
e a sua mulher, e a tudo o que tinha.
Gênesis 13
ABRÃO
SE APARTA DE LÓ
1
Subiu, pois, Abrão do Egito para o Negebe,
levando sua mulher e tudo o que tinha, e Ló o acompanhava. 2 Abrão
era muito rico em gado, em prata e em ouro. 3 Nas suas jornadas subiu
do Negebe (No sul de Israel) para Betel, até o lugar onde outrora
estivera à sua tenda, entre Betel e Ai, 4 até o lugar do altar, que
dantes ali fizera; e ali invocou Abrão o nome do Senhor. 5 E também
Ló, que ia com Abrão, tinha rebanhos, gado e tendas. 6 Ora, a terra
não podia sustentá-los, para eles habitarem juntos; porque os seus
bens eram muitos; de modo que não podiam habitar juntos. 7 Pelo que
houve contenda entre os pastores do gado de Abrão, e os pastores do
gado de Ló. E nesse tempo os cananeus e os perizeus habitavam na
terra. 8 Disse, pois, Abrão a Ló: Ora, não
haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus
pastores, porque somos irmãos. 9 Porventura não está toda a terra
diante de ti? Rogo-te que te apartes de mim. Se tu escolheres a
esquerda, irei para a direita; e se a direita escolheres, irei eu
para a esquerda. 10 Então Ló levantou os olhos, e viu toda a
planície do Jordão, que era toda bem regada (antes de haver o
Senhor destruído Sodoma e Gomorra), e era como o jardim do Senhor,
como a terra do Egito, até chegar a Zoar. 11 E Ló escolheu para si
toda a planície do Jordão, e partiu para o oriente; assim se
apartaram um do outro. 12 Habitou Abrão na terra de Canaã, e Ló
habitou nas cidades da planície, e foi armando as suas tendas até
chegar a Sodoma. 13 Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes
pecadores contra o Senhor. 14 E disse o Senhor a Abrão, depois que
Ló se apartou dele: Levanta agora os olhos, e
olha desde o lugar onde estás, para o norte, para o sul, para o
oriente e para o ocidente; 15 porque toda esta terra que vês, te hei
de dar a ti, e à tua descendência, para sempre. 16 E farei a tua
descendência como o pó da terra; de maneira que se puder ser
contado o pó da terra, então também poderá ser contada a tua
descendência. 17 Levanta-te, percorre esta terra, no seu comprimento
e na sua largura; porque a darei a ti. 18 Então mudou Abrão
as suas tendas, e foi habitar junto dos carvalhos de Manre, em
Hebrom; e ali edificou um altar ao Senhor.
Gênesis 14
ABRÃO
LIBERTA LÓ
1
Aconteceu nos dias de Anrafel, rei de Sinar, Arioque, rei de Elasar,
Quedorlaomer, rei de Elão, e Tidal, rei de Goiim, 2 que estes
fizeram guerra a Bera, rei de Sodoma, a Birsa, rei de Gomorra, a
Sinabe, rei de Admá, a Semeber, rei de Zeboim, e ao rei de Belá
(esta é Zoar). 3 Todos estes se ajuntaram no vale de Sidim (que é o
Mar Salgado). 4 Doze anos haviam servido a Quedorlaomer, mas ao
décimo terceiro ano rebelaram-se. 5 Por isso, ao décimo quarto ano
veio Quedorlaomer, e os reis que estavam com ele, e feriram aos
refains em Asterote-Carnaim, aos zuzins em Hão, aos emins em
Savé-Quiriataim, 6 e aos horeus no seu monte Seir, até El-Parã,
que está junto ao deserto. 7 Depois voltaram e vieram a En-Mispate
(que é Cades), e feriram toda a terra dos amalequitas, e também dos
amorreus, que habitavam em Hazazom-Tamar. 8 Então saíram os reis de
Sodoma, de Gomorra, de Admá, de Zeboim e de Belá (esta é Zoar), e
ordenaram batalha contra eles no vale de Sidim, 9 contra
Quedorlaomer, rei de Elão, Tidal, rei de Goiim, Anrafel, rei de
Sinar, e Arioque, rei de Elasar; quatro reis contra cinco. 10 Ora, o
vale de Sidim estava cheio de poços de betume; e fugiram os reis de
Sodoma e de Gomorra, e caíram ali; e os restantes fugiram para o
monte. 11 Tomaram, então, todos os bens de Sodoma e de Gomorra com
todo o seu mantimento, e se foram. 12 Tomaram também a Ló, filho do
irmão de Abrão, que habitava em Sodoma, e os bens dele, e partiram.
13 Então veio um que escapara, e o contou a Abrão, o hebreu. Ora,
este habitava junto dos carvalhos de Manre, o amorreu, irmão de
Escol e de Aner; estes eram aliados de Abrão. 14 Ouvindo, pois,
Abrão que seu irmão estava preso, levou os seus homens treinados,
nascidos em sua casa, em número de trezentos e dezoito, e perseguiu
os reis até Dã. 15 Dividiu-se contra eles de noite, ele e os seus
servos, e os feriu, perseguindo-os até Hobá, que fica à esquerda
de Damasco. 16 Assim tornou a trazer todos os bens, e tornou a trazer
também a Ló, seu irmão, e os bens dele, e também as mulheres e o
povo. 17 Depois que Abrão voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis
que estavam com ele, saiu-lhe ao encontro o rei de Sodoma, no vale de
Savé (que é o vale do rei). 18 Ora, Melquisedeque, rei de Salém,
trouxe pão e vinho; pois era sacerdote do Deus Altíssimo; 19 e
abençoou a Abrão, dizendo: Bendito seja Abrão
pelo Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra! 20
E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas
tuas mãos! E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. 21 Então o
rei de Sodoma disse a Abrão: Dá-me a mim as
pessoas; e os bens toma-os para ti. 22 Abrão, porém,
respondeu ao rei de Sodoma: Levanto minha mão
ao Senhor, o Deus Altíssimo, o Criador dos céus e da terra, 23
jurando que não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu, nem um
fio, nem uma correia de sapato, para que não digas: Eu enriqueci a
Abrão; 24 salvo tão somente o que os
mancebos comeram, e a parte que toca aos homens Aner, Escol e Manre,
que foram comigo; que estes tomem a sua parte.
Gênesis 15
O
PACTO COM ABRÃO
1
Depois destas coisas veio a palavra do Senhor a Abrão numa visão,
dizendo: Não
temas, Abrão; eu sou o teu escudo, o teu galardão será
grandíssimo. 2 Então disse
Abrão: Ó Senhor Deus, que me darás, visto
que morro sem filhos, e o herdeiro de minha casa é o damasceno
Eliézer? 3 Disse mais Abrão: A mim não
me tens dado filhos; eis que um nascido na minha casa será o meu
herdeiro. 4
Ao que lhe veio a palavra do Senhor, dizendo:
Este não será o teu herdeiro; mas aquele que sair das tuas
entranhas, esse será o teu herdeiro. 5 Então o levou para
fora, e disse: Olha
agora para o céu, e conta as estrelas, se as podes contar; e
acrescentou-lhe: Assim será a tua
descendência. 6 E creu Abrão no
Senhor, e o Senhor imputou-lhe isto como justiça. 7 Disse-lhe
mais: Eu sou o Senhor, que te tirei de Ur dos
caldeus, para te dar esta terra em herança. 8 Ao que lhe
perguntou Abrão: Ó Senhor Deus, como saberei
que hei de herdá-la? 9
Respondeu-lhe: Toma-me uma novilha de três
anos, uma cabra de três anos, um carneiro de três anos, uma rola e
um pombinho. 10 Ele, pois, lhe trouxe todos estes animais,
partiu-os pelo meio, e pôs cada parte deles em frente da outra; mas
as aves não partiu. 11 E as aves de rapina desciam sobre os
cadáveres; Abrão, porém, as enxotava. 12 Ora, ao pôr do sol, caiu
um profundo sono sobre Abrão; e eis que lhe sobrevieram grande pavor
e densas trevas. 13 Então disse o Senhor a Abrão: Sabe
com certeza que a tua descendência será peregrina em terra alheia,
e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos
anos; 14 sabe também que eu julgarei a nação a qual ela tem de
servir; e depois sairá com muitos bens. 15 Tu, porém, irás em paz
para teus pais; em boa velhice serás sepultado. 16 Na quarta
geração, porém, voltarão para cá; porque a medida da iniquidade
dos amorreus não está ainda cheia. 17
Quando o sol já estava posto, e era escuro, eis um fogo fumegante e
uma tocha de fogo, que passaram por entre aquelas metades. 18 Naquele
mesmo dia fez o Senhor um pacto com Abrão, dizendo:
À tua descendência tenho dado esta
terra, desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates; 19 e o
queneu, o quenezeu, o cadmoneu, 20 o heteu, o perizeu, os refains, 21
o amorreu, o cananeu, o girgaseu e o jebuseu.
Gênesis 16
O
NASCIMENTO DE ISMAEL
1
Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe dava filhos. Tinha ela uma
serva egípcia, que se chamava Agar. 2 Disse Sarai a Abrão: Eis
que o Senhor me tem impedido de ter filhos; toma, pois, a minha
serva; porventura terei filhos por meio dela. E ouviu Abrão a
voz de Sarai. 3 Assim Sarai, mulher de Abrão, tomou a Agar a
egípcia, sua serva, e a deu por mulher a Abrão seu marido, depois
de Abrão ter habitado dez anos na terra de Canaã. 4 E ele conheceu
a Agar, e ela concebeu; e vendo ela que concebera, foi sua senhora
desprezada aos seus olhos. 5 Então disse Sarai a Abrão: Sobre
ti seja a afronta que me é dirigida a mim; pus a minha serva em teu
regaço; vendo ela agora que concebeu, sou desprezada aos seus olhos;
o Senhor julgue entre mim e ti. 6 Ao que disse Abrão a Sarai:
Eis que tua serva está nas tuas mãos;
faze-lhe como bem te parecer. E Sarai maltratou-a, e ela fugiu
de sua face. 7 Então o anjo do Senhor, achando-a junto a uma fonte
no deserto, a fonte que está no caminho de Sur, 8 perguntou-lhe:
Agar, serva de Sarai, donde vieste, e para onde
vais? Respondeu ela: Da
presença de Sarai, minha senhora, vou fugindo. 9 Disse-lhe o
anjo do Senhor: Torna-te para tua senhora, e
humilha-te debaixo das suas mãos. 10 Disse-lhe mais o anjo do
Senhor: Multiplicarei sobremaneira a tua
descendência, de modo que não será contada, por numerosa que será.
11 Disse-lhe ainda o anjo do Senhor: Eis que
concebeste, e terás um filho, a quem chamarás Ismael; porquanto o
Senhor ouviu a tua aflição. 12 Ele será como um jumento selvagem
entre os homens; a sua mão será contra todos, e a mão de todos
contra ele; e habitará diante da face de todos os seus irmãos.
13 E ela chamou, o nome do Senhor, que com ela falava, El-Rói
(Deus que me vê); pois disse: Não tenho eu
também olhado neste lugar para aquele que me vê? 14 Pelo que
se chamou aquele poço Beer-Laai-Rói; ele está entre Cades e
Berede. 15 E Agar deu um filho a Abrão; e Abrão pôs o nome de
Ismael no seu filho que
tivera de Agar. 16 Ora, tinha Abrão oitenta e seis anos, quando Agar
lhe deu Ismael.
Gênesis 17
A
CIRCUNCISÃO
1
Quando Abrão tinha noventa e nove anos, apareceu-lhe o Senhor e lhe
disse: Eu sou o Deus Todo Poderoso; anda em
minha presença, e sê perfeito; 2 e firmarei o meu pacto contigo, e
sobremaneira te multiplicarei. 3
Ao que Abrão se prostrou com o rosto em terra, e Deus falou-lhe,
dizendo: 4 Quanto a mim, eis que o meu pacto é
contigo, e serás pai de muitas nações; 5 não mais serás chamado
Abrão, mas Abraão será o teu nome; pois por pai de muitas nações
te hei posto; 6 far-te-ei frutificar sobremaneira, e de ti farei
nações, e reis sairão de ti; 7 estabelecerei o meu pacto contigo e
com a tua descendência depois de ti em suas gerações, como pacto
perpétuo, para te ser por Deus a ti e à tua descendência depois de
ti. 8 Dar-te-ei a ti e à tua descendência depois de ti a terra de
tuas peregrinações, toda a terra de Canaã, em perpétua possessão;
e serei o seu Deus. 9 Disse mais Deus a Abraão:
Ora, quanto a ti, guardarás o meu pacto, tu e a tua descendência
depois de ti, nas suas gerações. 10 Este é o meu pacto, que
guardareis entre mim e vós, e a tua descendência depois de ti: todo
varão dentre vós será circuncidado. 11 Circuncidar-vos-eis na
carne do prepúcio; e isto será por sinal de pacto entre mim e vós.
12 À idade de oito dias, todo varão dentre vós será
circuncidado, por todas as vossas gerações, tanto o nascido em casa
como o comprado por dinheiro a qualquer estrangeiro, que não for da
tua linhagem. 13 Com efeito será circuncidado o nascido em tua casa,
e o comprado por teu dinheiro; assim estará o meu pacto na vossa
carne como pacto perpétuo. 14 Mas o incircunciso, que não se
circuncidar na carne do prepúcio, essa alma será extirpada do seu
povo; violou o meu pacto. 15 Disse Deus a Abraão: Quanto
a Sarai, tua, mulher, não lhe chamarás mais Sarai, porém Sara será
o seu nome. 16 Abençoá-la-ei, e também dela te darei um filho;
sim, abençoá-la-ei, e ela será mãe de nações; reis de povos
sairão dela. 17 Ao que se
prostrou Abraão com o rosto em terra, e riu-se, e disse no seu
coração: A um homem de cem anos há de nascer um filho? Dará à
luz Sara, que tem noventa anos? 18 Depois disse Abraão a Deus: Oxalá
que viva Ismael diante de ti! 19 E Deus lhe respondeu:
Na verdade, Sara, tua mulher, te dará à
luz um filho, e lhe chamarás Isaque; com ele estabelecerei o meu
pacto como pacto perpétuo para a sua descendência depois dele. 20 E
quanto a Ismael, também te tenho ouvido; eis
que o tenho abençoado, e fá-lo-ei
frutificar, e multiplicá-lo-ei grandissimamente; doze príncipes
gerará, e dele farei uma grande nação. 21 O meu pacto, porém,
estabelecerei com Isaque, que Sara te dará à luz neste tempo
determinado, no ano vindouro. 22
Ao acabar de falar com Abraão, subiu Deus diante dele. 23 Logo tomou
Abraão a seu filho Ismael, e a todos os nascidos na sua casa e a
todos os comprados por seu dinheiro, todo varão entre os da casa de
Abraão, e lhes circuncidou a carne do prepúcio, naquele mesmo dia,
como Deus lhe ordenara. 24 Abraão tinha noventa e nove anos, quando
lhe foi circuncidada a carne do prepúcio; 25 E Ismael, seu filho,
tinha treze anos, quando lhe foi circuncidada a carne do prepúcio.
26 No mesmo dia foram circuncidados Abraão e seu filho Ismael. 27 E
todos os homens da sua casa, assim os nascidos em casa, como os
comprados por dinheiro ao estrangeiro, foram circuncidados com ele.
Gênesis 18
O
SENHOR VISITA ABRAÃO
1
Depois apareceu o Senhor a Abraão junto aos carvalhos de Manre,
estando ele sentado à porta da tenda, no maior calor do dia. 2
Levantando Abraão os olhos, olhou e eis três homens de pé em
frente dele. Quando os viu, correu da porta da tenda ao seu encontro,
e prostrou-se em terra, 3 e disse: Meu Senhor,
se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes
de teu servo. 4 Eia, traga-se um pouco d'água, e lavai os pés e
recostai-vos debaixo da árvore; 5 e trarei um bocado de pão;
refazei as vossas forças, e depois passareis adiante; porquanto por
isso chegastes ate o vosso servo. Responderam-lhe:
Faze assim como disseste. 6 Abraão, pois, apressou-se em ir
ter com Sara na tenda, e disse-lhe: Amassa
depressa três medidas de flor de farinha e faze bolos. 7 Em
seguida correu ao gado, apanhou um bezerro tenro e bom e deu-o ao
criado, que se apressou em prepará-lo. 8 Então tomou queijo fresco,
e leite, e o bezerro que mandara preparar, e pôs tudo diante deles,
ficando em pé ao lado deles debaixo da árvore, enquanto comiam. 9
Perguntaram-lhe eles: Onde está Sara, tua
mulher? Ele respondeu: Está ali na
tenda. 10 E um deles lhe disse: Certamente
tornarei a ti no ano vindouro; e eis que Sara tua mulher terá um
filho. E Sara estava escutando à porta da tenda, que estava
atrás dele. 11 Ora, Abraão e Sara eram já velhos, e avançados em
idade; e a Sara havia cessado o incômodo das mulheres. 12 Sara então
riu-se consigo, dizendo: Terei ainda deleite
depois de haver envelhecido, sendo também o meu senhor já velho? 13
Perguntou o Senhor a Abraão: Por que se riu
Sara, dizendo: É verdade que eu, que
sou velha, darei à luz um filho? 14
Há, porventura, alguma coisa difícil ao Senhor? Ao tempo
determinado, no ano vindouro, tornarei a ti, e Sara terá um filho.
15 Então Sara negou, dizendo: Não me
ri; porquanto ela teve medo. Ao que ele respondeu:
Não é assim; porque te riste. 16 E levantaram-se aqueles
homens dali e olharam para a banda de Sodoma; e Abraão ia com eles,
para os encaminhar. 17 E disse o Senhor: Ocultarei
eu a Abraão o que faço, 18 visto que Abraão certamente virá a ser
uma grande e poderosa nação, e por meio dele serão benditas todas
as nações da terra? 19 Porque eu o tenho escolhido, a fim de que
ele ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, para que guardem o
caminho do Senhor, para praticarem retidão e justiça; a fim de que
o Senhor faça vir sobre Abraão o que a respeito dele tem falado. 20
Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem
multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito, 21
descerei agora, e verei se em tudo têm praticado segundo o seu
clamor, que a mim tem chegado; e se não, sabê-lo-ei.
22 Então os homens, virando os seus rostos dali, foram-se em
direção a Sodoma; mas Abraão ficou ainda em pé diante do Senhor.
23 E chegando-se Abraão, disse: Destruirás
também o justo com o ímpio? 24 Se porventura houver cinquenta
justos na cidade, destruirás e não pouparás o lugar por causa dos
cinquenta justos que ali estão? 25 Longe de ti que faças tal coisa,
que mates o justo com o ímpio, de modo que o justo seja como o
ímpio; esteja isto longe de ti. Não fará justiça o juiz de toda a
terra? 26 Então disse o Senhor: Se
eu achar em Sodoma cinquenta justos dentro da cidade, pouparei o
lugar todo por causa deles. 27 Tornou-lhe Abraão, dizendo:
Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor,
ainda que sou pó e cinza. 28 Se porventura de cinquenta justos
faltarem cinco, destruirás toda a cidade por causa dos cinco?
Respondeu ele: Não a destruirei, se eu achar
ali quarenta e cinco. 29 Continuou Abraão ainda a falar-lhe,
e disse: Se porventura se acharem ali quarenta?
Mais uma vez assentiu: Por causa dos quarenta
não o farei. 30 Disse Abraão:
Ora, não se ire o Senhor, se eu ainda falar. Se
porventura se acharem ali trinta? De novo assentiu:
Não o farei, se achar ali trinta.
31 Tornou Abraão: Eis que outra vez me a atrevi a falar ao
Senhor. Se porventura se acharem ali vinte?
Respondeu-lhe: Por causa dos vinte não a
destruirei. 32 Disse ainda
Abraão: Ora, não se ire o Senhor, pois só mais esta vez falarei.
Se porventura se acharem ali dez? Ainda
assentiu o Senhor: Por
causa dos dez não a destruirei. 33
E foi-se o Senhor, logo que acabou de falar com Abraão; e Abraão
voltou para o seu lugar.
Gênesis 19
SODOMA
E GOMORRA SÃO DESTRUÍDAS
1
À tarde chegaram os dois anjos a Sodoma. Ló estava sentado à porta
de Sodoma e, vendo-os, levantou-se para os receber; prostrou-se com o
rosto em terra, 2 e disse: Eis agora, meus
senhores, entrai, peço-vos em casa de vosso servo, e passai nela a
noite, e lavai os pés; de madrugada vos levantareis e ireis vosso
caminho. Responderam eles: Não; antes
na praça passaremos a noite. 3 Entretanto, Ló insistiu muito
com eles, pelo que foram com ele e entraram em sua casa; e ele lhes
deu um banquete, assando-lhes pães ázimos, e eles comeram. 4 Mas
antes que se deitassem, cercaram a casa os homens da cidade, isto é,
os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo
de todos os lados; 5 e, chamando a Ló, perguntaram-lhe: Onde
estão os homens que entraram esta noite em tua casa? Traze-os cá
fora a nós, para que os conheçamos. 6 Então Ló saiu-lhes à
porta, fechando-a atrás de si, 7 e disse: Meus
irmãos, rogo-vos que não procedais tão perversamente; 8 eis aqui,
tenho duas filhas que ainda não conheceram varão; eu vo-las trarei
para fora, e lhes fareis como bem vos parecer; somente nada façais a
estes homens, porquanto entraram debaixo da sombra do meu telhado. 9
Eles, porém, disseram: Sai daí.
Disseram mais: Esse indivíduo, como
estrangeiro veio aqui habitar, e quer se arvorar em juiz! Agora te
faremos mais mal a ti do que a eles. E arremessaram-se sobre o
homem, isto é, sobre Ló, e aproximavam-se para arrombar a porta. 10
Aqueles homens, porém, estendendo as mãos, fizeram Ló entrar para
a casa, e fecharam a porta; 11 e feriram de cegueira os que estavam
do lado de fora, tanto pequenos como grandes, de maneira que cansaram
de procurar a porta. 12 Então disseram os homens a Ló:
Tens mais alguém aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e
todos quantos tens na cidade, tira-os para fora deste lugar; 13
porque nós vamos destruir este lugar, porquanto o seu clamor se tem
avolumado diante do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo. 14
Tendo saído Ló, falou com seus genros, que haviam de casar com suas
filhas, e disse-lhes: Levantai-vos, saí deste
lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade. Mas ele
pareceu aos seus genros como quem estava zombando. 15 E ao amanhecer
os anjos apertavam com Ló, dizendo: levanta-te,
toma tua mulher e tuas duas filhas que aqui estão, para que não
pereças no castigo da cidade. 16 Ele, porém, se demorava;
pelo que os homens pegaram-lhe pela mão a ele, à sua mulher, e às
suas filhas, sendo-lhe misericordioso o Senhor. Assim o tiraram e o
puseram fora da cidade. 17 Quando os tinham tirado para fora, disse
um deles: Escapa-te, salva tua vida; não olhes
para trás de ti, nem te detenhas em toda esta planície; escapa-te
lá para o monte, para que não pereças.
18 Respondeu-lhe Ló: Ah, assim não,
meu Senhor! 19 Eis que agora o teu servo tem achado graça aos teus
olhos, e tens engrandecido a tua misericórdia que a mim me fizeste,
salvando-me a vida; mas eu não posso escapar-me para o monte; não
seja caso me apanhe antes este mal, e eu morra. 20 Eis ali perto
aquela cidade, para a qual eu posso fugir, e é pequena. Permite que
eu me escape para lá (porventura não é pequena?), e viverá a
minha alma. 21 Disse-lhe: Quanto
a isso também te hei atendido, para não subverter a cidade de que
acabas de falar. 22 Apressa-te, escapa-te para lá; porque nada
poderei fazer enquanto não tiveres ali chegado. Por isso se
chamou o nome da cidade Zoar. 23 Tinha saído o sol sobre a terra,
quando Ló entrou em Zoar. 24 Então o Senhor, da sua parte, fez
chover do céu enxofre e fogo sobre Sodoma e Gomorra. 25 E subverteu
aquelas cidades e toda a planície, e todos os moradores das cidades,
e o que nascia da terra. 26 Mas a mulher de Ló olhou para trás e
ficou convertida em uma estátua de sal. 27 E Abraão levantou-se de
madrugada, e foi ao lugar onde estivera em pé diante do Senhor; 28
e, contemplando Sodoma e Gomorra e toda a terra da planície, viu que
subia da terra fumaça como a de uma fornalha. 29 Ora, aconteceu que,
destruindo Deus as cidades da planície, lembrou-se de Abraão, e
tirou Ló do meio da destruição, ao subverter aquelas cidades em
que Ló habitara. 30 E subiu Ló de Zoar, e habitou no monte, e as
suas duas filhas com ele; porque temia habitar em Zoar; e habitou
numa caverna, ele e as suas duas filhas. 31 Então a primogênita
disse à menor: Nosso pai é já velho, e não
há varão na terra que entre a nós, segundo o costume de toda a
terra; 32 vem, demos a nosso pai vinho a beber, e deitemo-nos com
ele, para que conservemos a descendência de nosso pai. 33
Deram, pois, a seu pai vinho a beber naquela noite; e, entrando a
primogênita, deitou-se com seu pai; e não percebeu ele quando ela
se deitou, nem quando se levantou. 34 No dia seguinte disse a
primogênita à menor: Eis que eu ontem à
noite me deitei com meu pai; demos-lhe vinho a beber também esta
noite; e então, entrando tu, deita-te com ele, para que conservemos
a descendência de nosso pai. 35 Tornaram, pois, a dar a seu
pai vinho a beber também naquela noite; e, levantando-se a menor,
deitou-se com ele; e não percebeu ele quando ela se deitou, nem
quando se levantou. 36 Assim as duas filhas de Ló conceberam de seu
pai. 37 A primogênita deu a luz a um filho, e chamou-lhe Moabe; este
é o pai dos moabitas
de hoje. 38 A menor também deu à luz um filho, e chamou-lhe
Ben-Ami; este é o pai dos amonitas
de hoje.
Gênesis 20
O
REI DE GERAR
1
Partiu Abraão dali para a terra do Negebe, e habitou entre Cades e
Sur; e peregrinou em
Gerar.
2 E havendo Abraão dito de Sara, sua mulher: É
minha irmã; enviou Abimeleque, rei de Gerar, e tomou a Sara.
3 Deus, porém, veio a Abimeleque, em sonhos, de noite, e disse-lhe:
Eis que estás para morrer por causa da
mulher que tomaste; porque ela tem marido.
4 Ora, Abimeleque ainda não se havia chegado a ela:
perguntou, pois: Senhor matarás porventura
também uma nação justa? 5 Não me disse ele mesmo: É
minha irmã? E ela mesma me disse:
Ele é meu irmão;
na sinceridade do meu coração e na inocência das minhas mãos fiz
isto. 6 Ao que Deus lhe respondeu em sonhos: Bem
sei eu que na sinceridade do teu coração fizeste isto; e também eu
te tenho impedido de pecar contra mim; por isso não te permiti
tocá-la; 7 agora, pois, restitui a mulher a seu marido, porque ele é
profeta, e intercederá por ti, e viverás; se, porém, não lha
restituíres, sabe que certamente morrerás, tu e tudo o que é teu.
8 Levantou-se Abimeleque de manhã cedo e, chamando a todos os seus
servos, falou-lhes aos ouvidos todas estas palavras; e os homens
temeram muito. 9 Então chamou Abimeleque a Abraão e lhe perguntou:
Que é que nos fizeste? E em que pequei contra ti, para trazeres
sobre mim e sobre o meu reino tamanho pecado? Tu me fizeste o que não
se deve fazer. 10 Perguntou mais Abimeleque a Abraão: Com
que intenção fizeste isto? 11 Respondeu Abraão: Porque
pensei: Certamente não há temor de Deus neste lugar; matar-me-ão
por causa da minha mulher. 12 Além disso ela é realmente minha
irmã, filha de meu pai, ainda que não de minha mãe; e veio a ser
minha mulher. 13 Quando Deus me fez sair errante da casa de meu pai,
eu lhe disse a ela: Esta é a graça que me farás: em todo lugar
aonde formos, dize de mim: Ele é meu irmão. 14 Então tomou
Abimeleque ovelhas e bois, e servos e servas, e os deu a Abraão; e
lhe restituiu Sara, sua mulher; 15 e disse-lhe Abimeleque: Eis
que a minha terra está diante de ti; habita onde bem te parecer. 16
E a Sara disse: Eis que tenho dado a teu irmão
mil moedas de prata; isso te seja por véu dos olhos a todos os que
estão contigo; e perante todos estás reabilitada. 17 Orou
Abraão a Deus, e Deus sarou Abimeleque, e a sua mulher e as suas
servas; de maneira que tiveram filhos; 18 porque o Senhor havia
fechado totalmente todas as madres da casa de Abimeleque, por causa
de Sara, mulher de Abraão.
Gênesis 21
O
NASCIMENTO DE ISAQUE
1
O Senhor visitou a Sara, como tinha dito, e lhe fez como havia
prometido. 2 Sara concebeu, e deu a Abraão um filho na sua velhice,
ao tempo determinado, de que Deus lhe falara; 3 e, Abraão pôs no
filho que lhe nascera, que Sara lhe dera, o nome de Isaque.
4
E Abraão circuncidou a seu filho Isaque, quando tinha oito dias,
conforme Deus lhe ordenara. 5 Ora, Abraão tinha cem anos, quando lhe
nasceu Isaque, seu filho. 6 Pelo que disse Sara: Deus
preparou riso para mim; todo aquele que o ouvir, se rirá comigo. 7
E acrescentou: Quem diria a Abraão que Sara
havia de amamentar filhos? No entanto, lhe dei um filho na sua
velhice. 8 cresceu o menino, e foi desmamado; e Abraão fez um
grande banquete no dia em que Isaque foi desmamado. 9 Ora, Sara viu
brincando o filho de Agar a egípcia, que esta dera à luz a Abraão.
10 Pelo que disse a Abraão: Deita fora esta
serva e o seu filho; porque o filho desta serva não será herdeiro
com meu filho, com Isaque. 11 Pareceu isto bem duro aos olhos
de Abraão, por causa de seu filho. 12 Deus, porém, disse a Abraão:
Não pareça isso duro aos teus olhos por causa do moço e por causa
da tua serva; em tudo o que Sara te diz, ouve a sua voz; porque em
Isaque será chamada a tua descendência. 13 Mas também do filho
desta serva farei uma nação, porquanto ele é da tua linhagem.
14 Então se levantou Abraão de manhã cedo e, tomando pão e
um odre de água, os deu a Agar, pondo-os sobre o ombro dela; também
lhe deu o menino e despediu-a; e ela partiu e foi andando errante
pelo deserto de Berseba. 15 E consumida a água
do odre, Agar deitou o menino debaixo de um dos arbustos, 16 e foi
assentar-se em frente dele, a boa distância, como a de um tiro de
arco; porque dizia: Que não veja eu morrer o
menino. Assim sentada em frente dele, levantou a sua voz e
chorou. 17 Mas Deus ouviu a voz do menino; e o anjo de Deus, bradando
a Agar desde o céu, disse-lhe: Que tens, Agar?
Não temas, porque Deus ouviu a voz do menino desde o lugar onde
está. 18 Ergue-te, levanta o menino e toma-o pela mão, porque dele
farei uma grande nação. 19 E
abriu-lhe Deus os olhos, e ela viu um poço; e foi encher de água o
odre e deu de beber ao menino. 20 Deus estava com o menino, que
cresceu e, morando no deserto, tornou-se flecheiro. 21 Ele habitou no
deserto de Parã; e sua mãe tomou-lhe uma mulher da terra do Egito.
22 Naquele mesmo tempo Abimeleque, com Ficol, o chefe do seu
exército, falou a Abraão, dizendo: Deus é
contigo em tudo o que fazes; 23 agora pois, jura-me aqui por Deus que
não te haverás falsamente comigo, nem com meu filho, nem com o
filho do meu filho; mas segundo a beneficência que te fiz, me farás
a mim, e à terra onde peregrinaste. 24 Respondeu Abraão: Eu
jurarei. 25 Abraão, porém, repreendeu a Abimeleque, por
causa de um poço de água, que os servos de Abimeleque haviam tomado
à força. 26 Respondeu-lhe Abimeleque: Não
sei quem fez isso; nem tu mo fizeste saber, nem tampouco ouvi eu
falar nisso, senão hoje. 27 Tomou, pois, Abraão ovelhas e
bois, e os deu a Abimeleque; assim fizeram entre, si um pacto. 28 Pôs
Abraão, porém, à parte sete cordeiras do rebanho. 29 E perguntou
Abimeleque a Abraão: Que significam estas sete
cordeiras que puseste à parte? 30 Respondeu Abraão:
Estas sete cordeiras receberás da minha mão para que me sirvam de
testemunho de que eu cavei este poço. 31 Pelo que chamou
aquele lugar Berseba, porque ali os dois
juraram. 32 Assim fizeram uma pacto em Berseba. Depois se levantaram
Abimeleque e Ficol, o chefe do seu exército, e tornaram para a terra
dos filisteus. 33 Abraão plantou uma tamargueira em Berseba, e
invocou ali o nome do Senhor, o Deus eterno. 34 E peregrinou Abraão
na terra dos filisteus muitos dias.
Gênesis 22
A
PROVA DE ABRAÃO
1
Sucedeu, depois destas coisas, que Deus provou a Abraão,
dizendo-lhe: Abraão! E este respondeu:
Eis-me aqui. 2 Prosseguiu Deus: Toma
agora teu filho; o teu único filho, Isaque, a quem amas; vai à
terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre um dos montes
que te hei de mostrar. 3
Levantou-se, pois, Abraão de manhã cedo, albardou o seu jumento, e
tomou consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho; e, tendo
cortado lenha para o holocausto, partiu para ir ao lugar que Deus lhe
dissera. 4 Ao terceiro dia levantou Abraão os olhos, e viu o lugar
de longe. 5 E disse Abraão a seus moços:
Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o mancebo iremos até lá;
depois de adorarmos, voltaremos a vós. 6 Tomou, pois, Abraão
a lenha do holocausto e a pôs sobre Isaque, seu filho; tomou também
na mão o fogo e o cutelo, e foram caminhando juntos. 7 Então disse
Isaque a Abraão, seu pai: Meu pai!
Respondeu Abraão: Eis-me aqui, meu filho!
Perguntou-lhe Isaque: Eis o fogo e a lenha, mas
onde está o cordeiro para o holocausto? 8 Respondeu Abraão:
Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho.
E os dois iam caminhando juntos. 9 Havendo eles chegado ao lugar que
Deus lhe dissera, edificou Abraão ali o altar e pôs a lenha em
ordem; o amarrou, a Isaque, seu filho, e o deitou sobre o altar em
cima da lenha. 10 E, estendendo a mão, pegou no cutelo para imolar a
seu filho. 11 Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde o céu, e disse:
Abraão, Abraão! Ele respondeu: Eis-me
aqui. 12 Então disse o anjo: Não
estendas a mão sobre o mancebo, e não
lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, visto que não
me negaste teu filho, o teu único filho.
13 Nisso levantou Abraão os olhos e olhou, e eis atrás de si
um carneiro embaraçado pelos chifres no mato; e foi Abraão, tomou o
carneiro e o ofereceu em holocausto em lugar de seu filho. 14 Pelo
que chamou Abraão àquele lugar Jeová-Jiré (O Senhor proverá);
donde se diz até o dia de hoje: No
monte do Senhor se proverá. 15 Então o anjo do
Senhor bradou a Abraão pela segunda vez desde o céu, 16 e disse:
Por mim mesmo jurei, diz o Senhor, porquanto
fizeste isto, e não me negaste teu filho, o teu único filho, 17 que
deveras te abençoarei, e grandemente multiplicarei a tua
descendência, como as estrelas do céu e como a areia que está na
praia do mar; e a tua descendência possuirá a porta dos seus
inimigos; 18 e em tua descendência serão benditas todas as nações
da terra; porquanto obedeceste à minha voz.
19 Então voltou Abraão aos seus moços e, levantando-se,
foram juntos a Berseba; e Abraão habitou em
Berseba. 20 Depois destas coisas anunciaram a Abraão, dizendo: Eis
que também Milca tem dado à luz filhos a Naor, teu irmão: 21 Uz o
seu primogênito, e Buz seu irmão, e Quemuel, pai de Arã, 22 e
Quésede, Hazo, Pildas, Jidlafe e Betuel. 23 E Betuel gerou a Rebeca.
Esses oito deu à luz Milca a Naor, irmão de Abraão. 24 E a sua
concubina, que se chamava Reumá, também deu à luz a Teba, Gaã,
Taás e Maaca.
Gênesis 23
A
MORTE DE SARA
1
Ora, os anos da vida de Sara foram cento e vinte e sete. 2 E morreu
Sara em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaã; e veio
Abraão lamentá-la e chorar por ela: 3 Depois se levantou Abraão de
diante da sua
morta, e falou aos filhos de Hete, dizendo:
4 Estrangeiro e peregrino sou eu entre vós; dai-me o direito de um
lugar de sepultura entre vós, para que eu sepulte a
minha
morta,
removendo-a
de diante da minha face. 5 Responderam-lhe os filhos de Hete:
6 Ouve-nos, senhor; príncipe de Deus és tu entre nós; enterra a
tua morta na mais escolhida de nossas sepulturas; nenhum de nós te
vedará a sua sepultura, para enterrares a tua morta. 7 Então
se levantou Abraão e, inclinando-se diante do povo da terra, diante
dos filhos de Hete, 8 falou-lhes, dizendo: Se é
de vossa vontade que eu sepulte a
minha morta
de diante de minha face, ouvi-me e intercedei por mim junto a Efrom,
filho de Zoar, 9 para que ele me dê a cova de Macpela, que possui no
fim do seu campo; que ma dê pelo devido preço em posse de sepulcro
no meio de vós. 10 Ora, Efrom estava sentado no meio dos
filhos de Hete; e respondeu Efrom, o heteu, a Abraão, aos ouvidos
dos filhos de Hete, isto é, de todos os que entravam pela porta da
sua cidade, dizendo: 11 Não, meu senhor;
ouve-me. O campo te dou, também te dou a cova que nele está; na
presença dos filhos do meu povo te dou; sepulta a tua morta. 12
Então Abraão se inclinou diante do povo da terra, 13 e falou a
Efrom, aos ouvidos do povo da terra, dizendo: Se
te agrada, peço-te que me ouças. Darei o preço do campo; toma-o de
mim, e sepultarei ali a
minha
morta.
14 Respondeu Efrom a Abraão: 15 Meu senhor,
ouve-me. Um terreno do valor de quatrocentos siclos de prata! Que é
isto entre mim e ti? Sepulta, pois, a tua morta. 16 E Abraão
ouviu a Efrom, e pesou-lhe a prata de que este tinha falado aos
ouvidos dos filhos de Hete, quatrocentos siclos de prata, moeda
corrente entre os mercadores. 17 Assim o campo de Efrom, que estava
em Macpela, em frente de Manre, o campo e a cova que nele estava, e
todo o arvoredo que havia nele, por todos os seus limites ao redor,
se confirmaram 18 a Abraão em possessão na presença dos filhos de
Hete, isto é, de todos os que entravam pela porta da sua cidade. 19
Depois sepultou Abraão a Sara sua mulher na cova do campo de
Macpela, em frente de Manre, que é Hebrom, na terra de Canaã. 20
Assim o campo e a cova que nele estava foram confirmados a Abraão
pelos filhos de Hete em possessão de sepultura.
Gênesis 24
ISAQUE
CASA-SE COM REBECA
1
Ora, Abraão era já velho e de idade avançada; e em tudo o Senhor o
havia abençoado. 2 E disse Abraão ao seu servo, o mais antigo da
casa, que tinha o governo sobre tudo o que possuía: Põe
a tua mão debaixo da minha coxa, 3 para que eu te faça jurar pelo
Senhor, Deus do céu e da terra, que não tomarás para meu filho
mulher dentre as filhas dos cananeus, no meio dos quais eu habito; 4
mas que irás à minha terra e à minha parentela, e dali tomarás
mulher para meu filho Isaque. 5 Perguntou-lhe o servo: Se
porventura a mulher não quiser seguir-me a esta terra, farei, então,
tornar teu filho à terra donde saíste? 6 Respondeu-lhe
Abraão: Guarda-te de fazeres tornar para lá
meu filho. 7 O Senhor, Deus do céu, que me tirou da casa de meu pai
e da terra da minha parentela, e que me falou, e que me jurou,
dizendo: À tua semente darei esta terra; ele enviará o seu anjo
diante de si, para que tomes de lá mulher para meu filho. 8 Se a
mulher, porém, não quiser seguir-te, serás livre deste meu
juramento; somente não farás meu filho tornar para lá. 9
Então pôs o servo a sua mão debaixo da coxa de Abraão seu senhor,
e jurou-lhe sobre este negócio. 10 Tomou, pois, o servo dez dos
camelos do seu senhor, porquanto todos os bens de seu senhor estavam
em sua mão; e, partindo, foi para a Mesopotâmia, à cidade de Naor.
11 Fez ajoelhar os camelos fora da cidade, junto ao poço de água,
pela tarde, à hora em que as mulheres saíam a tirar água. 12 E
disse: Ó Senhor, Deus de meu senhor Abraão,
dá-me hoje, peço-te, bom êxito, e usa de benevolência para com o
meu senhor Abraão. 13 Eis que eu estou em pé junto à fonte, e as
filhas dos homens desta cidade vêm saindo para tirar água; 14 faze,
pois, que a donzela a quem eu disser: Abaixa o teu cântaro, peço-te,
para que eu beba; e ela responder: Bebe, e também darei de beber aos
teus camelos; seja aquela que designaste para o teu servo Isaque.
Assim conhecerei que usaste de benevolência para com o meu senhor.
15 Antes que ele acabasse de falar, eis que Rebeca, filha de Betuel,
filho de Milca, mulher de Naor, irmão de Abraão, saía com o seu
cântaro sobre o ombro. 16 A donzela era muito formosa à vista,
virgem, a quem varão não havia conhecido; ela desceu à fonte,
encheu o seu cântaro e subiu. 17 Então o servo correu-lhe ao
encontro, e disse: Deixa-me beber, peço-te, um
pouco de água do teu cântaro. 18 Respondeu ela: Bebe,
meu senhor. Então com presteza abaixou o seu cântaro sobre a
mão e deu-lhe de beber. 19 E quando acabou de lhe dar de beber,
disse: Tirarei também água para os teus
camelos, até que acabem de beber. 20 Também com presteza
despejou o seu cântaro no bebedouro e, correndo outra vez ao poço,
tirou água para todos os camelos dele. 21 E o homem a contemplava
atentamente, em silêncio, para saber se o Senhor havia tornado
próspera a sua jornada, ou não. 22 Depois que os camelos acabaram
de beber, tomou o homem um pendente de ouro, de meio siclo de peso, e
duas pulseiras para as mãos dela, do peso de dez siclos de ouro; 23
e perguntou: De quem és filha? Dize-mo,
peço-te. Há lugar em casa de teu pai para nós pousarmos? 24
Ela lhe respondeu: Eu sou filha de Betuel,
filho de Milca, o qual ela deu a Naor. 25 Disse-lhe mais:
Temos palha e forragem bastante, e lugar para
pousar. 26 Então inclinou-se o homem e adorou ao Senhor; 27 e
disse: Bendito seja o Senhor Deus de meu senhor
Abraão, que não retirou do meu senhor a sua benevolência e a sua
verdade; quanto a mim, o Senhor me guiou no caminho à casa dos
irmãos de meu senhor. 28 A donzela correu, e relatou estas
coisas aos da casa de sua mãe. 29 Ora, Rebeca tinha um irmão, cujo
nome era Labão, o qual saiu correndo ao encontro daquele homem até
a fonte; 30 porquanto tinha visto o pendente, e as pulseiras sobre as
mãos de sua irmã, e ouvido as palavras de sua irmã Rebeca, que
dizia: Assim me falou aquele homem; e
foi ter com o homem, que estava em pé junto aos camelos ao lado da
fonte. 31 E disse: Entra, bendito do Senhor;
por que estás aqui fora? Pois eu já preparei a casa, e lugar para
os camelos. 32 Então veio o homem à casa, e desarreou os
camelos; deram palha e forragem para os camelos e água para lavar os
pés dele e dos homens que estavam com ele. 33 Depois puseram comida
diante dele. Ele, porém, disse: Não comerei,
até que tenha exposto a minha incumbência. Respondeu-lhe
Labão: Fala. 34 Então disse:
Eu sou o servo de Abraão. 35 O Senhor tem abençoado muito ao meu
senhor, o qual se tem engrandecido; deu-lhe rebanhos e gado, prata e
ouro, escravos e escravas, camelos e jumentos. 36 E Sara, a mulher do
meu senhor, mesmo depois, de velha deu um filho a meu senhor; e o pai
lhe deu todos os seus bens. 37 Ora, o meu senhor me fez jurar,
dizendo: Não tomarás mulher para meu filho das filhas dos cananeus,
em cuja terra habito; 38 irás, porém, à casa de meu pai, e à
minha parentela, e tomarás mulher para meu filho. 39 Então respondi
ao meu senhor: Porventura não me seguirá a mulher. 40 Ao que ele me
disse: O Senhor, em cuja presença tenho andado, enviará o seu anjo
contigo, e prosperará o teu caminho; e da minha parentela e da casa
de meu pai tomarás mulher para meu filho; 41 então serás livre do
meu juramento, quando chegares à minha parentela; e se não te
derem, livre serás do meu juramento. 42 E hoje cheguei à fonte, e
disse: Senhor, Deus de meu senhor Abraão, se é que agora prosperas
o meu caminho, o qual venho seguindo, 43 eis que estou junto à
fonte; faze, pois, que a donzela que sair para tirar água, a quem eu
disser: Dá-me, peço-te, de beber um pouco de água do teu cântaro,
44 e ela me responder:
Bebe tu, e também tirarei água para os teus camelos; seja a mulher
que o Senhor designou para o filho de meu senhor. 45 Ora, antes que
eu acabasse de falar no meu coração, eis que Rebeca saía com o seu
cântaro sobre o ombro, desceu à fonte e tirou água; e eu lhe
disse: Dá-me de beber, peço-te. 50 Então responderam Labão
e Betuel: Do Senhor procede este negócio; nós
não podemos falar-te mal ou bem. 51 Eis que Rebeca está diante de
ti, toma-a e vai-te; seja ela a mulher do filho de teu senhor, como
tem dito o Senhor. 52 Quando o servo de Abraão ouviu as
palavras deles, prostrou-se em terra diante do Senhor. 53 E tirou o
servo joias de prata, e joias de ouro, e vestidos, e deu-os a Rebeca;
também deu coisas preciosas a seu irmão e a sua mãe. 54 Então
comeram e beberam, ele e os homens que com ele estavam, e passaram a
noite. Quando se levantaram de manhã, disse o servo: Deixai-me
ir a meu senhor. 55 Disseram o irmão e a mãe da donzela:
Fique ela conosco alguns dias, pelo menos dez
dias; e depois irá. 56 Ele, porém, lhes respondeu:
Não me detenhas, visto que o Senhor me tem prosperado o caminho;
deixai-me partir, para que eu volte a meu senhor. 57
Disseram-lhe: Chamaremos a donzela, e
perguntaremos a ela mesma. 58 Chamaram, pois, a Rebeca, e lhe
perguntaram: Irás tu com este homem; Respondeu
ela: Irei. 59 Então despediram a
Rebeca, sua irmã, e à sua ama e ao servo de Abraão e a seus
homens; 60 e abençoaram a Rebeca, e disseram-lhe: Irmã
nossa, sê tu a mãe de milhares de miríades, e possua a tua
descendência a porta de seus aborrecedores! 61 Assim Rebeca
se levantou com as suas moças e, montando nos camelos, seguiram o
homem; e o servo, tomando a Rebeca, partiu. 62 Ora, Isaque tinha
vindo do caminho de Beer-Laai-Rói; pois habitava na terra do Negebe.
63 Saíra Isaque ao campo à tarde, para meditar; e levantando os
olhos, viu, e eis que vinham camelos. 64 Rebeca também levantou os
olhos e, vendo a Isaque, saltou do camelo 65 e perguntou ao servo:
Quem é aquele homem que vem pelo campo ao
nosso encontro? Respondeu o servo: É
meu senhor. Então ela tomou o véu e se cobriu. 66 Depois o
servo contou a Isaque tudo o que fizera. 67 Isaque, pois, trouxe
Rebeca para a tenda de Sara, sua mãe; tomou-a e ela lhe foi por
mulher; e ele a amou. Assim Isaque foi consolado depois da morte de
sua mãe.
Gênesis 25
A
MORTE DE ABRAÃO
1
Ora, Abraão tomou outra mulher, que se chamava Quetura. 2 Ela lhe
deu à luz a Zinrã, Jocsã, Medã, Midiã, Jisbaque e Suá. 3 Jocsã
gerou a Seba e Dedã. Os filhos de Dedã foram Assurim, Letusim e
Leumim. 4 Os filhos de Midiã foram Efá, Efer, Enoque, Abida e Elda;
todos estes foram filhos de Quetura. 5 Abraão, porém, deu tudo
quanto possuía a Isaque; 6 no entanto aos filhos das concubinas que
Abraão tinha, deu ele dádivas; e, ainda em vida, os separou de seu
filho Isaque, enviando-os ao Oriente, para a terra oriental. 7 Estes,
pois, são os dias dos anos da vida de Abraão, que ele viveu: cento
e setenta e, cinco anos. 8 E Abraão expirou, morrendo em boa
velhice, velho e cheio de dias; e foi congregado ao seu povo. 9 Então
Isaque e Ismael, seus filhos, o sepultaram na cova de Macpela, no
campo de Efrom, filho de Zoar, o heteu, que estava em frente de
Manre, 10 o campo que Abraão comprara aos filhos de Hete. Ali foi
sepultado Abraão, e Sara, sua mulher. 11 Depois da morte de Abraão,
Deus abençoou a Isaque, seu filho; e habitava Isaque junto a
Beer-Laai-Rói. 12 Estas são as gerações de Ismael, filho de
Abraão, que Agar, a egípcia, serva de Sara, lhe deu; 13 e estes são
os nomes dos filhos de Ismael pela sua ordem, segundo as suas
gerações: o primogênito de Ismael era Nebaiote, depois Quedar,
Abdeel, Mibsão, 14 Misma, Dumá, Massá, 15 Hadade, Tema, Jetur,
Nafis e Quedemá. 16 Estes são os filhos de Ismael, e estes são os
seus nomes pelas suas vilas e pelos seus acampamentos: doze príncipes
segundo as suas tribos. 17 E estes são os anos da vida de Ismael,
cento e trinta e sete anos; e ele expirou e, morrendo, foi congregado
ao seu povo. 18 Eles então habitaram desde Havilá até Sur, que
está em frente do Egito, como quem vai em direção da Assíria;
assim Ismael se estabeleceu diante da face de todos os seus irmãos.
19 E estas são as gerações de Isaque, filho de Abraão: Abraão
gerou a Isaque; 20 e Isaque tinha quarenta anos quando tomou por
mulher a Rebeca, filha de Betuel, arameu de Padã-Arã, e irmã de
Labão, arameu.
ESAÚ
E JACÓ
21
Ora, Isaque orou insistentemente ao Senhor por sua mulher, porquanto
ela era estéril; e o Senhor ouviu as suas orações, e Rebeca, sua
mulher, concebeu. 22 E os filhos lutavam no ventre dela; então ela
disse: Por que estou eu assim? E foi
consultar ao Senhor. 23 Respondeu-lhe o Senhor:
Duas nações há no teu ventre, e dois
povos se dividirão das tuas estranhas, e um povo será mais forte do
que o outro povo, e o mais velho servirá ao mais moço. 24
Cumpridos que foram os dias para ela dar à luz, eis que havia gêmeos
no seu ventre. 25 Saiu o primeiro, ruivo, todo ele como um vestido de
pelo; e chamaram-lhe Esaú. 26 Depois saiu o seu irmão, agarrada sua
mão ao calcanhar de Esaú; pelo que foi chamado Jacó. E Isaque
tinha sessenta anos quando Rebeca os deu à luz. 27 Cresceram os
meninos; e Esaú tornou-se perito caçador, homem do campo; mas Jacó,
homem sossegado, que habitava em tendas. 28 Isaque amava a Esaú,
porque comia da sua caça; mas Rebeca amava a Jacó. 29 Jacó havia
feito um guisado, quando Esaú chegou do campo, muito cansado; 30 e
disse Esaú a Jacó: Deixa-me, peço-te, comer
desse guisado vermelho, porque estou muito cansado. Por isso
se chamou Edom. 31 Respondeu Jacó: Vende-me
primeiro o teu direito de primogenitura. 32 Então replicou
Esaú: Eis que estou a ponto e morrer; logo,
para que me servirá o direito de
primogenitura? 33 Ao que disse Jacó:
Jura-me primeiro. Jurou-lhe, pois; e vendeu o seu direito de
primogenitura a Jacó. 34 Jacó deu a Esaú pão e o guisado e
lentilhas; e ele comeu e bebeu; e, levantando-se, seguiu seu caminho.
Assim desprezou Esaú o seu direito de primogenitura.
Gênesis 26
ISAQUE
NA TERRA DE GERAR
1
Sobreveio à terra uma fome, além da primeira, que ocorreu nos dias
de Abraão. Por isso foi Isaque a Abimeleque, rei dos filisteus, em
Gerar. 2 E apareceu-lhe o Senhor e disse: Não
desças ao Egito; habita na terra que eu te disser; 3 peregrina nesta
terra, e serei contigo e te abençoarei; porque a ti, e aos que
descenderem de ti, darei todas estas terras, e confirmarei o
juramento que fiz a Abraão teu pai; 4 e multiplicarei a tua
descendência como as estrelas do céu, e lhe darei todas estas
terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra; 5
porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os
meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis. 6 Assim
habitou Isaque em Gerar. 7 Então os homens do lugar perguntaram-lhe
acerca de sua mulher, e ele respondeu: É minha
irmã; porque temia dizer: É minha mulher; para que
porventura, dizia ele, não me matassem os homens daquele lugar por
amor de Rebeca; porque era ela formosa à vista. 8 Ora, depois que
ele se demorara ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou
por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca,
sua mulher. 9 Então chamou Abimeleque a Isaque, e disse:
Eis que
na verdade é tua mulher; como pois disseste: É
minha irmã? Respondeu-lhe Isaque: Porque eu dizia: Para
que eu porventura não morra por sua causa. 10 Replicou
Abimeleque: Que é isso que nos fizeste?
Facilmente se teria deitado alguém deste povo com tua mulher, e tu
terias trazido culpa sobre nós. 11 E Abimeleque ordenou a
todo o povo, dizendo: Qualquer que tocar neste
homem ou em sua mulher, certamente morrerá. 12 Isaque semeou
naquela terra, e no mesmo ano colheu o cêntuplo; e o Senhor o
abençoou. 13 E engrandeceu-se o homem; e foi-se enriquecendo até
que se tornou mui poderoso; 14 e tinha possessões de rebanhos e de
gado, e muita gente de serviço; de modo que os filisteus o
invejavam. 15 Ora, todos os poços, que os servos de seu pai tinham
cavado nos dias de seu pai Abraão, os filisteus entulharam e
encheram de terra. 16 E Abimeleque disse a Isaque: Aparta-te de nós;
porque muito mais poderoso te tens feito do que nós. 17 Então
Isaque partiu dali e, acampando no vale de Gerar, lá habitou. 18 E
Isaque tornou a cavar os poços que se haviam cavado nos dias de
Abraão seu pai, pois os filisteus os haviam entulhado depois da
morte de Abraão; e deu-lhes os nomes que seu pai lhes dera. 19
Cavaram, pois, os servos de Isaque naquele vale, e acharam ali um
poço de águas vivas. 20 E os pastores de Gerar contenderam com os
pastores de Isaque, dizendo: Esta
água é nossa. E ele chamou ao poço Eseque,
porque contenderam com ele. 21 Então cavaram outro poço, pelo qual
também contenderam; por isso chamou-lhe Sitna. 22 E partiu dali, e
cavou ainda outro poço; por este não contenderam; pelo que
chamou-lhe Reobote, dizendo: Pois agora o Senhor nos deu largueza, e
havemos de crescer na terra. 23 Depois subiu dali a Berseba.
24 E apareceu-lhe o Senhor na mesma noite e disse: Eu
sou o Deus de Abraão, teu pai; não temas, porque eu sou contigo, e
te abençoarei e multiplicarei a tua descendência por amor do meu
servo Abraão. 25 Isaque, pois,
edificou ali um altar e invocou o nome do Senhor; então armou ali a
sua tenda, e os seus servos cavaram um poço. 26 Então Abimeleque
veio a ele de Gerar, com Auzate, seu amigo, e Ficol, o chefe do seu
exército. 27 E perguntou-lhes Isaque: Por que
viestes ter comigo, visto que me odiais, e me repelistes de vós? 28
Responderam eles: Temos visto claramente que o
Senhor é contigo, pelo que dissemos: Haja agora juramento entre nós,
entre nós e ti; e façamos um pacto contigo, 29 que não nos farás
mal, assim como nós não te havemos tocado, e te fizemos somente o
bem, e te deixamos ir em paz. Agora tu és o bendito do Senhor. 30
Então Isaque lhes deu um banquete, e comeram e beberam. 31 E
levantaram-se de manhã cedo e juraram de parte a parte; depois
Isaque os despediu, e eles se despediram dele em paz. 32 Nesse mesmo
dia vieram os servos de Isaque e deram-lhe notícias acerca do poço
que haviam cavado, dizendo-lhe: Temos achado
água. 33 E ele chamou o poço Seba; por isso é o nome da
cidade Berseba até o dia de hoje. 34 Ora,
quando Esaú tinha quarenta anos, tomou por mulher a Judite, filha de
Beeri, o heteu e a Basemate, filha de Elom, o heteu. 35 E estas foram
para Isaque e Rebeca uma amargura de espírito.
Gênesis 27
JACÓ
ENGANA
ISAQUE
1
Quando Isaque já estava velho, e se lhe enfraqueciam os olhos, de
maneira que não podia ver, chamou a Esaú, seu filho mais velho, e
disse-lhe: Meu filho! Ele lhe respondeu:
Eis-me aqui! 2 Disse-lhe o pai: Eis
que agora estou velho, e não sei o dia da minha morte; 3 toma, pois,
as tuas armas, a tua aljava e o teu arco; e sai ao campo, e apanha
para mim alguma caça; 4 e faze-me um guisado saboroso, como eu
gosto, e traze-mo, para que eu coma; a fim de que a minha alma te
abençoe, antes que morra. 5 Ora, Rebeca estava escutando
quando Isaque falou a Esaú, seu filho. Saiu, pois, Esaú ao campo
para apanhar caça e trazê-la. 6 Disse então Rebeca a Jacó, seu
filho: Eis que ouvi teu pai falar com Esaú,
teu irmão, dizendo: 7 Traze-me caça, e faze-me um guisado saboroso,
para que eu coma, e te abençoe diante do Senhor, antes da minha
morte. 8 Agora, pois, filho meu, ouve a minha voz naquilo que eu te
ordeno: 9 Vai ao rebanho, e traze-me de lá das cabras dois bons
cabritos; e eu farei um guisado saboroso para teu pai, como ele
gosta; 10 e levá-lo-ás a teu pai, para que o coma, a fim de te
abençoar antes da sua morte. 11 Respondeu, porém, Jacó a
Rebeca, sua mãe: Eis que Esaú, meu irmão, é
peludo, e eu sou liso. 12 Porventura meu pai me apalpará e serei a
seus olhos como enganador; assim trarei sobre mim uma maldição, e
não uma bênção. 13 Respondeu-lhe sua mãe: Meu
filho, sobre mim caia essa maldição; somente obedece à minha voz,
e vai trazer-mos. 14 Então ele foi, tomou-os e os trouxe a
sua mãe, que fez um guisado saboroso como seu pai gostava. 15 Depois
Rebeca tomou as melhores vestes de Esaú, seu filho mais velho, que
tinha consigo em casa, e vestiu a Jacó, seu filho mais moço; 16 com
as peles dos cabritos cobriu-lhe as mãos e a lisura do pescoço; 17
e pôs o guisado saboroso e o pão que tinha preparado, na mão de
Jacó, seu filho. 18 E veio Jacó a seu pai, e chamou:
Meu pai! E ele disse: 19 Aqui; quem és
tu, meu filho? 20 Respondeu Jacó a seu pai:
Eu sou Esaú, teu primogênito; tenho feito como me disseste;
levanta-te, pois, senta-te e come da minha caça, para que a tua alma
me abençoe. 21 Perguntou Isaque a seu filho: Como
é que tão depressa a achaste, filho meu? Respondeu ele:
Porque o Senhor, teu Deus, a mandou ao meu
encontro. 22 Então disse Isaque a Jacó:
Chega-te, pois, para que eu te apalpe e veja se és meu filho Esaú
mesmo, ou não. 23 Chegou-se Jacó a Isaque, seu pai, que o
apalpou, e disse: A voz é a voz de Jacó,
porém as mãos são as mãos de Esaú. 24 E não o
reconheceu, porquanto as suas mãos estavam peludas, como as de Esaú
seu irmão; e abençoou-o. 25 No entanto, perguntou: Tu
és mesmo meu filho Esaú? E ele declarou: Eu
o sou. 26 Disse-lhe então seu pai: Traze-mo,
e comerei da caça de meu filho, para que a minha alma te abençoe. E
Jacó lho trouxe, e ele comeu; trouxe-lhe também vinho, e ele bebeu.
27 Disse-lhe mais Isaque, seu pai: Aproxima-te
agora, e beija-me, meu filho. 28 E ele se aproximou e o
beijou; e seu pai, sentindo-lhe o cheiro das vestes o abençoou, e
disse: Eis que o cheiro de meu filho é como o
cheiro de um campo que o Senhor abençoou. 29 Que Deus te dê do
orvalho do céu, e dos lugares férteis da terra, e abundância de
trigo e de mosto; 30 sirvam-te povos, e nações se encurvem a ti; sê
senhor de teus irmãos, e os filhos da tua mãe se encurvem a ti;
sejam malditos os que te amaldiçoarem, e benditos sejam os que te
abençoarem. 31 Tão logo Isaque acabara de abençoar a Jacó,
e este saíra da presença de seu pai, chegou da caça Esaú, seu
irmão; 32 e fez também ele um guisado saboroso e, trazendo-o a seu
pai, disse-lhe: Levanta-te, meu pai, e come da
caça de teu filho, para que a tua alma me abençoe. 33
Perguntou-lhe Isaque, seu pai: Quem és tu?
Respondeu ele: Eu sou teu filho, o teu
primogênito, Esaú. 34 Então estremeceu Isaque de um
estremecimento muito grande e disse: Quem,
pois, é aquele que apanhou caça e ma trouxe? Eu comi de tudo, antes
que tu viesses, e abençoei-o, e ele será bendito. 35 Esaú,
ao ouvir as palavras de seu pai, bradou com grande e mui amargo
brado, e disse a seu pai: Abençoa-me também a
mim, meu pai! 36 Respondeu Isaque: Veio
teu irmão e com sutileza tomou a tua bênção. 37 Disse
Esaú: Não se chama ele com razão Jacó,
visto que já por duas vezes me enganou? Tirou-me
o direito de primogenitura, e eis que agora me tirou a bênção.
E perguntou: Não reservaste uma bênção para
mim? 38 Respondeu Isaque a Esaú: Eis
que o tenho posto por senhor sobre ti, e todos os seus irmãos lhe
tenho dado por servos; e de trigo e de mosto o tenho fortalecido.
Que, pois, poderei eu fazer por ti, meu filho? 39 Disse Esaú
a seu pai: Porventura tens uma única bênção,
meu pai? Abençoa-me também a mim, meu pai. E levantou Esaú
a voz, e chorou. 40 Respondeu-lhe Isaque, seu pai: Longe
dos lugares férteis da terra será a tua habitação, longe do
orvalho do alto céu; 41 pela tua espada viverás, e a teu irmão,
servirás; mas quando te tornares impaciente, então sacudirás o seu
jugo do teu pescoço. 42 Esaú, pois, odiava a Jacó por causa
da bênção com que seu pai o tinha abençoado, e disse consigo: Vêm
chegando os dias de luto por meu pai; então hei de matar Jacó, meu
irmão. 43 Ora, foram denunciadas a Rebeca estas palavras de
Esaú, seu filho mais velho; pelo que ela mandou chamar Jacó, seu
filho mais moço, e lhe disse: Eis que Esaú
teu irmão se consola a teu respeito, propondo matar-te. 44 Agora,
pois, meu filho, ouve a minha voz; levanta-te, refugia-te na casa de
Labão, meu irmão, em Harã, 45 e demora-te com ele alguns dias, até
que passe o furor de teu irmão; 46 até que se desvie de ti a ira de
teu irmão, e ele se esqueça do que lhe fizeste; então mandarei
trazer-te de lá; por que seria eu desfilhada de vós ambos num só
dia? 47 E disse Rebeca a Isaque: Enfadada
estou da minha vida, por causa das filhas de Hete; se Jacó tomar
mulher dentre as filhas de Hete, tais como estas, dentre as filhas
desta terra, para que viverei?
Gênesis 28
O
SONHO DE JACÓ
1
Isaque, pois, chamou Jacó, e o abençoou, e ordenou-lhe, dizendo:
Não tomes mulher dentre as filhas de Canaã. 2
Levanta-te, vai a Padã-Arã, à casa de Betuel, pai de tua mãe, e
toma de lá uma mulher dentre as filhas de Labão, irmão de tua mãe.
3 Deus Todo Poderoso te abençoe, te faça frutificar e te
multiplique, para que venhas a ser uma multidão de povos; 4 e te dê
a bênção de Abraão, a ti e à tua descendência contigo, para que
herdes a terra de tuas peregrinações, que Deus deu a Abraão.
5 Assim despediu Isaque a Jacó, o qual foi a Padã-Arã, a Labão,
filho de Betuel, arameu, irmão de Rebeca, mãe de Jacó e de Esaú.
6 Ora, viu Esaú que Isaque abençoara a Jacó, e o enviara a
Padã-Arã, para tomar de lá mulher para si, e que, abençoando-o,
lhe ordenara, dizendo: Não tomes mulher dentre as filhas de Canaã,
7 e que Jacó, obedecendo a seu pai e a sua mãe, fora a Padã-Arã;
8 vendo também Esaú que as filhas de Canaã eram más aos olhos de
Isaque seu pai, 9 foi-se Esaú a Ismael e, além das mulheres que já
tinha, tomou por mulher a Maalate, filha de Ismael, filho de Abraão,
irmã de Nebaiote. 10 Partiu, pois, Jacó de Berseba e se foi em
direção a Harã; 11 e chegou a um lugar onde passou a noite, porque
o sol já se havia posto; e, tomando uma das pedras do lugar e
pondo-a debaixo da cabeça, deitou-se ali para dormir. 12 Então
sonhou: estava posta sobre a terra uma escada, cujo topo chegava ao
céu; e eis que os anjos de Deus subiam e desciam por ela; 13 por
cima dela estava o Senhor, que disse: Eu
sou o Senhor, o Deus de Abraão teu pai, e o Deus de Isaque; esta
terra em que estás deitado, eu a darei a ti e à tua descendência;
14 e a tua descendência será como o pó da terra; dilatar-te-ás
para o ocidente, para o oriente, para o norte e para o sul; por meio
de ti e da tua descendência serão benditas todas as famílias da
terra. 15 Eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que
fores, e te farei tornar a esta terra; pois não te deixarei até que
haja cumprido aquilo de que te tenho falado.
16 Ao acordar Jacó do seu sono, disse: Realmente o Senhor
está neste lugar; e eu não o sabia. 17 E temeu, e disse: Quão
terrível é este lugar! Este não é outro lugar senão a casa de
Deus; e esta é a porta dos céus. 18 Jacó levantou-se de
manhã cedo, tomou a pedra que pusera debaixo da cabeça, e a pôs
como coluna; e derramou-lhe azeite em cima. 19 E chamou aquele lugar
Betel; porém o nome da cidade antes era Luz. 20 Fez também Jacó um
voto, dizendo: Se Deus for comigo e me guardar
neste caminho que vou seguindo, e me der pão para comer e vestes
para vestir, 21 de modo que eu volte em paz à casa de meu pai, e se
o Senhor for o meu Deus, 22 então esta pedra que tenho posto como
coluna será casa de Deus; e de tudo quanto me deres, certamente te
darei o dízimo.
Gênesis 29
O
CASAMENTO DE JACÓ
1
Então pôs-se Jacó a caminho e chegou à terra dos filhos do
Oriente. 2 E olhando, viu ali um poço no campo, e três rebanhos de
ovelhas deitadas junto dele; pois desse poço se dava de beber aos
rebanhos; e havia uma grande pedra sobre a boca do poço. 3
Ajuntavam-se ali todos os rebanhos; os pastores removiam a pedra da
boca do poço, davam de beber às ovelhas e tornavam a pôr a pedra
no seu lugar sobre a boca do poço. 4 Perguntou-lhes Jacó:
Meus irmãos, donde sois? Responderam eles: Somos
de Harã. 5 Perguntou-lhes mais: Conheceis
a Labão, filho de Naor; Responderam:
Conhecemos. 6 Perguntou-lhes ainda: Vai
ele bem? Responderam: Vai bem; e eis ali
Raquel, sua filha, que vem chegando com as ovelhas. 7 Disse
ele: Eis que ainda vai alto o dia; não é hora
de se ajuntar o gado; dai de beber às ovelhas, e ide apascentá-las.
8 Responderam: Não podemos, até que
todos os rebanhos se ajuntem, e seja removida a pedra da boca do
poço; assim é que damos de beber às ovelhas. 9 Enquanto
Jacó ainda lhes falava, chegou Raquel com as ovelhas de seu pai;
porquanto era ela quem as apascentava. 10 Quando Jacó viu a Raquel,
filha de Labão, irmão de sua mãe, e as ovelhas de Labão, irmão
de sua mãe, chegou-se, revolveu a pedra da boca do poço e deu de
beber às ovelhas de Labão, irmão de sua mãe. 11 Então Jacó
beijou a Raquel e, levantando a voz, chorou. 12 E Jacó anunciou a
Raquel que ele era irmão de seu pai, e que era filho de Rebeca.
Raquel, pois foi correndo para anunciá-lo a, seu pai. 13 Quando
Labão ouviu essas novas de Jacó, filho de sua irmã, correu-lhe ao
encontro, abraçou-o, beijou-o e o levou à sua casa. E Jacó relatou
a Labão todas essas, coisas. 14 Disse-lhe Labão: Verdadeiramente
tu és meu osso e minha carne. E Jacó ficou com ele um mês
inteiro. 15 Depois perguntou Labão a Jacó:
Por seres meu irmão hás de servir-me de graça? Declara-me, qual
será o teu salário? 16 Ora, Labão tinha duas filhas; o nome
da mais velha era Léia, e o da mais moça Raquel. 17 Léia tinha os
olhos enfermos, enquanto que Raquel era formosa de porte e de
semblante. 18 Jacó, porquanto amava a Raquel, disse: Sete anos te
servirei para ter a Raquel, tua filha mais moça. 19 Respondeu Labão:
Melhor é que eu a dê a ti do que a outro;
fica comigo. 20 Assim serviu Jacó sete anos por causa de
Raquel; e estes lhe pareciam como poucos dias, pelo muito que a
amava. 21 Então Jacó disse a Labão: Dá-me
minha mulher, porque o tempo já está cumprido; para que eu a tome
por mulher. 22 Reuniu, pois, Labão todos os homens do lugar,
e fez um banquete. 23 À tarde tomou a Léia, sua filha e a trouxe a
Jacó, que esteve com ela. 24 E Labão deu sua serva Zilpa por serva
a Léia, sua filha. 25 Quando amanheceu, eis que era Léia; pelo que
perguntou Jacó a Labão: Que é isto que me
fizeste? Porventura não te servi em troca de Raquel? Por que, então,
me enganaste? 26 Respondeu Labão: Não
se faz assim em nossa terra; não se dá a menor antes da
primogênita. 27 Cumpre a semana desta; então te daremos também a
outra, pelo trabalho de outros sete anos que ainda me servirás. 28
Assim fez Jacó, e cumpriu a semana de Léia; depois Labão lhe deu
por mulher sua filha Raquel. 29 E Labão deu sua serva Bila por serva
a Raquel, sua filha. 30 Então Jacó esteve também com Raquel; e
amou a Raquel muito mais do que a Léia; e serviu com Labão ainda
outros sete anos. 31 Viu, pois, o Senhor que Léia era desprezada e
tornou-lhe fecunda a madre; Raquel, porém, era estéril. 32 E Léia
concebeu e deu à luz um filho, a quem chamou Rúben; pois disse:
Porque o Senhor atendeu à minha aflição;
agora me amará meu marido. 33 Concebeu outra vez, e deu à
luz um filho; e disse: Porquanto o Senhor
ouviu que eu era desprezada, deu-me também este. E lhe
chamou Simeão. 34 Concebeu ainda outra vez e deu à luz um filho e
disse: Agora esta vez se unirá meu marido a
mim, porque três filhos lhe tenho dado. Portanto lhe
chamou Levi. 35 De novo concebeu e deu à luz um filho; e disse:
Esta vez louvarei ao Senhor.
Por isso lhe chamou Judá. E cessou de ter filhos.
Gênesis 30
RAQUEL
E LÉIA
1
Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve inveja de sua irmã,
e disse a Jacó: Dá-me filhos, senão eu
morro. 2 Então se acendeu a ira de Jacó contra Raquel; e
disse: Porventura estou eu no lugar de Deus que
te impediu o fruto do ventre? 3 Respondeu ela: Eis
aqui minha serva Bila; recebe-a por mulher, para que ela dê à luz
sobre os meus joelhos, e eu deste modo tenha filhos por ela. 4
Assim lhe deu a Bila, sua serva, por mulher; e Jacó a conheceu. 5
Bila concebeu e deu à luz um filho a Jacó. 6 Então disse Raquel:
Julgou-me Deus; ouviu a minha voz e me deu um
filho; pelo que lhe chamou Dã. 7 E Bila, serva de Raquel,
concebeu outra vez e deu à luz um segundo filho a Jacó. 8 Então
disse Raquel: Com grandes lutas tenho lutado
com minha irmã, e tenho vencido; e chamou-lhe Naftali. 9
Também Léia, vendo que cessara de ter filhos, tomou a Zilpa, sua
serva, e a deu a Jacó por mulher. 10 E Zilpa, serva de Léia, deu à
luz um filho a Jacó. 11 Então disse Léia:
Afortunada! E chamou-lhe Gade. 12 Depois Zilpa, serva de Léia,
deu à luz um segundo filho a Jacó. 13 Então disse Léia:
Feliz sou eu! Porque as filhas me chamarão feliz; e chamou-lhe Aser.
14 Ora, saiu Rúben nos dias da ceifa do trigo e achou mandrágoras
no campo, e as trouxe a Léia, sua mãe. Então disse Raquel a Léia:
Dá-me, peço, das mandrágoras de teu filho.
15 Ao que lhe respondeu Léia: É já pouco que
me hajas tirado meu marido? Queres tirar também as mandrágoras de
meu filho? Prosseguiu Raquel: Por isso
ele se deitará contigo esta noite pelas mandrágoras de teu filho.
16 Quando, pois, Jacó veio à tarde do campo, saiu-lhe Léia
ao encontro e disse: Hás de estar comigo,
porque certamente te aluguei pelas mandrágoras de meu filho.
E com ela deitou-se Jacó aquela noite. 17 E ouviu Deus a Léia, e
ela concebeu e deu a Jacó um quinto filho. 18 Então disse Léia:
Deus me tem dado o meu galardão, porquanto dei
minha serva a meu marido. E chamou ao filho Issacar. 19
Concebendo Léia outra vez, deu a Jacó um sexto filho; 20 e disse:
Deus me deu um excelente dote; agora morará
comigo meu marido, porque lhe tenho dado seis filhos. E
chamou-lhe Zebulom. 21 Depois disto deu à luz uma filha, e
chamou-lhe Diná. 22 Também lembrou-se Deus de Raquel, ouviu-a e a
tornou fecunda. 23 De modo que ela concebeu e deu à luz um filho, e
disse: Tirou-me Deus o opróbrio. 24 E
chamou-lhe José, dizendo: Acrescente-me o
Senhor ainda outro filho. 25 Depois que Raquel deu à luz a
José, disse Jacó a Labão: Despede-me a fim de que eu vá para meu
lugar e para minha terra. 26 Dá-me as minhas mulheres, e os meus
filhos, pelas quais te tenho servido, e deixa-me ir; pois tu sabes o
serviço que te prestei. 27 Labão lhe respondeu:
Se tenho achado graça aos teus olhos, fica comigo; pois tenho
percebido que o Senhor me abençoou por amor de ti. 28 E disse
mais: Determina-me o teu salário, que to
darei. 29 Ao que lhe respondeu Jacó: Tu
sabes como te hei servido, e como tem passado o teu gado comigo. 30
Porque o pouco que tinhas antes da minha vinda tem se multiplicado
abundantemente; e o Senhor te tem abençoado por onde quer que eu
fui. Agora, pois, quando hei de trabalhar também por minha casa? 31
Insistiu Labão: Que te darei? Então
respondeu Jacó: Não me darás nada; tornarei
a apascentar e a guardar o teu rebanho se me fizeres isto: 32
Passarei hoje por todo o teu rebanho, separando dele todos os
salpicados e malhados, e todos os escuros entre as ovelhas, e os
malhados e salpicados entre as cabras; e isto será o meu salário.
33 De modo que responderá por mim a minha justiça no dia de amanhã,
quando vieres ver o meu salário assim exposto diante de ti: tudo o
que não for salpicado e malhado entre as cabras e escuro entre as
ovelhas, esse, se for achado comigo, será tido por furtado. 34
Concordou Labão, dizendo: Seja conforme a tua
palavra. 35 E separou naquele mesmo dia os bodes listrados e
malhados e todas as cabras salpicadas e malhadas, tudo em que havia
algum branco, e todos os escuros entre os cordeiros e os deu nas mãos
de seus filhos; 36 e pôs três dias de caminho entre si e Jacó; e
Jacó apascentava o restante dos rebanhos de Labão. 37 Então tomou
Jacó varas verdes de estoraque, de amendoeira e de plátano e,
descascando nelas riscas brancas, descobriu o branco que nelas havia;
38 e as varas que descascara pôs em frente dos rebanhos, nos cochos,
isto é, nos bebedouros, onde os rebanhos bebiam; e conceberam quando
vinham beber. 39 Os rebanhos concebiam diante das varas, e as ovelhas
davam crias listradas, salpicadas e malhadas. 40 Então separou Jacó
os cordeiros, e fez os rebanhos olhar para os listrados e para todos
os escuros no rebanho de Labão; e pôs seu rebanho à parte, e não
pôs com o rebanho de Labão. 41 E todas as vezes que concebiam as
ovelhas fortes, punha Jacó as varas nos bebedouros, diante dos olhos
do rebanho, para que concebessem diante das varas; 42 mas quando era
fraco o rebanho, ele não as punha. Assim as fracas eram de Labão, e
as fortes de Jacó. 43 E o homem se enriqueceu sobremaneira, e teve
grandes rebanhos, servas e servos, camelos e jumentos.
Gênesis 31
JACÓ
PARTE DE PADÃ-ARÃ
1
Jacó, entretanto, ouviu as palavras dos filhos de Labão, que
diziam: Jacó tem levado tudo o que era de
nosso pai, e do que era de nosso pai adquiriu ele todas estas,
riquezas. 2 Viu também Jacó o rosto de Labão, e eis que
não era para com ele como dantes. 3 Disse o Senhor, então, a Jacó:
Volta para a terra de teus pais e para a
tua parentela; e eu serei contigo. 4
Pelo que Jacó mandou chamar a Raquel e a Léia ao campo, onde estava
o seu rebanho, 5 e lhes disse: Vejo que o rosto
de vosso pai para comigo não é como anteriormente; porém o Deus de
meu pai tem estado comigo. 6 Ora, vós mesmas sabeis que com todas as
minhas forças tenho servido a vosso pai. 7 Mas vosso pai me tem
enganado, e dez vezes mudou o meu salário; Deus, porém, não lhe
permitiu que me fizesse mal. 8 Quando ele dizia assim: Os salpicados
serão o teu salário; então todo o rebanho dava salpicados. E
quando ele dizia assim: Os listrados serão o teu salário, então
todo o rebanho dava listrados. 9 De modo que Deus tem tirado o gado
de vosso pai, e mo tem dado a mim. 10 Pois sucedeu que, ao tempo em
que o rebanho concebia, levantei os olhos e num sonho vi que os bodes
que cobriam o rebanho eram listrados, salpicados e malhados. 11
Disse-me o anjo de Deus no sonho: Jacó!
Eu respondi: Eis-me aqui. 12
Prosseguiu o anjo: Levanta os teus olhos e vê
que todos os bodes que cobrem o rebanho são listrados, salpicados e
malhados; porque tenho visto tudo o que Labão te vem fazendo. 13 Eu
sou o Deus de Betel, onde ungiste uma coluna, onde me fizeste um
voto; levanta-te, pois, sai-te desta terra e volta para a terra da
tua parentela. 14 Então lhe
responderam Raquel e Léia: Temos nós ainda
parte ou herança na casa de nosso pai? 15 Não somos tidas por ele
como estrangeiras? Pois nos vendeu, e consumiu todo o nosso preço.
16 Toda a riqueza que Deus tirou de nosso pai é nossa e de nossos
filhos; portanto, faze tudo o que Deus te mandou. 17
Levantou-se, pois, Jacó e fez montar seus filhos e suas mulheres
sobre os camelos; 18 e levou todo o seu gado, e toda a sua fazenda,
que havia adquirido, o gado que possuía, que havia adquirido em
Padã-Arã, a fim de ir ter com Isaque, seu pai, à terra de Canaã.
19 Ora, tendo Labão ido tosquiar as suas ovelhas, Raquel furtou os
ídolos que pertenciam a seu pai. 20 Jacó iludiu a Labão, o arameu,
não lhe fazendo saber que fugia; 21 e fugiu com tudo o que era seu;
e, levantando-se, passou o rio, e foi em direção à montanha de
Gileade. 22 Ao terceiro dia foi Labão avisado de que Jacó havia
fugido. 23 Então, tomando consigo seus irmãos, seguiu atrás de
Jacó jornada de sete dias; e alcançou-o na montanha de Gileade. 24
Mas Deus apareceu de noite em sonho a Labão, o arameu, e disse-lhe:
Guarda-te, que não fales a Jacó nem bem nem
mal. 25 Alcançou, pois, Labão a
Jacó. Ora, Jacó tinha armado a sua tenda na montanha; armou também
Labão com os seus irmãos a sua tenda na montanha de Gileade. 26
Então disse Labão a Jacó: Que fizeste, que
me iludiste e levaste minhas filhas como cativas da espada? 27 Por
que fizeste ocultamente, e me iludiste e não mo fizeste saber, para
que eu te enviasse com alegria e com cânticos, ao som de tambores e
de harpas; 28 Por que não me permitiste beijar meus filhos e minhas
filhas? Ora, assim procedeste nesciamente. 29 Está no poder da minha
mão fazer-vos o mal, mas o Deus de vosso pai falou-me ontem à
noite, dizendo: Guarda-te, que não
fales a Jacó nem bem nem mal. 30
Mas ainda que quiseste ir embora, porquanto tinhas saudades da casa
de teu pai, por que furtaste os meus deuses? 31 Respondeu-lhe
Jacó: Porque tive medo; pois dizia comigo que
tu me arrebatarias as tuas filhas. 32 Com quem achares os teus
deuses, porém, esse não viverá; diante de nossos irmãos descobre
o que é teu do que está comigo, e leva-o contigo. Pois Jacó
não sabia que Raquel os tinha furtado. 33 Entrou, pois, Labão na
tenda de Jacó, na tenda de Léia e na tenda das duas servas, e não
os achou; e, saindo da tenda de Léia, entrou na tenda de Raquel. 34
Ora, Raquel havia tomado os ídolos e os havia metido na albarda do
camelo, e se assentara em cima deles. Labão apalpou toda a tenda,
mas não os achou. 35 E ela disse a seu pai: Não
se acenda a ira nos olhos de meu senhor, por eu não me poder
levantar na tua presença, pois estou com o incômodo das mulheres.
Assim ele procurou, mas não achou os ídolos. 36 Então irou-se Jacó
e contendeu com Labão, dizendo: Qual é a
minha transgressão? Qual é o meu pecado, que tão furiosamente me
tens perseguido? 37 Depois de teres apalpado todos os meus móveis,
que achaste de todos os móveis da tua casa. Põe-no aqui diante de
meus irmãos e de teus irmãos, para que eles julguem entre nós
ambos. 38 Estes vinte anos estive eu contigo; as tuas ovelhas e as
tuas cabras nunca abortaram, e não comi os carneiros do teu rebanho.
39 Não te trouxe eu o despedaçado; eu sofri o dano; da minha mão
requerias tanto o furtado de dia como o furtado de noite. 40 Assim
andava eu; de dia me consumia o calor, e de noite a geada; e o sono
me fugia dos olhos. 41 Estive vinte anos em tua casa; catorze anos te
servi por tuas duas filhas, e seis anos por teu rebanho; dez vezes
mudaste o meu salário. 42 Se o Deus de meu pai, o Deus de Abraão e
o Temor de Isaque não fora por mim, certamente hoje me mandarias
embora vazio. Mas Deus tem visto a minha aflição e o trabalho das
minhas mãos, e repreendeu-te ontem à noite. 43 Respondeu-lhe
Labão: Estas filhas são minhas filhas, e
estes filhos são meus filhos, e este rebanho é meu rebanho, e tudo
o que vês é meu; e que farei hoje a estas minhas filhas, ou aos
filhos que elas tiveram? 44 Agora pois vem, e façamos um pacto, eu e
tu; e sirva ele de testemunha entre mim e ti. 45 Então tomou
Jacó uma pedra, e a erigiu como coluna. 46 E disse a seus irmãos:
Ajuntai pedras. Tomaram, pois, pedras e
fizeram um montão, e ali junto ao montão comeram. 47 Labão lhe
chamou Jegar-Saaduta, e Jacó chamou-lhe Galeede. 48 Disse, pois,
Labão: Este montão é hoje testemunha entre
mim e ti. Por isso foi chamado Galeede; 49 e também Mispá,
porquanto disse: Vigie o Senhor entre mim e ti,
quando estivermos apartados um do outro. 50 Se afligires as minhas
filhas, e se tomares outras mulheres além das minhas filhas, embora
ninguém esteja conosco, lembra-te de que Deus é testemunha entre
mim e ti. 51 Disse ainda Labão a Jacó: Eis
aqui este montão, e eis aqui a coluna que levantei entre mim e ti.
52 Seja este montão testemunha, e seja esta coluna testemunha de
que, para mal, nem passarei eu deste montão a ti, nem passarás tu
deste montão e desta coluna a mim. 53 O Deus de Abraão e o Deus de
Naor, o Deus do pai deles, julgue entre nós. E jurou Jacó
pelo Temor de seu pai Isaque. 54 Então Jacó ofereceu um sacrifício
na montanha, e convidou seus irmãos para comerem pão; e, tendo
comido, passaram a noite na montanha. 55 Levantou-se Labão de manhã
cedo, beijou seus filhos e suas filhas e os abençoou; e, partindo,
voltou para o seu lugar.
Gênesis 32
O
ENCONTRO NO VAU DE JABOQUE
1
Jacó também seguiu o seu caminho; e encontraram-no os anjos de
Deus. 2 Quando Jacó os viu, disse: Este é o
exército de Deus. E chamou àquele lugar Maanaim. 3 Então
enviou Jacó mensageiros diante de si a Esaú, seu irmão, à terra
de Seir, o território de Edom, 4 tendo-lhes ordenado: Deste
modo falareis a meu senhor Esaú: Assim diz Jacó, teu servo: Como
peregrino morei com Labão, e com ele fiquei até agora; 5 e tenho
bois e jumentos, rebanhos, servos e servas; e mando comunicar isso a
meu senhor, para achar graça aos teus olhos. 6 Depois os
mensageiros voltaram a Jacó, dizendo: Fomos
ter com teu irmão Esaú; e, em verdade, vem ele para encontrar-te, e
quatrocentos homens com ele. 7 Jacó teve muito medo e ficou
aflito; dividiu em dois bandos o povo que estava com ele, bem como os
rebanhos, os bois e os camelos; 8 pois dizia: Se
Esaú vier a um bando e o ferir, o outro bando escapará. 9
Disse mais Jacó: Ó
Deus de meu pai Abraão, Deus de meu pai Isaque, ó Senhor, que me
disseste: Volta para a tua terra, e
para a tua parentela, e eu te farei bem! 10
Não sou digno da menor de todas as tuas beneficências e de toda a
fidelidade que tens usado para com teu servo; porque com o meu cajado
passei este Jordão, e agora volto em dois bandos. 11 Livra-me,
peço-te, da mão de meu irmão, da mão de Esaú, porque eu o temo;
acaso não venha ele matar-me, e a mãe com os filhos. 12 Pois tu
mesmo disseste: Certamente te farei
bem, e farei a tua descendência como a areia do mar, que pela
multidão não se pode contar. 13 Passou ali aquela
noite; e do que tinha tomou um presente para seu irmão Esaú: 14
duzentas cabras e vinte bodes, duzentas ovelhas e vinte carneiros, 15
trinta camelas de leite com suas crias, quarenta vacas e dez touros,
vinte jumentas e dez jumentinhos. 16 Então os entregou nas mãos dos
seus servos, cada manada em separado; e disse a seus servos: Passai
adiante de mim e ponde espaço entre manada e manada. 17 E ordenou ao
primeiro, dizendo: Quando Esaú, meu irmão, te
encontrar e te perguntar: De quem és, e para onde vais, e de quem
são estes diante de ti? 18 Então responderás: São de teu servo
Jacó, presente que envia a meu senhor, a Esaú, e eis que ele vem
também atrás de nós. 19 Ordenou igualmente ao segundo, e ao
terceiro, e a todos os que vinham atrás das manadas, dizendo:
Desta maneira falareis a Esaú quando o achardes. 20
E direis também: Eis que o teu servo Jacó vem atrás de nós.
Porque dizia: Aplacá-lo-ei com o presente, que vai adiante de mim, e
depois verei a sua face; porventura ele me aceitará. 21 Foi,
pois, o presente adiante dele; ele, porém, passou aquela noite no
arraial. 22 Naquela mesma noite levantou-se e, tomando suas duas
mulheres, suas duas servas e seus onze filhos, passou o vau de
Jaboque. 23 Tomou-os, e fê-los passar o ribeiro, e fez passar tudo o
que tinha. 24 Jacó, porém, ficou só; e lutava com ele um homem até
o romper do dia. 25 Quando este viu que não prevalecia contra ele,
tocou-lhe a juntura da coxa, e se deslocou a juntura da coxa de Jacó,
enquanto lutava com ele. 26 Disse o homem:
Deixa-me ir, porque já vem rompendo o dia. Jacó, porém,
respondeu: Não te deixarei ir, se me não
abençoares. 27 Perguntou-lhe, pois: Qual
é o teu nome? E ele respondeu: Jacó.
28 Então disse: Não te chamarás mais
Jacó, mas Israel; porque tens lutado com Deus e com os homens e tens
prevalecido. 29 Perguntou-lhe Jacó:
Dize-me, peço-te, o teu nome. Respondeu o homem: Por que
perguntas pelo meu nome? E ali o abençoou. 30 Pelo que Jacó chamou
ao lugar Peniel, dizendo: Porque tenho visto Deus face a face, e a
minha vida foi preservada. 31 E nascia o sol, quando ele passou de
Peniel; e coxeava de uma perna. 32 Por isso os filhos de Israel não
comem até o dia de hoje o nervo do quadril, que está sobre a
juntura da coxa, porquanto o homem tocou a juntura da coxa de Jacó
no nervo do quadril.
Gênesis 33
O
REENCONTRO COM ESAÚ
1
Levantou Jacó os olhos, e olhou, e eis que vinha Esaú, e
quatrocentos homens com ele. Então repartiu os filhos entre Léia, e
Raquel, e as duas servas. 2 Pôs as servas e seus filhos na frente,
Léia e seus filhos atrás destes, e Raquel e José por últimos. 3
Mas ele mesmo passou adiante deles, e inclinou-se em terra sete
vezes, até chegar perto de seu irmão. 4 Então Esaú correu-lhe ao
encontro, abraçou-o, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou; e eles
choraram. 5 E levantando Esaú os olhos, viu as mulheres e os
meninos, e perguntou: Quem são estes contigo?
Respondeu-lhe Jacó: Os filhos que Deus
bondosamente tem dado a teu servo. 6 Então chegaram-se as
servas, elas e seus filhos, e inclinaram-se. 7 Chegaram-se também
Léia e seus filhos, e inclinaram-se; depois chegaram-se José e
Raquel e se inclinaram. 8 Perguntou Esaú: Que
queres dizer com todo este bando que tenho encontrado? Respondeu
Jacó: Para achar graça aos olhos de meu
senhor. 9 Mas Esaú disse: Tenho
bastante, meu irmão; seja teu o que tens. 10 Replicou-lhe
Jacó: Não, mas se agora tenho achado graça
aos teus olhos, aceita o presente da minha mão; porquanto tenho
visto o teu rosto, como se tivesse visto o rosto de Deus, e tu te
agradaste de mim. 11 Aceita, peço-te, o meu presente, que eu te
trouxe; porque Deus tem sido bondoso para comigo, e porque tenho de
tudo. E insistiu com ele, e ele o aceitou. 12 Então Esaú
disse: Ponhamo-nos a caminho e vamos; eu irei
adiante de ti. 13 Respondeu-lhe Jacó: Meu
senhor sabe que estes filhos são tenros, e que tenho comigo ovelhas
e vacas de leite; se forem obrigadas a caminhar demais por um só
dia, todo o rebanho morrerá. 14 Passe o meu senhor adiante de seu
servo; e eu seguirei, conduzindo-os calmamente, conforme o passo do
gado que está diante de mim, e conforme o passo dos meninos, até
que chegue a meu senhor em Seir. 15 Ao que disse Esaú:
Permite ao menos que eu deixe contigo alguns da
minha gente. Replicou Jacó: Para que?
Basta que eu ache graça aos olhos de meu senhor. 16 Assim
tornou Esaú aquele dia pelo seu caminho em direção a Seir. 17
Jacó, porém, partiu para Sucote, e edificou para si uma casa, e fez
barracas para o seu gado; por isso o lugar se chama Sucote. 18 Depois
chegou Jacó em paz à cidade de Siquém, que está na terra de
Canaã, quando veio de Padã-Arã; e armou a sua tenda diante da
cidade. 19 E comprou a parte do campo, em que estendera a sua tenda,
dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de dinheiro. 20
Então levantou ali um altar, e chamou-lhe o El-Eloé-Israel (O Deus
de Israel).
Gênesis 34
O
ACORDO ENGANOSO
1
Diná, filha de Léia, que esta tivera de Jacó, saiu para ver as
filhas da terra. 2 Viu-a Siquém, filho de Hamor o heveu, príncipe
da terra; e, tomando-a, deitou-se com ela e humilhou-a. 3 Assim se
apegou a sua alma a Diná, filha de Jacó, e, amando a
donzela,falou-lhe afetuosamente. 4 Então disse Siquém a Hamor seu
pai: Consegue-me esta donzela por mulher.
5 Ora, Jacó ouviu que Siquém havia contaminado a Diná sua filha.
Entretanto, estando seus filhos no campo com o gado, calou-se Jacó
até que viessem. 6 Hamor, pai de Siquém, saiu a fim de falar com
Jacó. 7 Os filhos de Jacó, pois, vieram do campo logo que souberam
do caso; e entristeceram-se e iraram-se muito, porque Siquém havia
cometido uma insensatez em Israel, deitando-se com a filha de Jacó,
coisa que não se devia fazer. 8 Então falou Hamor com eles,
dizendo: A alma de meu filho Siquém
afeiçoou-se fortemente a vossa filha; dai-lha, peço-vos, por
mulher. 9 Também aparentai-vos conosco; dai-nos as vossas filhas e
recebei as nossas. 10 Assim habitareis conosco; a terra estará
diante de vós; habitai e negociai nela, e nela adquiri propriedades.
11 Depois disse Siquém ao pai e aos irmãos dela: Ache
eu graça aos vossos olhos, e darei o que me disserdes; 12 exigi de
mim o que quiserdes em dote e presentes, e darei o que me pedirdes;
somente dai-me a donzela por mulher. 13 Então os filhos de
Jacó, respondendo, falaram enganosamente a Siquém e a Hamor, seu
pai, porque Siquém havia contaminado a Diná, sua irmã, 14 e lhes
disseram: Não podemos fazer isto, dar a nossa
irmã a um homem incircunciso; porque isso seria uma vergonha para
nós. 15 Sob esta única condição consentiremos; se vos tornardes
como nós, circuncidando-se todo varão entre vós; 16 então vos
daremos nossas filhas a vós, e receberemos vossas filhas para nós;
assim habitaremos convosco e nos tornaremos um só povo. 17 Mas se
não nos ouvirdes, e não vos circuncidardes, levaremos nossa filha e
nos iremos embora. 18 E suas palavras agradaram a Hamor e a
Siquém, seu filho. 19 Não tardou, pois, o mancebo em fazer isso,
porque se agradava da filha de Jacó. Era ele o mais honrado de toda
a casa de seu pai. 20 Vieram, pois, Hamor e Siquém, seu filho, à
porta da sua cidade, e falaram aos homens da cidade, dizendo: 21
Estes homens são pacíficos para conosco; portanto habitem na terra
e negociem nela, pois é bastante espaçosa para eles. Recebamos por
mulheres as suas filhas, e lhes demos as nossas. 22 Mas sob uma única
condição é que consentirão aqueles homens em habitar conosco para
nos tornarmos um só povo: se todo varão entre nós se circuncidar,
como eles são circuncidados. 23 O seu gado, as suas aquisições, e
todos os seus animais, não serão nossos? Consintamos somente com
eles, e habitarão conosco. 24 E deram ouvidos a Hamor e a
Siquém, seu filho, todos os que saíam da porta da cidade; e foi
circuncidado todo varão, todos os que saíam pela porta da sua
cidade. 25 Ao terceiro dia, quando os homens estavam doridos, dois
filhos de Jacó, Simeão e Levi, irmãos de Diná, tomaram cada um a
sua espada, entraram na cidade com toda a segurança e mataram todo
varão. 26 Mataram também ao fio da espada a Hamor e a Siquém, seu
filho; e, tirando Diná da casa de Siquém, saíram. 27 Vieram os
filhos de Jacó aos mortos e saquearam a cidade; porquanto haviam
contaminado a sua irmã. 28 Tomaram-lhes os rebanhos, os bois, os
jumentos, e o que havia tanto na cidade como no campo; 29 e todos os
seus bens, e todos os seus pequeninos, e as suas mulheres, levaram
por presa; e despojando as casas, levaram tudo o que havia nelas. 30
Então disse Jacó a Simeão e a Levi: Tendes-me
perturbado, fazendo-me odioso aos habitantes da terra, aos cananeus e
perizeus. Tendo eu pouca gente, eles se ajuntarão e me ferirão; e
serei destruído, eu com minha casa. 31 Ao que responderam:
Devia ele tratar a nossa irmã como a uma
prostituta?
Gênesis 35
JACÓ
EM BETEL
1
Depois disse Deus a Jacó: Levanta-te, sobe a
Betel e habita ali; e faze ali um altar ao Deus que te apareceu
quando fugias da face de Esaú, teu irmão.
2 Então disse Jacó à sua família, e a todos os que com ele
estavam: Lançai fora os deuses estranhos que
há no meio de vós, e purificai-vos e mudai as vossas vestes. 3
Levantemo-nos, e subamos a Betel; ali farei um altar ao Deus que me
respondeu no dia da minha angústia, e que foi comigo no caminho por
onde andei. 4 Entregaram, pois, a Jacó todos os deuses
estranhos, que tinham nas mãos, e as arrecadas que pendiam das suas
orelhas; e Jacó os escondeu debaixo do carvalho que está junto a
Siquém. 5 Então partiram; e o terror de Deus sobreveio às cidades
que lhes estavam ao redor, de modo que não perseguiram os filhos de
Jacó. 6 Assim chegou Jacó à Luz, que está na terra de Canaã
(esta é Betel), ele e todo o povo que estava com ele. 7 Edificou ali
um altar, e chamou ao lugar El-Betel; porque ali Deus se lhe tinha
manifestado quando fugia da face de seu irmão. 8 Morreu Débora, a
ama de Rebeca, e foi sepultada ao pé de Betel, debaixo do carvalho,
ao qual se chamou Alom-Bacute. 9 Apareceu Deus outra vez a Jacó,
quando ele voltou de Padã-Arã, e o abençoou. 10 E disse-lhe Deus:
O teu nome é Jacó; não te chamarás
mais Jacó, mas Israel será o teu nome.
Chamou-lhe Israel. 11 Disse-lhe mais: Eu sou
Deus Todo Poderoso;
frutifica e multiplica-te; uma nação, sim, uma multidão de nações
sairá de ti, e reis procederão dos teus lombos; 12 a terra que dei
a Abraão e a Isaque, a ti a darei; também à tua descendência
depois de ti a darei. 13 E Deus
subiu dele, do lugar onde lhe falara. 14 Então Jacó erigiu uma
coluna no lugar onde Deus lhe falara, uma coluna de pedra; e sobre
ela derramou uma libação e deitou-lhe também azeite; 15 e Jacó
chamou Betel ao lugar onde Deus lhe falara. 16 Depois partiram de
Betel; e, faltando ainda um trecho pequeno para chegar a Efrata,
Raquel começou a sentir dores de parto, e custou-lhe o dar à luz.
17 Quando ela estava nas dores do parto, disse-lhe a parteira: Não
temas, pois ainda terás este filho. 18 Então Raquel, ao sair-lhe a
alma (porque morreu), chamou ao filho Benoni; mas seu pai chamou-lhe
Benjamim. 19 Assim morreu Raquel, e foi sepultada no caminho de
Efrata (esta é Belém). 20 E Jacó erigiu uma coluna sobre a sua
sepultura; esta é a coluna da sepultura de Raquel até o dia de
hoje. 21 Então partiu Israel, e armou a sua tenda além de Migdal
Eder. 22 Quando Israel habitava naquela terra, foi Rúben e deitou-se
com Bila, concubina de seu pai; e Israel o soube. Eram doze os filhos
de Jacó: 23 Os filhos de Léia: Rúben o primogênito de Jacó,
depois Simeão, Levi, Judá, Issacar e Zebulom; 24 os filhos de
Raquel: José e Benjamim; 25 os filhos de Bila, serva de Raquel: Dã
e Naftali; 26 os filhos de Zilpa, serva de Léia: Gade e Aser. Estes
são os filhos de Jacó, que lhe nasceram em Padã-Arã. 27 Jacó
veio a seu pai Isaque, a Manre, a Quiriate-Arba (esta é Hebrom),
onde peregrinaram Abraão e Isaque. 28 Foram os dias de Isaque cento
e oitenta anos; 29 e, exalando o espírito, morreu e foi congregado
ao seu povo, velho e cheio de dias; e Esaú e Jacó, seus filhos, o
sepultaram.
Gênesis 36
AS
GERAÇÕES DE ESAÚ
1
Estas são as gerações de Esaú (este é Edom): 2 Esaú tomou
dentre as filhas de Canaã suas mulheres: Ada, filha de Elom o heteu,
e Aolibama, filha de Ana, filha de Zibeão o heveu, 3 e Basemate,
filha de Ismael, irmã de Nebaiote. 4 Ada teve de Esaú a Elifaz, e
Basemate teve a Reuel;5 e Aolibama teve a Jeús, Jalão e Corá;
estes são os filhos de Esaú, que lhe nasceram na terra de Canaã. 6
Depois Esaú tomou suas mulheres, seus filhos, suas filhas e todas as
almas de sua casa, seu gado, todos os seus animais e todos os seus
bens, que havia adquirido na terra de Canaã, e foi-se para outra
terra, apartando-se de seu irmão Jacó. 7 Porque os seus bens eram
abundantes demais para habitarem juntos; e a terra de suas
peregrinações não os podia sustentar por causa do seu gado. 8
Portanto Esaú habitou no monte de Seir; Esaú é Edom. 9 Estas,
pois, são as gerações de Esaú, pai dos edomeus, no monte de Seir:
10 Estes são os nomes dos filhos de Esaú: Elifaz, filho de Ada,
mulher de Esaú; Reuel, filho de Basemate, mulher de Esaú. 11 E os
filhos de Elifaz foram: Temã, Omar, Zefô, Gaetã e Quenaz. 12 Timna
era concubina de Elifaz, filho de Esaú, e teve de Elifaz a Amaleque.
São esses osfilhos de Ada, mulher de Esaú. 13 Foram estes os filhos
de Reuel: Naate e Zerá, Sama e Mizá. Foram esses os filhos de
Basemate, mulher de Esaú. 14 Estes foram os filhos de Aolibama,
filha de Ana, filha de Zibeão, mulher de Esaú, ela teve de Esaú:
Jeús, Jalão e Corá. 15 São estes os chefes dos filhos de Esaú:
dos filhos de Elifaz, o primogênito de Esaú, os chefes Temã, Omar,
Zefô, Quenaz, 16 Corá, Gaetã e Amaleque. São esses os chefes que
nasceram a Elifaz na terra de Edom; esses são os filhos de Ada. 17
Estes são os filhos de Reuel, filho de Esaú: os chefes Naate, Zerá,
Sama e Mizá; esses são os chefes que nasceram a Reuel na terra de
Edom; esses são os filhos de Basemate, mulher de Esaú. 18 Estes são
os filhos de Aolibama, mulher de Esaú: os chefes Jeús, Jalão e
Corá; esses são os chefes que nasceram a Aolibama, filha de Ana,
mulher de Esaú. 19 Esses são os filhos de Esaú, e esses seus
príncipes: ele é Edom. 20 São estes os filhos de Seir, o horeu,
moradores da terra: Lotã, Sobal, Zibeão, Anás, 21 Disom, Eser e
Disã; esses são os chefes dos horeus, filhos de Seir, na terra de
Edom. 22 Os filhos de Lotã foram: Hori e Hemã; e a irmã de Lotã
era Timna. 23 Estes são os filhos de Sobal: Alvã, Manaate, Ebal,
Sefô e Onã. 24 Estes são os filhos de Zibeão: Aías e Anás; este
é o Anás que achou as fontes termais no deserto, quando apascentava
os jumentos de Zibeão, seu pai. 25 São estes os filhos de Ana:
Disom e Aolibama, filha de Ana. 26 São estes os filhos de Disom:
Hendã, Esbã, Itrã e Querã. 27 Estes são os filhos de Eser: Bilã,
Zaavã e Acã. 28 Estes são os filhos de Disã: Uz e Arã. 29 Estes
são os chefes dos horeus: Lotã, Sobal, Zibeão, Anás, 30 Disom,
Eser e Disã; esses são os chefes dos horeus que governaram na terra
de Seir. 31 São estes os reis que reinaram na terra de Edom, antes
que reinasse rei algum sobre os filhos de Israel.
32
Reinou, pois, em Edom Belá, filho de Beor; e o nome da sua cidade
era Dinabá. 33 Morreu Belá; e Jobabe, filho de Zerá de Bozra,
reinou em seu lugar. 34 Morreu Jobabe; e Husão, da terra dos
temanitas, reinou em seu lugar. 35 Morreu Husão; e em seu lugar
reinou Hadade, filho de Bedade, que feriu a Midiã no campo de Moabe;
e o nome da sua cidade era Avite. 36 Morreu Hadade; e Samlá de
Masreca reinou em seu lugar. 37 Morreu Samlá; e Saul de Reobote
junto ao rio reinou em seu lugar. 38 Morreu Saul; e Baal-Hanã, filho
de Acbor, reinou em seu lugar. 39 Morreu Baal-Hanã, filho de Acbor;
e Hadar reinou em seu lugar; e o nome da sua cidade era Paú; e o
nome de sua mulher era Meetabel, filha de Matrede, filha de Me-Zaabe.
40 Estes são os nomes dos chefes dos filhos de Esaú, segundo as
suas famílias, segundo os seus lugares, pelos seus nomes: os chefes
Timna, Alva, Jetete, 41 Aolibama, Elá, Pinom, 42 Quenaz, Temã,
Mibzar, 43 Magdiel e Irão; esses são os chefes de Edom, segundo as
suas habitações, na terra,da sua possessão. Este é Esaú, pai dos
edomeus.
Gênesis 37
JOSÉ
É VENDIDO COMO ESCRAVO
1
Jacó habitava na terra das peregrinações de seu pai, na terra de
Canaã. 2 Estas são as gerações de Jacó. José, aos dezessete
anos de idade, estava com seus irmãos apascentando os rebanhos;
sendo ainda jovem, andava com os filhos de Bila, e com os filhos de
Zilpa, mulheres de seu pai; e José trazia a seu pai más notícias a
respeito deles. 3 Israel amava mais a José do que a todos os seus
filhos, porque era filho da sua velhice; e fez-lhe uma túnica de
várias cores. 4 Vendo, pois, seus irmãos que seu pai o amava mais
do que a todos eles, odiavam-no, e não lhe podiam falar
pacificamente. 5 José teve um sonho, que contou a seus irmãos; por
isso o odiaram ainda mais. 6 Pois ele lhes disse: Ouvi,
peço-vos, este sonho que tive: 7 Estávamos nós atando molhos no
campo, e eis que o meu molho, levantando-se, ficou em pé; e os
vossos molhos o rodeavam, e se inclinavam ao meu molho. 8
Responderam-lhe seus irmãos: Tu pois, deveras
reinarás sobre nós? Tu deveras terás domínio sobre nós?
Por isso ainda mais o odiavam por causa dos seus sonhos e das suas
palavras. 9 Teve José outro sonho, e o contou a seus irmãos,
dizendo: Tive ainda outro sonho; e eis que o
sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam perante mim. 10
Quando o contou a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai, e
disse-lhe: Que sonho é esse que tiveste?
Porventura viremos, eu e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos com
o rosto em terra diante de ti? 11 Seus irmãos, pois, o
invejavam; mas seu pai guardava o caso no seu coração. 12 Ora,
foram seus irmãos apascentar o rebanho de seu pai, em Siquém. 13
Disse, pois, Israel a José: Não apascentam
teus irmãos o rebanho em Siquém? Vem, e enviar-te-ei a eles.
Respondeu-lhe José: Eis-me aqui. 14
Disse-lhe Israel: Vai, vê se vão bem teus
irmãos, e o rebanho; e traze-me resposta. Assim o enviou do
vale de Hebrom; e José foi a Siquém. 15 E um homem encontrou a
José, que andava errante pelo campo, e perguntou-lhe: Que
procuras? 16 Respondeu ele: Estou
procurando meus irmãos; dize-me, peço-te, onde apascentam eles o
rebanho. 17 Disse o homem: Foram-se
daqui; pois ouvi-lhes dizer: Vamos a Dotã. José, pois,
seguiu seus irmãos, e os achou em Dotã. 18 Eles o viram de longe e,
antes que chegasse aonde estavam, conspiraram contra ele, para o
matarem, 19 dizendo uns aos outros: Eis que lá
vem o sonhador! 20 Vinde pois agora, matemo-lo e lancemo-lo numa das
covas; e diremos: uma besta-fera o devorou. Veremos, então, o que
será dos seus sonhos. 21 Mas Rúben, ouvindo isso, livrou-o
das mãos deles, dizendo: Não lhe tiremos a
vida. 22 Também lhes disse Rúben: Não
derrameis sangue; lançai-o nesta cova, que está no deserto, e não
lanceis mão nele. Disse isto para livrá-lo das mãos deles,
a fim de restituí-lo a seu pai. 23 Logo que José chegou a seus
irmãos, estes o despiram da sua túnica, a túnica de várias cores,
que ele trazia; 24 e tomando-o, lançaram-no na cova; mas a cova
estava vazia, não havia água nela. 25 Depois sentaram-se para
comer; e, levantando os olhos, viram uma caravana de ismaelitas que
vinha de Gileade; nos seus camelos traziam tragacanto, bálsamo e
mirra, que iam levar ao Egito. 26 Disse Judá a seus irmãos: De
que nos aproveita matar nosso irmão e encobrir o seu sangue? 27
Vinde, vendamo-lo a esses ismaelitas, e não seja nossa mão sobre
ele; porque é nosso irmão, nossa carne. E escutaram-no seus
irmãos. 28 Ao passarem os negociantes midianitas, tiraram José,
alçando-o da cova, e venderam-no por vinte siclos de prata aos
ismaelitas, os quais o levaram para o Egito. 29 Ora, Rúben voltou à
cova, e eis que José não estava na cova; pelo que rasgou as suas
vestes 30 e, tornando a seus irmãos, disse: O
menino não aparece; e eu, aonde irei? 31 Tomaram, então, a
túnica de José, mataram um cabrito, e tingiram a túnica no sangue.
32 Enviaram a túnica de várias cores, mandando levá-la a seu pai e
dizer-lhe: Achamos esta túnica; vê se é a
túnica de teu filho, ou não. 33 Ele a reconheceu e exclamou:
A túnica de meu filho! Uma besta-fera o
devorou; certamente José foi despedaçado. 34 Então Jacó
rasgou as suas vestes, e pôs saco sobre os seus lombos e lamentou
seu filho por muitos dias. 35 E levantaram-se todos os seus filhos e
todas as suas filhas, para o consolarem; ele, porém, recusou ser
consolado, e disse: Na verdade, com choro hei
de descer para meu filho até o Seol. Assim o chorou seu pai.
36 Os midianitas venderam José no Egito a Potifar, oficial de Faraó,
capitão da guarda.
Gênesis 38
TAMAR,
PEREZ E ZERÁ
1
Nesse tempo Judá desceu de entre seus irmãos e entrou na casa dum
adulamita, que se chamava Hira, 2 e viu Judá ali a filha de um
cananeu, que se chamava Suá; tomou-a por mulher, e esteve com ela. 3
Ela concebeu e teve um filho, e o pai chamou-lhe Er. 4 Tornou ela a
conceber e teve um filho, a quem ela chamou Onã. 5 Teve ainda mais
um filho, e chamou-lhe Selá. Estava Judá em Quezibe, quando ela o
teve. 6 Depois Judá tomou para Er, o seu primogênito, uma mulher,
por nome Tamar. 7 Ora, Er, o primogênito de Judá, era mau aos olhos
do Senhor, pelo que o Senhor o matou. 8 Então disse Judá a Onã:
Toma a mulher de teu irmão, e cumprindo-lhe o
dever de cunhado, suscita descendência a teu irmão. 9 Onã,
porém, sabia que tal descendência não havia de ser para ele; de
modo que, toda vez que se unia à mulher de seu irmão, derramava o
sêmen no chão para não dar descendência a seu irmão. 10 E o que
ele fazia era mau aos olhos do Senhor, pelo que o matou também a
ele. 11 Então disse Judá a Tamar sua nora: Conserva-te
viúva em casa de teu pai, até que Selá, meu filho, venha a ser
homem; porquanto disse ele: Para que porventura não morra
também este, como seus irmãos. Assim se foi Tamar e morou em casa
de seu pai. 12 Com o correr do tempo, morreu a filha de Suá, mulher
de Judá. Depois de consolado, Judá subiu a Timna para ir ter com os
tosquiadores das suas ovelhas, ele e Hira seu amigo, o adulamita. 13
E deram aviso a Tamar, dizendo: Eis que o teu
sogro sobe a Timna para tosquiar as suas ovelhas. 14 Então
ela se despiu dos vestidos da sua viuvez e se cobriu com o véu, e
assim envolvida, assentou-se à porta de Enaim que está no caminho
de Timna; porque via que Selá já era homem, e ela lhe não fora
dada por mulher. 15 Ao vê-la, Judá julgou que era uma prostituta,
porque ela havia coberto o rosto. 16 E dirigiu-se para ela no
caminho, e disse: Vem, deixa-me estar contigo;
porquanto não sabia que era sua nora. Perguntou-lhe ela: Que
me darás, para estares comigo? 17 Respondeu ele:
Eu te enviarei um cabrito do rebanho. Perguntou ela ainda:
Dar-me-ás um penhor até que o envies? 18
Então ele respondeu: Que penhor é o que te
darei? Disse ela: O teu selo com a
corda, e o cajado que está em tua mão. Ele, pois, lhos deu,
e esteve com ela, e ela concebeu dele. 19 E ela se levantou e se foi;
tirou de si o véu e vestiu os vestidos da sua viuvez. 20 Depois Judá
enviou o cabrito por mão do seu amigo o adulamita, para receber o
penhor da mão da mulher; porém ele não a encontrou. 21 Pelo que
perguntou aos homens daquele lugar: Onde está
a prostituta que estava em Enaim junto ao caminho? E disseram:
Aqui não esteve prostituta alguma. 22 Voltou, pois, a Judá e
disse: Não a achei; e também os homens
daquele lugar disseram: Aqui não esteve prostituta alguma. 23
Então disse Judá: Deixa-a ficar com o penhor,
para que não caiamos em desprezo; eis que enviei este cabrito, mas
tu não a achaste. 24 Passados quase três meses, disseram a
Judá: Tamar, tua nora, se prostituiu e eis que
está grávida da sua prostituição. Então disse Judá:
Tirai-a para fora, e seja ela queimada. 25
Quando ela estava sendo tirada para fora, mandou dizer a seu sogro:
Do homem a quem pertencem estas coisas eu
concebi. Disse mais: Reconhece, peço-te,
de quem são estes, o selo com o cordão, e o cajado. 26
Reconheceu-os, pois, Judá, e disse: Ela é
mais justa do que eu, porquanto não a dei a meu filho Selá.
E nunca mais a conheceu. 27 Sucedeu que, ao tempo de ela dar à luz,
havia gêmeos em seu ventre; 28 e dando ela à luz, um pôs fora a
mão, e a parteira tomou um fio encarnado e o atou em sua mão,
dizendo: Este saiu primeiro. 29 Mas
recolheu ele a mão, e eis que seu irmão saiu; pelo que ela disse:
Como tens tu rompido! Portanto foi
chamado Perez. 30 Depois saiu o seu irmão, em cuja mão estava o fio
encamado; e foi chamado Zerá.
Gênesis 39
JOSÉ
E A MULHER DE POTIFAR
1
José foi levado ao Egito; e Potifar, oficial de Faraó, capitão da
guarda, egípcio, comprou-
o
da mão dos ismaelitas que o haviam levado para lá. 2 Mas o Senhor
era com José, e ele tornou-se próspero; e estava na casa do seu
senhor, o egípcio. 3 E viu o seu senhor que Deus era com ele, e que
fazia prosperar em sua mão tudo quanto ele empreendia. 4 Assim José
achou graça aos olhos dele, e o servia; de modo que o fez mordomo da
sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha. 5 Desde que o pôs
como mordomo sobre a sua casa e sobre todos os seus bens, o Senhor
abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do
Senhor estava sobre tudo o que tinha, tanto na casa como no campo. 6
Potifar deixou tudo na mão de José, de maneira que nada sabia do
que estava com ele, a não ser do pão que comia. Ora, José era
formoso de porte e de semblante. 7 E aconteceu depois destas coisas
que a mulher do seu senhor pôs os olhos em José, e lhe disse:
Deita-te comigo. 8 Mas ele recusou, e
disse à mulher do seu senhor: Eis que o meu
senhor não sabe o que está comigo na sua casa, e entregou em minha
mão tudo o que tem; 9 ele não é maior do que eu nesta casa; e
nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porquanto és sua mulher. Como,
pois, posso eu cometer este grande mal, e pecar contra Deus? 10
Entretanto, ela instava com José dia após dia; ele, porém, não
lhe dava ouvidos, para se deitar com ela, ou estar com ela. 11 Mas
sucedeu, certo dia, que entrou na casa para fazer o seu serviço; e
nenhum dos homens da casa estava lá dentro. 12 Então ela, pegando-o
pela capa, lhe disse: Deita-te comigo!
Mas ele, deixando a capa na mão dela, fugiu, escapando para fora. 13
Quando ela viu que ele deixara a capa na mão dela e fugira para
fora, 14 chamou pelos homens de sua casa, e disse-lhes: Vede!
Meu marido trouxe-nos um hebreu para nos insultar; veio a mim para se
deitar comigo, e eu gritei em alta voz; 15 e ouvindo ele que eu
levantava a voz e gritava deixou, aqui a sua capa e fugiu, escapando
para fora. 16 Ela guardou a capa consigo, até que o senhor
dele voltou a casa. 17 Então falou-lhe conforme as mesmas palavras,
dizendo: O servo hebreu, que nos trouxeste,
veio a mim para me insultar; 18 mas, levantando eu a voz e gritando,
ele deixou comigo a capa e fugiu para fora. 19 Tendo o seu
senhor ouvido as palavras de sua mulher, que lhe falava, dizendo:
Desta maneira me fez teu servo, a sua ira se acendeu. 20 Então o
senhor de José o tomou, e o lançou no cárcere, no lugar em que os
presos do rei estavam encarcerados; e ele ficou ali no cárcere. 21 O
Senhor, porém, era com José, estendendo sobre ele a sua benignidade
e dando-lhe graça aos olhos do carcereiro, 22 o qual entregou na mão
de José todos os presos que estavam no cárcere; e era José quem
ordenava tudo o que se fazia ali. 23 E o carcereiro não tinha
cuidado de coisa alguma que estava na mão de José, porquanto o
Senhor era com ele, fazendo prosperar tudo quanto ele empreendia.
Gênesis 40
JOSÉ
INTERPRETA SONHOS
1
Depois destas coisas o copeiro do rei do Egito e o seu padeiro
ofenderam o seu senhor, o rei do Egito. 2 Pelo que se indignou Faraó
contra os seus dois oficiais, contra o copeiro-mor e contra o
padeiro-mor; 3 e mandou detê-los na casa do capitão da guarda, no
cárcere onde José estava preso; 4 e o capitão da guarda pô-los a
cargo de José, que os servia. Assim estiveram por algum tempo em
detenção. 5 Ora, tiveram ambos um sonho, cada um seu sonho na mesma
noite, cada um conforme a interpretação do seu sonho, o copeiro e o
padeiro do rei do Egito, que se achavam presos no cárcere: 6 Quando
José veio a eles pela manhã, viu que estavam perturbados: 7
Perguntou, pois, a esses oficiais de Faraó, que com ele estavam no
cárcere da casa de seu senhor, dizendo: Por
que estão os vossos semblantes tão tristes hoje? 8
Responderam-lhe: Tivemos um sonho e ninguém há
que o interprete. Pelo que lhes disse José: Porventura
não pertencem a Deus as interpretações? Contai-mo, peço-vos. 9
Então contou o copeiro-mor o seu sonho a José, dizendo-lhe: Eis
que em meu sonho havia uma vide diante de mim, 10 e na vide três
sarmentos; e, tendo a vide brotado, saíam as suas flores, e os seus
cachos produziam uvas maduras. 11 O copo de Faraó estava na minha
mão; e, tomando as uvas, eu as espremia no copo de Faraó e
entregava o copo na mão de Faraó. 12 Então disse-lhe José:
Esta é a sua interpretação: Os três
sarmentos são três dias; 13 dentro de três dias Faraó levantará
a tua cabeça, e te restaurará ao teu cargo; e darás o copo de
Faraó na sua mão,conforme o costume antigo, quando eras seu
copeiro. 14 Mas lembra-te de mim, quando te for bem; usa, peço-te,
de compaixão para comigo e faze menção de mim a Faraó e tira-me
desta casa; 15 porque, na verdade, fui roubado da terra dos hebreus;
e aqui também nada tenho feito para que me pusessem na masmorra. 16
Quando o padeiro-mor viu que a interpretação era boa, disse a José:
Eu também sonhei, e eis que três cestos de
pão branco estavam sobre a minha cabeça. 17 E no cesto mais alto
havia para Faraó manjares de todas as qualidades que fazem os
padeiros; e as aves os comiam do cesto que estava sobre a minha
cabeça. 18 Então respondeu José: Esta
é a interpretação do sonho: Os três cestos são três dias; 19
dentro de três dias tirará Faraó a tua cabeça, e te pendurará
num madeiro, e as aves comerão a tua carne de sobre ti. 20 E
aconteceu ao terceiro dia, o dia natalício de Faraó, que este deu
um banquete a todos os seus servos; e levantou a cabeça do
copeiro-mor, e a cabeça do padeiro-mor no meio dos seus servos; 21 e
restaurou o copeiro-mor ao seu cargo de copeiro, e este deu o copo na
mão de Faraó; 22 mas ao padeiro-mor enforcou, como José lhes havia
interpretado. 23 O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José,
antes se esqueceu dele.
Gênesis 41
OS
SONHOS
DE FARAÓ
1
Passados dois anos inteiros, Faraó sonhou que estava em pé junto ao
rio Nilo; 2 e eis que subiam do rio sete vacas, formosas à vista e
gordas de carne, e pastavam no carriçal. 3 Após elas subiam do rio
outras sete vacas, feias à vista e magras de carne; e paravam junto
às outras vacas à beira do Nilo. 4 E as vacas feias à vista e
magras de carne devoravam as sete formosas à vista e gordas. Então
Faraó acordou. 5 Depois dormiu e tornou a sonhar; e eis que brotavam
dum mesmo pé sete espigas cheias e boas. 6 Após elas brotavam sete
espigas miúdas e queimadas do vento oriental; 7 e as espigas miúdas
devoravam as sete espigas grandes e cheias. Então Faraó acordou, e
eis que era um sonho. 8 Pela manhã o seu espírito estava
perturbado; pelo que mandou chamar todos os adivinhadores do Egito, e
todos os seus sábios. Faraó contou-lhes os seus sonhos, mas não
havia quem lhos interpretasse. 9 Então disse o copeiro-mor a Faraó:
Das minhas faltas me lembro hoje: 10 Faraó
estava muito indignado contra os seus servos, e entregou-me à prisão
na casa do capitão da guarda, a mim e ao padeiro chefe. 11 Então
tivemos um sonho na mesma noite, eu e ele, e cada sonho com sua
própria interpretação. 12 Estava ali conosco um moço hebreu,
servo do capitão da guarda, e contamos-lhe os sonhos, e ele
interpretou os nossos sonhos, a cada um interpretou conforme o seu
sonho. 13 E conforme a sua interpretação, assim mesmo aconteceu: eu
fui restituído ao meu cargo, e ele foi enforcado. 14 Então
Faraó mandou chamar a José, e o fizeram sair apressadamente da
masmorra. Ele se barbeou, mudou de roupa e apresentou-se a Faraó. 15
Disse Faraó a José: Eu tive um sonho e não
há quem o interprete. Mas de ti ouvi dizer que, ouvindo contar um
sonho, podes interpretá-lo. 16 Respondeu José a Faraó:
Isso não está em mim, mas Deus é que dará uma resposta de paz a
Faraó. 17 Então disse Faraó a José: Em
meu sonho eu estava em pé à beira do rio Nilo, 18 e subiam do rio
sete vacas gordas e formosas à vista, e pastavam entre os juncos. 19
Após elas subiam outras sete vacas, fracas, muito feias à vista e
magras de carne, tão feias quais nunca vi em toda terra do Egito. 20
As vacas magras e feias devoravam as primeiras sete vacas gordas. 21
Mas depois de as terem consumido, não se podia reconhecer que as
houvessem consumido; a sua aparência era tão feia como no
princípio. Então acordei. 22 Depois vi, em meu sonho, que de um
mesmo pé subiam sete espigas cheias e boas. 23 Após elas brotavam
sete espigas secas, miúdas e queimadas do vento oriental. 24 As sete
espigas miúdas devoravam as sete espigas boas. Contei-o aos magos,
mas não houve quem o interpretasse. 25 Então disse José a
Faraó: O sonho de Faraó é um só. O que Deus
há de fazer, notificou-o a Faraó. 26 As sete vacas boas são sete
anos, e as sete espigas boas também são sete anos; o sonho é um
só. 27 As sete vacas magras e feias que subiam após as primeiras,
são sete anos, como as sete espigas miúdas e queimadas do vento
oriental são sete anos de fome. 28 Esta é a palavra que eu disse a
Faraó; o que Deus há de fazer mostro-o a Faraó. 29 Vêm sete anos
de grande fartura em toda terra do Egito. 30 Depois deles
levantar-se-ão sete anos de fome, e toda aquela fartura será
esquecida na terra do Egito, e a fome consumirá a terra. 31 Não
será conhecida a abundância na terra, por causa daquela fome que
seguirá; porquanto será gravíssima. 32 Ora, se o sonho foi
duplicado a Faraó, é porque esta coisa é determinada por Deus, e
ele brevemente a fará. 33 Portanto, proveja-se agora Faraó de um
homem entendido e sábio, e o ponha sobre a terra do Egito. 34 Faça
isto Faraó e nomeie administradores sobre a terra, que tomem a
quinta parte dos produtos da terra do Egito nos sete anos de fartura;
35 e ajuntem eles todo o mantimento destes bons anos que vêm, e
amontoem trigo debaixo da mão de Faraó, para mantimento nas cidades
e o guardem; 36 assim será o mantimento para provimento da terra,
para os sete anos de fome, que haverá
na terra do Egito; para que a terra não pereça de fome. 37
Esse parecer foi bom aos olhos de Faraó, e aos olhos de todos os
seus servos. 38 Perguntou, pois, Faraó a seus servos: Poderíamos
achar um homem como este, em quem haja o espírito de Deus? 39
Depois disse Faraó a José: Porquanto Deus te
fez saber tudo isto, ninguém há tão entendido e sábio como tu. 40
Tu estarás sobre a minha casa, e por tua voz se governará todo o
meu povo; somente no trono eu serei maior que tu. 41 Disse
mais Faraó a José: Vê, eu te hei posto sobre
toda a terra do Egito. 42 E Faraó tirou da mão o seu anel
sinete e pô-lo na mão de José, vestiu-o de traje de linho fino, e
lhe pôs ao pescoço um colar de ouro. 43 Ademais, fê-lo subir ao
seu segundo carro, e clamavam diante dele:
Ajoelhai-vos. Assim Faraó o constituiu sobre toda a terra do
Egito. 44 Ainda disse Faraó a José: Eu sou
Faraó; sem ti, pois, ninguém levantará a mão ou o pé em toda a
terra do Egito. 45 Faraó chamou a José Zafenate-Panéia
(Salvador do mundo), e deu-lhe por mulher Azenate, filha de
Potífera, sacerdote de Om. Depois saiu José por toda a terra do
Egito. 46 Ora, José era da idade de trinta anos, quando se
apresentou a Faraó, rei do Egito. E saiu José da presença de Faraó
e passou por toda a terra do Egito. 47 Durante os sete anos de
fartura a terra produziu com abundância; 48 e José ajuntou todo o
mantimento dos sete anos, que houve na terra do Egito, e o guardou
nas cidades; o mantimento do campo que estava ao redor de cada
cidade, guardou-o dentro da mesma. 49 Assim José ajuntou muitíssimo
trigo, como a areia do mar, até que cessou de contar; porque não se
podia mais contá-lo. 50 Antes que viesse o ano da fome, nasceram a
José dois filhos, que lhe deu Azenate, filha de Potífera, sacerdote
de Om. 51 E chamou José ao primogênito Manassés; porque disse:
Deus me fez esquecer de todo o meu trabalho, e de toda a casa de meu
pai. 52 Ao segundo chamou Efraim; porque disse: Deus
me fez crescer na terra da minha aflição. 53
Acabaram-se, então, os sete anos de fartura que houve na terra do
Egito; 54 e começaram a vir os sete anos de fome, como José tinha
dito; e havia fome em todas as terras; porém, em toda a terra do
Egito havia pão. 55 Depois toda a terra do Egito teve fome, e o povo
clamou a Faraó por pão; e Faraó disse a todos os egípcios: Ide a
José; o que ele vos disser, fazei. 56 De modo que, havendo fome
sobre toda a terra, abriu José todos os depósitos, e vendia aos
egípcios; porque a fome prevaleceu na terra do Egito. 57 Também de
todas as terras vinham ao Egito, para comprarem de José; porquanto a
fome prevaleceu em todas as terras.
Gênesis 42
OS
FILHOS DE JACÓ VÃO AO EGITO
1
Ora, Jacó soube que havia trigo no Egito, e disse a seus filhos: Por
que estais olhando uns para os outros? 2 Disse mais: Tenho
ouvido que há trigo no Egito; descei até lá, e de lá comprai-o
para nós, a fim de que vivamos e não morramos. 3 Então
desceram os dez irmãos de José, para comprarem trigo no Egito. 4
Mas a Benjamim, irmão de José, não enviou Jacó com os seus
irmãos, pois disse: Para que, porventura,
não lhe suceda algum desastre. 5 Assim entre os que iam
lá, foram os filhos de Israel para comprar, porque havia fome na
terra de Canaã. 6 José era o governador da terra; era ele quem
vendia a todo o povo da terra; e vindo os irmãos de José,
prostraram-se diante dele com o rosto em terra. 7 José, vendo seus
irmãos, reconheceu-os; mas portou-se como estranho para com eles,
falou-lhes asperamente e perguntou-lhes: Donde
vindes? Responderam eles: Da terra de
Canaã, para comprarmos mantimento. 8 José, pois, reconheceu
seus irmãos, mas eles não o reconheceram. 9 Lembrou-se então José
dos sonhos que tivera a respeito deles, e disse-lhes:
Vós sois espias, e viestes para ver a nudez da terra. 10
Responderam-lhe eles: Não, senhor meu; mas
teus servos vieram comprar mantimento. 11 Nós somos todos filhos de
um mesmo homem; somos homens de retidão; os teus servos não são
espias. 12 Replicou-lhes: Não; antes
viestes para ver a nudez da terra. 13 Mas eles disseram: Nós,
teus servos, somos doze irmãos, filhos de um homem da terra de
Canaã; o mais novo está hoje com nosso pai, e outro já não
existe. 14 Respondeu-lhe José: É assim
como vos disse; sois espias. 15 Nisto sereis provados: Pela vida de
Faraó, não saireis daqui, a menos que venha para cá vosso irmão
mais novo. 16 Enviai um dentre vós, que traga vosso irmão,
mas vós ficareis presos, a fim de serem provadas as vossas palavras,
se há verdade convosco; e se não, pela vida de Faraó, vós sois
espias. 17 E meteu-os juntos na prisão por três dias. 18 Ao
terceiro dia disse-lhes José: Fazei isso, e
vivereis; porque eu temo a Deus. 19 Se
sois homens de retidão, que fique um dos irmãos preso na casa da
vossa prisão; mas ide vós, levai trigo para a fome de vossas casas,
20 e trazei-me o vosso irmão mais novo; assim serão verificadas
vossas palavras, e não morrereis. E eles assim fizeram. 21
Então disseram uns aos outros: Nós, na
verdade, somos culpados no tocante a nosso irmão, porquanto vimos a
angústia da sua alma, quando nos rogava, e não o quisemos atender;
é por isso que vem sobre nós esta angústia. 22
Respondeu-lhes Rúben: Não vos dizia eu: Não
pequeis contra o menino; Mas não quisestes ouvir; por isso agora é
requerido de nós o seu sangue. 23 E eles não sabiam que José
os entendia, porque havia intérprete entre eles. 24 Nisto José se
retirou deles e chorou. Depois tornou a eles, falou-lhes, e tomou a
Simeão dentre eles, e o amarrou perante os seus olhos. 25 Então
ordenou José que lhes enchessem de trigo os sacos, que lhes
restituíssem o dinheiro a cada um no seu saco, e lhes dessem
provisões para o caminho. E assim lhes foi feito. 26 Eles, pois,
carregaram o trigo sobre os seus jumentos, e partiram dali. 27 Quando
um deles abriu o saco, para dar forragem ao seu jumento na estalagem,
viu o seu dinheiro, pois estava na boca do saco. 28 E disse a seus
irmãos: Meu dinheiro foi-me devolvido; ei-lo
aqui no saco. Então lhes desfaleceu o coração e, tremendo,
viravam-se uns para os outros, dizendo: Que é
isto que Deus nos têm
feito? 29 Depois vieram para Jacó, seu pai, na terra de
Canaã, e contaram-lhe tudo o que lhes acontecera, dizendo: 30
O homem, o senhor da terra, falou-nos asperamente, e tratou-nos como
espias da terra; 31 mas dissemos-lhe: Somos homens de retidão; não
somos espias; 32 somos doze irmãos, filhos de nosso pai; um já não
existe e o mais novo está hoje com nosso pai na terra de Canaã. 33
Respondeu-nos o homem, o senhor da terra: Nisto conhecerei que vós
sois homens de retidão: Deixai comigo um de vossos irmãos, levai
trigo para a fome de vossas casas, e parti, 34 e trazei-me vosso
irmão mais novo; assim saberei que não sois espias, mas homens de
retidão; então vos entregarei o vosso irmão e negociareis na
terra. 35 E aconteceu que, despejando eles os sacos, eis que o
pacote de dinheiro de cada um estava no seu saco; quando eles e seu
pai viram os seus pacotes de dinheiro, tiveram medo. 36 Então Jacó,
seu pai, disse-lhes: Tendes-me desfilhado; José
já não existe, e não existe Simeão, e haveis de levar Benjamim!
Todas estas coisas vieram sobre mim. 37 Mas Rúben falou a seu
pai, dizendo: Mata os meus dois filhos, se eu
to não tornar a trazer; entrega-o em minha mão, e to tornarei a
trazer. 38 Ele porém disse: Não
descerá meu filho convosco; porquanto o seu irmão é morto, e só
ele ficou. Se lhe suceder algum desastre pelo caminho em que fordes,
fareis descer minhas cãs com tristeza ao Seol.
Gênesis 43
OS
IRMÃO DE JOSÉ RETORNAM
AO EGITO
1
Ora, a fome era gravíssima na terra. 2 Tendo eles acabado de comer o
mantimento que trouxeram do Egito, disse-lhes seu pai: voltai,
comprai-nos um pouco de alimento. 3 Mas respondeu-lhe Judá:
Expressamente nos advertiu o homem, dizendo: Não vereis a minha
face, se vosso irmão não estiver convosco. 4 Se queres enviar
conosco o nosso irmão, desceremos e te compraremos alimento; 5 mas
se não queres enviá-lo, não desceremos, porquanto o homem nos
disse: Não vereis a minha face, se vosso irmão não estiver
convosco. 6 Perguntou Israel: Por que me
fizeste este mal, fazendo saber ao homem que tínheis ainda outro
irmão? 7 Responderam eles: O homem
perguntou particularmente por nós, e pela nossa parentela, dizendo:
Vive ainda vosso pai? Tendes mais um irmão? E respondemos-lhe
segundo o teor destas palavras. Podíamos acaso saber que ele diria:
Trazei vosso irmão? 8 Então disse Judá a Israel, seu pai:
Envia o mancebo comigo, e levantar-nos-emos e
iremos, para que vivamos e não morramos, nem nós, nem tu, nem
nossos filhinhos. 9 Eu serei fiador por ele; da minha mão o
requererás. Se eu to não trouxer, e o não puser diante de ti,
serei réu de crime para contigo para sempre. 10 E se não nos
tivéssemos demorado, certamente já segunda vez estaríamos de
volta. 11 Então disse-lhes Israel seu pai: Se
é assim,
fazei isto: tomai os melhores produtos da terra nas vossas vasilhas,
e levai ao homem um presente: um pouco de bálsamo e um pouco de mel,
tragacanto e mirra, nozes de fístico e amêndoas; 12 levai em vossas
mãos dinheiro em dobro; e o dinheiro que foi devolvido na boca dos
vossos sacos, tornai a levá-lo em vossas mãos; bem pode ser que
fosse engano. 13 Levai também vosso irmão; levantai-vos e voltai ao
homem; 14 E Deus Todo Poderoso vos dê misericórdia diante do homem,
para que ele deixe vir convosco vosso outro irmão, e Benjamim; e eu,
se for desfilhado, desfilhado ficarei. 15 Tomaram, pois, os
homens aquele presente, e dinheiro em dobro nas mãos, e a Benjamim;
e, levantando-se desceram ao Egito e apresentaram-se diante de José.
16 Quando José viu Benjamim com eles, disse ao despenseiro de sua
casa: Leva os homens à casa, mata reses, e
apronta tudo; pois eles comerão comigo ao meio-dia. 17 E o
homem fez como José ordenara, e levou-os à casa de José. 18 Então
os homens tiveram medo, por terem sido levados à casa de José; e
diziam: por causa do dinheiro que da outra
vez foi devolvido nos nossos sacos que somos trazidos aqui, para nos
incriminar
e cair sobre nós, para que nos tome por servos, tanto a nós como a
nossos jumentos. 19 Por isso eles se chegaram ao
despenseiro da casa de José, e falaram com ele à porta da casa, 20
e disseram: Ai! Senhor meu, na verdade descemos
dantes a comprar mantimento; 21 e quando chegamos à estalagem,
abrimos os nossos sacos, e eis que o dinheiro de cada um estava na
boca do seu saco, nosso dinheiro por seu peso; e tornamos a trazê-lo
em nossas mãos; 22 também trouxemos outro dinheiro em nossas mãos,
para comprar mantimento; não sabemos quem tenha posto o dinheiro em
nossos sacos. 23 Respondeu ele: Paz seja
convosco, não temais; o vosso Deus, e o Deus de vosso pai, deu-vos
um tesouro nos vossos sacos; o vosso dinheiro chegou-me às mãos.
E trouxe-lhes fora Simeão. 24 Depois levou os homens à casa de
José, e deu-lhes água, e eles lavaram os pés; também deu forragem
aos seus jumentos. 25 Então eles prepararam o presente para quando
José viesse ao meio-dia; porque tinham ouvido que ali haviam de
comer. 26 Quando José chegou em casa, trouxeram-lhe ali o presente
que guardavam junto de si; e inclinaram-se a ele até a terra. 27
Então ele lhes perguntou como estavam; e prosseguiu: vosso
pai, o ancião de quem falastes, está bem? Ainda vive? 28
Responderam eles: O teu servo, nosso pai, está
bem; ele ainda vive. E abaixaram a cabeça, e inclinaram-se.
29 Levantando os olhos, José viu a Benjamim, seu irmão, filho de
sua mãe, e perguntou: É este o vosso irmão
mais novo de quem me falastes? E disse: Deus
seja benévolo para contigo, meu filho. 30 E José
apressou-se, porque se lhe comoveram as entranhas por causa de seu
irmão, e procurou onde chorar; e, entrando na sua câmara, chorou
ali. 31 Depois lavou o rosto, e saiu; e se conteve e disse: Servi
a comida. 32 Serviram-lhe, pois, a ele à parte, e a eles
também à parte, e à parte aos egípcios que comiam com ele; porque
os egípcios não podiam comer com os hebreus, porquanto é isso
abominação aos egípcios. 33 Sentaram-se diante dele, o primogênito
segundo a sua primogenitura, e o menor segundo a sua menoridade; do
que os homens se maravilhavam entre si. 34 Então ele lhes apresentou
as porções que estavam diante dele; mas a porção de Benjamim era
cinco vezes maior do que a de qualquer deles. E eles beberam, e se
regalaram com ele.
Gênesis 44
A
TAÇA DE PRATA
1
Depois José deu ordem ao despenseiro de sua casa, dizendo: Enche
de mantimento os sacos dos homens, quanto puderem levar, e põe o
dinheiro de cada um na boca do seu saco. 2 E a minha taça de prata
porás na boca do saco do mais novo, com o dinheiro do seu trigo.
Assim fez ele conforme a palavra que José havia dito. 3 Logo que
veio a luz da manhã, foram despedidos os homens, eles com os seus
jumentos. 4 Havendo eles saído da cidade, mas não se tendo
distanciado muito, disse José ao seu despenseiro: Levanta-te
e segue os homens; e, alcançando-os, dize-lhes: Por que tornastes o
mal pelo bem? 5 Não é esta a taça por que bebe meu senhor, e de
que se serve para adivinhar? Fizestes mal no que fizestes. 6
Então ele, tendo-os alcançado, lhes falou essas mesmas palavras. 7
Responderam-lhe eles: Por que fala meu senhor
tais palavras? Longe estejam teus servos de fazerem semelhante coisa.
8 Eis que o dinheiro, que achamos nas bocas dos nossos sacos, to
tornamos a trazer desde a terra de Canaã; como, pois, furtaríamos
da casa do teu senhor prata ou ouro? 9 Aquele dos teus servos com
quem a taça for encontrada, morra; e ainda nós seremos escravos do
meu senhor. 10 Ao que disse ele: Seja
conforme as vossas palavras; aquele com quem a taça for encontrada
será meu escravo; mas vós sereis inocentes. 11 Então eles
se apressaram cada um a pôr em terra o seu saco, e cada um a
abri-lo. 12 E o despenseiro buscou, começando pelo maior, e acabando
pelo mais novo; e achou-se a taça no saco de Benjamim. 13 Então
rasgaram os seus vestidos e, tendo cada um carregado o seu jumento,
voltaram à cidade. 14 E veio Judá com seus irmãos à casa de José,
pois ele ainda estava ali; e prostraram-se em terra diante dele. 15
Logo lhes perguntou José: Que ação é esta
que praticastes? Não sabeis vós que um homem como eu pode, muito
bem, adivinhar? 16 Respondeu Judá: Que
diremos a meu senhor? Que falaremos? E como nos justificaremos?
Descobriu Deus a iniquidade de teus servos; eis que somos escravos de
meu senhor, tanto nós como aquele em cuja mão foi achada a taça.
17 Disse José: Longe esteja eu de fazer
isto; o homem em cuja mão a taça foi achada, aquele será meu
servo; porém, quanto a vós, subi em paz para vosso pai. 18
Então Judá se chegou a ele, e disse: Ai!
Senhor meu, deixa, peço-te, o teu servo dizer uma palavra aos
ouvidos de meu senhor; e não se acenda a tua ira contra o teu servo;
porque tu és como Faraó. 19 Meu senhor perguntou a seus servos,
dizendo: Tendes vós pai, ou irmão? 20 E respondemos a meu senhor:
Temos pai, já velho, e há um filho da sua velhice, um menino
pequeno; o irmão deste é morto, e ele ficou o único de sua mãe; e
seu pai o ama.21 Então tu disseste a teus servos: Trazei-mo, para
que eu ponha os olhos sobre ele. 22 E quando respondemos a meu
senhor: O menino não pode deixar o seu pai; pois se ele deixasse o
seu pai, este morreria; 23 replicaste a teus servos: A
menos que desça convosco vosso irmão mais novo, nunca mais vereis a
minha face. 24 Então subimos a teu
servo, meu pai, e lhe contamos as palavras de meu senhor. 25 Depois
disse nosso pai: Tornai, comprai-nos um pouco de mantimento; 26 e lhe
respondemos: Não podemos descer; mas, se nosso irmão menor for
conosco, desceremos; pois não podemos ver a face do homem, se nosso
irmão menor não estiver conosco. 27 Então nos disse teu servo, meu
pai: Vós sabeis que minha mulher me deu dois filhos; 28 um saiu de
minha casa e eu disse: certamente foi despedaçado, e não o tenho
visto mais; 29 se também me tirardes a este, e lhe acontecer algum
desastre, fareis descer as minhas cãs com tristeza ao Seol. 30
Agora, pois, se eu for ter com o teu servo, meu pai, e o menino não
estiver conosco, como a sua alma está ligada com a alma dele, 31
acontecerá que, vendo ele que o menino ali não está, morrerá; e
teus servos farão descer as cãs de teu servo, nosso pai com
tristeza ao Seol. 32 Porque teu servo se deu como fiador pelo menino
para com meu pai, dizendo: Se eu to não trouxer de volta, serei
culpado, para com meu pai para sempre. 33 Agora, pois, fique teu
servo em lugar do menino como escravo de meu senhor, e que suba o
menino com seus irmãos. 34 Porque, como subirei eu a meu pai, se o
menino não for comigo? Para que não veja eu o mal que sobrevirá a
meu pai.
Gênesis 45
JOSÉ
SE REVELA AOS SEUS IRMÃOS
1
Então José não se podia conter diante de todos os que estavam com
ele; e clamou: Fazei a todos sair da minha
presença; e ninguém ficou com ele, quando se deu a conhecer
a seus irmãos. 2 E levantou a voz em choro, de maneira que os
egípcios o ouviram, bem como a casa de Faraó. 3 Disse, então, José
a seus irmãos: Eu sou José; vive ainda meu
pai? E seus irmãos não lhe puderam responder, pois estavam
pasmados diante dele. 4 José disse mais a seus irmãos: Chegai-vos
a mim, peço-vos. E eles se chegaram. Então ele prosseguiu:
Eu sou José, vosso irmão, a quem vendestes
para o Egito. 5 Agora, pois, não vos
entristeçais, nem vos aborreçais por me haverdes vendido para cá;
porque para preservar vida é que Deus me enviou adiante de vós. 6
Porque já houve dois anos de fome na terra, e ainda restam cinco
anos em que não haverá lavoura nem sega. 7 Deus enviou-me adiante
de vós, para conservar-vos descendência na terra, e para
guardar-vos em vida por um grande livramento. 8 Assim não fostes vós
que me enviastes para cá, senão Deus, que me tem posto por pai de
Faraó, e por senhor de toda a sua casa, e como governador sobre toda
a terra do Egito. 9 Apressai-vos, subi a meu pai, e dizei-lhe: Assim
disse teu filho José: Deus me tem posto por senhor de toda a terra
do Egito; desce a mim, e não te demores; 10 habitarás na terra de
Gósen e estarás perto de mim, tu e os teus filhos e os filhos de
teus filhos, e os teus rebanhos, o teu gado e tudo quanto tens; 11
ali te sustentarei, porque ainda haverá cinco anos de fome, para que
não sejas reduzido à pobreza, tu e tua casa, e tudo o que tens. 12
Eis que os vossos olhos, e os de meu irmão Benjamim, veem que é
minha boca que vos fala. 13 Fareis, pois, saber a meu pai toda a
minha glória no Egito; e tudo o que tendes visto; e apressar-vos-eis
a fazer descer meu pai para cá. 14 Então se lançou ao
pescoço de Benjamim seu irmão, e chorou; e Benjamim chorou também
ao pescoço dele. 15 E José beijou a todos os seus irmãos, chorando
sobre eles; depois seus irmãos falaram com ele. 16 Esta nova se fez
ouvir na casa de Faraó: São vindos os irmãos de José; o que
agradou a Faraó e a seus servos. 17 Ordenou Faraó a José: Dize
a teus irmãos: Fazei isto: carregai os vossos animais e parti,
tornai à terra de Canaã; 18 tomai o vosso pai e as vossas famílias
e vinde a mim; e eu vos darei o melhor da terra do Egito, e comereis
da fartura da terra. 19 A ti, pois, é ordenado dizer-lhes: Fazei
isto: levai vós da terra do Egito carros para vossos meninos e para
vossas mulheres; trazei vosso pai, e vinde. 20 E não vos pese coisa
alguma das vossas alfaias; porque o melhor de toda a terra do Egito
será vosso. 21 Assim fizeram os filhos de Israel. José lhes
deu carros, conforme o mandado de Faraó, e deu-lhes também provisão
para o caminho. 22 A todos eles deu, a cada um, mudas de roupa; mas a
Benjamim deu trezentas peças de prata, e cinco mudas de roupa. 23 E
a seu pai enviou o seguinte: dez jumentos carregados do melhor do
Egito, e dez jumentas carregadas de trigo, pão e provisão para seu
pai, para o caminho. 24 Assim despediu seus irmãos e, ao partirem
eles, disse-lhes: Não contendais pelo caminho.
25 Então subiram do Egito, vieram à terra de Canaã, a Jacó
seu pai, 26 e lhe anunciaram, dizendo: José
ainda vive, e é governador de toda a terra do Egito. E o seu
coração desmaiou, porque não os acreditava. 27 Quando, porém,
eles lhe contaram todas as palavras que José lhes falara, e vendo
Jacó, seu pai, os carros que José enviara para levá-lo,
reanimou-se-lhe o espírito; 28 e disse Israel:
Basta; ainda vive meu filho José; eu irei e o verei antes que morra.
Gênesis 46
ISRAEL
VAI PARA O EGITO
1
Partiu, pois, Israel com tudo quanto tinha e veio a Berseba,
onde ofereceu sacrifícios ao Deus de seu pai Isaque. 2 Falou Deus a
Israel em visões de noite, e disse: Jacó,
Jacó! Respondeu Jacó: Eis-me aqui.
3 E Deus disse: Eu sou Deus, o Deus de teu pai;
não temas descer para o Egito; porque eu te farei ali uma grande
nação. 4 Eu descerei contigo para o Egito, e certamente te farei
tornar a subir; e José porá a sua mão sobre os teus olhos.
5 Então Jacó se levantou de Berseba; e os filhos de Israel levaram
seu pai Jacó, e seus meninos, e as suas mulheres, nos carros que
Faraó enviara para o levar. 6 Também tomaram o seu gado e os seus
bens que tinham adquirido na terra de Canaã, e vieram para o Egito,
Jacó e toda a sua descendência com ele. 7 Os seus filhos e os
filhos de seus filhos com ele, as suas filhas e as filhas de seus
filhos, e toda a sua descendência, levou-os consigo para o Egito. 8
São estes os nomes dos filhos de Israel, que vieram para o Egito,
Jacó e seus filhos: Rúben, o primogênito de Jacó. 9 E os filhos
de Rúben: Enoque, Palu, Hezrom e Carmi. 10 E os filhos de Simeão:
Jemuel, Jamim, Oade, Jaquim, Zoar, e Saul, filho de uma mulher
cananeia. 11 E os filhos de Levi: Gérson, Coate e Merari. 12 E os
filhos de Judá: Er, Onã, Selá, Perez e Zerá. Er e Onã, porém,
morreram na terra de Canaã. E os filhos de Perez foram Hezrom e
Hamul, 13 E os filhos de Issacar: Tola, Puva, Iobe e Sinrom. 14 E os
filhos de Zebulom: Serede, Elom e Jaleel. 15 Estes são os filhos de
Léia, que ela deu a Jacó em Padã-Arã, além de Diná, sua filha;
todas as almas de seus filhos e de suas filhas eram trinta e três.
16 E os filhos de Gade: Zifiom, Hagi, Suni, Esbom, Eri, Arodi e
Areli. 17 E os filhos de Aser: Imna, Isvá, Isvi e Berias, e Sera, a
irmã deles; e os filhos de Berias: Héber e Malquiel. 18 Estes são
os filhos de Zilpa, a qual Labão deu à sua filha Léia; e estes ela
deu a Jacó, ao todo dezesseis almas. 19 Os filhos de Raquel, mulher
de Jacó: José e Benjamim. 20 E nasceram a José na terra do Egito
Manassés e Efraim, que lhe deu Azenate, filha de Potífera,
sacerdote de Om. 21 E os filhos de Benjamim: Belá, Bequer, Asbel,
Gera, Naamã, Eí, Rôs, Mupim, Hupim e Arde. 22 Estes são os filhos
de Raquel, que nasceram a Jacó, ao todo catorze almas. 23 E os
filhos de Dã: Husim. 24 E os filhos de Naftali: Jazeel, Guni, Jezer
e Silém. 25 Estes são os filhos de Bila, a qual Labão deu à sua
filha Raquel; e estes deu ela a Jacó, ao todo sete almas. 26 Todas
as almas que vieram com Jacó para o Egito e que saíram da sua coxa,
fora as mulheres dos filhos de Jacó, eram todas sessenta e seis
almas; 27 e os filhos de José, que lhe nasceram no Egito, eram duas
almas. Todas as almas da casa de Jacó, que vieram para o Egito eram
setenta. 28 Ora, Jacó enviou Judá adiante de si a José, para o
encaminhar a Gósen; e chegaram à terra de Gósen. 29 Então José
aprontou o seu carro, e subiu ao encontro de Israel, seu pai, a
Gósen; e tendo-se-lhe apresentado, lançou-se ao seu pescoço, e
chorou sobre o seu pescoço longo tempo. 30 E Israel disse a José:
Morra eu agora, já que tenho visto o teu
rosto, pois que ainda vives. 31 Depois disse José a seus
irmãos, e à casa de seu pai: Eu subirei e
informarei a Faraó, e lhe direi: Meus irmãos e a casa de meu pai,
que estavam na terra de Canaã, vieram para mim. 32 Os homens são
pastores, que se ocupam em apascentar gado; e trouxeram os seus
rebanhos, o seu gado e tudo o que têm. 33 Quando, pois, Faraó vos
chamar e vos perguntar: Que ocupação
é a vossa? 34 Respondereis: Nós,
teus servos, temos sido pastores de gado desde a nossa mocidade até
agora, tanto nós como nossos pais. Isso direis para que habiteis na
terra de Gósen; porque todo pastor de ovelhas é abominação para
os egípcios.
Gênesis 47
ISRAEL
PASSA A HABITAR NO EGITO
1
Então veio José, e informou a Faraó, dizendo: Meu
pai e meus irmãos, com seus rebanhos e seu gado, e tudo o que têm,
chegaram da terra de Canaã e estão na terra de Gósen. 2 E
tomou dentre seus irmãos cinco homens e os apresentou a Faraó. 3
Então perguntou Faraó a esses irmãos de José: Que
ocupação é a vossa; Responderam-lhe:
Nós, teus servos, somos pastores de ovelhas, tanto nós como nossos
pais. 4 Disseram mais a Faraó: Viemos
para peregrinar nesta terra; porque não há pasto para os rebanhos
de teus servos, porquanto a fome é grave na terra de Canaã; agora,
pois, rogamos-te permitas que teus servos habitem na terra de Gósen.
5 Então falou Faraó a José, dizendo: Teu
pai e teus irmãos vieram a ti; 6 a terra do Egito está diante de
ti; no melhor da terra faze habitar teu pai e teus irmãos; habitem
na terra de Gósen. E se sabes que entre eles há homens capazes,
põe-nos sobre os pastores do meu gado. 7 Também José
introduziu a Jacó, seu pai, e o apresentou a Faraó; e Jacó
abençoou a Faraó. 8 Então perguntou Faraó a Jacó: Quantos
são os dias dos anos da tua vida? 9 Respondeu-lhe Jacó:
Os dias dos anos das minhas peregrinações são cento e trinta anos;
poucos e maus têm sido os dias dos anos da minha vida, e não
chegaram aos dias dos anos da vida de meus pais nos dias das suas
peregrinações. 10 E Jacó abençoou a Faraó, e saiu da sua
presença. 11 José, pois, estabeleceu a seu pai e seus irmãos,
dando-lhes possessão na terra do Egito, no melhor da terra, na terra
de Ramessés, como Faraó ordenara. 12 E José sustentou de pão seu
pai, seus irmãos e toda a casa de seu pai, segundo o número de seus
filhos. 13 Ora, não havia pão em toda a terra, porque a fome era
mui grave; de modo que a terra do Egito e a terra de Canaã
desfaleciam por causa da fome. 14 Então José recolheu todo o
dinheiro que se achou na terra do Egito, e na terra de Canaã, pelo
trigo que compravam; e José trouxe o dinheiro à casa de Faraó. 15
Quando se acabou o dinheiro na terra do Egito, e na terra de Canaã,
vieram todos os egípcios a José, dizendo: Dá-nos
pão; por que morreremos na tua presença? Porquanto o dinheiro nos
falta. 16 Respondeu José: Trazei o
vosso gado, e vo-lo darei por vosso gado, se falta o dinheiro. 17
Então trouxeram o seu gado a José; e José deu-lhes pão em troca
dos cavalos, e das ovelhas, e dos bois, e dos jumentos; e os
sustentou de pão aquele ano em troca de todo o seu gado. 18 Findo
aquele ano, vieram a José no ano seguinte e disseram-lhe: Não
ocultaremos ao meu senhor que o nosso dinheiro está todo gasto; as
manadas de gado já pertencem a meu senhor; e nada resta diante de
meu senhor, senão o nosso corpo e a nossa terra; 19 por que
morreremos diante dos teus olhos, tanto nós como a nossa terra?
Compra-nos a nós e a nossa terra em troca de pão, e nós e a nossa
terra seremos servos de Faraó; dá-nos também semente, para que
vivamos e não morramos, e para que a terra não fique desolada. 20
Assim José comprou toda a terra do Egito para Faraó; porque os
egípcios venderam cada um o seu campo, porquanto a fome lhes era
grave em extremo; e a terra ficou sendo de Faraó. 21 Quanto ao povo,
José fê-lo passar às cidades, desde uma até a outra extremidade
dos confins do Egito. 22 Somente a terra dos sacerdotes não a
comprou, porquanto os sacerdotes tinham rações de Faraó, e eles
comiam as suas rações que Faraó lhes havia dado; por isso não
venderam a sua terra. 23 Então disse José ao povo: Hoje
vos tenho comprado a vós e a vossa terra para Faraó; eis aí tendes
semente para vós, para que semeeis a terra. 24 Há de ser, porém,
que no tempo as colheitas dareis a quinta parte a Faraó, e quatro
partes serão vossas, para semente do campo, e para o vosso
mantimento e dos que estão nas vossas casas, e para o mantimento de
vossos filhos. 25 Responderam eles: Tu
nos tens conservado a vida! Achemos graça aos olhos de meu senhor, e
seremos servos de Faraó. 26 José, pois, estabeleceu isto por
estatuto quanto ao solo do Egito, até o dia de hoje, que a Faraó
coubesse o quinto a produção; somente a terra dos sacerdotes não
ficou sendo de Faraó. 27 Assim habitou Israel na terra do Egito, na
terra de Gósen; e nela adquiriram propriedades, e frutificaram e
multiplicaram-se muito. 28 E Jacó viveu na terra do Egito dezessete
anos; de modo que os dias de Jacó, os anos da sua vida, foram cento
e quarenta e sete anos. 29 Quando se aproximava o tempo da morte de
Israel, chamou ele a José, seu filho, e disse-lhe:
Se tenho achado graça aos teus olhos, põe a mão debaixo da minha
coxa, e usa para comigo de benevolência e de verdade; rogo-te que
não me enterres no Egito; 30 mas quando eu dormir com os meus pais,
levar-me-ás do Egito e enterrar-me-ás junto à sepultura deles.
Respondeu José: Farei conforme a tua palavra. 31 E Jacó
disse: Jura-me; e ele lhe jurou. Então
Israel inclinou-se sobre a cabeceira da cama.
Gênesis 48
ISRAEL
ABENÇOA OS FILHOS DE JOSÉ
1
Depois destas coisas disseram a José: Eis que
teu pai está enfermo. Então José tomou consigo os seus dois
filhos, Manassés e Efraim. 2 Disse alguém a Jacó: Eis
que José, teu filho, vem ter contigo. E esforçando-se
Israel, sentou-se sobre a cama. 3 E disse Jacó a José: O
Deus Todo Poderoso me apareceu em Luz, na terra de Canaã, e me
abençoou, 4 e me disse: Eis que te farei frutificar e te
multiplicarei; tornar-te-ei uma multidão de povos e darei esta terra
à tua descendência depois de ti, em possessão perpétua. 5 Agora,
pois, os teus dois filhos, que nasceram na terra do Egito antes que
eu viesse a ti no Egito, são meus: Efraim e Manassés serão meus,
como Rúben e Simeão; 6 mas a prole que tiveres depois deles será
tua; segundo o nome de seus irmãos serão eles chamados na sua
herança. 7 Quando eu vinha de Padã, morreu-me Raquel no caminho, na
terra de Canaã, quando ainda faltava alguma distância para chegar a
Efrata; sepultei-a ali no caminho que vai dar a Efrata, isto é,
Belém. 8 Quando Israel viu os filhos de José, perguntou:
Quem são estes? 9 Respondeu José a seu
pai: Eles são meus filhos, que Deus me tem
dado aqui. Continuou Israel: Traze-mos
aqui, e eu os abençoarei. 10 Os olhos de Israel, porém, se
tinham escurecido por causa da velhice, de modo que não podia ver.
José, pois, fê-los chegar a ele; e ele os beijou e os abraçou. 11
E Israel disse a José: Eu não cuidara ver o
teu rosto; e eis que Deus me fez ver também a tua descendência. 12
Então José os tirou dos joelhos de seu pai; e inclinou-se à terra
diante da sua face. 13 E José tomou os dois, a Efraim com a sua mão
direita, à esquerda de Israel, e a Manassés com a sua mão
esquerda, à direita de Israel, e assim os fez chegar a ele. 14 Mas
Israel, estendendo a mão direita, colocou-a sobre a cabeça de
Efraim, que era o menor, e a esquerda sobre a cabeça de Manassés,
dirigindo as mãos assim propositadamente, sendo embora este o
primogênito. 15 E abençoou a José, dizendo: O
Deus em cuja presença andaram os meus pais Abraão eIsaque, o Deus
que tem sido o meu pastor durante toda a minha vida até este dia, 16
o anjo que me tem livrado de todo o mal, abençoe estes mancebos, e
seja chamado neles o meu nome, e o nome de meus pais Abraão e
Isaque; e multipliquem-se abundantemente no meio da terra. 17
Vendo José que seu pai colocava a mão direita sobre a cabeça de
Efraim, foi-lhe isso desagradável; levantou, pois, a mão de seu
pai, para a transpor da cabeça de Efraim para a cabeça de Manassés.
18 E José disse a seu pai: Não assim, meu
pai, porque este é o primogênito; põe a mão direita sobre a sua
cabeça. 19 Mas seu pai, recusando, disse: Eu
o sei, meu filho, eu o sei; ele também se tornará um povo, ele
também será grande; contudo o seu irmão menor será maior do que
ele, e a sua descendência se tornará uma multidão de nações.
20 Assim os abençoou naquele dia, dizendo: Por
ti Israel abençoará e dirá: Deus te faça como Efraim e como
Manassés. E pôs a Efraim diante de Manassés. 21 Depois
disse Israel a José: Eis que eu morro; mas
Deus será convosco, e vos fará tornar para a terra de vossos pais.
22 E eu te dou um pedaço de terra a mais do que a teus irmãos, o
qual tomei com a minha espada e com o meu arco da mão dos amorreus.
Gênesis 49
JACÓ
ABENÇOA SEUS FILHOS
1
Depois chamou Jacó a seus filhos, e disse: Ajuntai-vos
para que eu vos anuncie o que vos há de acontecer nos dias
vindouros. 2 Ajuntai-vos, e ouvi, filhos de Jacó; ouvi a Israel
vosso pai: 3 Rúben, tu és meu primogênito, minha força e as
primícias do meu vigor, preeminente em dignidade e preeminente em
poder. 4 Descomedido como a água, não reterás a preeminência;
porquanto subiste ao leito de teu pai; então o contaminaste. Sim,
ele subiu à minha cama. 5 Simeão e Levi são irmãos; as suas
espadas são instrumentos de violência. 6 No seu concílio não
entres, ó minha alma! Com a sua assembleia não te ajuntes, ó minha
glória! Porque no seu furor mataram homens, e na sua teima
jarretaram bois. 7 Maldito o seu furor, porque era forte! Maldita a
sua ira, porque era cruel! Dividi-los-ei em Jacó, e os espalharei em
Israel. 8 Judá, a ti te louvarão teus irmãos; a tua mão será
sobre o pescoço de teus inimigos; diante de ti se prostrarão os
filhos de teu pai. 9
Judá é um leãozinho. Subiste da presa, meu filho. Ele se encurva e
se deita como um leão, e como uma leoa; quem o despertará? 10 O
cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de autoridade dentre
seus pés, até que venha aquele a quem pertence; e a ele obedecerão
os povos.
11
Atando ele o seu jumentinho à vide, e o filho da sua jumenta à
videira seleta, lava as suas roupas em vinho e a sua vestidura em
sangue de uvas. 12 Os olhos serão escurecidos pelo vinho, e os
dentes brancos de leite. 13
Zebulom habitará no litoral; será ele ancoradouro de navios; e o
seu termo estender-se-á até Sidom. 14 Issacar é jumento forte,
deitado entre dois fardos. 15 Viu ele que o descanso era bom, e que a
terra era agradável. Sujeitou os seus ombros à carga e entregou-se
ao serviço forçado de um escravo. 16 Dã julgará o seu povo, como
uma das tribos de Israel. 17 Dã será serpente junto ao caminho, uma
víbora junto à vereda, que morde os calcanhares do cavalo, de modo
que caia o seu cavaleiro para trás. 18 A tua salvação tenho
esperado, ó Senhor! 19 Quanto a Gade, guerrilheiros o acometerão;
mas ele, por sua vez, os acometerá. 20 De Aser, o seu pão será
gordo; ele produzirá delícias reais. 21 Naftali é uma gazela
solta; ele profere palavras formosas. 22 José é um ramo frutífero,
ramo frutífero junto a uma fonte; seus raminhos se estendem sobre o
muro. 23 Os flecheiros lhe deram amargura, e o flecharam e
perseguiram, 24 mas o seu arco permaneceu firme, e os seus braços
foram fortalecidos pelas mãos do Poderoso de Jacó, o Pastor, o
Rochedo de Israel, 25 pelo Deus de teu pai, o qual te ajudará, e
pelo Todo Poderoso, o qual te abençoara, com bênçãos dos céus em
cima, com bênçãos do abismo que jaz embaixo, com bênçãos dos
seios e da madre. 26 As bênçãos de teu pai excedem as bênçãos
dos montes eternos, as coisas desejadas dos eternos outeiros; sejam
elas sobre a cabeça de José, e sobre o alto da cabeça daquele que
foi separado de seus irmãos. 27 Benjamim é lobo que despedaça;
pela manhã devorará a presa, e à tarde repartirá o despojo. 28
Todas estas são as doze tribos de Israel: e isto é o que lhes falou
seu pai quando os abençoou; a cada um deles abençoou segundo a sua
bênção. 29 Depois lhes deu ordem, dizendo-lhes: Eu
estou para ser congregado ao meu povo; sepultai-me com meus pais, na
cova que está no campo de Efrom, o heteu, 30 na cova que está no
campo de Macpela, que está em frente de Manre, na terra de Canaã,
cova esta que Abraão comprou de Efrom, o heteu, juntamente com o
respectivo campo, como propriedade de sepultura. 31 Ali
sepultaram a Abraão e a Sara, sua mulher; ali sepultaram a Isaque e
a Rebeca, sua mulher; e ali eu sepultei a Léia. 32 O campo e a cova
que está nele foram comprados aos filhos de Hete. 33 Acabando Jacó
de dar estas instruções a seus filhos, encolheu os seus pés na
cama, expirou e foi congregado ao seu povo.
Gênesis 50
O
ENTERRO DE JACÓ
1
Então José se lançou sobre o rosto de seu pai, chorou sobre ele e
o beijou. 2 E José ordenou a seus servos, os médicos, que
embalsamassem a seu pai; e os médicos embalsamaram a Israel. 3
Cumpriram-se-lhe quarenta dias, porque assim se cumprem os dias de
embalsamação; e os egípcios o choraram setenta dias. 4 Passados,
pois, os dias de seu choro, disse José à casa de Faraó: Se
agora tenho achado graça aos vossos olhos, rogo-vos que faleis aos
ouvidos de Faraó, dizendo: 5 Meu pai me fez jurar, dizendo: Eis que
eu morro; em meu sepulcro, que cavei para mim na terra de Canaã, ali
me sepultarás. Agora, pois, deixa-me subir, peço-te, e sepultar meu
pai; então voltarei. 6 Respondeu Faraó: Sobe,
e sepulta teu pai, como ele te fez jurar. 7 Subiu, pois, José
para sepultar a seu pai; e com ele subiram todos os servos de Faraó,
os anciãos da sua casa, e todos os anciãos da terra do Egito, 8
como também toda a casa de José, e seus irmãos, e a casa de seu
pai; somente deixaram na terra de Gósen os seus pequeninos, os seus
rebanhos e o seu gado. 9 E subiram com ele tanto carros como gente a
cavalo; de modo que o concurso foi mui grande. 10 Chegando eles à
eira de Atade, que está além do Jordão, fizeram ali um grande e
forte pranto; assim fez José por seu pai um grande pranto por sete
dias. 11 Os moradores da terra, os cananeus, vendo o pranto na eira
de Atade, disseram: Grande pranto é este
dos egípcios; pelo que o lugar foi chamado Abel-Mizraim,
o qual está além do Jordão. 12 Assim os filhos de Jacó lhe
fizeram como ele lhes ordenara; 13 pois o levaram para a terra de
Canaã, e o sepultaram na cova do campo de Macpela, que Abraão tinha
comprado com o campo, como propriedade de sepultura, a Efrom, o
heteu, em frente de Manre. 14 Depois de haver sepultado seu pai, José
voltou para o Egito, ele, seus irmãos, e todos os que com ele haviam
subido para sepultar seu pai. 15 Vendo os irmãos de José que seu
pai estava morto, disseram: Porventura José
nos odiará e nos retribuirá todo o mal que lhe fizemos. 16
Então mandaram dizer a José: Teu pai, antes
da sua morte, nos ordenou: 17 Assim direis a José: Perdoa a
transgressão de teus irmãos, e o seu pecado, porque te fizeram mal.
Agora, pois, rogamos-te que perdoes a transgressão dos servos do
Deus de teu pai. E José chorou quando eles lhe falavam. 18
Depois vieram também seus irmãos, prostraram-se diante dele e
disseram: Eis que nós somos teus servos. 19
Respondeu-lhes José: Não temais; acaso estou
eu em lugar de Deus? 20 Vós, na verdade, intentastes o mal contra
mim; Deus, porém, o intentou para o bem, para fazer o que se vê
neste dia, isto é, conservar muita gente com vida. 21 Agora, pois,
não temais; eu vos sustentarei, a vós e a vossos filhinhos.
Assim ele os consolou, e lhes falou ao coração.
A
MORTE DE JOSÉ
22
José, pois, habitou no Egito, ele e a casa de seu pai; e viveu cento
e dez anos. 23 E viu José os filhos de Efraim, da terceira geração;
também os filhos de Maquir, filho de Manassés, nasceram sobre os
joelhos de José. 24 Depois disse José a seus irmãos:
Eu morro; mas Deus certamente vos visitará, e vos fará subir desta
terra para a terra que jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó. 25
E José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente
Deus vos visitará, e fareis transportar daqui os meus ossos. 26
Assim morreu José, tendo cento e dez anos de idade; e o embalsamaram
e o puseram num caixão no Egito.
Berseba:
ou Bersebá ou Beersheva ou Be'er Sheva; Significa Poço do
juramento; Atualmente é a segunda maior cidade na região sul de
Israel.
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